────⊰☫ The Great Red Dragon [+18]

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Mensagem por Francis Dolarhyde Qui 02 Fev 2017, 00:54




Becoming
Buckhorn, MO, USA - Stevens' House

"I found my life was slipping through my hands.
Perhaps through death my life won't be so bad.
I can see you, can fuck you, inside of you. Staring through your eyes.
Belittle your friends to serve me, to suck me,
To realize my saving grasp. I of suicide. I the unlord"
──── Becoming - Pantera

A última lua cheia do dragão foi marcada por fracassos. Ele, o dragão havia fracassado? Não podia ser...primeiro no atentado contra a família de Will Graham, depois contra Will e Hannibal...derrotado, caído, quebrado...o dragão caiu incapaz de terminar o que começou. Perdera muito sangue e em função disso permaneceu durante boa parte da noite desacordado. Não via o FBI, nem Hannibal e Will, estava sozinho ainda, no mesmo lugar. Se levantou com dificuldade em direção ao carro roubado, que deixara estacionado perto da mansão, antes de invadir e atacar. Não sabia se Will e Hannibal sobreviveram, se fosse o caso, terminaria o que começou depois de se recuperar. Depois de queimar a própria residência e carro em Saint Louis no intuito de forjar a própria morte, Francis precisou encontrar outro esconderijo, agora em uma área mais afastada da cidade, mais rural. Encontrou uma casa de campo, cujos proprietários raramente apareciam, tornando este um lugar perfeito para passar algum tempo. Se livrar do caseiro foi o de menos, assim ele assumiu seu lugar, livre de qualquer suspeita. A propriedade era perto de Croatan National Forest, portanto a região não era muito visitada. Talvez mais por turistas que se aventuravam na floresta o que lhe conferiu alguma privacidade.
Dolarhyde passou os próximos meses se recuperando dos graves ferimentos recebidos em sua batalha contra Hannibal e Will. Recebeu uma facada na coxa direita, duas estocadas na lateral direta do corpo pouco abaixo das costelas, um corte no braço direito e um corte e uma facada atrás dos joelhos e por fim os ferimentos mais graves, que foram o corte transversal no abdômen que expôs suas vísceras e a mordida de Hannibal na porção frontal do pescoço, que provocou um intenso sangramento, mas não atingiu as artéria e veia jugulares. Embora tivesse sobrevivido, às vezes pensava que teria sido melhor ter morrido naquela noite, mas não o Dragão. Ele não morreria assim tão fácil. Lutou para se recuperar sozinho, até estar em perfeitas condições para atacar de novo. Assistia todas as noites ao noticiário e ainda não sabia o paradeiro de Hannibal e Will, que estavam desaparecidos. Mal dormia, assombrado pelo fracasso daqueles meses passados. Por mais que tentasse, não conseguia, precisava finalizar o que começou.
Permanecendo inativo durante tanto tempo, precisaria se preparar para quando encontrasse os adversários de novo. Não cairia da próxima vez. Estava completo, ele agora era o dragão, então nada poderia pará-lo...não era mais pequeno e fraco, o que estava se tornando era maior que qualquer um poderia imaginar ou compreender...nem mesmo Hannibal... Se enganou ao pensar que ele compreenderia o quão magnífica era aquela transformação, mas não...estava sozinho. Nem mesmo Reba era digna de sua confiança...ninguém mais seria. As vozes ainda ecoavam em sua cabeça, mas ele já estava muito mais confiante de si para enfrentá-las. Sua ambição passou a ser recuperar sua condição física, então todo aquele tempo, sobreviveu guiado por essa condição, até finalmente estar pronto para atacar novamente. O Dragão Vermelho estava de volta em plenas condições.


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A escolha das vítimas foi fácil. Havia um casal em Winterville cerca de 1 hora e 35 minutos de carro dali. Uma cidade interiorana, pacata, uma residência isolada...essa era uma situação bem favorável para recomeçar. Seguia o mesmo protocolo de sempre, observando bem a casa e os residentes nela, estudava os horários de entrada e saída dos moradores, envenenaria os animais antes de atacar e marcava uma árvore próxima dali com uma faca  o símbolo do dragão do jogo chinês Mahjong, presente em sua infância, no ponto onde observava a rotina familiar. Levaria consigo apenas a espingarda calibre 44 e a faca de caça, ambos encontrados na residência do antigo caseiro, que costumava caçar nas proximidades. Aquilo bastaria até que ele se restabelecesse em outro lugar. Filmaria tudo com uma Video Camera Keystone Elgeet K 27 da AmericanProspecting, adquirida por 28 dólares em uma loja pequena daquela cidade do interior, como de costume. O retorno do Dragão precisava ficar registrado. Com todas as gravações anteriores destruídas junto com a antiga casa, aquele vídeo marcaria o início de uma nova era, pois confiante, Francis agora sentia que ele e o Dragão se tornaram um único ser.
Os Stevens eram uma família economicamente estável, que vivia do agronegócio, através da compra e venda de gado de elite, o Sr. Stevens era um investidor, então sequer precisava de uma propriedade grande como uma fazenda, apenas intermediava transações, então viviam em uma casa confortável e bem estruturada de dois andares, com um cão doberman e um pastor alemão no quintal, vigiando a casa, Francis registrava alguns momentos com a câmera, mas não demorava a ir embora, os detalhes maiores sobre aquela família eram encontrados no jornal local, que noticiavam uma grande transação que ele realizou com algum famoso. As fotos, os sorrisos, a família modelo da manchete, tudo era recortado do jornal e colado no novo livro de registros que ele iniciara enquanto ainda se recuperava, como forma para passar melhor o tempo ocioso. Uma nova era começava...e a aquela família tinha o privilégio de ser escolhida pelo Dragão para ser a primeira. A Srª Stevens era uma boa mãe, dedicada, atenciosa, jovem, bonita e trabalhava com tradução de livros e textos acadêmicos em casa mesmo, pra dar atenção aos 3 filhos, os gêmeos Billy e Mandy e o mais velho Kevin, de 8 anos. Aquele era o quadro perfeito do sonho americano, um exemplo de família, o alvo perfeito para ele...para o Dragão.


Era chegada a noite do ataque, a lua estava cheia e o céu bem limpo. Se livrar dos cães foi a parte mais fácil. Como o caseiro que ele substituía na propriedade onde se escondeu até então caçava, bastou utilizar duas armadilhas de urso, evitando levantar qualquer suspeita. Atraiu os animais para fora da propriedade com lebres abatidas previamente e assim que caíram nas armadilhas os deixou. Eles foram socorridos, mas estava muito feridos, então ficaram internados na noite anterior à "visita", deixando o caminho livre para a entrada de Dolarhyde, sem o alarde dos animais. O carro era deixado um pouco mais afastado da propriedade, com todos os poucos pertences que agora lhe restavam, em um ponto estratégico para rota de fuga, que determinou após passar noites e dias tentando captar o sinal de rádio da polícia local e verificar as rotas mais utilizadas por eles. Como era de se esperar, a rotina da família seguiu como de costume, cerca de meia noite a família já se preparava para deitar, então ele permaneceu à espreita apenas esperando que chegassem a um nível de sono um pouco mais profundo, para não fracassar como na empreitada anterior, em que Molly ainda estava com o sono leve e percebeu que a casa foi invadida, fugindo com o filho.
Oculto na escuridão da noite, próximo à árvore marcada, o Dragão trajado em vestes negras, para uma melhor camuflagem, usava uma calça comprida e uma jaqueta fechada de couro, da mesma cor e um capuz, que deixava apenas os olhos à mostra. Levava consigo uma mochila leve apenas com a câmera para registrar aquele momento. Sabendo do barulho que aquela arma podia fazer, acordando a família toda, precisaria se virar com a faca, levando a espingarda apenas para uma situação emergencial, afinal mesmo com o silenciador, no silêncio da madrugada, as vítimas certamente acordariam. Ele não poderia arriscar. Aproximadamente 3 horas da manhã, o Dragão entrou sorrateiro, já com um pouco mais de prática na invasão, não fazia o menor ruído, tomava um cuidado redobrado dessa vez. Fechava a porta atrás de si, seguia pela sala até a escada que levava ao andar superior onde ficavam os quartos e entrava primeiro no quarto dos pais. Observava o casal que dormia tranquilamente, lado a lado, abraçados. Com a esquerda, ele carregava a espingarda e com a destra, empunhava a faca. Silenciosamente, ele apoiou a espingarda sobre o tapete e pegou a câmera, filmando alguns segundos do casal dormindo, em seguida deslizava a faca na garganta do Sr. Stevens, acordando a mulher que assustada com o sangue do marido que molhava suas costas, cabelos e rosto. Ele então guardou a faca no bolso da jaqueta em um movimento rápido e pegou a espingarda de novo e efetuava um disparo que atingia o ventre da mulher para deixá-la ainda viva e seguia em passos acelerados na direção ao quarto do mais velho, abatido com um tiro no peito, em sequência no quarto do gêmeo menino, que encolhido chorava, deu um tiro na cabeça, documentando cada ação com a câmera ainda em mão. A última, Mandy, tentou passar por ele no corredor para fugir gritando por ajuda, mas Francis acertou o rosto dela com o lado oposto da arma apenas para atordoá-la e colocava a arma para trás, prendendo-a na mochila. Em seguida, ele a ergueu contra a parede, golpeando o crânio frágil até o corpo pequeno parasse de se mover, mantendo a câmera bem próxima do rosto da menina. Só depois, a jogou sobre o ombro, pegou os outros dois e os arrastou pelos braços até o quarto, jogando-os ao lado da cama. A mãe rastejava tentando entrar no banheiro, mas não foi nada difícil alcançar a Srª Stevens e puxá-la pelo cabelo, jogando-a contra o espelho do quarto, que se estilhaçava pelo chão. Em seguida, ele a pegou mais uma vez pelo cabelo e a jogou de volta na cama, onde era o seu lugar e para garantir que ela não tentasse sair da cama de novo, usou a faca para perfurar os dois lados das costelas, dificultando sua respiração. Por fim a deixou agonizando na cama e colocou a câmera em cima de um armário em uma angulação perfeita para captar a ascensão do Grande Dragão Vermelho.
Cada criança era deitada no chão com os pés rentes à cama, como uma platéia e ele então pegava os pedaços do espelho que correspondiam mais com os tamanhos dos olhos e os encaixava sobre eles, retirando por fim o capuz. Colocou os pedaços do espelho nos olhos do Sr. Stevens também e por último nos da Srª Stevens, que já estava pálida, quase perdendo a consciência. Apoiado de joelhos ao lado dela, deixou a espingarda e a faca do lado da mulher e com as mãos agora livres tocava o corpo dela, contornando a cintura e descendo até as coxas, retirava a jaqueta e a camisa da mesma cor, preparando-se para o clímax daquele grande feito. Mas antes, queria ouvir o coração dela ainda batendo, como o de Reba, então inclinava o corpo sobre o dela e apoiava o ouvido no peito dela, enquanto as mãos seguiam por baixo da camisola da Srª Stevens, livrando-se da roupa íntima dela para o desfecho final, porém o silêncio da madrugada era rompido por um ruído. Passos?! No corredor?! Mas como?! Dolarhyde ficou furioso, pegou a espingarda de volta e deixou a cena furtivamente, seguindo o som dos passos que ouvia. Imaginou que logo aqueles passos se dirigiriam à porta da frente, para uma eventual tentativa de fuga e se antecipou, levando consigo a espingarda e a faca, moveu-se com velocidade pelas sombras e se escondeu com uma vista estratégica para a porta.
Somente no momento em que viu uma figura feminina quase tocar a maçaneta ele saiu das sombras atingindo a cabeça da garota com a parte de trás da arma. Com a velocidade da ação, um mal conseguiria olhar o rosto do outro, mas ele não se importava em saber quem era ela. Sequer se preocupava em ver o rosto dela, mas apenas não deixaria testemunhas, então a jogou sobre o ombro e subiu de novo as escadas até o quarto do casal, jogando a garota atordoada sobre a cama e projetando o corpo sobre o dela, questionava-se sobre o que fazer com a garota, afinal ela viu seu rosto e o tórax exposto. Isso nunca tinha acontecido antes, sabia que não podia deixá-la viver, era uma testemunha, então não tinha opção...ela precisava ser devorada pelo dragão.


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Dolarhyde deixou a espingarda no chão onde ele pudesse alcançar rapidamente se ela tentasse fugir e permaneceu armado apenas com a faca. Subiu por cima do corpo da garota para imobilizá-la e apoiou a faca em seu pescoço, ainda pensativo, olhando bem aquele rosto que de alguma forma parecia familiar. Pensava na melhor maneira de matá-la, mesmo quebrando seu padrão de costume. Não esperava que tivesse mais alguém na casa além da família escolhida, uma triste coincidência para aquela bela mulher. Manteve os joelhos apoiados lateralmente ao corpo dela, por cima de sua cintura, enquanto divagava sobre o que poderia fazer com ela naquele momento.

Francis Dolarhyde
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Mensagem por The Lizard Qui 02 Fev 2017, 00:58

-“A arte mais poderosa da vida é fazer da dor um talismã de cura.”- O trecho lido de um livro provocou um suspiro, um riso desanimador e um desabafo com a autora. - Sinto muito, Dona Frida! Talvez eu não seja uma artista. Não sei fazer quadros como a senhora, muito menos...- Essa era uma constatação triste.  Era difícil o bastante revelar que não tinha dons para a pintura sendo que agora resolvera apostar no que sempre gostava de fazer. Mais difícil ainda era dizer qualquer coisa sobre a dor que sentia, portanto não o fez.

Liesel Morrison era uma mulher buscando pontes sem que houvesse um outro lugar para atravessar. A curadora de artes de uma parte do museu de St. Louis estava afastada de seu cargo havia alguns dias, depois de uma temporada turbulenta no trabalho. A desordem se restringia a ela, mas como responsável pela exposição e catalogação de uma fundação da sua cidade sua desorganização acabou por afetar as produções culturais do local. “Tire um tempo para você, livre-se dessa bagunça!” A chefia foi simpática e havia compaixão no que lhe disseram, mesmo que a tivessem mandado se livrar da sua vida. Sim, sentia que a vida inteira era uma bagunça. Incapaz de dissociar a vida pessoal da vida profissional a confusão que afetava um campo refletia no outro. Há alguns meses atrás descobrira a infidelidade do marido que resultou na destruição do seu casamento, do seu lar e da vida pessoal. Era uma pessoa sentimental e por mais que tentasse esconder, o rosto de traços finos e olhar perdido condenavam seus incômodos e isso refletia o seu desempenho técnico que nunca fora muito sagaz. Havia poucas coisas que Liesel sabia fazer bem, essas eram sempre coisas que gostava. Agora, aos poucos também elas se revelavam outros fracassos. Não teria sido uma boa esposa? Não cuidou direito do lar? Comprometeu os compromissos do trabalho.

“Visite seus amigos, passe um tempo com sua família, faça coisas que gosta”. Recomendações pareciam fáceis quando pronunciadas por alguém que não precisava delas, como sua terapeuta. Desde a infância perdera os poucos ou um único amigo que era de valor. Teve sorte de o que sobrara da sua família acolhê-la tão bem em sua casa grande e acolhedora em Winterville. Sua irmã, Lori Stevens, se preocupava com a mais velha desatenta, queria tê-la por perto em um momento difícil para ela enquanto seu marido, John Stevens alegava que Liesel poderia influenciar as crianças com toda a sua lentidão. Sabia que era motivo de risos e descontração, por isso aproveitava o pouco tempo com as crianças no momento em que não estavam na escola ou quando não tinham coisas melhores para fazer do que brincar com a tia que sempre era a última a abaixar as cartas e pagar a prenda de beber um copo inteiro d’água ao final de uma rodada. Aquele era o protocolo de suas visitações e reconhecia que naquela noite veio bem a calhar, sabendo da tristeza dos sobrinhos pela situação dos queridos animais de estimação da família. No findar da noite, após o jantar e quase dois litros, as crianças e seus pais iriam dormir e ela se retirava para o espaço que a cederam no porão, um lugar onde montou um ateliê improvisado para os poucos dias que ali ficaria. Conseguira trazer o que era necessário e desde que chegara mal saía dali. Já que deveria buscar as coisas que gostava de fazer, resolveu tentar as pinturas que aos poucos tomavam formas que para ela pareciam incertas. No final das contas, pintar não era um exercício como qualquer outro que dependesse da sua força de vontade. Para ela, era inspiração, era o momento certo. Vivia cheia de ideias, mas agora que encontrava a hora e a oportunidade para coloca-las em prática seus traços não a satisfazia, o sombreado não tinha efeitos, as imagens não a agradavam. Quis estudar, aprender e se aprofundar um pouco mais. Naquela noite, olhava pinturas famosas de grandes artistas dos livros na lateral da mesa enquanto estava sentada de frente para sua tela apoiada em um cavalete. A mão alva a segurar o pincel já sujo de tinta, bem como os antebraços e até mesmo o queixo, estava bem posicionada, pronta para mais um traço mesmo que os olhos estivessem lateralmente atentos as demais pinturas. Mais um suspiro cansado expressava o “desisto!” que os lábios avermelhados não proferiram. Largou os livros, concentrou-se na tela praticamente em branco, com poucos traços que pretendia reaproveitar se alguma ideia lhe viesse. Na falta delas, talvez deveria tentar buscar mais uma das partes que lhe faltava. “Encontre seus amigos...” Automaticamente as mãos deslizaram sobre a tela em branco dando um contorno leve e sutil ao que visivelmente era uma silhueta feminina e um tom vermelho. As cores alaranjadas de várias rajadas alaranjadas caindo sobre as costas condenavam a sua pouca criatividade: era um autodesenho. No entanto, ele se tornou significativo quando acrescentou o detalhe das penas coloridas em um enfeite na cabeça. Liesel tentava reproduzir com mais sofisticação do que se recordava e de fato era a última vez que brincara com um amigo. Um garoto... penas em um galinheiro... um enfeite para a cabeça. Esforçou-se um pouco mais para vasculhar na memória o motivo de o enfeito não ter saído, o por quê de não o ter encontrado mais. Mas o máximo que encontrou foi uma cena constrangedora, a observação de partes íntimas. Ainda que estivesse sozinha e aquela verdade fosse somente sua, ficou incomodada por se sentir envergonhada. Sabia muito bem que pela inocência das crianças que foram não havia motivo para aquilo. Mas também não conseguiu evitar um riso abafado pelos próprios lábios ao pensar o que raios ambos tinham na cabeça para aquilo. A ideia partira dela, ele sequer tinha culpa. Aos poucos, as lembranças e divagações tomavam conta da sua mente e a distraíam, a relaxavam. Por fim, as cores vibrantes de das obras de Kahlo nem seu espaço em branco a ser preenchido não foram páreo para a escuridão da madrugada, tampouco conseguiram fazer com que Liesel ficasse acordada. Pendeu o corpo lateralmente, apoiou-se na mesa sobre os livros e confortada pelo desenho que agora parecia incitar um valor sentimental adormeceu.

Poucas horas depois, uma dor no pescoço pela posição equivocada bem como a fisgada na bexiga indicando que a brincadeira com as crianças já apresentava resultados fisiológicos, ela deu um pulo destinada a ir ao banheiro. Ao endireitar o corpo, percebeu que o incômodo no pescoço seria muito mais forte do que imaginava quando o moveu. Tentou movimentos sutis para acordá-lo, tirar sua tensão. Massageava a nuca com a mão, mas o banheiro se fazia mais importante. Levantou-se do seu banco, subia as escadas do porão quando ouviu barulhos estranhos. Tudo a levava a crer que a casa estava sendo invadida quando ela esperava que não. Identificou nitidamente o pedido de ajuda da pequena Mandy, e a preocupação e o pesar do seu corpo não foram páreos para impedi-la de subir as escadas depressa e deixar o porão para socorrer sua pequena, mas logo quando o som foi abafado o medo lhe tomou conta. As mão começaram a tremer e ela já ofegava pelo deslocamento rápido ou pela adrenalina que lhe tomava o corpo de um jeito desagradável. Por mais que o terror invadisse a mente criativa e lhe desse margem para atrocidades, ela tentava se manter forte o bastante para deslizar os pés, escorregar o corpo rente as paredes procurando um modo de alcançar as escadas. Os olhos amedrontados assistiram a sombra de um grande homem vestido de escuridão transitando pelos corredores invadindo o quarto do casal Stevens. A ruiva levou as mãos até a boca para conter o pavor. Não via o que ele carregava, mas não tinha uma boa sensação. O medo ainda se fazia tão crescente quanto sua preocupação e ainda não era impedida de um socorro. Depois de identificar e pegar para si o bastão de baseball de Kevin para atacar, com o corpo curvo, quase de quatro, Liesel deixou o hall e subiu as escadas, pé ante pé determinada a defender a família. No entanto, antes dos degraus finais ela pôde ver um rastro de sangue grande demais para um pequeno acidente. Mais uma vez não conseguia deixar de pensar no pior, o que fez uma expiração intensa sair da boca acompanhada de lágrimas quentes e constantes pelo rosto. O choque e o terror tomavam conta dela, a deixavam imóvel até ouvir o som de vidro se quebrando. Não tinha dúvidas de que alguém estava ferido e ela se sentiu incapaz de oferecer qualquer ajuda. Assim, não viu outra alternativa que não fosse procurar alguém para fazê-lo. Mal podia controlar as pernas bambas que se deslocavam com dificuldades, agora fazendo mais barulhos do que antes. Ao voltar para o térreo, caminhou até o telefone e Liesel ligou para a polícia. –Alguém invadiu a casa da minha família!- A voz trêmula e embargada pelo choro denunciava a gravidade da situação enquanto tentava dar o endereço que lhe era incerto e fornecer o máximo de referências possíveis além do nome da família. Em uma cidade pequena deveria ser o bastante. O que quer que aquilo fosse, ainda estava lá em cima e não podia ouvir mais ruído algum e isso era desesperador para a sua esperança de que sua família estivesse bem. Assim, não lhe restava outra alternativa que não fosse fugir dali. Liesel abandonou o telefone e conseguiu até mesmo se esquecer do taco apoiado contra a parede. A pressa era maior e ela corria para porta, para sua chance. Fora desperdiçada e ela sequer se deu conta. Caiu, sem ações sobre os pensamentos e o corpo, em uma escuridão profunda e uma dor aguda antes que sua inconsciência lhe tomasse, desacordada.

A penumbra que a envolvia por toda a eternidade aos poucos dava lugar a uma dor ainda mais aguda na cabeça, poucos minutos depois de ter sido capturada. Liesel abria os olhos vermelhos pelas lágrimas forçando a nitidez de qualquer imagem, mas tudo o que via não passava de um borrão. Aos poucos, uma lâmina gélida em seu pescoço trazia o desconforto da imobilidade que não parecia pior do que mover a cabeça e uma provável contusão.  Por fim identificou um homem sobre ela. Antes mesmo que a imagem se clareasse, os olhos ficaram turvos novamente pelas lágrimas que o inundaram de novo. –Por favor, não me machuque! Prometo não fazer nada... por favor, me deixe ir!- Tentava elaborar um discurso clemente e que pudesse comovê-lo a seu favor. Mas mal conseguia elaborar alguma frase e, se olhasse para qualquer um dos lados perceberia que a misericórdia não habitava aquele ser. Tudo o que fazia se limitava a chorar, pedir e agora até ousava tocar com cuidado e calor o braço que segurava a faca contra o seu pescoço. Revelava seu antebraço frágil que sequer tinha força para afastá-lo, manchado em cores pela tinta a óleo. –Prometo não entrega-lo!- Ela se deu conta de que não poderia, mal conseguia ver o seu rosto. A luz da lua cheia invadia o vidro da janela e ainda assim não lhe permitia ver muita coisa além de uma cicatriz acima do lábio superior em meio a sombra do rosto daquele homem. No entanto, ao lutar conta a dor intensa e constante em seu pescoço e cabeça virou o rosto para o lado e viu claramente o corpo de sua irmã, tão pálido que nem mesmo a luz do luar lhe dava brilho. Novamente Liesel começou a ofegar, engasgando em suas próprias lágrimas e saliva que pareciam indicar que algo viria do fundo do seu estômago para expressar sua náusea e repulsa pela cena que via. –O que você é?- Queria saber. –Isso não se faz com as pessoas. Por que está fazendo isso?- Estava indignada e não conseguia gritar. –Por favor, apenas pare!- Agora começava a se debater pouco se importando que a faca pressionasse um pouco mais e até cortasse a pele do seu pescoço.
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Mensagem por Francis Dolarhyde Qui 02 Fev 2017, 01:01




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A New Level
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"Now a new look in my eyes my spirit rise
Forget the past, present tense works and lasts
Got shit on! Pissed on! Spit on! Stepped on!
Fucked with, pointed at by lesser men
New life in place of old life unscarred by trials
A new level - of confidence - and power!"
──── A New Level - Pantera

Cada passo para dentro daquela casa era confiante, os detalhes foram bem planejados, tinha tudo para dar certo. A luz da lua naquela noite era intensa, a iluminação entrava pelas janelas da casa, contrastando com o homem vestido pelas trevas que caminhava no interior daquela casa. Renascido. Agora mais forte do que nunca, o Dragão era imponente e abusava de seu porte físico para subjugar as crianças e a mãe, tudo corria conforme planejado, aquele seria seu glorioso retorno...mas fora interrompido por uma testemunha, uma ameaça a seus planos. Não era pra ela estar lá, ele não tinha visto nenhuma visitante entrar ou sair daquela casa durante o tempo que observou a família. Nisso o nervosismo começava a dominar a mente do Dragão, que mesmo por cima da garota, ainda entrava em conflito com Dolarhyde, que via naquele rosto uma certa familiaridade. Como seria possível? Ele sempre evitou contato com outras pessoas...mas havia algo nela...algo que o transportava de volta ao passado distante, o qual já havia se esquecido.
Houve uma garota. A única menina com quem brincava, ainda na casa da avó. Ele era pequeno, cheio de energia, mas a menina ruiva apática, estava na maior parte do tempo cansada demais para brincar. A voz da garota ecoava em sua cabeça, mas era distorcida, modificavam-se as palavras, ele mergulhava fundo naqueles olhos assustados e ouvia.
──── Cansei de caçar escaravelhos. ──── resmungava a menina ruiva e o pequeno Francis permanecia calado, esperando que ela sugerisse outra coisa pra brincarem. Mexeu com a palha um escaravelho, distraído, como sempre calado demais. ──── Suas partes privadas, eu quero ver. ──── ordenou a menina e o garoto ficou vermelho, tinha medo de mostrar ali, porque a avó poderia ver e ela sempre ameaçava cortar fora com uma tesoura. Ela não podia ver. Segurou a menina pela mão e nem questionou, correu com ela até um canto entre o galinheiro e uma sebe baixa que os ocultava das janelas do térreo da casa e fez-lhe a vontade. Ela fez o mesmo, ficando de pé, com a roupa interior de algodão em volta dos tornozelos. Ele abaixou o corpo para ver melhor, era curioso, mas naquele momento sua lembrança foi cortada por um banho de sangue. Despertou de seu pequeno devaneio com sangue, muito sangue, molhando as pernas da menina, seu rosto e suas mãos, mas quando voltava o olhar pra ela, avistava a garota já crescida, como se tivesse cortado sua garganta e seu sangue agora escorresse por toda a cama. Foi puxado de volta para si quando ouviu o questionamento dela sobre o que ele era. A ruiva estava viva...mas o Dragão a desejava...no momento em que fora confrontado, até o semblante modificara-se. Por um instante, voltou a ser o pequeno e desajeitado Francis, mas agora, voltava a ser o Grande Dragão Vermelho e apoiava a faca ao lado da cama com a mão direita e com a esquerda, segurava com firmeza o maxilar da garota mantendo seu olhar fixo ao dela, enquanto respondia.

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──── Eu sou o Dragão! ──── exclamou furioso, mantendo o rosto próximo ao dela ──── Sou muito... ma-ior do que... as suas de-finições infantis de c-erto e errado! ──── a primeira frase soou com perfeição, mas na seguinte, houveram pequenas interrupções. Por mais que se esforçasse, em alguns momentos ainda falhava, dada a gravidade da deficiência da qual nasceu portador. Sempre muito reservado, praticava apenas sozinho, treinava a dicção para falar o melhor que conseguisse, embora nem sempre parecesse suficiente. Ele não era mais o mesmo garotinho de 8 anos, tinha praticado muito mais, então já falava bem melhor que na infância, mas a marca em seu rosto ainda permanecia. Ele ainda era o mesmo monstro, mas agora bem maior...mais forte...e mais assustador. Depois de devorar o Dragão, ambos tornaram-se um só e agora mais poderoso do que nunca.
Dolarhyde ouviu o som da câmera, que parava de gravar. O primeiro rolo de filme havia terminado. Normalmente um era suficiente, mas dessa vez, com a interrupção, a gravação fora atrapalhada. Ele ergueu o corpo novamente, posicionando a faca no rosto da garota de forma amaçadora, enquanto falava pausadamente para evitar falhas na linguagem, de modo que ela entendesse perfeitamente. ──── Não tente correr. Eu alcanço você. ──── em seguida guardou a faca no bolso da calça e se afastou da garota, pegando a espingarda que ainda estava no chão ao lado da cama e foi até a mochila que deixara no canto do quarto, pegando outro rolo pra trocar o da câmera. O procedimento foi rápido e mesmo de costas para a garota, ele não deixava de observá-la, mantendo o olhar fixo a ela a todo instante, através dos estilhaços do espelho quebrado. Ele pegou a espingarda, checou a munição e a deixou sobre a cômoda, ao lado da câmera, próxima ao alcance das mãos, para atirar na garota se ela tentasse fugir. Em seguida voltou a olhar para ela por cima dos ombros e disse em tom de voz confiante dessa vez com uma dicção melhor, apesar das pequenas pausas iniciais. ──── Você pergunta... o que sou eu... então olhe! ──── ainda de costas para a garota, ele contraiu a musculatura do corpo tensionando as costas e os braços, que eram elevados, evidenciando a tatuagem que lhe cobria as costas. ──── Contemple, o Grande Dragão Vermelho!

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O corpo do Dragão era agora marcado pelas cicatrizes da grande batalha que resultou em sua queda anteriormente. Ainda eram recentes, embora já totalmente curadas, carregavam uma mácula muito maior que qualquer ferimento físico, a mácula da vingança, do ódio e de uma nova obsessão, mas também o reflexo do poder recém adquirido com a superação dessa queda. Ele não era mais o pequeno e fraco...tornara-se grandioso e tinha agora o poder para transformar também, o ambiente a sua volta e as pessoas que nele vivem.

Francis Dolarhyde
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Mensagem por The Lizard Qui 02 Fev 2017, 01:07

Demorava um pouco até Liesel perceber que quanto mais agitada ficava, mais o seu pescoço era violado pela lâmina gélida. Precisaria ficar calma para evitar um corte profundo, mas como faria isso? Como poderia sabendo que o corpo da sua irmãzinha, já sem alma jazia ali do seu lado? Logo começava a sentir o sangue dela minar a cama, o fluído ainda quente entrar em contato com o seu braço que ela recolhia para perto do seu corpo para evitar o contato, em vão. A sua irmã caçula, a que deveria lhe fazer companhia quando mais nova desde que ela tomasse conta dela, sangue do seu sangue desperdiçado. E agora ali estava ela, sem vida para proteger, sem família para cuidar... família... onde estariam os demais? Seu coração disparou ao lembrar-se do pedido de ajuda da pequena Mandy, tanto quanto o silêncio de não ouvir mais nada vindo dos garotos ou do cunhado. Algo lhe dizia que todos estavam mortos, mas ela se recusava a acreditar. Ainda assim as lágrimas escorriam quentes pelas laterais do rosto já bem úmido, deixavam o rosto e os olhos com vermelhidão característica tão intensa quanto as cores dos cabelos ou das vestes. Não ousou olhar para os lados, mas teve coragem o bastante para encarar o malfeitor. A luz da lua a invadir e iluminar o quarto pouco ajudava a clarear o rosto dele procurando identificar algo no homem que lhe causava imensa dor. Não pelo modo como a prendia, não por estar a limitando com o corpo por cima do dela, mas por privá-la de sua irmã e da sua família. Liesel ardia em dor, desespero e havia uma faísca de ira em seus olhos que se acenderia se não estivesse enfraquecida e com tanto medo. Esperava uma resposta, qualquer uma que fosse enquanto o encarava. Mesmo sem poder ver o rosto dele, a ruiva sabia que ele lhe encarava. Não sabia que tipo de lunático era aquele que ficava a observar enquanto o sangue de uma vítima aos poucos sujava o corpo da sua provável próxima, hesitando finalizar um corte preciso em sua garganta ao apoiar a faca ao lado da cama. E agora, com a outra mão segurava o seu maxilar tão firme de modo a evitar o seu sobressalto, embora a expressão do seu rosto retratasse o seu pavor. Ela fechou os olhos, engoliu a saliva que havia em sua boca tentando não se engasgar com a proximidade dele enquanto falava. “...o Dragão!”... ele disse. Por mais absurdo do que aquilo lhe parecesse, o que realmente chamava a atenção da garota era a pronúncia daquele homem que dizia algo sobre certo e errado que ela ignorava. Havia algo que prejudicava a sua fala, então a atenção dos seus olhos focaram a boca procurando por qualquer pista sobre aquilo. Só então a sombra da lua revelou uma pequena marca acima do lábio superior. Um problema de dicção, uma cicatriz no lábio... aquilo remetia a garota a algo familiar que descobriria se como um estalo um sentido novo a fala dele não se fizesse claro quando um som chamou sua atenção para o fato de que uma câmera filmava tudo aquilo. “...O Dragão!” Não era esse o nome de um assassino famoso nos noticiários há alguns meses atrás? Havia lido algo, escutado rumores de alguém que assassinava famílias inteiras. Não entendera muito bem o motivo repentino da mudança do nome que nunca lhe fez sentido, o “Fada do Dente” era como chamavam o depravado, e depois vieram com essa história de Dragão. Para ela que fosse qualquer nome que fizesse jus ao que ele era, portador de algum distúrbio mental ou um insano qualquer parecia mais lógico, até ouvir dizer que ele capturara a obra de William Blake, O Grande Dragão Vermelho e a Mulher Vestida de Sol. Em partes, pensou que havia alguma ligação entre a obra e o nome, mas não conseguiu assimilar. Arrependera-se profundamente de não ter prestado atenção na história, bem como seu desfecho. Ali estava um homem que se dizia ser tal assassino e que parecia ter sido a seu família escolhida por ele para morrer. Deveria acreditar nisso? Era mesmo ele ou seria um copiador tão depravado quanto? Observava com cuidado a faca que tocava e ameaçava o seu rosto, também o corpo que se erguia diante dela para mexer no aparelho de vídeo. Ela permanecia imóvel como ele recomendou, exceto pelos olhos que agora paravam de escorrer e se moviam na direção dele. Não ousaria se levantar e tentar correr mesmo, não queria contrariá-lo de novo, nem mesmo levar outra pancada já que a da cabeça doía mais que o necessário. A faca... a espingarda... não poderia fugir, mas também não podia ficar. Então aquele seria o seu fim. Teria de se conformar com a morte, junto a de sua família. Talvez não fosse tão ruim. Por um instante a dor parecia ser consolada já que seria pior viver com o fato de que perdera o que restara de sua família, um fim de vida que combinava com sua situação terrível. Não sabia o que acontecia, mas agora respirava profundamente e com calma, passando a aceitar o que lhe reservava. Imaginava que quando ele terminasse o procedimento com a câmera ela seria a próxima a encontrar uma razão ao lado dos familiares. Esperava que não doesse. Não pensou nisso. Aos poucos a calma lhe tomava junto a conformidade. Conseguiu mover-se o bastante para olhar para baixo quando ele lhe falou novamente. Estava atenta ao que o homem que iria findar a sua vida tinha a dizer, provavelmente as últimas palavras que iria ouvir. Mas não esperava que aquela fosse a última visão. A calma que aos poucos reavia ao abraçar o destino dava lugar a uma surpresa estranha e algo que reconhecia muito bem. O homem exibia a parte de trás do corpo, bem definido dos pés até a nuca fazendo da pele dele uma tela para uma obra assustadoramente familiar e perfeita. Os lábios de Liesel se entreabriram enquanto admirava aquilo, e um misto de pavor e espanto lhe tomava o corpo. -.... o Grande Dragão Vermelho!- Ela pronunciou em voz baixa simultaneamente, em um dueto junto a ele. -... E a Mulher Vestida de Sol.- Prosseguiu sozinha, com o mesmo tom de voz, mas o suficiente para que ele ouvisse o que ela dizia, provavelmente. O assombro agora era maior do que qualquer outra coisa que sentia, maior o suficiente para lhe fazer sentar na cama ou a tontura a faria desmaiar. Ao fazer força para erguer o corpo, sentiu a contusão na cabeça ainda latejar forte, mas olhou mais uma vez para o cadáver da irmã e entendeu que agora ela fazia parte de uma obra de arte, era a mulher vestida de sol. Agora sentada, pôde ver os corpo dos amados sobrinhos bem posicionados ao lado da cama com pedaços de espelhos nos olhos. Ainda que estivesse impressionada o bastante para permanecer imóvel enquanto compreendia tudo aquilo, novamente as lágrimas insistiram em descer pelo seu rosto. Inserida no meio artístico, sabendo o que sabia de obras e especialmente o conhecimento daquela, sabia o que aquele “réptil” asqueroso fazia, -Forte!- Escorregou as pernas para o lado da cama, sorrateira e delicadamente o bastante para que ele soubesse que não iria tentar nada agressivo contra ele enquanto se aproximava para ver de perto a obra de arte fixada de maneira tão peculiar na pele do corpo dele. “Tão ofuscado de ódio e violência quanto... –Poderoso”.- Liesel lembrava-se das interpretações e opiniões da obra de Blake, repetia o que se lembrava em sua memória e pronunciava apenas o que sabia que não iria irritá-lo. Agora identificava o ser doentio e reprimido que ganhava vida e expressava aqueles que estavam ali ao menos uma ideia da dor que carregava consigo. –“Forjado nas piras de fogo, alimentado pelo sangue dos injustiçados em nome de um deus, animado pela dor dos que clamaram por um alento e em troca receberam uma lâmina rasgando suas entranhas.- Mesclava a voz embargada de choro com a sua imaginação tentando interpretar e imprimir a arte que talvez ele via naquela aquela cena de horror. “A besta de mil nomes e propagador de mil desgraças”. Pensou consigo mesmo enquanto ergueu a mão para tocar sutilmente um traço da pintura em suas costas. Talvez fosse a contusão, talvez a imaginação, o pavor junto a a admiração daquela obra... Liesel parecia em estado de choque. Provavelmente já não raciocinava direito, mesmo que o sangue lhe parecesse subir a cabeça de uma só vez, causando uma dor intensa e crônica enquanto a pele e os lábios perdiam a cor, tornando-a pálida. –Eu chamei a polícia. Eles estão chegando.- Estava atordoada o bastante para entregar a sua única chance de salvação. Ou talvez conformada o bastante com o seu fim, ser a próxima vítima e em troca finalizar todos os seus problemas. Talvez o subconsciente até se conformasse com a ideia de ser ela a próxima mulher vestida de sol, subjugada pelo Dragão. Ou não... considerar isso causou uma náusea e uma vertigem sem precedentes na garota. Foi o seu último pensamento antes que a vista escurecesse de vez, novamente e dessa vez por conta própria. A ruiva desmaiou e seu corpo caiu no chão quando o cérebro lhe disse que aquilo seria demais para ela aguentar. Longe de reconhecer e associar o que sua memória já conhecia de tempos de infância, considerar a totalidade do que conhecia dos fatos nos noticiários ou mesmo apostar no que poderia ser o seu livramento a garota ficou a mercê do homem que iria mata-la.
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Mensagem por Francis Dolarhyde Qui 02 Fev 2017, 01:12



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Há medida que seu corpo se movia cada músculo parecia ser preenchido pelo poder do Dragão que fora devorado por Francis e agora vivia introjetado dentro dele, grandioso demais para caber em sua carne e seus ossos, pulsando em seu corpo para expandi-lo. Os olhos direcionavam-se para a janela, por onde a lua se projetava majestosa, tingindo de negro o sangue das vítimas que banharam seu corpo evidenciando a poesia contida naquele quadro. Lá estava o Dragão, erguido diante da Mulher Vestida de Sol, podia-se ouvir o flamejante movimento de suas asas imensas, necessárias para estacionar seu corpo de densa musculatura e notar os movimentos de uma espiralada cauda longa, em postura de ameaça àquela que luta para trazer à luz o Salvador. A pouca luz ambiente, somada à luz pulsante da câmera, dava vida aos rostos da platéia que assistia imóvel a ascensão do Grande Dragão Vermelho.
Somente um espírito muito atormentado poderia conceber uma imagem tão vigorosa de uma passagem bíblica como como Apocalipse 12:1-5 num trabalho de aquarela, feito este somente realizado pelo pintor inglês William Blake (1757 - 1827), progenitor de uma das figuras mais impressionantes da história da humanidade, fonte de inspiração e delírio para Francis Dolarhyde. O quadro agora estava mais que perfeito, com aquela mulher inserida nele, embora de forma inesperada, prestes a ser devorada pelo Dragão de muitos nomes...a maioria deles pejorativos, impostos por uma imprensa vulgar, incapaz de compreender a magnitude de sua obra, a relevância da transformação, que logo estaria completa também para a intrusa.
O Dragão exibia seu poder e virilidade enquanto pronunciava seu nome, surpreendido ao ouvir a voz feminina acompanhando sua retórica em um dueto perfeito.


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Ele voltou o olhar para trás, estranhando a participação ativa daquela mulher. Normalmente mal havia interação conjunta do Dragão com a Mulher. Nada parecia como planejado. Ela prosseguiu sozinha, finalizando a fala com "E a Mulher Vestida de Sol", o nome completo da obra de Blake. Dessa vez, quem encarava espantado era o próprio Francis, que permanecia imóvel, enquanto ela se sentava na cama, acompanhando as mudanças em seu olhar. Ela parecia compreender sua inserção, a importância de sua transformação e mais do que isso, ela parecia conhecer o Dragão. O que poderia parecer óbvio para um homem comum, já que qualquer indivíduo interessado poderia se informar sobre a obra e compreendê-la, era interpretado por ele como uma identificação.
Quando ela se moveu para sair da cama, ele a ameaçou novamente com o olhar, movendo a mão para o bolso, pronto para retirar a faca, caso ela tentasse fugir. A tensão inicial passou quando ainda arredio, ele percebeu a aproximação cautelosa dela e as lágrimas que molhavam a face, enquanto ela ainda prosseguia com as palavras. Ele a acompanhava em pensamento, esforçando-se para pronunciar junto a ela:

──── ...e em troca...receberam uma l-lâmina rasgando s-suas...entranhas. ────   sua dificuldade para a pronúncia de palavras não ensaiadas anteriormente era notória e o nível de complexidade destas parecia ainda maior pela situação inédita e surpreendente em que se inseria. Como poderia ela compreender? Sentiu o toque sutil da mão sobre a pintura, ainda tensionado, esperando por uma reação de fuga ou ataque, atento a cada movimento ou expressão daquela mulher. Mas percebeu que seu olhar não demonstrava ameaça...nem medo? Como? Indagava consigo mesmo, ainda tentando compreender o que acontecia naquele momento. Ela não parecia assustada, mas fraca...empalideceu a após pronunciar mais poucas palavras, caiu no chão, inerte como os demais componentes da obra. ──── ...chegando... ────   murmurou baixinho as últimas palavras dela e em seguida apoiou-se sobre os próprios joelhos, inclinando o corpo sobre o dela e apoiando a cabeça em seu peito. Ouvia o coração bater e a respiração fraca, quase inexistente e elevou novamente o tronco, instalava-se um grande conflito interno. Sua obra estava inacabada, mas não havia tempo para a conclusão. Se a polícia chegasse, o Dragão seria acorrentado e incapacitado de transformar mais pessoas.
Nervoso com o risco da captura, decidiu adiar a conclusão daquela obra, guardando às pressas os seus pertences e se preparando para sair do quarto. Olhou para a mulher, pensava se a deixaria ali mesmo ou se a levaria consigo. Não podia deixá-la, ela o compreendia melhor do que o próprio Hannibal...ou estaria enganado? Deveria matá-la! Ela viu seu rosto! Colocou de volta a jaqueta de couro negro e o capuz, com a mochila nas costas e inclinou o corpo sobre ela com a faca na mão, pronto para eliminar aquela testemunha...mas e se pudesse compartilhar com ela o significado de sua transformação? E se ela pudesse entender de fato o que ele se tornara? Estaria eliminando sua única chance de ser verdadeiramente compreendido? Mas se a deixasse viva? Ela desapareceria de sua vista e certamente o denunciaria para a polícia local e o FBI mais uma vez estaria em seu encalço. Até então seria melhor continuar desaparecido e possivelmente morto para as autoridades, e ela o entregaria, certeza! Ninguém gostava dele, não tinha como gostar, era um monstrinho asqueroso...sempre foi...
Iniciou o corte na garganta dela, ainda superficial, numa medida de dois dedos, quando parou. Não a deixaria fugir, nem a mataria, a levaria consigo para seu esconderijo! Guardou a faca, colocou a espingarda na mochila, segurou a mulher e a jogou sobre o ombro, caminhando em passos rápidos pela casa, para o lado de fora. Já podia ver de longe a luz das viaturas que se aproximavam. Foram espertos, não ligaram a sirene que o alertaria de sua chegando dando um tempo maior para a fuga. Mas ele era mais...o Dragão sempre foi mais. Saiu pela porta dos fundos, escolheu a residência pela facilidade de acesso a um rio nos fundos da casa, oculto pela vegetação densa do jardim elaborado por uma paisagista bem conceituada em todo o Estado.
A mochila de material impermeável foi escolhida com esse mesmo propósito, evitando o faro dos cães que poderiam rastreá-lo e a incidência de pegadas ao longo do percurso até o carro, que fora estacionado mais abaixo, seguindo o curso do rio, em uma região de banhistas, onde durante o dia havia um maior movimento de pessoas, que deixavam muitas pegadas e rastros de carros, que podiam chegar até a água naquela área mais aberta, onde seu carro se encontrava. Francis entrou com a ruiva no rio, silencioso, ficou com água até o pescoço, segurando o corpo dela agora de costas pra ele, facilitando a transporte, não se movia com rapidez, apenas seguia o curso do rio, evitando assim qualquer barulho que pudesse chamar atenção da vizinhança, que com a chegada da polícia, logo acendia as luzes das casas. Curiosos saíam de todos os lugares para ver o que havia acontecido e ele apenas observava, enquanto movia-se pela água durante quase uma hora, até chegar ao carro.
Receoso, olhou bem em volta antes de começar a se aproximar da margem e só quando teve a certeza de não haver mais ninguém ali, saiu com a ruiva, jogando-a novamente sobre o ombro. Assim que chegou ao carro, deixou-a no banco do passageiro, foi para o lado do motorista, jogou a mochila no banco de trás, retirou o capuz e entrou no carro, dando a partida e se retirando dali. Tinha pressa, mas principalmente cautela. Não queria levantar nenhum tipo de suspeita de que estava vivo, não ainda. Em alguns momentos olhava o rosto da mulher, que até parecia dormir tranquilamente a seu lado, levada de um lado para o outro com a movimentação do veículo. Para evitar que ela caísse, ele a apoiava com a mão a cada curva, mantendo seu corpo dela mais fixo.


Com a viagem de 1 hora e 35 minutos de carro até o novo esconderijo em uma propriedade próxima à Croatan National Forest, os primeiros raios de sol já surgiam no horizonte, iluminando o novo dia. Ele estacionou o carro na garagem do caseiro, pegou a mochila e mais uma vez carregou a garota, dessa vez para dentro da residência. A deixou deitada no sofá e acendeu a lareira para aquecer o ambiente, cobrindo o corpo dela com as peles já curtidas e tratadas, que o antigo caseiro retirava dos animais que caçava e usava como cobertores nas noites mais frias. Ela ainda estava molhada, mas ele a deixava lá. Quando acordasse, decidiria o que fazer com ela. Mantinha sempre as portas e janelas bem trancadas, então não se preocupava com o risco de fuga.
Levou a mochila para o quarto e a deixou sobre a cama, retirando cuidadosamente os rolos do filme daquela noite, conferindo se o material estava mesmo seco. Resultado: a mochila cumprira com o prometido pela vendedora. Todo seu interior estava em perfeito estado. Ele trancou a porta do quarto e entrou no banheiro para um banho rápido, lavou o cabelo e limpou o corpo do sangue de suas vítimas, que escorria pelo ralo sob seus pés. Logo saiu e enxugou o corpo, vestindo a cueca boxer preta e o quimono feito de um tecido sintético imitando seda, uma das poucas coisas que carregou consigo quando abandonou sua própria casa, queimando tudo que havia dentro dela.
Seguiu de volta para a sala, carregando consigo os rolos de vídeo, verificou se a mulher ainda estava desacordada e foi até o projetor Bolex Naillard M8, que comprou junto com a câmera, para rodar os vídeos e escolher as melhores cenas, para depois editá-lo na sala escura que improvisou na residência. O vídeo começou a rodar na frente da mulher adormecida, que se encontrava no sofá maior, pois o projetor estava posicionado atrás dela. Ele sentava na poltrona ao lado dela, mais próximo da cabeça, o suficiente para perceber quando ela acordasse.
Acomodava o corpo pesadamente sobre a poltrona, enquanto assistia primeiro os vídeos curtos que fez da família, começava a se sentir excitado com as cenas e movia-se inclinando o corpo para frente, com o olhar ainda mais fixo na parede, onde as imagens eram projetadas. Ao término dos vídeos menores e já editados, colocou o primeiro rolo daquela noite pra rodar e por um momento chegou a se esquecer da presença da garota. Sentiu a ereção que manteve com a destra, manipulando o falo devagar, acompanhando o ritmo de progressão das cenas, inicialmente bem lentas, com sua entrada na casa, os primeiros passos, a escadaria, a entrada no quarto, a mulher que dormia com o marido...a cada sequência aumentava o ritmo, sem se importar com o quimono largo que deslizava pelos ombros e braços.
Estava em êxtase, perto da conclusão daquela cena, vendo a própria imagem, projetando-se sobre a Mulher Vestida de Sol, dessa vez em um ângulo melhor que os anteriores, porém interrompida. Na cena em que ouviu o barulho e teve que descer as escadas, cessou o estímulo e olhou para o lado, vendo a mulher ainda imóvel. Não estava bom...não concluiu o que precisava ter feito, fracassou mais uma vez. Furioso bateu várias vezes com as duas mãos contra a própria cabeça, martirizando-se por ter deixado isso acontecer e ter falhado de novo. Estaria ele regredindo? Não podia ser...não podia regredir, precisava avançar, mais e mais...ele já foi mais forte que o Dragão, engoliu todo seu poder, mas fracassou? Não...não podia ter fracassado...olhava para a mulher adormecida ao lado, respirou fundo e reergueu o tronco, mantendo as costas retas, embora ainda estivesse sentado. Estava determinado a terminar o que começou.


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Francis Dolarhyde
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Mensagem por The Lizard Qui 02 Fev 2017, 01:15

A inconsciência tomou conta do corpo de Liesel, a dominou sem deixar que o medo ou o desespero o fizesse se permanecesse acordada. Caiu em um sono profundo, incapaz de perceber as funções vitais do corpo se enfraquecerem ou as consequências disso para ela mesma. A respiração fraca, os batimentos cardíacos tão discretos que quase se tornavam imperceptíveis... por sorte a dor também já não era sentida, muito menos acompanhava qualquer coisa que o homem que causara todo aquele alvoroço faria com ela. A princípio, qualquer coisa que a desligasse de tudo o que via e sentia pareceria drástico demais, um problema a mais em meio a um contexto de tantos outros. Poucos amigos lamentariam o seu triste fim com a veracidade da perda de alguém que significasse algo. Talvez pudesse despertar a compaixão de alguns, que nada lhe adiantaria depois de morta. “Pobre mulher... vítima da traição do marido, vítima dos seus modos desajustados ao olhar da sociedade, o que destruía sua carreira e sua vida. Moça quieta, discreta, de boa fé... e agora vítima de um desatinado cruel. Pelo menos agora não vai sofrer mais.” Era o que podia esperar. Poderia ter uma atenção a mais devido a atrocidade com uma família inteira. Seria mais uma no meio das outras vítimas e o caso repercutiria, mas nada mais seria feito por ela. Fazia sentido, então, se entregar a escuridão e a inércia da ausência de raciocínios e sentimentos. Não sentiu mais um corte na garganta, nem o corpo erguido para ser carregado.



Não percebeu estar sendo carregada para longe dos parentes, tampouco deixar a casa em meio a sacolejos dos passos rápidos de quem a levava. Poderia tentar uma relutância se soubesse que a polícia se aproximava, poderia tentar escapar. Mas todas as oportunidades que poderiam estar a seu alcance se esvaiam à medida que se distanciava do local do crime, escapavam de suas mãos caídas rente as costas onde habitava a tela pintada com a obra a qual quase fora inserida. Ou ainda seria. A ausência de sensações foi quebrada pela inserção do corpo na água gelada. Aos poucos a consciência era recobrada ao sentir o arrepiar da pele, a contração dos músculos e o frio cortar o corpo. Franziu o cenho, apertou os lábios e queria encolher os braços, mas alguém parecia já segurá-la. Os olhos fechados, quando tentava abri-los nada mais via que um borrão do que parecia ser a água escura justificando o frio intenso. Ao forçar a abertura dos olhos mais um pouco também via luzes de casas se distanciando aos poucos em um movimento cadenciado do fluxo da água. Mal podia mover os braços, mas sentia perfeitamente que haviam outros a conduzi-la. Que tipo de pesadelo era aquele? Estava se afogando? De novo, não queria ver, o cérebro enviou novo sinal para que se desligasse e ela voltou a fechar os olhos, dessa vez, dormindo por contra própria em um sono muito mais delicado. Esse sono superficial foi o bastante para que aguentasse permanecer imóvel dentro da água pelo tempo necessário sem que o desespero do frio, de um sequestro ou afogamento que fosse lhe tomasse. O homem poderia lhe conduzir o tempo que quisesse, para onde quisesse e somente o corpo físico daria resposta aos estímulos ambientais como a perda de calor e a contração muscular por isso. Ele parecia saber disso muito bem já que a havia colocado no carro e agora ousava leva-la no banco do passageiro mesmo ao invés de coloca-la deitada atrás ou até mesmo no porta-malas. Não era segredo para ninguém, ela era inofensiva. Assim seguiu a viagem, sem a menor noção do tempo que decorria enquanto tudo aquilo acontecia, sem a menor vontade de recobrar a consciência. No entanto, parecia forçada a isso. O frio agora era incômodo demais para permanecer indiferente a ele, principalmente ao parar de sentir os poucos raios de sol do início do dia quando fora levada para dentro da propriedade. Agora, até mesmo a lareira e as peles que cobriam o corpo eram incapazes de aquecera garota que tremia devido a perda de calor para as roupas ainda molhadas. Deitada no sofá já não permanecia tão imóvel, encolhia o corpo e tremia sem parar expressando em seu rosto o incômodo intenso causado pelo frio. Era essa a sua reação até as peles que a cobriam começarem a isolar a temperatura por baixo delas, foi quando se acalmou novamente alguns minutos depois. Sem a mínima noção do tempo e pelos absurdos que lhe acometeram durante a noite, a sensação de que tudo não passara de um pesadelo era o que fazia a ruiva despertar com calma. O pior de todos os pesadelos, na verdade. Abriu os olhos para se desfazer da lembrança da família assassinada, movia os braços e as pernas cuidadosamente para sentir que ainda comandava o seu corpo, por isso não havia se afogado, não estava morta. Era um bom começo. O susto de um calor específico causado pela lâmina no pescoço a fez lembra-se de uma segunda causa de morte, e as mãos levadas abruptamente até a pele causou uma fisgada na cabeça no lugar onde fora agredida. Em seguida, o corte e o sangue secando no pescoço causaram a sua angústia ao sinalizar que aquele sonho não era tão distante quanto ela gostaria. Moveu os olhos para baixo onde viu os cabelos alaranjados mais escuros e molhados, depois as peles que a cobriam. Automaticamente uma lágrima quente parecia reconforta-la pelo calor, mas era oriunda de uma tristeza profunda, e por isso, não era confortável o bastante. Quando finalmente conseguiu focar a imagem projetada na parede diante dela, percebeu que se tratava do fim da sua família. Liesel reprimiu a face, se entregando a um choro silencioso enquanto assistia a aquele filme de terror, trágico e real. Chegou a mover o rosto para afundá-lo na almofada sob sua cabeça, apoiada no sofá. Só então percebeu suas condições e reviveu os minutos antes de apagar. Enquanto os dilemas do assassino e a fuga cautelosa duraram horas, ela teve a sensação de piscar os olhos algumas vezes e se ver em cenários diferentes. Poucos minutos depois despertava ali sem saber ao certo o que acontecera, muito menos onde estava. Percebeu os vários erros que cometera, mas que agora não deveria ignorar. Assim, vagarosamente apoiou-se nos seus braços para erguer o corpo e procurar o assassino. Surpreendentemente não demorou a encontra-lo e estranhamente o flagrou em uma cena grotesca. Liesel tentava não subestimar mais nada que seus olhos viam, precisava permanecer atenta, por mais que fosse difícil assimilar o que via. Havia um homem se estimulando enquanto assistia a própria regressão ao matar a sua família. Longe de ver qualquer sentido a tudo aquilo, ela assistia silenciosa, imóvel o que ele fazia antes de começar a ofegar, nervosa. Ele tocava a sua irmã morta, ele tocava a si mesmo e era difícil imaginar que ambas as cenas eram reais quando tudo parecia uma fantasia de muito mal gosto. Assistiu a tudo aquilo comportadamente já que ele não notara que ela havia acordado. Mas sua discrição fora interrompida por um grito assustado quando o viu bater em sua própria cabeça. Era a terceira vez que Liesel o interrompia aquela noite. O impedira de consumir a irmã morta, atrapalhava o seu êxtase com nova interrupção ao rever a cena, e agora entregava que estava consciente quando ele parecia se agredir. Agora ele olhava para ela, imponente, de modo que a assustava.



Liesel retribuía o olhar, impressionada. Percebeu que estava diante de um problema gigantesco e pela primeira vez se deu conta de que precisaria manter a calma para tomar qualquer providência. Estava diante de um homem que apresentava problemas na fala, se auto agredia, havia cometido assassinato em massa e a sequestrado sem qualquer motivo aparente. Logo deduziu que cuidados extras deveriam ser ilimitados. Assim, não demonstrou qualquer alteração ou agressividade em sua voz, além do nervosismo. –O que está fazendo? Você vai se machucar.- Agora que ele já a havia notado, ela terminou de erguer o seu corpo se ajeitando na posição sentada, sem desviar os olhos dele. –Eu sou Liesel.- Ela não via a apresentação como uma estratégia, mas de certo modo tentava se aproximar dele, fazer com que ele a visse como algo além de alguém contra quem faria algum mal. –E você é o Dragão, certo?- Sentia-se estúpida, mas demonstrava respeito, tentava ter algum juízo aceitando a insanidade. Desceu as pernas enquanto afastava as peles do corpo úmido. –Não quero atrapalhar você. Posso me retirar para deixa-lo à vontade. - Desviou os olhos dos dele por um instante para mirar o membro excitado e assim deixar claro para ele ao que se referia. Cuidadosamente já afastava o seu corpo, escorregando para o outro lado oposto do sofá, se distanciando dele devagar. O olhar dele e a expressão visível de reprovação indicaram que aquela não era uma boa ideia. Assustada, a respiração de Liesel voltou a se acelerar e por impulso, ela tentou se erguer do sofá para correr, sem sucesso. O homem viera para cima dela, a cercara com os braços nas laterais do seu corpo e limitara seus movimentos a recolher os braços na frente do peito e do rosto para que ele não a ferisse. –Por favor, não quis irritá-lo! Me perdoe?- A voz baixa e rouca sinalizava um novo choro que ela tentava conter enquanto olhava para o lado ou fechava os olhos para não ver. Mas o medo era tamanho de forma a encorajá-la a olhar para ele e transmitir toda a sua sinceridade. –Não pretendo atrapalhar os seus planos, Sr. Dragão. Não quero ser um incômodo.- Ao encarar o rosto dele, a mais improvável das lembranças e associações a acometeu. Tomada por uma sensação de reconhecimento, Liesel encarou a deformidade acima do lábio superior do homem que a prendia. Ele poderia ver como uma afronta, ela, no entanto, o fazia como a confirmação palpável da ideia que lhe acometera. Logo ela voltou a tremer e respirar profundamente. Teve a audácia de levar as mãos trêmulas carinhosamente para os lábios do homem perverso, pois já não era o que via. Segurou afetuosamente a lateral do rosto crescido, vendo um menino de outrora enquanto deslizava devagar um dos polegares sobre a cicatriz. Não a olhava com desprezo ou como algo importante, mas como a evidência que corroborava o que a levou a uma descoberta fantástica e assustadora ao mesmo tempo. Eram os olhos dele tão singulares que levaram Liesel a descobrir quem estava diante dela. –Francis?- Um medo súbito envolveu o seu corpo novamente. A preocupação de um novo surto que a levasse a vacilar diante de uma nova ameaça lhe acometia. Estava à mercê de um homem violento de novo, no entanto o associava a um amigo de infância. O pequeno e passivo Francis emergia em sua memória claramente agora e ela não sabia o motivo. Toda vida tentava encontrar as cores para pintar aqueles olhos em seus desenhos e à medida que crescera e se distanciara dele, procurando qualquer aproximação, a tarefa se fazia mais difícil. Agora, ao ver aquela cor novamente poderia reconhecê-la com facilidade de modo a ignorar que a via nos olhos de um tirano. Lutava contra a vertigem novamente, determinada a permanecer acordada e impedir sua passividade enquanto vivia a dualidade do terror e uma lembrança tenra e vívida. Por mais que parecesse loucura, Liesel abriu um sorriso ao rever o amigo. –Você está tão diferente! Você cresceu.- Não esperava que o garotinho chegasse aquele tamanho ou se desenvolvesse tanto. Desceu as mãos e agora tocou os ombros dele enquanto tentava enxerga-lo. –Por onde esteve? O que andou fazendo?- Um reencontro inusitado agora se formava no delírio da garota que entrava em estado febril querendo saber notícias da vida dele depois de se distanciarem. Aos poucos ela afastava os fatos reais e evidentes para se apegar ao que lhe parecia mais agradável naquele instante: reencontrar seu amigo de infância. –Você não se lembra de mim? A Liesel!- Talvez o corpo molhado e frio já causasse algum mal a garota que vulnerável poderia estar com a saúde já prejudicada. Assim como o juízo já que insistia que Francis era quem estava ali. Os olhos dele não a deixavam se enganar, sabia que era ele. Mas a peça que ela pregava para si mesma era acreditar que se tratava do mesmo garoto que aguardava paciente suas desistências para brincadeiras, a avó que a vestia com as roupas da mãe dele ou até mesmo quem concordasse com as piores ideias como mostras as partes íntimas, ao invés do monstro que assassinara a sua família e estava para fazer o mesmo com ela.
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Mensagem por Francis Dolarhyde Qui 02 Fev 2017, 01:16



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Dolarhyde crescera solitário, muito tímido, embora não fosse antissocial, isolava-se do mundo externo a ele, sabendo que era diferente dos demais e que ninguém nunca gostaria de sua companhia, afinal quem gostaria da companhia de um "Pequeno Diabrete"? Acostumara-se desde muito cedo com a escuridão, superou o medo dela, se tornou mais forte, até perceber a transformação que ocorria dentro de si no Grande Dragão Vermelho. Pelo menos agora ele não era mais rejeitado, passou a ser temido...e isso trazia uma sensação prazerosa de poder. O corpo do pequeno Francis não era mais uma unidade, mas pedaços sem significação que unidos participaram da composição de sua personalidade, refletida no espelho, outrora fragmentada pelas próprias inseguranças e traumas vividos, até finalmente se reestruturar.
Bem longe de ser considerado um sujeito em equilíbrio psíquico e emocional, ele se sentia completo e pleno enquanto transformava outras pessoas, fazendo algo realmente significativo com os corpos delas. O Dragão era voraz, faminto e ainda exercia algum domínio inconsciente sobre ele, uma vez que se uniram, mas esse domínio não era nada comparado ao que ele vivenciou antes disso. Não passava de um pária da sociedade, mas agora por mais que não se inserisse tanto dentro dela, estava fazendo algo grandioso e se orgulhava disso. Dolarhyde, mesmo não possuindo uma estrutura do ego totalmente organizada, preservava as faculdades abstratas, pois essa atividade sintética do ego enfraquecida contribuía, paradoxalmente para liberar capacidades abstratas matemáticas, especulativas ou ditas "intelectualizadas", na medida em que esses talentos deixam de ser controlados, ou induzidos por funções reguladoras do ego em sua adesão às realidades objetais. Essa inteligência, é uma característica que Francis inegavelmente possui, principalmente relacionada  à capacidade criativa e imaginativa.
Sua facilidade para aprender era notável, muito esforçado desde criança, talvez não houvesse nada que ele fosse capaz de aprender. Essa capacidade ímpar para elaborar seus grandes feitos era revelada a cada cena de crime, que o FBI investigava em sua trajetória. Embora inexperiente, tinha êxito em seus planos, com a comunicação de um inconsciente sem barreiras, capaz de transformar um homem passivo e muito tímido, em uma criatura formidável, digna de admiração e respeito. Contudo, seu modo de expressão inconsciente não abandonou os modos primitivos de satisfação e suas pulsões, que ainda norteavam seu comportamento quando em ambiente controlado, seja a própria casa, ou a residência dos escolhidos e naquela manhã não seria diferente. Parte de seu padrão ainda permanecia, a ritualística seria seguida...até se esqueceu da presença da garota, afinal depois de Reba não recebeu mais ninguém. Acostumara-se com a solidão e a total privacidade de suas novas paredes e janelas.
Recordou-se dela somente no momento em que ouviu um grito assustado enquanto confrontava-se consigo mesmo. O Dragão não aceitava falhas...ele não aceitava falhas, Hannibal e Will Graham foram as últimas. Aquela tatuagem em suas costas tinham para Dolarhyde um sentido bem mais profundo do que o quadro era capaz de representar, embora Blake tivesse feito um excelente trabalho, a obra viva era incomparável. Mesmo os vídeos, por mais reais que parecessem, não o estimulavam tanto quanto a realidade daquela cena perfeitamente montada por ele, como uma obra de arte de arte "viva". O filme ainda teria que ser editado, para cortar as interrupções, mas ele o finalizaria ali mesmo...já que tinha a garota ainda à sua disposição. Seu olhar se prendia ao dela, determinado a consumi-la para concluir o quadro, esquecia-se do passado que outrora retornou em sua mente sobre a amiga de infância, diante daqueles azuis profundos, ela era a Mulher Vestida de Sol.
Ele permaneceu em silêncio, quando repreendido pelo auto-flagelo, começou a se levantar da poltrona para se aproximar dela e só se lembrou do quimono e do estado em que se encontrava quando sentiu o tecido deslizar ainda mais pra baixo. Para evitar que caísse totalmente, Dolarhyde o puxava pra cima, prendendo-o de volta nos ombros, fechando-o e amarrando com mais firmeza a faixa que o prenderia rente ao abdômen, passo a passo se aproximando mais da ruiva, sem desviar o olhar, atento a cada palavra, mas ainda silencioso. Notou que o olhar dela se voltava para baixo e a repreendeu apenas com o olhar, fechando o semblante, enquanto o nome dela ainda ecoava em sua mente. Era um nome familiar...mas antes que se recordasse, percebeu um movimento brusco de uma nítida tentativa de fuga e avançou sobre ela, apoiando as duas mãos em volta do corpo dela, sobre o sofá, com agressividade, deixando claro que não deveria se atrever a fazer isso de novo, ou seria sua garganta que estaria nas mãos pesadas que atingiram o sofá e pressionavam o encosto ainda tensionadas. Seu olhar ardia em fúria e a excitação deu lugar à essa chama, que pulsava em seu peito, enquanto ainda refletia sobre aquele nome e o que ele significava pra ele. Mal prestava atenção às palavras que ela pronunciava, ela demonstrava medo...parecia outra pessoa.
Decepcionou-se ao perceber que assim como Reba, ela parecia ter mudado, demonstrava medo, logo não era digna de sua confiança. Agora mais do que nunca, precisava consumi-la. Não era isso que ele buscava, mergulhava nos azuis dela buscando aquela mulher que o compreendia...que se identificou com ele. Mas ela não parecia mais estar ali. Percebia pelas mãos trêmulas, pelo olhar assustado e pelo tom de sua voz...este que já conhecia bem. Porém, de súbito houve uma mudança no olhar, que surpreendeu o Dragão...aquele olhar de identificação voltava, tão rápido quanto se perdeu e ele permaneceu imóvel, ainda com o olhar fixo ao dela, mantendo o corpo sobre o dela, a limitar seus movimentos, deixando claro que não adiantaria tentar fugir mais uma vez. Ele a alcançaria...ele sempre alcançava. Os lábios se moveram e a surpresa foi ainda maior, arqueou as sobrancelhas e abriu bem os olhos com as pupilas bem dilatadas por uma fração de segundo, seguida pelo relaxamento do maxilar. Boquiaberto, não conseguiu pronunciar uma única palavra. Como ela poderia saber seu nome?
Recuou ao notar a aproximação da mão, que logo tocou a cicatriz no lábio superior. Retraiu-se um pouco, odiava ser lembrado de sua monstruosidade. Desviou o olhar, tentando recuperar-se do susto, buscando as lembranças que vieram à tona quando viu o rosto da ruiva pela primeira vez na casa dos Stevens...era ela? Não podia ser...mais uma vez a imagem da garotinha reclamando que se cansou da brincadeira, pedindo que ele lhe mostrasse as partes baixas veio à tona e com ela, o sangue que molhou as pernas dela e parte do rosto dele, que estava perto demais. Fechou os olhos, virando o rosto, tentando afastar a imagem do sangue e do pescoço da mulher que àquela hora já deveria banhar aquele sofá com seu sangue quente. Voltou a encará-la somente quando sentiu a mão sobre o ombro, ainda assustado com aquela revelação...era ele, o pequeno Francis...com o mesmo olhar de surpresa do susto que levou com o galo. Estava imóvel. Passivo... regredindo a uma infância traumática e à única companhia que pelo menos parecia gostar dele de alguma forma. Afastada por Queen Mother Bailey, que denunciou a ambos para a avó e os pais da menina...por isso ela nunca voltou.

Uma mácula de rancor cresceu em seu peito com a traição de Bailey e os resultados advindos desta, que foram a ameaça da avó e o desaparecimento de Liesel, que ele nunca mais viu. Francis mal sabia pronunciar o nome dela. ──── Lisss... ────   já tinha dificuldade no "L" cuja pronúncia dependia da língua tocar a região atrás dos dentes e o palato, mas o "S"... cuja língua formava um sulco na linha central da língua (ex: [s z])por onde deveria passar um grande volume de ar que é forçado através de uma abertura tipicamente estreita que direciona o jato de ar de alta velocidade contra os dentes e o palato defeituoso, que impedia a pronúncia. As sibilantes mais comuns e estáveis entre as línguas [s] e [z] eram as sibilantes mais fortes, com mais tonicidade e por isso as mais difíceis de se pronunciar. Sequer conseguia ao segundo "L", mesmo com a fenda palatina e o lábio leporino bilateral corrigidos, como se regredisse naquele momento. Francis ainda evitava falar, justamente por sua dificuldade na pronúncia de palavras simples, que mesmo se esforçando e treinando bastante em casa, não saiam com naturalidade.
Muitos fatores estavam associados a esse bloqueio que ele tinha com a linguagem, todos corroborando para um defeito permanente, como se seu rosto ainda fosse tão deformado quanto em sua infância. Afastou-se dela ignorando as perguntas que ela fazia, eram muitos, como a garota esperava que ele respondesse se não lhe dava tempo para pensar e formular cautelosamente o discurso? Dessa vez o recuo foi maior, ele ergueu o corpo novamente e se afastou da garota, retirando a mão dela de seu ombro com a destra. Apesar de ter apreciado o toque de sua mão sobre o rosto, precisava de um tempo para processar aquela informação. Era ela mesma, era Liesel! A menina ruiva com quem brincava atrás do galinheiro, caçando escaravelhos, inventando brincadeiras novas a cada uma que enjoava...era ela...
──── Vá lá para cima. Vá para o seu quarto, tire as calças e espere por mim enquanto vou buscar a tesoura! ────   A voz de sua avó ecoava no ambiente de forma imperativa, alta demais para ser ignorada. A seguir veio a lembrança das primeiras ameaças de castração da avó. Desde os seus 5 anos de idade, era ameaçado, podia sentir a lâmina fria tocando o falo de forma ameaçadora. De súbito levou a mão à nuca, empurrando o rosto para baixo, como a avó fez para que ele olhasse bem o que ia acontecer.   ──── Quer que eu corte? ──── perguntava ela já fechando a tesoura lentamente até começar a machucá-lo, enquanto o garoto tentando levantar o olhar e encará-la soluçando, enquanto pronunciava com dificuldade.   ──── Nah, ahó, nah, ahó. ──── olhava pra baixo fragilizado pelo vociferar da avó, que permanecia vivo em sua mente, mas logo voltou a olhar para a garota. O medo da castração se apoderava, ela tinha se esquecido naquela noite, mas um dia se lembraria e cumpriria com o prometido? Se ele a visse de novo, era isso que ela faria, por isso se afastaram e nunca mais se encontraram...então era isso que aconteceria com ele agora? Soltou a nuca, mas manteve o antebraço na cabeça, ainda mantendo a cabeça baixa e tensionava a musculatura de todo o corpo, perturbado com aquele turbilhão de pensamentos, sem conseguir organizar os pensamentos.


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Evidentemente perturbado, recuou mais alguns passos e depois caminhou de novo na direção dela, avançando sobre o corpo da garota, mas dessa vez, o fazia apenas para alcançar o projetor Bolex, que uma vez desligado deixava o ambiente escuro novamente e ele podia ouvir a voz imperativa do Dragão, que ecoava em sua cabeça desejando consumir a garota, a pequena Liesel de suas lembranças. Mas Francis não queria deixar, dissociava-se do Dragão naquele momento entrando em um conflito interno contra as ordens que recebia. O que deveria se tornar um reencontro feliz, se tornava um pesadelo à medida que o Dragão aumentava o tom de voz. Ele levou as mãos aos ouvidos, para não ouvir os comandos, Dolarhyde agora era mais forte que o Dragão, foi ele quem o devorou e absorveu todo seu poder, e agora só vivia por vontade dele próprio. Era a sua responsabilidade, como homem forte, deveria combater a escuridão e não se render a ela. "Ele é que devia ser a coisa de que se tinha medo no escuro." Qualquer coisa de que o Dragão deveria ter medo, afinal ele tinha o domínio agora. Respirou confiante e voltou a manter as costas eretas e relaxar a musculatura.
──── Nunca voltou... ────   murmurou entredentes. Dessa vez a pronúncia soava bem melhor, era comum quando ele não prestava tanta atenção à fala. Talvez errasse mais pela pressão que colocava sobre si mesmo de pronunciar perfeitamente as palavras que mais o induzia ao erro, uma contradição que ele ainda não percebia, embora parecesse nítida a diferença para as pessoas à sua volta. ──── Por que...você nunca voltou? ────   aquela dúvida perdurou durante anos, até que aquelas lembranças juvenis se perdessem em sua memória, tinha a chance de perguntar, mas sequer olhava para a garota, permanecia imóvel, com o olhar baixo, esperando pela resposta. Talvez fosse ela mesma que se cansou de brincar com ele, como sempre se cansava de brincar com os escaravelhos e por isso se afastou repentinamente. Ou seria pelo que viu? Como sempre dizia a avó era sujo e nojento...talvez tenha se assustado, ou ficara nauseada pelo que viu, apenas retribuindo o que ele fez mostrando a dela, que já era castrada, não possuía um falo...teria invejado o que ele tinha e por essa razão desaparecido? Queria ouvir de seus próprios lábios, embora não soubesse ainda se acreditaria em suas palavras, já que palavras escondiam verdades e aveludavam mentiras. Descobriu recentemente que não podia confiar em ninguém...como confiaria em Liesel? Se ela o abandonou há tantos anos?



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Mensagem por The Lizard Qui 02 Fev 2017, 01:18

Liesel ignorava o recuo de Francis e o tocava sem cerimônias e com delicadeza extrema entre os dedos frios. Não era o incômodo dele que ela a princípio desconhecia que iria impedi-la de desfrutar do seu reencontro. A deformidade do rosto dele nunca os impediu de brincarem, tampouco prejudicou o contato inocente e a companhia apesar das diferenças, portanto, continuava indiferente agora. Francis, assim como ela, era uma boa criança, muito mais ativa e agitada do que ela, no entanto obediente. Nunca desobedecia as ordens dos adultos, principalmente da avó, e quando precisavam fazer, o faziam tão escondidos que ninguém percebia. Conseguia ser sorrateiro, ela conseguia segui-lo, mas talvez muito mais pela menina apática que era ser incapaz de causar qualquer alvoroço. Agora mal podia acreditar que estava diante do seu amigo de infância, o quão mudado estava e sentia-se verdadeiramente feliz em vê-lo melhor do que a última vez que o vira. Ele desviava o olhar e isso sim foi um incômodo considerável. Se tinha uma coisa que gostava nele eram os olhos e a cor que nunca achou para defini-los entre seus lápis, giz de cera ou tintas mais tarde. Era algo que ainda queria descobrir, mas era difícil com a dilatação das pupilas dele ou o olhar desviado. A ruiva agora não tinha tanta dificuldades a retomar a infância e a sensação boa que tudo aquilo lhe causava era muito maior do que qualquer problema anterior e real, por isso ela se entregava a ela. Esquecia-se da sua vida infame, que perder a família, de que estava diante do causador do maior dos seus problemas para retornar a uma época em que tudo era mais fácil e mais gostoso. Naquela época o maior de seus problemas era quando Queen Bailey os chamavam para comer e ela nunca gostava. “Não consegue brincar, está sempre fraca porque não come! Não vão sair da mesa enquanto ela não terminar o seu pedaço de bolo.” Uma troca de olhares entre ela e o amigo e já sabiam o que deveria ser feito. Cuidadosa e silenciosamente Liesel empurrava o pequeno pratinho para perto de Francis que o recebia de bom grado e fazia o mesmo com o seu para a direção dela, já vazio a um bom tempo. Ele parecia gostar de receber um pedaço extra de bolo, assim como ela lhe sorria em gratidão pois a livraria de comer e resolveriam o problema de ambos: o prato vazio dele que adotava era o passaporte para voltarem para o quintal. Uma vez lá fora, embora não persistisse em nenhuma brincadeira, só iriam parar quando o seu pai viesse busca-la ao voltar dos campos de plantações, ou quando a avó de Francis a solicitasse do lado de dentro da casa. Liesel nunca dissera ao amigo, mas havia algo na avó que ela não gostava. Não sabia o que era e se esquecia rapidamente disso à medida que ela começava a vesti-la com roupas “novas”. Bem, ao lembrar-se disso, o cheiro de roupas guardadas invadiu imediatamente as narinas, vindo das memórias mais marcantes e sabia que as roupas não eram tão novas assim. “Marian ficava tão bonita com esse vestido! Realçava a cor dos cabelos. Uma pena que não combinam com os seus de cor berrante.” Liesel se olhava no espelho e pensava que Marian tinha sorte se o vestido não arrastassem no chão abaixo de seus pés, ficasse tão aderente em seu corpo ao invés de largo no seu corpo magro e não tivesse nos cabelos uma fonte de chacota e birra. A avó Dolarhyde já a havia vestido com o guarda roupas inteiro de sua filha para Liesel saber que nenhuma das roupas que não lhe cabiam corretamente não ficaria tão bem nela quanto ficavam em Marian. Também sabia que mesmo assim, a avó de Francis não desistiria de vesti-la e arrumá-la como uma boneca, como bem quisesse. Ela gostava da parte dos cuidados e de pegar emprestado para brincar tudo o que não lhe pertencia. Mas não gostava de nunca ficar bonita, como Marian. Aquele incômodo era estendido para Francis, que pacientemente observava a brincadeira feminina esperando a hora de voltarem para o quintal, assim como Liesel. Lançava seus olhos tão bem desenhados para ele, esperando alguma aprovação ou desaprovação de como estava, era o único cuja a opinião parecia importar para ela. Mas o garoto permanecia quieto, calado, apenas observava, e então ela desejava que ele também pudesse trocar de lugar com ela, assim como faziam na hora do bolo. Ou que pelo menos a chamasse para fora dali, mesmo daquele jeito tão peculiar como costumava pronunciar o seu nome. A garota custou a se lembrar, ela mesma nunca conseguia repetir a pronúncia dele, mas quando ele tentou chamá-la de novo ela se lembrou perfeitamente. A dificuldade da fala dele era bem vinda e lhe arrancou um sorriso sincero e feliz por ouvir aquela sonoridade novamente. Balançou a cabeça positivamente para incentivá-lo, mesmo que não conseguisse terminar a palavra. –Isso! Sou eu!- Ele estava correto, e ela feliz por ele a ter reconhecido. –Você se lembra de mim?- Inserida em suas lembranças e boas sensações pelo reencontro, aliado ao seu estado febril, a ruiva não acompanhava os dilemas que o crescido Dolarhyde enfrentava. A fala dele que nunca foi um problema quando estavam juntos era bem interpretada por ela que se atentava e o via em um contexto, de modo a traduzir mentalmente qualquer que fosse suas palavras direcionadas a ela. A não ser as poucas vezes que o pedia para repetir ou se explicar, a dicção do garoto não foi o maior de seus problemas, portanto não esperava que fosse agora ou que ao longo dos anos aquilo fosse um fator que o atrapalharia tanto. Estava com a mentalidade regressa e inocente demais para perceber que aquilo agora o incomodava tanto. Pensou que ele se afastou para parar de ameaça-la, retirou a sua mão do ombro dele para um reencontro civilizado e ela se esforçaria para isso. Por isso retomou a postura ao se sentar no sofá novamente. Mas aos poucos percebia que talvez não fosse mais como era na infância, não conseguia entende-lo bem em meio a alguns murmúrios dele. Seu rosto expressava bem o seu desentendimento enquanto acompanhava de longe e imóvel tentando entender o que se passava com ele. Quando percebeu que ele dizia algo em relação a avó respirou fundo, lembrou-se da pronúncia e dos problemas que às vezes eles tinham. Fechou os lábios compreendendo que a avó Dolarhyde poderia ser ríspida demais com ela, mais ainda com o neto que ainda assim a respeitava e idolatrava. Liesel nunca testemunhara nenhuma das crueldades da avó com o garoto, mas naquele instante pareceu sentir e compreender o motivo de às vezes não gostar da velha mulher pelo modo como os tratava quando queria ser má. Depois de uma viagem pela infância, agora parecia interpretar alguns pontos que lhe passavam despercebidos com o olhar da mulher adulta que se tornara. Deixava o então também adulto Dolarhyde inerte às suas lembranças como ela também estava a poucos segundos atrás, o via movimentar-se de maneira estranha com pesar no rosto. Talvez como ela, Francis agora interpretava os fatos passados com o olhar de adulto e ela soube que havia muita coisa para interpretar. Sabia do abandono da mãe, da rispidez da avó, de como ele era motivo de brincadeiras maldosas na infância, muito piores que as que era alvo pela cor de seus cabelos. Agora a presença dela parecia trazer tudo isso à tona e perturbá-lo. –Está tudo bem, Francis! Nós estamos bem.- Quis tranquiliza-lo de algum modo, sem saber ao certo como já que não sabia a fundo o que o perturbava ou sem querer levantar mais incômodos ao se aprofundar no assunto. A verdade é que também não estavam tão bem quanto ela dizia, mas deixava a entender que queria ficar. As lágrimas dos olhos cessaram enquanto as que já haviam escorrido pelo rosto secaram. A vermelhidão da pele e dos olhos eram as poucas evidências do choro. O tremer do seu corpo ainda perdendo calor já era ignorada por ela mesma que tinha a atenção voltada para Francis muito mais do que o frio que sentia. Novamente o medo não a acometia mais, Liesel e seu estado febril ignoravam por completo os acontecimentos de horas antes ou qualquer noção da realidade dolorosa a qual estava inserida. Sequer titubeou quando Francis veio em sua direção para alcançar o projetor. Esse que deveria lembrá-la e acender o seu medo foi sobrepujado pela escuridão quando se desligou. Mais uma vez lembrou-se de que Francis tinha medo do escuro e então, imaginou que não era um medo superado quando o viu tapar os ouvidos. –Eu estou aqui com você.- Disse em um tom baixo esperando chamar a atenção dele. Pareceu funcionar já que ele pronunciou algo que ela entendeu perfeitamente, mesmo entre dentes. Sua expressão se tornou ainda mais triste. Depois das lembranças havia um confronto. A garota apertou os lábios tentando encontrar uma resposta para a pergunta dele. Permaneceu em silêncio tentando lembrar o motivo por nunca ter voltado a vê-lo, mas era muito vago. Queen Bailey os havia flagrado em uma cena desconfortante, mas esqueceu-se logo quando pediu para alcançarem o galo sem cabeça e os deixado brincar no galinheiro depois de pedir para brincarem vestidos. A garota acreditou que estava tudo bem. Mais uma vez percebeu sua inocência. Vovó Dolarhyde disse a seu pai aquele dia que ela não poderia voltar a mansão mais, sem justificativas. Seu pai lhe questionara incessantemente sobre o motivo, sobre o que havia feito, se havia desrespeitado a senhora ou passado dos limites de algum modo, assim como sua mãe. Recebera corretivos e agressões para aprender a não mentir já que dizia não saber o motivo. De fato preferia pensar que não sabia, já que nunca admitiu para ninguém o que induzira Francis a fazer e o que fizera depois. Liesel não via nada demais, estava curiosa, só queria ver o que era diferente do que ela tinha. Sequer entendia a preocupação dos adultos em esconder naquela época. E mesmo que hoje soubesse mantinha a sua postura. –Eu não sei!- Era o que respondia a seus pais quando questionada o motivo de não poder voltar. Mas para Francis se abriu um pouco mais. –Depois do que fizemos sua avó pediu a meu pai para que não me levasse para brincar com você mais.- Ela abaixou a cabeça, envergonhada por ter sido dela a ideia estúpida que culminou no afastamento. Agora o frio pareceu mais intenso e a ruiva recolheu as pernas para abraça-las, como fazia toda vez que seu pai a ameaçava com o cinto para contar o que houve. –Eu não sei! Me perdoa!?- Repetia a frase como antigamente, dessa vez sabendo que não havia muito o que podia ser feito. –Eu quis brincar com você, quis voltar a vê-lo, mas não podia ir até sua casa. Eu senti a sua falta.
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Mensagem por Francis Dolarhyde Qui 02 Fev 2017, 01:25



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Desde o nascimento, o pequeno Francis conheceu a rejeição. Nascido com um defeito congênito chamado de  Fissura Lábio-palatina, caracterizada por uma falha tecidual ao nível do lábio-palatina superior, que comprometia a arcada alveolar; o palato duro e o palato mole. A secção central da boca não era ancorada e era protuberante. O rosto dele, era uma monstruosidade...a fissura comprometia completamente sua fala, o que era um de seus maiores estigmas. A doença comprometia os dois lados do lábio, deixando a estrutura denominada pro lábio-palatina e pré maxila intermediária. Inicialmente, parecia até mesmo incapaz de sobreviver, foi deixado em um berço distante para que não fosse visto, se conseguisse sobreviver sem o oxigênio o mostrariam à mãe.
Francis sobreviveu, mas era incapaz de se alimentar, então fora deixado ali mesmo, chorando de fome até a tarde de seu dia seguinte, quando o único som que era capaz de produzir era um leve gemido agudo. Se não fosse por Prince Easter Mize, empregada de limpeza e auxiliar no pavilhão da maternidade, ele provavelmente teria morrido de desnutrição. Ela tirou do bolso uma tampa de borracha que era atravessada por um tubo curvo de vidro, para beber, adaptou a tampa a uma garrafa de leite e segurou o bebê e apoiando-lhe a cabeça na sua mão enorme, encostando-o ao peito até ter certeza de que ele sentia o bater do seu coração. Em seguida deitou-o de novo e introduziu-lhe o tubo pela garganta para alimentá-lo. Sua mãe, Marian Dolarhyde Trevane gritou horrorizada quando viu a coisa que carregara em ventre e abandonou o garoto no hospital mesmo. A maior interferência em sua qualidade de vida era a dificuldade para alimentar-se, podendo ocasionar desnutrição, anemia, pneumonia aspirativa e infecções de repetição, então o cuidado com ele deveria ser extremo. Era um estorvo.
Em 1938, Springfield não era um centro para cirurgia plástica, porém um cirurgião no City Hospital fez o melhor que pode por Francis Dolarhyde, primeiro fazendo a retração da parte central da boca com uma banda elástica e em seguida fechando as fissuras do lábio por meio de uma técnica de tampa retangular que tinha um péssimo resultado estético, mas pelo menos disfarçou um pouco o problema, já que ele ainda não poderia fazer a cirurgia para reparar o palato duro, porque isso poderia distorcer o crescimento da face e o deixaria com uma aparência do que já tinha...se é que aquilo ainda seria possível. Desse modo, precisaria esperar até os cinco anos. Um dentista local oferecera-se como voluntário para fazer um obturador que tapava o palato  permitindo que ele se alimentasse sem inundar o nariz com os alimentos.
Só então foi levado ao Lar de Crianças Abandonadas de Springfield durante o primeiro um ano e meio e em seguida para o Orfanato Morgan Lee Memorial, onde fora recebido pelo reverendo S. B. "Buddy" Lomax, que era o diretor do Orfanato. A complexidade do contexto em que se insere o recém-nascido portador de fissura labial e/ou palatal exigiria de todos, familiares e profissionais da saúde envolvidos na assistência a criança portadora de fissura de lábio e palato, conhecimento, determinação, entendimento e paciência para que se pudesse alcançar o abjetivo de obter um indivíduo saudável, e integrado à sociedade, porém Francis estava muito longe de ter tudo isso. E sua personalidade foi extremamente influenciada pelo monstruosidade de sua face, transformando-o em um pária para a sociedade. No fundo, por mais que tentasse ter uma vida social normal, Francis sabia que ninguém gostava dele, por sua deformidade e dificuldade de comunicação.
Liesel era a única pessoa que ele sabia que gostava. Ela não parecia se importar tanto quanto os demais com a sua cara feia. Fossem adultos ou outras crianças. Seu desenvolvimento emocional e afetivo foi diretamente afetado pela rejeição constante, bem como o social, que parecia ir de mal a pior por mais que se esforçasse para melhorar. Por sorte não teve um comprometimento cognitivo e tinha as faculdades mentais bem desenvolvidas, o bastante pra aprender muita coisa sozinho.
Bastava ter interesse, o pequeno Francis estudava e aprendia como fazer, isso o ajudou muito em sua transformação. Todo o conhecimento acumulado durante todos os anos de sua vida foi relevante para que ele finalmente viesse a se transformar. Diante de sua situação de extrema fragilidade e submissão, sua masculinidade foi introduzida de tal forma que para ele não restava dúvida de que seria difícil ele ver homem. Um homem urinava na cama, não tinha medo do escuro...
Dolarhyde então apresenta muitas dificuldades na vida afetiva e sexual, em decorrência de toda sua experiência traumática com essa sexualidade vista de forma aberrante pela avó, que sempre se referia ao seu órgão masculino como "coisa suja", transmitindo uma ideia de que ele não poderia ter prazer sexual ao se masturbar, porque isso era repugnante, permanecendo assim com seu corpo-coisa, desinvestido de afeto. Apesar da avó nunca ter cumprido o que prometeu (cortado fora o seu pênis), ela cortou a possibilidade de Francis desenvolver uma sexualidade genital normal. Ele e Liesel ainda estavam começando a descobrir essa sexualidade, sem malícia, apenas por curiosidade, conhecendo as diferenças dos corpos, não havia desejo, não havia tesão, eles não sabia o que era isso ainda... Talvez para ela a situação tivera sido menos traumática...ou não... o constrangimento foi mútuo ao serem apanhados naquele grau de intimidade considerado tão errado.
Apesar de tudo, a avó ainda tinha muita autoridade sobre ele, mesmo depois de sua morte e isso ainda o castigava demais. Ainda que Liesel ignorasse sua recusa e o tocasse, sua expressão era arredia, não se acostumava com aquele toque, embora sempre se lembrasse deles dois brincando juntos sem se importarem com as diferenças. Algumas crianças zombavam do cabelo vermelho dela, os dois eram diferentes e aquele cabelo era sua marca registrada. Tanto que mesmo inconscientemente, sem nem se lembrar dela especificamente, buscava sua imagem nas mulheres que via com o cabelo da mesma cor.
Imaginou que jamais a reconheceria se a visse de novo, mas quem esquece a única fonte de alegria de uma infância conturbada? O rosto dela ficava em suas lembranças e se manifestava quando a companhia de mulheres como Eileen se aproximava, ele as encarava de uma forma diferente, porque elas eram diferentes também. Mas nenhuma reconhecia isso Liesel. Durante o pouco tempo que tiveram juntos, nasceu uma boa amizade e talvez a chance dele se sentir uma criança mais normal. Sua companhia bastava para tornar qualquer dia agradável, mesmo quando tinha que ficar horas sentado enquanto a avó vestia a menina e mexia nela como uma boneca. O tempo parecia que nunca passava, mas ele aguardava pacientemente o momento de correrem pra fora da casa. Não ousava interromper a avó uma única vez, sempre deixando que ela ordenasse a saída, afinal era um menino ajuizado. Ficava sentado na cadeira com os pés balançando, olhando qualquer coisa que lhe chamasse atenção naqueles momentos de total tédio.
Antes, sozinho, brincava com as peças de Majong da avó, mas com a menina ruiva tinha companhia e ideias de brincadeiras diferentes que ele sempre acatava, acostumado a seguir ordens. Claro que também transgredia algumas regras, como quando matava as galinhas, ou mesmo quando os dois iam aprontar alguma. Daquela vez só os encontraram por causa do maldito galo, um azar que eles não esperavam. Apesar de todos os momentos de alegria que passou com a menina ruiva, os transtornos causados pela maior parte de sua história de medo, dor e angústia, sobrepujavam aquela felicidade e perturbado, ele se perdera em suas ilusões. Algo que normalmente acontecia quando estava sozinho, não diante de outras pessoas e aquilo o incomodava. Envergonhava...estaria ele voltando a ser fraco? Não podia permitir que isso acontecesse... Ouviu novamente a voz de Liesel, dessa vez ela era apenas um eco de sua memória, ela estava ali...sentada no sofá, próxima a ele...e ela mesma confirmava isso, como se soubesse exatamente o que se passava em sua cabeça de modo que a sintonia infantil ainda parecia persistir ao tempo que permaneceram distantes.
Tão acostumado com a rejeição, concluiu que era isso que tinha acontecido. Ela o rejeitara ao ver o quão imundo era, justamente como a avó afirmava. Precisava saber...mas ela não respondia de imediato, afirmava que não sabia e ele deu dois passos para frente, mais próximo a ela, percebendo que seus lábios se moviam como se estivessem prestes a falar. A pouca luz que entrava pelas frestas das janelas, eram suficientes para ele, estava cansado, normalmete aquela hora já estava indo dormir, depois de ver os vídeos e se estimular, mas até o sono lhe fugira do corpo quando ela revelou que a avó foi quem pediu para ela nunca mais voltar. Só porque Bailey falou, se não fosse isso, ninguém ficaria sabendo de nada, só eles dois e talvez tivessem crescido juntos. Respirou aliviado por saber que o motivo realmente não era a rejeição...então ela ainda era a única pessoa que ele conhecia que não o rejeitava. Deu mais alguns passos, olhando para Liesel encolhida no sofá e dessa vez foi a vez dele e o antebraço dela. Raramente tocava alguém, não tinha esse costume, afinal quem iria querer ser tocado por ele? Pelo Dragão, aí sim...era mais que uma honra ser tocado e tranformado pelo Dragão, mas não por ele...
Com o toque sutil sentiu o quanto estava fria a pele dela e puxou as peles para cobrirem melhor o corpo dela, embora com as roupas molhadas aquilo não faria a menor diferença. Não tinha pensado em nada disso antes de carregar a ruiva pra casa, ela precisaria de roupas para trocar e não tinha nada ali que pudesse servir nela. Tudo o que levara consigo eram as roupas e alguns pertences importantes, o restante pertencia ao caseiro, que provavelmente não teria nenhuma roupa feminina ali pra ela. Continuava em silêncio,agora confuso, sem saber o que fazer. Esperava que o toque fosse suficiente pra afirmar a perdoava sim, afinal eram amigos. Nem mesmo ele parecia se lembrar agora do que fez à família dela. Pareciam apenas velhos conhecidos se reencontrando, como se nada de mais tivesse acontecido. Ela continuava, falava que sentia falta dele, que quis brincar com ele, mas nada disse. Estava feliz...porém surpreso demais para reagir. o canto do lábio se arqueou quase formando um sorriso ao ouvir aquilo. Fazia tempo que ele não sabia o que era sorrir.

──── Liesel... ────   dessa vez pronunciou corretamente, esforçou-se para falar o nome dela, como ela merecia ouvir. E sentiu-se realizado por conseguir. Dando seguimento à sentença ──── Está fria...precisa se aquecer. Lareira? ────   perguntou voltando à pronunciar o mais corretamente possível as palavras. A regressão parecia ter ficado para trás. Estava em si de novo. Não era mais um garotinho assustado. Era um homem e como tal, protegeria a amiga de infância do frio e da escuridão, como um homem ajuizado deveria fazer. A lareira mantinha a casa aquecida, era toda construída em partes de madeira e parte alvenaria, conferindo uma resistência maior de sua esturuta e um clima agradável em seu interior. Como fez com Reba, decidiu servir-lhe uma bebida e se afastou, dando-lhe as costas e caminhando até o balcão de madeira da cozinha colada na sala.
Pegou duas taças, que encontrou escondidas lá no fundo do balcão, provavelmente o caseiro pegou na casa do patrão para impressionar alguma mulher e agora serviriam para Francis oferecer a bebida que tivessem disponível ali para amenizar o frio. Encontrou também escondida uma garra de Don Julio® Añejo Tequila, certamente também roubada da coleção seleta do patrão. A taça não era o que tinha de mais apropriado pra beber aquilo, mas teria que servir, já que ele não via nenhum daqueles copinhos pequenos. ──── Você...aceita? ────  ] Perguntou para a garota, colocando as duas taças sobre o balcão e já abrindo a garrafa, afinal se ela não aceitasse, ele mesmo beberia. Serviu logo as duas taças. O tapete de peles perto da lareira parecia muito confortável para deitar, era todo lanoso e bem macio, Aquelas eram de carneiros, daí a maciez da pelagem tratada. Avisaria que ela poderia tomar um banho, mas não sabia como fazer isso se ela não tinha roupas naquela casa, precisaria buscar depois...ou comprar algumas para vesti-la. Pensaria nisso depois, por hora desejava apenas mante-la aquecida.
──── Que quer faher ahora? ────   perguntou dando a ela o comando, regredindo por um instante e perdendo-se na pronúncia, como quando eram crianças. Era sempre ela quem ditava as brincadeiras e quando se cansava de uma e de outra, sempre tinha novas sugestões. Algumas bem paradas, outras ele gostava mais, era um menino mais agitado. Nunca tinha com quem brincar, quando tinha ficava empolgado, então aceitava brincar de qualquer coisa que ela quisesse. Ainda atrás do balcão, olhava em volta, como se procurasse por opções, mas nunca sabia o que sugerir, raramente dava alguma ideia, deixando as decisões para Liesel. Ali não parecia ter nada interessante para brincar...então temia que ela ficasse entediada e decidisse ir embora, pedir o pai para buscá-la. Divagava enquanto esperava a resposta da ruiva, buscando qualquer opção para sugerir, caso ela não o fizesse.



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Mensagem por The Lizard Qui 02 Fev 2017, 01:27

O tempo que passaram distante um do outro não parecia importar. Se extrapolasse um pouco mais, parecia imperceptível ou até mesmo inexistente se não fossem as mudanças claras de ambos, bem como o pedido de perdão que só ocorrera depois de tanto tempo afastados. Liesel era transparente, demonstrava toda a sua preocupação com quem deveria lhe parecer um estranho, quando deveria ver o homem diante dela como alguém que não deveria se importar. Mas uma vez reconhecido, não considerava outra coisa que não fosse o seu amigo de infância e isso era só o que lhe era útil e agradável. Mais uma vez ele se aproximava dela e o perigo que corria também era inexistente. O pequeno Francis nunca a machucaria, mesmo com tamanha altura que alcançara. Aos poucos ela mergulhava na ideia de conhecê-lo como uma vez o conheceu a ponto de esquecer o que ocorrera horas, minutos, instantes antes da constatação. O extermínio de sua família era abandonado, o seu sequestro menosprezado e até mesmo o modo como o vira se estimular de modo grosseiro a seu ver não tinha a mínima importância desde que reencontrara seu companheiro de diversão. Ela o encarava, calma e quieta, analisando cuidadosamente suas expressões, como fazia desde criança a fim de entender o que seus lábios não falavam ou quando o faziam, com algumas falhas. Mais ainda, queria saber se ele ainda estava bravo com ela e conseguiu sorrir aliviada quando ele tocou o seu braço, mesmo que o rosto marcado pelo choro denunciasse que o sorriso era algo repentino e inesperado. Tornou-se um alívio, era reconfortante e aos poucos amenizava o seu rosto, sempre que o via de perto. O canto dos lábios se arquearam um pouco mais quando ele puxou as peles para cobri-la um pouco mais. Estava certa, ele agora se preocupava com seu bem estar. Ele a lembrara do frio e de suas condições, ela continuava encolhida para se aquecer, nunca para se proteger dele. Deixava que seu olhar transferisse o seu conforto a ele e sua gratidão, principalmente quando identificou o que parecia ser um sorriso no rosto dele também. Todas as sensações pareciam aumentar substancialmente, inclusive o sorriso que agora mostravam os dentes como parte de um conjunto que destacava os lábios corados e a felicidade em seu rosto quando o ouviu pronunciar corretamente o seu nome. Mais uma vez sentiu que estava certa, Francis havia mudado, estava melhor em muitos aspectos e ficou feliz por ele, mesmo que um pouco de nostalgia inflasse em seu peito já que gostava do jeito peculiar como ele lhe chamava antes. Ninguém mais a chamava daquele modo, com tanta dificuldade e empenho ao mesmo tempo, que lhe fazia pensar que aquilo só era possível para alguém que se importava ou fazia questão de sua presença. Ainda assim não deixava de admirar sua evolução nem a pergunta que seguiu com a preocupação para que se aquecesse. Limitou-se a balançar a cabeça assertivamente, a lareira parecia uma boa ideia. Logo ela se daria conta de que um bom banho e roupas confortáveis poderiam resolver o problema de vez, se não fizessem parte dele. Não havia roupas suas ali... ali... ali aonde? A ruiva não tinha ideia de onde estava. Ela virou o rosto em direção a porta e conseguiu deduzir que já era dia com a ajuda da luz solar que invadia os poucos espaços onde a cabia. Ao esforçar-se para imaginar o que havia além daquela porta, sentiu uma fisgada forte na cabeça, seguida de uma náusea que reconhecia muito bem, por isso conseguiu afastá-la ao parar de pensar no além da porta. Fechou os olhos, esperou que o gosto ruim em sua boca e o mal estar de seu estômago fosse embora em seguida. Essa opção seria melhor que o desmaio que ela sabia que poderia lhe ocorrer, como das outras vezes que isso aconteceu. –A lareira, está bem.- Conformou-se e deu o seu veredicto. Assim, Liesel descruzou as pernas, desceu os joelhos para apoiar os pés no chão, e sem abrir mão das peles que agora a abraçavam caminhou para perto da lareira, sentou-se sob apele macia que servia de tapete a uma distância que calculava ideal para se manter aquecida. Agora olhava o fogo fixamente, esperando que ele também aquecesse seu interior. Entregava o olhar as labaredas enquanto as luzes que emitiam provocavam um brilho ainda mais intenso dos cabelos alaranjados, bem como o realce da boca vermelha e as sardas pelas bochechas e região do nariz. Ouvia a movimentação de Francis, mas estava alheia ao que ele fazia naquele instante. Por mais que tivesse ignorado a sensação que antecedia seus desmaios como das últimas duas vezes naquela noite, ela a preocupava. Liesel nunca havia desmaiado em toda a sua vida e em poucas horas já conseguia identificar quando ia acontecer, mas não sabia o que provocava aquela moléstia. O fato de omitir insistentemente tudo que lhe ocorria contribuía para que não percebesse que aquilo nada mais era do que uma fuga de uma realidade que não poderia suportar. Assim, tentava dar pequenos passos, reconstruir suas ideias gradativamente para encontrar o ponto crítico. Precisava de um banho... precisava de roupas... roupas que estavam em sua casa, a que o marido a havia deixado depois de abandoná-la. Uma fisgada aguda na cabeça, na região onde fora agredida. Talvez não precisasse ir tão longe, havia suas malas na casa da família e uma reviravolta no estômago. A boca se encheu de saliva e o gosto ruim a preenchia. Respirou fundo tentando engolir e impedir que tudo escapasse do seu controle, mas impossibilitada de engolir qualquer coisa, inclusive os fatos, estava pronta para vomitar. Chegou a ficar pálida, mas Francis a interrompera ao questionar se aceitava algo. Ela não sabia o quê, mas foi o suficiente para desviar a atenção e o olhar para ele, sorrir discretamente enquanto balançava a cabeça novamente. –Umhum!- Logo voltou a olhar para o fogo que já havia espantado o frio que sentia. Agora ela absorvia calor. Também já não estava desconfortável como há poucos segundos antes. E só percebeu que Francis a havia oferecido bebida alcoólica quando sentiu o cheiro do líquido de cheiro forte que enchia uma das taças. Ela nunca havia bebido, passou toda a sua vida ouvindo sobre um irmão mais velho que mal conhecera já que a família o perdera para o alcoolismo. No entanto, já não havia família alguma, ela disse que aceitava e não queria parecer uma careta em posição revés para o amigo que crescera e parecia ter se saído bem. O garoto Dolarhyde era um homem feito agora e a sua imagem transmitia a garota a ideia de que havia superado dificuldades, talvez pelo porte grande e atlético que desenvolvera, talvez pelos danos do lábio que havia minimizado consideravelmente. Ela o encarava de maneira satisfeita sem saber o mínimo do que se passava com ele atualmente, nem considerar suas transgressões que ela mesma flagrara. Longe de querer parecer a mesma menina besta e fraca de sempre e transmitir a ele o fracasso que se tornara, estendeu a mão para ele ainda perto do balcão, pedindo de longe que trouxesse a taça que ele lhe oferecera por pura vaidade. Esperou que ele fizesse a gentileza de trazê-la para então toma-la e leva-la até a boca. Sorriu para agradecê-lo e pegou com certa avidez. Prendeu a respiração para não sentir o cheiro forte que poderia desencorajá-la, levou o líquido até a boca para engolir de uma vez e não sofrer com o gosto. Mas assim que sentiu o amargo em sua boca correu para ingerir um tanto considerável, as bochechas inchadas insistiam em expulsar o líquido que os lábios tentavam conter sem sucesso, deixando escapar um pouco fazendo um barulho característico enquanto esguichava um outro tanto. Quando o tanto que engoliu desceu queimando o canal da garganta Liesel começou a tossir. A queimação se espalhou de modo a fazer os olhos lacrimejarem enquanto levava a mão diante da boca e abanava o rosto ardente com a outra. Ergueu o olhar, sorriu sem graça para ele quando por fim resolveu confessar. –Eu não bebo.- Não a livraria da vergonha que passava, mas justificaria seus maus modos. Mesmo assim, agora já sabendo o que a esperava, insistiu em um gole menor, que conseguiu ingerir sem se livrar da careta. Subitamente Liesel ergueu os braços, afastou de modo alvoroçado as peles que a cobria. O corpo já estava aquecido mais que o suficiente, provavelmente estaria de fogo em questão de segundos e ele poderia perceber pelas bochechas coradas. –Me desculpe!- Continuava a movimentar as mãos em um vai e vem próximo ao rosto. Se ele queria aquecê-la, havia conseguido. E mais, logo ela começava a tagarelar sem medir as palavras. Quando questionada sobre o que queria fazer não hesitou em responder quando na verdade precisaria tentar ser discreta pelo seu estado. –Agora? Eu queria um banho. Olha só o meu estado.- Chamou a atenção dele para seus trajes para que entendesse sua necessidade. A blusa comprida de lã cinza ainda tinha a marca d’água que a deixava molhada, bem como uma mancha característica na lateral, lugar onde o sangue da irmã a tocara. Depois disso, a ruiva não precisou dizer ou observar mais nada. Tocou o lugar onde estava a mancha de sangue, próximo a cintura e se estendendo para o braço, ergueu o olhar para Francis e o questionou sem pudor. –O que estava fazendo, Francis? O que você fez... com a minha família?- Se o questionamento não viesse tão instantaneamente, Liesel o ignoraria junto aos fatos de novo. Mas sem controlar as palavras perguntou sem tons de ameaças ou decepção, demonstrando uma imensa curiosidade em entender o que se passava. –A sua tatuagem... é bonita. Por que a escolheu?- O seguimento da conversa demonstrava sua total falta de senso ou perdição. Desviava do assunto crítico como se não tivesse a relevância que tinha sendo algo tão pessoal. Logo também poderia dar continuidade à impressão de que estava interessada no Dragão devido a aparente indiferença. Aliada a sorte das palavras que pronunciara horas antes, a apatia que mascarava a sua fuga poderia ser interpretada como uma conversa qualquer, como quando faziam na infância ou como a curiosidade nas obras vivas de Francis Dolarhyde.
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Mensagem por Francis Dolarhyde Qui 02 Fev 2017, 01:31



────⊰☫ The Great Red Dragon - Croatan National Forest, USA - Burton's Farm


Desde os seus nove anos de idade, Dolarhyde sabia que se encontrava só e que estaria sempre só, uma conclusão que se acentuou mais por volta dos quarenta. Percebera o envelhecimento de seu corpo subitamente quando se encontrava de pé junto a uma janela virada para norte, enquanto examinava um filme. Foi quando notou o envelhecimento das mãos que de repente, como se tivessem aparecido pela primeira vez diante dele e iluminadas por aquela luz do norte, tinha se tornado flácida sobre os ossos e tendões e aparecia coberta por pequenos diamantes, tão pequenos como escamas de lagarto. Quando as expôs à luz sentiu-se invadido por um cheiro intenso de couve e tomates guisados, como aqueles preparados pela avó, nos tempos em que ela ainda tinha uma vida mais ativa, antes de ser internada pela primeira vez. Estremeceu, embora a sala estivesse quente e naquela noite trabalhou mais duramente do que era habitual.
Na parede do ginásio que Dolarhyde instalara na água-furtada havia o único espelho de corpo inteiro que existia na casa. Podia observar o seu corpo à vontade porque usava sempre uma máscara. Observou-se cuidadosamente enquanto fazia sobressair os músculos. Aos quarenta podia ter tomado parte com sucesso em qualquer competição regional de musculação. Mas não se sentia satisfeito.

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Agora que atingira os quarenta, sentia-se dominado por uma vida de fantasia com o brilho, o frescor e a prontidão típicos da infância. Aquele pequeno acontecimento, que acontece a qualquer um, informou a semente que se encontrava no seu cérebro de que o tempo tinha chegado. Na altura em que os outros homens viam e receavam o seu isolamento, Dolarhyde finalmente começou a compreender a si mesmo: estava só porque era único. Com o fervor da conversão viu que se trabalhasse nesse sentido, se seguisse as verdadeiras urgências que tinha mantido durante tanto tempo em estado adormecido, se as cultivasse como inspirações que eram na realidade, poderia transformar-se. Embora muita coisa já tivesse mudado, ele sabia que ainda não estava completo, precisava muito mais e a pintura de Blake veio para notear seus passos em direção a essa transformação, vista pela primeira vez numa fotografia a cores em tamanho grande no Times, ilustrando uma reportagem sobre uma retrospectiva de Blake no Tate Museum em Londres. O Brooklin Museum tinha enviado O Grande Dragão Vermelho e a Mulher Vestida de Sol para a exibição. O crítico do Times dissera: "Poucas imagens demoníacas na arte ocidental irradiam tal carga de pesadelo e de energia sexual..." Dolarhyde não precisou ler o texto para compreender isso.
Fora tomado por um sentimento de fascínio e adoração por aquela figura na qual passou a se inspirar, levando-a consigo durante dias, fotografada e ampliada na câmara escura a altas horas da noite. A maior parte do tempo sentia-se agitado, como quando criança. Colocou a gravura ao lado do espelho na sala de pesos, e ficava olhando para ela enquanto praticava. Só conseguia dormir depois de ter trabalhado até à exaustão e de ter visto os seus filmes médicos que o ajudavam no seu alívio sexual. Podia notar a cada movimento da musculatura do corpo seu desenvolvimento físico iniciado somente aos 17 anos, quando fora apanhado entrando pela janela da casa de uma mulher, com um propósito que ninguém nunca chegou a descobrir e ele mesmo mal se lembrava, mas naquela ocasião foi-lhe dada a escolhe entre alistar-se no Exército ou ser denunciado. Por razões óbvias escolheu o Exército.
Lá recebeu o treino básico que começou a desenvolver seu corpo e percebeu que tinha a oportunidade de não ser mais tão pequeno e fraco. A altura já tinha...só faltava desenvolver a musculatura. Ele foi enviado para uma escola de especialistas em câmera escura e despachado para Saint Antonio, onde trabalhou nos filmes de treino do corpo médico no Brooke Anny Hospital, onde os cirurgiões no se interessaram por ele e decidiram melhorar seu rosto. Mais uma vez, Dolarhyde se transformava. Executaram no nariz uma cirurgia plástica tipo Z, usando cartilagem da orelha para aumentar o comprimento da colunela, e repararam o lábio usando a técnica Abbé, o que arrastou uma audiência incrível de médicos para a sala de operações. Os cirurgiões sentiam-se orgulhosos com o resultado.
Só então, viu-se livre, pelo reflexo da janela, da deformidade de seu rosto, embora internamente ainda soubesse que sempre seria um monstro. Com todas as transformações que sofrera no decorrer daqueles longos anos, Dolarhyde ainda permanecia aprisionado pelos traumas de sua infância, ainda incomodado com sua face, sempre tampando a cicatriz com o dedo indicador quando se encontrava sentado. A experiência foi tão boa que depois de dispensado do serviço militar, acabou voltando em 1958, onde permaneceu até 1961, porque a avó conseguiu sair do sanatório. Dolarhyde requereu, e lhe foi concedida a saída do serviço militar a título excepcional, dois meses mais cedo do que aquilo que estava programado, para que pudesse voltar pra casa para e conta dela.
O Thorazine a deixava num estado de tranquilidade bem vaga, então para ele também foi um período curiosamente pacífico. Com o seu novo trabalho na Gateway, Dolarhyde podia contratar uma mulher para ficar com a avó durante o dia. À noite sentavam-se na sala de visitas, sem dirigirem a palavra um ao outro. A única coisa que quebrava o silêncio era o trabalhar do velho relógio e o barulho produzido pelo seu carrilhão. Ele só chegou a rever a mãe uma vez, no funeral da avó, em 1970, mas olhou para ela como se não a visse, com o olhar fixo num ponto distante, com uns olhos azuis de profundidade e brilho extraordinariamente semelhantes aos dela. Agiu como se fosse uma desconhecida, mas seu aspecto surpreendeu a mãe. Já tinha um tronco bem desenvolvido e muito elegante, completamente transformado...e já não tinha mais aquela cara horrível que ela tanto desprezava. Já era um homem feito, fisicamente em desenvolvido, com um bom emprego... Ela chegou até a ligar no dia seguinte, mas Francis desligou sem pensar duas vezes. Não tinha nada para tratar com ela.
Apesar da notória transformação em seu corpo, o rosto ainda o incomodava muito, talvez pela marca que ela se tornou para ele...a cirurgia de correção não lhe parecia suficiente para ter um rosto normal...nada seria. Mas naquele momento de acontecimento tão raro ele não se sentia incomodado. O tempo provocou muitas mudanças em Liesel também, que embora sempre tivesse achado muito bonita, tinha se desenvolvido e estava ainda melhor, não deixava de ser pálida e ter uma aparência frágil, o que sempre atrapalhava as brincadeiras na infância, estava mais alta, com o corpo esguio agora dotado de curvas femininas bem desenhadas, o pescoço mais alongado e a protuberância dos seios que só notou quando foi puxar as peles para cobrir-lhe melhor o corpo. Apesar disso, ele ainda via nela a mesma garotinha com quem brincava na casa da avó. Sempre esperava ansioso por sua chegada, sabendo que ali tinha uma companheira, a única que não se importava com sua cara de morcego.
Não tinha dúvidas de que o tempo fizera bem a ambos fisicamente, mas estranhamente ainda podia sentir a tristeza que habitava em seu olhar. Ela parecia feliz em revê-lo...então por que ainda continuava triste? O que pareceria óbvio para qualquer pessoa como resposta, não o era para ele. Ela foi a única testemunha de seu renascimento e do verdadeiro sentido de sua transformação e das pessoas à sua volta. Aquela família foi prestigiada pela oportunidade de renascer de uma outra, após serem engolidas e regurgitadas pelo Dragão, de onde emergiam transformadas, em ascensão semelhante a dele. Se ela conseguisse enxergar isso, certamente não teria mais aquela tristeza no olhar, afinal ela mesma se transformou naquela noite. Foi tocada pelo Dragão, mas não entregue a ele, o que era muito mais do que um privilégio, fora escolhida por ele.
Francis e o Dragão sempre digladiaram, mas estranhamente ele estava quieto dessa vez. Teria adormecido? Deveria estar cansado por causa da noite anterior, ou talvez estivesse apenas observando de longe, como sempre fazia, permanecendo bem informado sobre tudo, assim como a avó Dolarhyde. Ele não tirava os olhos da ruiva, acompanhando cada passo dela até a lareira, onde seria aquecida para não adoecer. Notou a afirmação com a cabeça e o murmúrio, então servindo as duas taças fechou a garrafa e a deixou sobre o balcão para levar a bebida até ela. Não tinha noção de etiqueta e o pouco que sabia não incluía copos e talheres certos para cada ocasião. A taça era bonita e preenchida por aquele líquido âmbar da Don Julio® Añejo Tequila talvez agradasse mais aos olhos de Liesel, a qual sempre fez de tudo para agradar. Era acostumado a tê-la sempre guiando as brincadeiras, sempre falando o que deveriam fazer, então se sentiu um pouco perdido quando ela não respondeu a sua pergunta sobre o que gostaria de fazer. Talvez ela estivesse mesmo cansada por ter passado a madrugada acordada e só quisesse descansar. Pelo que se recordava, ela se cansava rápido e isso não parecia ter mudado.
Caminhou até ela entregando a taça, começou a beber, ainda de pé, com o olhar fixo ao rosto dela, curioso para saber tudo o que aconteceu durante todos aqueles anos nos quais permaneceu sem nenhuma notícia. Chegara a se esquecer de praticamente tudo relacionado à infância, mas naquela manhã as lembranças retornavam como se fossem recentes, tamanha a riqueza de detalhes das imagens recriadas. Estranhou a reação dela e ainda com a borda da taça nos lábios, ficou paralisado ao ver a bebida esguichando pelos dela, afastando a própria taça, para dizer:


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──── Não precisa beber se não quiser...pego outra coisa. ────   pressionava o ponto entre as sobrancelhas, confuso com aquela situação que nunca tinha presenciado. Mas ela insistia e acabava bebendo mesmo assim. Francis ficava preocupado, ela não gostou do que ele serviu, precisava de outra coisa melhor, algo que pudesse agradar...tinha estragado tudo. Como quando desastrado estragava alguma das brincadeiras deles. Esperava pelo olhar de reprovação, mas este não veio. Ela se desculpou. Não entendia bem o motivo, não havia motivos para isso. Era ele quem deveria se desculpar por ter estragado a brincadeira. ──── Eu...────   ia pronunciar um "não sabia", mas logo lhe escapou aos lábios um submisso ──── me perdoa?

Quando criança não conseguia pronunciar bem a maioria das palavras, mas agora podia pedir perdão e mais do que isso, podia conversar com ela. Embora as palavras nunca tenham sido necessárias para que ela soubesse o que ele queria dizer, decifrando pacientemente o pouco que ele verbalizava ou insistindo para que repetisse até entender, agora tudo parecia mais fácil...e o seria, se as palavras não lhe fugissem quando ela se livrou das peles para mostrar a roupa que estava em péssimo estado, finalmente respondendo o que gostaria de fazer naquele momento. A avó Dolarhyde nunca permitiria que ela ficasse daquele jeito, então antes de mais nada, ele precisava resolver esse problema. Mas antes mesmo que pudesse pensar no que fazer, ela já emendava uma nova pergunta, que o deixara mais uma vez paralisado. Passado o segundo de choque, ele bebeu todo o conteúdo da taça em dois goles e moveu os lábios em menção de responder, mas logo veio a segunda pergunta sobre a tatuagem. Pela primeira vez alguém parecia ter interesse em saber sobre ele...mas eram muitas perguntas e ele ficava perdido com tantas palavras, movia os lábios na intenção de responder, travando por não saber articular a conversa. Por onde começar? Ela também era a primeira a dizer que sentia falta dele, então se sentia obrigado a responder.
Sempre quis poder compartilhar sua transformação com alguém que compreendesse seu significado e a grandiosidade dela, mas sempre que tentou fazer isso, foi traído. De súbito uma sensação de nervosismo percorreu toda a extensão de seu corpo ao se recordar de Hannibal, Graham e Reba... Mais do que nunca, ele tinha certeza que não poderia confiar em ninguém e mais uma vez entrava em conflito. Queria confiar em Liesel, mas e se ela não entendesse e fizesse como os outros? Não cometeria o mesmo erro de antes... precisava ter certeza, que poderia confiar nela. Antes de falar sobre isso tudo, precisava testar a lealdade da ruiva, saber se ela não iria apenas abandoná-lo de novo, ou traí-lo mesmo, como os demais. Não poderia arriscar. Então apenas inclinava o corpo na direção dela e recolhia as taças vazias, caminhando de volta até o balcão, sem conseguir prosseguir com o diálogo ou enrolar, mudar de assunto, ou qualquer outra estratégia social. Estava longe de ter domínio sobre qualquer coisa nessa área. Temendo parecer desagradável, disse.
──── Tome seu banho primeiro. Busco roupas pra você. ────   tentava ser gentil, notava o quanto ela estava incomodada com a sujeira, afinal como não estaria? Ele mesmo tomou um banho demorado na primeira oportunidade que teve. Queria que ela estivesse confortável antes que pudessem continuar a conversa, aproveitando para testar sua confiança e já se preparar para quando precisasse responder aquelas perguntas. Levou as taças até o balcão da cozinha e lá as deixou, voltando a olhar pra ela apenas para avisar. ──── Vou me vestir e já saio. ────   seguiu em passos rápidos até o quarto, onde pegou a primeira calça jeans escura que encontrava, a primeira camisa e calçava o coturno às pressas. Pegou a mochila de cima da cama, que continha a arma, a carteira e os documentos (dele e do caseiro) e saiu do quarto, voltando até a sala.
Em seguida se aproximou da ruiva e abriu uma gaveta onde tinha deixado a chave da porta de entrada da casa e a pegou. Outras chaves ele sempre carregava consigo, como as do celeiro, do depósito e da garagem, mas a da casa entregava a Liesel. Abria a mão dela e colocava a chave, fechando os dedos sobre ela em seguida, mantendo as duas mãos envolvendo a dela, depois com tranquilidade a instruiu. ──── Tranque a porta e abra só quando eu voltar. Depois conversamos. ────   demonstrou confiança no olhar, estava seguro de que aquele pequeno teste seria o suficiente como prova de que poderia compartilhar com ela sua transformação. Arriscou tentar um sorriso, mas só o cantinho do lábio se moveu de forma quase imperceptível. Ainda não era bom nisso. Dolarhyde sabia o quão afastada era aquela casa de campo, então mesmo se ela seguisse a estrada demoraria muito para chegar até a residência mais próxima, além de ficar muito exposta em campo aberto. Se seguisse pela mata então, mais fácil ainda, as velhas armadilhas do caseiro ainda eram utilizadas por Francis como forma de garantir alimento ou ganhar algum dinheiro. Isso em contar nos animais selvagens que habitavam a floresta e os riscos dela cair e se machucar, então se fugisse, seria fácil capturá-la de volta e dar a ela o fim que merecesse pela traição.
Muito seguro de si por ter as outras chaves, caso ela não abrisse a porta da frente, entraria pelos fundos e lhe daria o mesmo fim. Não iria tolerar traição de mais ninguém. Torcia para que ela fosse digna de sua confiança, ou não teria escolha e teria que entregá-la para o Dragão. Não queria fazer aquilo, mas se necessário não a deixaria fugir. Saiu pela porta e a deixou aberta, como indício de sua confiança, caminhando até o carro, no qual dava partida e se afastava, dirigindo até um ponto mais afastado da estrada, onde reduzia a velocidade e parava no acostamento, em um ponto estratégico, camuflado pelas árvores, para ver se a ruiva ia mesmo fechar a porta ou se tentaria fugir.


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Mensagem por The Lizard Qui 02 Fev 2017, 01:34

Fosse como uma profissional inserida em meio a arte ou simplesmente uma amadora, Liesel era uma amante do ramo e de fato a tatuagem de Dolarhyde despertava sua curiosidade. A intrigava tanto quanto a pergunta anterior, no entanto Francis definitivamente não parecia bom com suas perguntas. Desde nova sabia e conhecia bem a dificuldade dele para a fala, e ainda assim de um jeito ou de outro nunca deixava de tentar se comunicar e podia dizer que ele lhe dava um bom retorno. Mas não agora. Talvez ela o estivesse bombardeando de perguntas, talvez fossem estúpidas e ele não queria render assunto. Fizera várias desde que o reencontrara e ele não respondeu nenhuma delas. Depois de estagnado e dele optar beber o conteúdo da taça, ela decidiu não mais o fazer, esperaria o que viesse para interpretar, como sempre fez. Ainda assim não deixou de se sentir invasiva, e um pouco sem graça por isso. Moveu o canto dos lábios, seria uma tentativa de sorriso senão fosse seu desajeito e os olhos que desviou para baixo. Não o viu nervoso, mas sentia a tensão daquela atmosfera crescer. Ele se inclinou para recolher a taça que lhe servira e sem conseguir encará-lo apenas ergueu os braços o mais alto que podia levando o objeto ao alcance dele para devolver. Foi quando o ouviu dizer que poderia tomar seu banho e que buscaria roupas para ela. Quis dizer que não queria incomodá-lo e de fato não queria. Mas pelo seu estado sentia que iria incomodá-lo muito mais se permanecesse naqueles trajes. Não havia como negar, a garota era vaidosa e tentava manter sua aparência. Em seu pensamento, causava muitas más impressões, entregava o jogo facilmente pela sua transparência, fossem suas intenções ou pensamentos, nunca demoravam a descobrir o que consideravam a sua ingenuidade. Pecava em vários aspectos, por isso tentava se manter o mais apresentável possível, nesse não pecaria. E agora, logo diante de Francis estava daquele jeito. Para quem a viu vestir tantas roupas desajustadas e fora de moda quando crianças pensou que talvez não devesse se importar, mas já era um hábito e não conseguia não se incomodar. Não disse nada, o que confirmou a sua vontade de seguir como o que sugeria. E quando ele avisou que iria se vestir para sair ela se limitou a dizer um simples –Ok.- Observava ele se afastar, pensou no trabalho que ele teria, mas não podia evitar aquela situação.



Ela não pensou ou se mexeu muito até que Francis voltava para ela. Só depois disso levantou-se do chão aonde estava sentada para receber das mãos dele as chaves de casa. Ele a entregara com cuidado tamanho de quem carregava um ser vivo frágil e lhe transferia a responsabilidade de cuidados para ela. A ruiva franziu o cenho por isso, mas concordou com tudo o que ele disse. –Está bem.- Imaginou que ele tivesse motivos para isso, não iria desapontá-lo. Assim, esperou que ele saísse para trancar a porta logo em seguida, sem cogitar a ideia de que estava sendo testada. Pensaria ser um sequestro um tanto estranho se não fosse a reviravolta de o sequestrador ser um velho amigo. Agora não precisava se preocupar. O seu corpo não parava de sinalizar o quão estranha era aquela situação com mal estar físico, porém ela continuava no caminho mais cômodo ignorando os fatos e mantendo a ilusão que a mente criara.

Dolarhyde a disse para tomar um banho. Ela pensou que ele poderia demorar e achou melhor esperar um pouco mais. Agora entediada, ela percorria os olhos pelo ambiente procurando qualquer coisa que lhe chamasse a atenção. Havia várias delas. A começar pelo recinto rústico, porém bonito e aconchegante. Provavelmente a lareira era um detalhe que conferia uma elegância passageira. Quis conhecer o resto do lugar, mas havia algo que sabia que chamaria muito mais a sua atenção. Liesel queria saber o que Francis fazia ali, por que estava ali. Então os olhos curiosos continuavam a procura, mas dessa vez buscava por pistas sobre o homem. A arrumação indicando o quão organizado ele era não valia. Documentos ou papéis provavelmente estariam com ele, roupas ou objetos pessoais... bem, eram pessoais demais. Sentiu-se perdida até encontrar o projetor. Apertou o ponto entre as sobrancelhas e levou o canto do polegar esquerdo até os dentes para a simulação de roer a cutícula. Há muito já havia parado, mas não conseguia perder o habito de levar o dedo a boca toda vez que ficava ansiosa. E naquele instante estava, sentia que estava para cometer um crime. Assim, olhou para um lado e para o outro para confirmar que não haveria testemunhas quando caminhou rapidamente para voltar o filme e ver do que se tratava. Na verdade ela já sabia, mas pegou as cenas finais, e gostaria que fosse como no cinema, o início poderia explicar o que não entendia quando pegava filmes pela metade. Mas aquele não era um filme de cinema, nem mesmo um filme pornográfico que justificasse o que ele fazia. Um pesar instalou-se completamente sobre ela quando reconheceu a casa da família e a invasão filmada enquanto ela estava no porão, naquele exato momento. Ansiosa e angustiada, Liesel acompanhava cada passo indicado pelo movimento da câmera como se fosse ela a andar com cautela no escuro.





À medida que subia as escadas e se aproximava de um dos quartos, ela sabia perfeitamente o que estava por vir, não sabia ainda se iria continuar ou não a acompanhar as cenas que viriam. Uma interrupção resolveu a sua dúvida. Batidas agressivas na porta a fizeram dar um pulo do sofá e o seu coração disparar, de modo a quase saltar pela boca. -TOMY! TOMY! ABRA A PORTA!- Não precisava de uma voz masculina para saber que aquelas batidas eram de um homem irado. –EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ AÍ, NÃO TENTE ME ENGANAR.- Mais pancadas contra a madeira. –EU NÃO SAIO DAQUI HOJE ENQUANTO NÃO ME PAGAR O QUE DEVE.- Os murros na porta pareciam contra o próprio Tomy, que Liesel não sabia quem era. Seria Dolarhyde? Se fosse deveria quantias colossais a julgar pela insistência do homem que iria colocar a porta abaixo a qualquer momento. –EU VIM DE MUITO LONGE E NÃO VOU EMBORA, VOU ENTRAR QUEIRA VOCÊ OU NÃO!- Liesel ficou com medo. Ele iria mesmo entrar. Se entrasse a veria. E veria mais do que deveria. Imediatamente a ruiva teve a preocupação de parar o que estava vendo. Ninguém podia saber daquelas imagens projetadas, da existência daquele filme e principalmente do que Dolarhyde fizera. Agora estava a par de um crime, talvez tão envolvida quanto o próprio Francis, talvez até mais por se tratar da sua família. Correu para retirar o filme do projetor e escondê-lo, mas estabanada como era, depois de enfiá-lo dentro do primeiro armário de madeira escura que encontrou, deixou cair algo que não sabia o que era, o que denunciou sua presença. –EU POSSO OUVIR VOCÊ! EU VOU ENTRAR.- O barulho tornou-se surdo e pela pequena faixa de luz interrompida pelas sombras do homem a se mover bruscamente do lado de fora, ela soube que agora ele usava a força dos braços, do ombro e do corpo para tentar arrombar a porta. Não teve outra escolha, se não correr. E foi para a cozinha. Teve tempo o bastante para pensar e encontrar as gavetas. Abriu todas abruptamente até encontrar algo que pudesse ajuda-la. Não tinha a intenção de machucar ninguém, mas precisaria assustar o bravio se fosse possível. Para isso, uma faca serviria. Teve tempo de oscilar entre essa certeza e a insegurança de tamanha violência antes que o estrondo da porta vindo a baixo e a luz do sol invadisse a casa junto ao homem embriagado. Liesel a pegou com firmeza na mão esquerda e direcionou o seu olhar aos passos cambaleantes, não tão distante quanto gostaria que estivesse dela. O homem corpulento que exalava álcool não demorou a vê-la e vir em sua direção. –Ora, ora, ora... o caseiro gosta mesmo de serviço em casa.- Assustada, a ruiva levou a faca para trás do corpo para escondê-la, tentaria ser gentil primeiro. –Por favor! Não seja rude comigo. Não tem mais ninguém aqui e não quero confusões com o senhor.- O homem riu e ela sentiu que não era para ela. –Está sozinha, belezura? Vai me fazer companhia até o seu amigo voltar.- Não era só o álcool que exalava, agora também uma malícia reconfortante. Enquanto ele se aproximava, Liesel se afastava até sentir a parede atrás de si. Logo desviou o caminho, escorregando as costas tentando desviar e correr pela lateral, devagar para que ele não avançasse, devagar para não se atrapalhar com a faca que permanecia em suas costas. –Sim, eu posso esperar. Ele não vai demorar. Vai voltar a qualquer instante.- Mesmo em passadas instáveis o bêbado as acertava e acelerava para vir para cima dela. –E o que sugere fazermos até lá?- Em um pulo ele avançou destinado a agarrá-la. A ruiva desviou, lenta o bastante para ter a imunda blusa de lá segurada com força o bastante para impedi-la de fugir. Ainda assim, fazia força até esticar por completo o tecido, ouvi-lo começar a rasgar e expor um dos ombros desnudos. Já o homem, como muito mais força e tão obstinado quanto, a agarrou pela cintura para puxá-la.  As duas mãos dela que agora tentavam alcançar a pia para se apoiar e puxar ajudavam a equilibrar o peso do corpo. A mão esquerda não soltava a faca, mas também não a usava, até chegar a hora em que não tinha mais opções. Assim, levou a direita a um prato de vidro no escorredor, o pegou com pressa, virou-se e o acertou com toda força que pôde na cabeça do homem que a prendia. O barulho e os estilhaços foram propagados. A própria mão de Liesel cobriu-se com seu sangue vermelho, o ardor de pequenos e variados cortes a distraiu a ponto de assustá-la e a fazer imaginar que o ato fora muito mais agressivo do que realmente foi. Se sua mão sangrava daquele modo, a cabeça do homem deveria estar muito pior e uma vez que ele havia caído, estava morto. Aterrorizada demais para pensar em conferir suas artérias, ela escorregou-se no chão ao lado dele para se sentar, cansada pelo esforço e pelo susto. Apenas largou a faca, olhou o homem imóvel e confirmou o seu crime. Com os joelhos dobrados e a cabeça entre as mãos sujas. Em uma reação de desespero, puxou o ar com tamanha força e quis soltá-lo de uma vez junto a um choro expressivo. Quis questionar a não sabia quem o porquê de tudo aquilo estar acontecendo a ela. Mas agora que era uma criminosa não tinha tempo para isso. Engoliu o choro, engatinhou pelo chão da cozinha até conseguir se levantar e tomar providências. Abandonou na cozinha mesmo o homem que apenas desmaiara, mais pela embriaguez do que pela sua agressão e a luz do sol a guiou diretamente para a porta. Escorou a mão suja de sangue no vão da porta escancarada e pensou em correr. Mas no instante em que se deparou com um imenso campo aberto, o frio típico da estação do ano e um dia lindo lá fora, hesitou. Não se deixaria enganar pelas aparências. Além de criminosa, tinha também uma vida terrível lá fora. Não pensou exatamente nessas palavras, mas reviveu mentalmente o desastre do casamento, o emprego já por um triz que perderia e o estômago embrulhando lhe deu o sinal do problema mais recente. Assim, Liesel tentou fugir, mas não conseguiu. Não pensou duas vezes antes de dar meia volta e desistir da ideia pelo temor. Embora quisesse sair, tinha muito mais medo do que a aguardava do lado de fora do que os segredos dentro daquela casa. Além disso, tinha Francis. A ruiva imaginou a sua decepção ao retornar e ver que ela havia matado um homem, um complicador a mais para a situação dele. Já teria que lidar com a morte da sua família, agora também uma sua? Logo a garota voltou para a cozinha, precisaria dar um jeito no corpo. Pensava em cal, terra, pá quando o pegou pelos pés para tentar arrastá-lo. E todos os pensamentos para um enterro clandestino se esvaiam à medida que ela aumentava a força para arrastá-lo. Suas veias já se sobressaiam no corpo magro e fora do físico que lhe permitisse movimentá-lo. Teve que se contentar com os poucos centímetros que conseguira arrastá-lo para debaixo da mesa, bem escondido, pelo menos, com a ajuda da toalha longa sobre sua superfície. Liesel ofegava e sentia as pernas e os braços tremerem por tamanho esforço. Sequer teve tempo de notar que não havia nem mesmo rastro de sangue que não fosse de suas mãos. Mas esse lhe parecia o suficiente, e assim, ela correu para o banheiro para se livrar da sujeira.





Tomou um banho cuidadoso, preocupou-se em tirar toda e qualquer mancha de sangue da sua pele, mesmo que isso implicasse em piorar os pequenos ferimentos da mão. Também lavou os cabelos, fez bastante espuma em todo o corpo para minimizar o máximo possível o cheiro de homicídio que estava impregnado em suas narinas e mente. Queria parecer uma pessoa normal quando voltasse para casa e para o emprego, sem as marcas de uma transgressão como essa. Mas ao pensar nisso sentiu que não estava bem, não sabia se pela ideia de voltar ou pelo assassinato que cometera. Sabia somente que ali não poderia ficar, a começar pelo chuveiro. Antes de cair, deixou o box sem nem mesmo desligar a ducha que caía forte. Enrolou-se na primeira toalha que lhe parecia limpa para sair dali e em passos desordenados procurou um lugar para descansar até que o mal estar passasse. O primeiro lugar que encontrou foi um quarto no final do corredor, onde deitou-se na cama sem nem mesmo se preocupara em enxugar o corpo. A toalha que a enrolava e o lençol sobre o colchão se encarregariam de absorver a água enquanto ela remoía todos os tipos de piores pensamentos possíveis. Entre um casamento frustrado, uma carreira em declínio e viver sozinha sem sua família, talvez tivesse sido melhor morrer. Foi estúpida em pensar que Francis era algo de bom no meio de tanta coisa ruim, pois agora ela também havia trazido problemas para ele. Precisaria pedir desculpas depois de contar tudo a ele e dizer que não poderia brincar com ele de novo. Ao menos dessa vez ela poderia se explicar. As lágrimas rolavam silenciosas pelo rosto, deixando o peito sufocado e o coração apertado já que não conseguia chorar como queria. Fechou os olhos para que não chorasse de modo algum, pensando no que Dolarhyde pensaria dela, sem saber o teste a que fora submetida, sem considerar o que ele interpretaria ao chegar e se deparar com a porta aberta, o filme desaparecido, o chuveiro ligado e Liesel em nenhum dos lugares onde deveria estar. Assim, sem saber o que mais poderia fazer, tomada pela exaustão do corpo, emoções e pensamento, a ruiva adormeceu.
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Mensagem por Francis Dolarhyde Qui 02 Fev 2017, 01:39



────⊰☫ The Great Red Dragon - Croatan National Forest, USA - Burton's Farm


Francis deixou a ruiva sozinha e só voltou para o carro quando percebeu que a porta fora fechada, precisava saber se podia confiar nela, por isso decidiu fazer aquele pequeno teste. Esperava obter um bom resultado, não queria se frustrar sendo traído pela garota, não dessa vez, ou teria que entregá-la ao Dragão... Ainda que ela não tivesse fugido naquele momento, não havia garantia nenhuma de que ela não tentaria escapar depois, então ele precisava ser rápido, já que a casa de campo era meio longe de tudo, gastaria pelo menos uma hora só com a locomoção. Aproveitaria que ainda estava muito cedo e com isso não enfrentaria o trânsito e nem filas ou lojas movimentadas. Deu a partida no carro de novo e dessa vez seguiu até Maysville, cerca de 30 minutos de carro dali. Logo na entrada da cidade avistou duas lojas lado a lado chamadas Family Store e World Fashion. Uma parecia pertencer a um público de condições financeiras muito melhor do que a dele, afinal não trabalhava mais e até encontrar outra ocupação melhor, precisaria se manter com o que restava de suas economias e o pouco que conseguiu do  caseiro que substituía. Sabendo que não podia demorar, parou o carro na frente das lojas e entrou na primeira, que parecia um pouco mais acessível e em passos rápidos, caminhando entre as roupas expostas em cabides e manequins explorava o interior da loja, sem nem olhar em quem estava lá dentro, apenas a vendedora, que parecia mais preocupada em assistir a televisão do que atender algum cliente. Não tinha como saber o tamanho certo da garota, mas mesmo assim arriscava, pegava as roupas, levantava, dava uma olhada rápida e se achasse que dava, pendurava no braço. Pegou tonalidades mais sóbrias, com exceção de um vestido mais curto amarelo, bem leve e solto, ideal para dias mais quentes. Variando as compras entre saias e vestidos, pegava uma só calça e um short. Depois seguia até a ala dos sapatos, escolhia uns dois pares bem neutros e seguia até o balcão.
Era evidentemente péssimo pra escolher, sem conseguir combinar nada, afinal nada daquilo era de seu domínio e o deixava confuso toda aquela quantidade de roupas. No caixa, a vendedora o olhava surpresa com a quantidade de peças femininas escolhidas, mas ele estava com pressa demais para se importar com qualquer outra coisa. Deixou as peças sobre o balcão e viu a televisão ligada atrás da mulher, inclinando o corpo para ver melhor. No jornal daquela manhã a cobertura do assassinato dos Stevens era noticiada para toda a população com um alerta de que um imitador do Dragão Vermelho decidiu atacar e a polícia local estava determinada a impedir que outros assassinos inspirados pelo assassino original se sintam motivadas e seguras o bastante para fazer o mesmo.

──── Ele não mordeu as vítimas, como o verdadeiro, que cometeu suicídio em sua própria residência. ──── Para a mídia, ele tinha morrido naquela ocasião, apenas o FBI tinha a informação oficial e pelo visto eles não queriam que isso viesse ao público ainda. Enquanto a garota somava o valor das compras, Francis prestava atenção à reportagem. ──── Mais um lunático é inspirado por um assassino em série e comete um crime parecido. O suspeito é um fazendeiro chamado Jeffrey Crane, que foi denunciado pelo Sr. Stevens em um escândalo de violência sexual envolvendo a veterinária da fazenda. O Sr. Crane chegou em casa essa manhã e foi levado pela polícia para depor. Estamos aguardando mais notícias aqui na frente da delegacia, logo mais... ──── A fala da repórter foi interrompida pela vendedora, que desligava a televisão, após ter repetido quatro vezes o valor da compra, chamar pelo cliente e ser ignorada. ──── São 40 dólares, senhor. ──── Ele então pegou a mochila das costas, retirou a carteira e jogou o dinheiro sobre o balcão, ainda em silêncio, pegou as sacolas de roupas e se retirou. Malditos repórteres....é sempre assim, a imprensa nunca documenta as coisas do jeito certo...mesmo após o vídeo deixado com o Dr. Chilton, as notícias sobre ele continuam distorcidas... Pelo menos pararam de chamá-lo de "Fada dos Dentes"...além de ser completamente sem criatividade, ainda era humilhante para o Dragão. Mais pessoas precisariam deixar o recado sobre quem ele realmente é...para a imprensa começar a apresentar melhor os fatos, mas isso ainda precisaria esperar, tudo deveria ser planejado com cautela dessa vez, afinal eles já sabem quem ele é e em breve devem divulgar seu rosto para facilitar nas buscas.

Acreditando não precisar de mais nada, Dolarhyde seguiu para Hardee's, localizado na 701 Main St, ainda em Maysville, onde comprou lanches para levar. Dois X-bacon duplos com cheddar, batatas e refrigerante. Como na casa não haviam muitas opções, pensava que talvez fosse uma boa ideia levar algo diferente para comer, enquanto ainda podia sair de casa. Temia ter seu rosto revelado nos noticiários, isso dificultaria muito seu trabalho, afinal não seria nada difícil reconhecê-lo se até Liesel o reconheceu depois de tantos anos sem se verem. Caminhando sempre em passos rápidos, ele voltava para o carro e dirigia de volta para a casa de campo, deixando as compras no banco do passageiro, já que estava sozinho. Olhando para o banco se lembrava de quando colocou Liesel ao seu lado, toda molhada, desacordada. A marca da umidade ainda estava sobre o banco, um problema mínimo se comparado com o que viria a seguir.

De longe notou a porta aberta e acelerou o carro o máximo que pôde, estacionando na frente da casa nervoso. Sentia o sangue fervendo enquanto descia do carro, batendo a porta com violência e pegando a faca que sempre levava no bolso. Destravou a lâmina e empunhou a mesma. Não pretendia usar a shotgun, porque não queria uma morte rápida, não pra ela... entrou na casa às pressas para conferir se Liesel tinha deixado alguma pista sobre a fuga, para ter uma ideia melhor de onde ela poderia ter ido. Quando bateu a porta atrás de si para fechá-la e ela voltou, ele recuou e olhou para a tranca da porta quebrada, percebendo que na verdade a casa fora invadida. Seria o FBI?! O teriam rastreado?! Como?! Assustado, Dolarhyde corria até o projetor e não encontrando o filme, levava as duas mãos à cabeça nervoso, percebia os pedaços de um prato quebrado no chão e algumas manchas de sangue, próximas à mesa. Enquanto seus olhos seguiam a pista, imaginando encontrar o corpo de Liesel ali embaixo, fora atacado de surpresa pelo invasor, que pulava em suas costas, prendendo o antebraço em seu pescoço para sufocá-lo.
──── Vou te ensinar a nunca mais fazer uma dívida que não pode pagar, seu merda!

 ────⊰☫ The Great Red Dragon [+18] Tumblr_nts684eLdT1qlsjvgo2_540


Dolarhyde cravou a faca na perna do adversário e no momento que ele soltou o braço de seu pescoço com a dor do ferimento, ele girou o corpo e cravou a faca no peito do desconhecido, que arregalava os olhos ao perceber que atacara a pessoa errada. O corpo dele perdia a força, então o Dragão o segurava antes que ele caísse no chão e o arrastava até o local onde o caseiro costumava retirar a pele dos animais, deixando-o deitado sobre a mesa. Cortava-lhe o pescoço e os pulsos, deixando os baldes de ferro coletarem o sangue que escorria, para garantir que ele conseguisse sair dali e tivesse uma morte lenta, já que a faca não atingira o coração. Trancava a porta daquele galpão e voltava para o interior da casa, quando finalmente ouvia o som do chuveiro ainda ligado. Antes não tinha prestado atenção ao barulho, mas agora corria para conferir, mas antes olhava embaixo da mesa para garantir, onde antes suspeitava que a encontraria e não avistando a ruiva, correu até o banheiro e entrou, caminhando até o chuveiro. Levava mais uma vez as mãos à cabeça, batendo em si mesmo como se isso fosse forçar o pensamento e levá-lo a uma resposta do que teria acontecido com ela.
──── Liesel... ────   chamava baixinho, olhando para os lados, pensando nas possibilidades. Fechava o chuveiro para pensar melhor sem o barulho e ouvia um grito bem alto ecoando entre as paredes do banheiro. ──── ONDE ESTÁ SUA AMIGUINHA AGORA, FRANCIS?!?!────   questionava o Dragão furioso, enquanto Francis cobria os ouvidos, para abafar o som. Era em vão. A voz dele não podia ser abafada por nada. ──── Você é fraco demais! Acha mesmo que ela gosta de você?! Ninguém gosta de você, Francis! NINGUÉM GOSTA DE QUEM É FRACO! Você a quer, lábio rachado?! ELA É MINHA! TODOS SÃO MEUS! ────   transtornado, ele se jogava no chão batendo a cabeça, como se isso fosse fazê-lo parar de ouvir, lutava contra o Dragão, ele estava dentro dele, não podia ser mais forte que ele! Foi Francis quem devorou o Dragão, não o contrário! ──── PENSOU QUE IA GUARDAR A SUA AMIGUINHA ESCONDIDA DE MIM?! Você sabe que não pode...todos são meus! Você não é nada, CARA DE CU! Eu sempre serei o mais forte! Posso te deixar se divertir com ela, mas só se EU QUISER! Então não fique achando que só porque eu estou dentro de você me tornei mais fraco! Eu ainda sou o mesmo Dragão! AGORA SUMA DAQUI!!!! Encontre ela! Traga-a de volta pra mim! SEJA HOMEM! PARE DE FICAR SE LAMENTANDO! LEVANTE-SE, SEU MERDA!NUNCA VI UM GAROTO MAIS SUJO E FRACO! SAIA DAQUI! ────   os comandos continuavam, até que Francis finalmente se rendia e se retirava, apoiando as duas mãos no chão, engatinhava até a porta do banheiro e tomava impulso para se levantar, correndo pelo corredor, abrindo uma a uma as portas que encontrava pelo caminho, até o quarto no final do corredor, onde avistou a garota deitada na cama.

Em passos rápidos, porém furtivos, ele se aproximou dela, para ver se ainda estava viva. Sentiu a respiração e moveu o ombro dela para deixá-la em uma posição que lhe desse acesso ao coração. Queria ouví-lo bater. Inclinou o corpo sobre ela e aproximou o ouvido, estava mesmo batendo...Liesel deveria estar muito cansada, mas quem era aquele homem? Será que foi ela quem o chamou? Várias perguntas se formavam em seu pensamento, mas elas eram logo interrompidas pela voz do Dragão de que sussurrava em seu ouvido. ──── Nunca se esqueça que ela é minha, seu desgraçado e débil lábio rachado...────   Francis fechava os olhos, só esperando o Dragão se retirar e quando ele finalmente foi embora, afastou-se da ruiva caminhou até a porta, ia se retirar, mas parou, encostou a mesma atrás de si e retirou os sapatos para se deitar com ela. Sentia o próprio coração bater acelerado, aquela cena...era impossível ignorar. Precisava ouvir de novo...mais de perto. Voltou até ela, subiu na cama e posicionou Liesel com cuidado, levando a cabeça ao peito dela, onde se apoiava, encostando o ouvido e deixando que o som de seu coração abafasse seus pensamentos. O coração de uma mulher viva...isso ainda era estranho...mas fascinante demais... aquilo realmente conseguia acalmá-lo, era estranho, mas acalmava, então ele fechava os olhos e envolvia o corpo de Liesel com o braço e se rendia ao sono ali mesmo, apoiado sobre ela, também cansado pela noite que passara acordado. Sequer se lembrava das coisas que tinha comprado e deixado no carro que ainda tinha a chave no contato pela pressa, o homem no galpão, ou as roupas de Liesel. Esquecia-se até mesmo da faca que deixara caída no banheiro. Tocava a pele dela, era tão macia, mais clara que suas próprias mãos...ela era bem diferente de Reba, mas dormia tão tranquila quanto depois que ambos...não...não podia se pensar nela mais! Ela estava bem longe dali...longe do Dragão. Deslizava a mão sobre o abdômen e descia lentamente...sentia o umbigo e continuava, até encontrar a região que vira quando ainda eram crianças. Ficou curioso...será que estaria diferente? Passou a mão por cima da região, sentia a pele, notava a diferença no relevo, o espaço entre aquelas duas elevações...ele não tinha tocado da outra vez, mas imaginava que ainda estaria do mesmo jeito, afinal viu algo parecido com o que sentia. Apoiou a mão, com o dedo médio apoiado entre as duas áreas mais elevadas, ele o movia devagar, apenas explorando a região, curioso para sentir sua textura, mas sequer consegui ir mais além, em pouco tempo adormeceu, tornando-se completamente vulnerável na presença da garota, sem receios sobre o que ela pudesse fazer se acordasse antes dele. Estava cansado demais para pensar, precisava dormir.


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Mensagem por The Lizard Qui 02 Fev 2017, 01:42

O sono profundo que dominou Liesel foi o suficiente para afastar todas as suas aflições. Depois que dormiu não pensou nos problemas que a afastaram do seu cotidiano, não pensou nos que a derrubaram naquela cama, não pensou em mais nada. Estava apenas submersa na escuridão e em um descanso pesado sem se dar conta de nada disso. Sem conseguir ouvir nem mesmo seus próprios pensamentos inconscientes através de sonhos, não ouviu também quando Dolarhyde retornou algumas horas depois de ter saído, nenhum ruído que fizera ao exterminar o visitante inesperado e abusado, nem mesmo mais um dos seus conflitos internos no banheiro. Talvez, seus sentidos retomassem o funcionamento a partir do instante em que Francis abriu a porta do quarto onde dormia, mas ela permanecia imóvel com a respiração pesada e os olhos fechados, indicando que por mais que estivesse ali de corpo presente, somente os sinais vitais garantiam a sua vida. O consciente estava completamente desligado. Exausta, o homem que acabara de encontra-la enrolada em uma toalha de banho ainda úmida movia o seu corpo pesado por não haver tensões ou comandos da sua possessora. Tocava seu ombro e expunha o colo dos seios para sentir seus batimentos cardíacos que asseguravam que seu estado não passava de um descanso intenso. Se nem mesmo a mudança de posição era o bastante para despertá-la, não seria a aproximação ou o contato mínimo do rosto dele perto do peito que a atordoaria. Tudo indicava que ele poderia fazer o que quisesse se mantivesse a furtividade como sempre mantinha. E ele realmente pareceu se dar conta disso quando mudou de ideia de deixar o quarto para deixa-la descansar para voltar e se deitar com ela. Uma respiração profunda foi a reação da ruiva quando Francis subiu na cama e a posiciono de modo a continuar ouvir o coração pulando em ritmo constante dentro do peito. O contato do braço dele apoiado sobre ela que poderia incomodá-la não passou de um conforto a mais para quem de certo modo estava exposta pelos trajes, pela falta deles e por problemas que deveria encarar, mas não sabia como. Um movimento sutil da cabeça para o lado e o tocar suave do seu antebraço na pele do homem sobre ela confirmou sua consolação até que os toques em sua pele a fizesse se mexer mais um pouco pela constância. Podia sentir o toque provocando a sensibilidade da sua pele do abdômen e mais abaixo. Ainda de olhos fechados, a ruiva apertou o ponto entre as sobrancelhas. Aos poucos ela emergia da escuridão e uma cena estranha se fazia diante dos seus olhos fechados. A imagem que se formava parecia ditada pela reação do seu corpo. Mesmo em um sonho, Liesel poderia reconhecer facilmente a sua silhueta nua, alva e cheia de curvas entregue a um homem que a movia, sentada sobre ele. Não podia reconhece-lo, mas os braços fortes abraçavam suas costas à medida que erguia ambos os corpos em um sobe e desce cadenciados. Ela não tinha controle nenhum sobre seu corpo, mas não era algo que fazia questão. A única coisa que podia sentir eram ondulações internas da parte íntima em um misto de excitação oriunda de um sonho erótico e que ao mesmo tempo sentia falta de algo dentro dela para comprimir. Sem cogitar o estímulo externo que recebia, a garota relaxava e se entregava ao sonho sem culpa, já que era uma boa sensação que contribuía para abrandar o seu cansaço. Inerte e absolvida pelo seu subconsciente, continuava a dormir pensando estar acordada e desfrutando dos prazeres que o homem lhe proporcionava. À medida que o ritmo se intensificava, a ruiva ficava ainda mais curiosa para saber quem era o homem cuja identidade estava oculta pelas suas costas enquanto explorava o seu peito, fazendo seu coração bater mais forte. Os reflexos do estímulo dos dedos que se moviam eram sentidos em sonho por ela e poderiam também ser sentidos na realidade por quem a tocava se tudo aquilo não parasse. Enquanto Dolarhyde adormecera sobre seu corpo, os sonhos de Liesel perduravam, mas tomando novos rumos. Sem descobrir quem ditava seu ritmo, passou a especular, uma ideia um tanto desagradável ao imaginar que poderia ser o seu ex marido, mas não era. E ela não sabia se o fato de ser ou não ser ele era o que a afligia até constatar que não queria que fosse. Logo a cena se transformou. Podia reconhecer perfeitamente os seus passos no escuro, como no filme de terror que assistira mais cedo. Um pé atrás do outro, cuidadosamente no escuro enquanto uma câmera amadora registrava o avanço para uma casa desconhecida, mas que acharia o rumo com facilidade. Ao olhar para baixo, podia ver claramente que não se tratava de um assassino, era ela quem ditava os passos para alguém que a acompanhava até encontrarem um quarto com as luzes acesas. Mas dessa vez, ao invés de encontrarem um casal adormecido, o ex marido e a atual Sra. Treinor desfrutavam a alegria da espera de um bebê.


O olhar de desprezo foi tão claro quanto o pedido que fazia para o seu acompanhante. –Anima-te pela dor dos que clamam por alento. As entranhas deles...- Não precisou esperar até que um monstro feral avançasse sobre o casal que ficou sem reação pelo pavor explícito. Liesel também ficou sem reação, imóvel e só podia sentir o coração bater forte no instante em que percebeu que não poderia ver um grande lagarto finalizar mais uma família, portanto abriu os olhos. Despertou sentindo um forte peso no peito, quase a impedindo de respirar. Foi quando puxou o ar com força que percebeu que de fato havia um peso. Olhou para baixo querendo se livrar, mas notou ser Dolarhyde quem estava sobre ela. Seria ele o homem para quem se entregara no sonho? De modo algum o associou ao grande lagarto, já que por impulso abraçou a cabeça dele e deixou os dedos deslizarem sobre os cabelos curtos. Horas haviam se passado desde que Lisel e Francis adormeceram, mas ela não tinha ideia disso. Aos poucos o coração se desacelerava enquanto tentava organizar as informações desconexas dos seus sonhos. Ainda ofegava um pouco, mas foi o barulho do seu estômago protestando contra a fome que a incomodou, imaginando que também poderia incomodar quem estava sobre ela. Aos poucos, ela tentava escorregar o corpo para o lado tentando não acordá-lo, mas tinha dificuldades. Por sorte, era a hora dele descansar profundamente a ponto dela conseguir afastá-lo empurrando com força e cuidado ao mesmo tempo o corpo de Francis para o lado. Percebeu a proximidade dele da sua região íntima, chegou a estranhar, mas descartou qualquer possibilidade estranha que não poderia administrar agora. A verdade é que se sentiu incomodada, preocupada dele perceber qualquer reação do seu corpo com o sonho erótico. Posteriormente se sentiu incomodada ao se dar conta de que haviam dormido juntos com ela estando somente de toalha. Sem poder questionar o motivo de tudo aquilo naquele instante, Liesel apenas saiu da cama, calma para não acordar Francis. O nó da toalha já havia se desfeito e permaneceu presa debaixo dele. Assim, ela corria os olhos tentando encontrar qualquer coisa que pudesse vestir para não precisar ficar com o corpo tão exposto. Despida de nada, voltou para a sala. Francis havia saído para buscar roupas para ela, lhe pareceu lógico procurar por sacolas. Mas assim que pôs os pés na sala e nada encontrou, seguiu direto para a cozinha lembrando-se do novo segredo, resultado do seu crime. Correu para erguer o pano e conferir em baixo da mesa o corpo, com receio de já ser uma cena mortuária que lhe causaria medo. Já estava pálido? Com mal cheiro? Quando ia começar a se decompor? Até quando poderia ficar escondido ali sem que ninguém o descobrisse? Sentiu um frio percorrer a espinha, nada comparado ao susto tremendo quando viu que não havia cadáver nenhum ali mais. Liesel disparou de volta para o quarto, pegou o primeiro pano que encontrara para se cobrir, que por sinal era o roupão que ele vestia antes. Quase não teve a preocupação de amarrá-lo, mas o prendia com uma das mãos enquanto a outra o sacudia com toda a força que podia. –Francis! Francis, acorde! Preciso da sua ajuda.- O roupão ficava enorme na garota, era quase impossível que somente uma das mãos o prendesse devidamente. Ainda assim, a outra tentava despertá-lo com vontade. –FRANCIS! Eu preciso da sua ajuda. Havia um homem lá em baixo e eu o matei.- Aquelas palavras saíam com a facilidade tamanha de modo a parecer que não tinham o seu verdadeiro significado. A ruiva aterrorizada tinha a voz embargada pelo choro que não saía. –E ele sumiu, não está lá mais. E se alguém o descobriu? Preciso que me ajude, por favor!- Ansiosa, andava de um lado para o outro enquanto os olhos também verificavam tudo o mais rápido possível examinando quanto tempo tinha. –Vamos fugir! Vem comigo? Precisamos correr, e se alguém nos descobrir? Já vamos estar longe. Vem pra casa comigo, eu não vou conseguir sair daqui se não vier comigo.- A mulher sabia muito bem da sua dificuldade em atravessar a porta, mas era novidade o que dizia em voz alta e sentia que havia uma verdade assustadora naquilo. Sentia-se segura ao pensar que Francis estaria por perto.
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Mensagem por Francis Dolarhyde Qui 02 Fev 2017, 01:43



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Fazia muito tempo que Francis não sabia o que era dormir tão bem. Recordava-se de Reba, do quanto dormiu satisfeito deitado ao lado dela, algo que nunca tivera antes. Era muito colhedor poder sentir o calor de seu corpo e ouvir as batidas de seu coração, como se isso acalmasse até mesmo o Dragão, que parava de incomodar com suas ofensas. O Dragão era impetuoso, exigente e violento como a avó em alguns momentos, mas a relação fusional firmada com ela o impedia de conseguir se ver sem ela, mesmo após sua morte. Era como se ela permanecesse viva em sua mente, presente em cada lembrança, principalmente da infância, quando era mais presente. Em casa ainda conseguia descansar o suficiente pra levar uma vida tranquila, mas desde sua queda, ao menor ruído era despertado e consequentemente dormia sempre muito mal e não descansava tão bem quanto deveria. Demorou demais para se adaptar à nova casa, a casa da avó era a única que ele reconhecia como lar, afinal nenhum outro lugar que morou teve lembranças como as que tinha ali.
Primeiro foi o orfanato, que estava longe de ser um lugar acolhedor, depois teve a casa da mãe, quando a avó foi internada, uma casa que não passava de um pesadelo aberrante com os "irmãos" que tinha, sempre o tratando com desprezo e violência, até o dia que matou o gato da Vitória e foi expulso de lá pra uma outra casa aos 9 anos, depois o exército aos 17 e quando a avó retornou, finalmente para a casa dela de novo, onde permaneceu até a idade atual. Seu quarto e o dela eram preservados, do mesmo jeito que ele se lembrava... porém tudo fora consumido pelas chamas e certamente nada restou, nem mesmo os móveis, os tapetes, a cadeira de rodas da avó, nem as roupas dela...tudo que ficou para trás, se perdeu no incêndio que apagou qualquer evidência de que já estiveram ali. O fogo do Dragão consumia tudo, então o pouco que restou era sempre guardado com cuidado. Aquela casa não refletia nada do que Francis era, tudo era bem característico da personalidade do antigo caseiro, que adorava afanar uma garrafa ou outra do patrão, caçava animais para consumo da carne e das peles, outros apenas empalhava deixando alguns espécimes adornando os móveis rústicos, não havia nada bem organizado ali, tudo era uma bagunça. Francis ainda tentou organizar as coisas para que ficasse um pouco mais parecido com o que gostava, mas não deu tão certo, afinal ele mesmo já não tinha pertence quase algum.
Sua casa tinha um cheiro característico da época que ainda era criança, não sabia dizer se era bom ou ruim, mas sentia falta do cheiro familiar. Ali tudo era bem diferente, o cheiro das peças empalhadas dominava boa parte da casa, competindo com o verniz da madeira. Só a cama já tinha seu próprio cheiro, pelo tempo que já tinha tomado lugar de seu antigo dono, mas no início tinha dificuldades para dormir, não era muito adepto a mudanças, mas aquela última mudança fora muito bem vinda. O cheiro da pele de Liesel era aconchegante e o transportava para infância, quando ainda era inocente demais pra compreender o mundo e a maldade das pessoas. Apoiado sobre ela, Dolarhyde respirava fundo e dormia como uma criança, podia-se dizer tão inocente quanto, se não fosse a mão deixada em um local impróprio, movida pela curiosidade juvenil de quem queria tocar e não conseguiu. Se não fosse vencido pela exaustão física, teria continuado o que começou, mas o corpo pesou de uma forma, que ele só conseguiu se entregar ao sono.
A mente buscou na memória o rostinho de criança de Liesel, que logo se transformou no que é hoje, assim como ele. De uma hora para a outra seus corpos estavam modificados pelo tempo, as mãos já não eram tão pequenas e lisas, as marcas da idade também já marcavam o rosto, mas ainda assim ela continuava linda...na verdade estava muito mais, com o corpo bem formado, era agora uma mulher feita, ele então se projetava sobre ela envolvendo com os lábios o seio farto, mordendo e saboreando seu sabor, enquanto as mãos tomavam o corpo, contornando cada curva com as mãos espalmadas sobre a pele, pressionando, mostrando a quem pertencia naquele momento. Devido à experiência com Reba, imaginava-se na mesma cena, mas dessa vez com a ruiva, entregando-se ao prazer da carne outrora negado, um prazer que ele só veio a sentir muitos anos depois, porém quando estava mais próximo do gozo, olhou para baixo e viu a mulher cuja face não expressava mais nenhum prazer, via o próprio reflexo nos olhos dela cobertos pelos cacos de vidro, o sangue fresco molhando as mãos e a pelve...ela estava transformada pelo Dragão...

──── Liesel... ────   murmurava baixinho apertando o rosto contra o peito dela, sem mais poder ouvir as batidas de seu coração. ──── Eu não disse que ela é minha? ────   Exclamava o Dragão, mostrando quem é que tinha o poder. Francis sabia que agora não tinha mais como esconder Liesel dele, afinal o Dragão agora vivia em seu interior, não importa pra onde ele tentasse fugir, uma sensação de total impotência o dominava, levando-o a se jogar de joelhos no chão, enquanto todo o ambiente escurecia como uma noite sem lua e ele estava sozinho mais uma vez. O Dragão parecia tentar lembrá-lo de quem ele realmente é sem o seu poder. ──── FRACO! PEQUENO! DEFORMADO! DÉBIL! IMUNDO! ────   ele tentava tampar os ouvidos, mas como sempre era em vão e as ofensas continuavam ecoando em sua cabeça, cada vez mais altas. Logo sentiu um chute bem forte nas costelas e caiu com o corpo de lado, encolhendo-se em posição fetal, recebendo chutes de todos os lados. Tentou abrir os olhos e protegendo o rosto dos golpes identificou os rostos de todos aqueles que um dia já conheceu. Começava com a avó, a mãe, o padrasto e os filhos deles, depois outras crianças das quais nem se lembrava o nome, as idades acompanhavam seu crescimento, depois no exército, os médicos, soldados, generais e até as enfermeiras repetiam as palavras do Dragão e o chutavam sem parar. Por fim vieram os colegas de trabalho, todos eles...e por último, Reba cuspia em seu rosto, acompanhada por Hannibal e Will Graham, que o golpeavam com mais força do que todos os anteriores e depois estocavam seu corpo com facas, deixando que seu sangue pintasse a escuridão de vermelho. Assustado, permanecia encolhido, sentindo-se completamente desamparado, apenas esperando que sua morte o libertasse da dor. O corpo empalidecia e ele sentia um frio intenso, olhando em volta todas aquelas pessoas que o encaravam com repulsa no olhar. Sentiu os olhos umedecerem, mas antes que as lágrimas escorressem pela face, teve o corpo invadido por um calor intenso e o cheiro da pele de Liesel. Sentia o conforto de seus braços e o carinho das mãos nos cabelos curtos e sorria, movendo o rosto, como se estivesse se escondendo dos demais no corpo dela, até todos finalmente desaparecerem. ──── Liesel...não... ────   murmurou quando sentiu que o corpo dela se afastava e começava a desaparecer como os outros, cedendo seu lugar ao Dragão, que surgia como um raio, segurando o pescoço de Francis e o erguendo contra a parede com o olhar em chamas de fúria. ──── Sem mim você não é nada! Você quer a sua amiguinha ruiva de volta? Então vai fazer tudo que eu mandar...ou ela será a próxima! Você vai me alimentar e me tornar mais forte, assim alcançará também a imortalidade...ou você pode continuar sendo esse verme chorão que sempre foi. A escolha é sua! ────   Dolarhyde tentou responder, mas sufocado pelo Dragão, não proferia uma palavra, até ser jogado de volta no chão humilhado aos pés do Dragão, olhando pra ele em total submissão. ──── Eu prometo... ────   não conseguia dizer mais do que isso. Por hora era o suficiente e o Dragão logo desapareceu, deixando-o mais uma vez sozinho na escuridão. Estava sentado, encolhido no canto, abraçando as próprias pernas, estava determinado a fazer tudo que o Dragão mandasse pra poder continuar com Liesel, ficava feliz agora que tinha essa opção. Se fizesse tudo certo, ela estaria fora de perigo e eles poderiam ficar juntos, só dependia dele, não poderia fracassar. Nunca mais.
De repente, ele teve os pensamentos interrompidos pela voz de Liesel que ecoava em sua mente chamando seu nome. Ele então se levando e seguiu o som de sua voz. Era ela...era Liesel! Chamando-o para brincar como na infância quando ela chegava e ele ainda não tinha acordado (o que era bem raro, já que ele sempre esperava ansioso)! Ele abria os olhos com a vista ainda embaçada buscando o rosto dela que mal enxergava ainda. Ouvia as várias palavras que ela pronunciava sem entender de fato o que era dito. Esfregou os olhos para poder enxergar melhor e esperou recuperar todos os sentidos até perguntar:
──── O que aconteceu? ────   a voz de sono denunciava o quão pesado ainda estava dormindo até ser acordado. Percebeu que ela se cobria com o roupão dele e estranhava, franzindo o cenho, ainda tentando processar a quantidade de informações que ela falava com o que via...com ela inclinada sobre ele, chamando-o com uma mão e segurando o roupão só com a outra, notou o movimento dos seios livres no tecido solto e se lembrou das roupas que tinha comprado pra ela e largou no carro, assim como o lanche que aquela hora certamente já estaria com um péssimo sabor. Era distraído pelos olhos que acompanhavam os seios, mal conseguia pensar em todo o resto. Apoiou-se sobre os dois cotovelos e depois sobre a cabeceira da cama, sentando-se para só então começar a responder. ──── Eu que tirei ele...coloquei no galpão... ────   ainda estava atordoado com o sono e bocejava, embora outra parte de seu corpo parecia ter acordado melhor que ele com o estímulo visual. Deixou uma perna dobrada, para disfarçar o sinal de ereção, tentando lembrar de tudo que ela falou anteriormente, processava ainda a sugestão de irem embora dali, mas quando ela falou de irem para casa, lembrou da casa dos Stevens, um lugar que não visitaria nunca mais, sabendo que pode ser capturado pelo FBI. Liesel estava agitada demais, então ele levantava da cama num pulo e segurava a ruiva pelos ombros, dessa vez buscando os olhos dela, para que sentisse confiança. ──── Está tudo bem...confie em mim. ────   Em seguida envolveu o corpo dela em um forte abraço, tentando reconfortá-la. Ele mesmo já não tinha mais tantos planos de continuar ali, afinal não demoraria mesmo para que tivessem que abandonar a casa, afinal a cidade era pequena e logo alguém apareceria para saber do homem que agora estava morto no galpão. Moveu os dedos entre os cabelos dela, acariciando-a enquanto continuava. ──── Vamos sair daqui juntos. Se quiser sair agora, reúna o que quiser levar, vou pegar suas roupas. ────   ao final da sentença, ele esboçava um sorriso, dessa vez mais natural, espontâneo, apesar de muito sutil. Esperaria que a garota se acalmasse antes de sair do quarto e buscar as sacolas de compras, ela não podia sair assim, embora ele estivesse gostando de poder sentir o corpo dela sob a seda macia, era tão gostoso poder sentir de verdade as curvas de seu corpo e o seu calor de novo...era reconfortante e de alguma forma despertava uma sensação de bem estar e tranquilidade, que ele ainda desconhecia.


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Mensagem por The Lizard Qui 02 Fev 2017, 01:46

Insistente, a ruiva persistia em acordar Francis como se não tivesse qualquer outra opção a não ser essa. Sentia-se dependente dele e angustiada pelas circunstâncias que a levavam a isso. Percebia a dificuldade que ele tinha para acordar e se não fosse sua preocupação não insistiria nessa tarefa. Pelo menos parou de sacudi-lo, acompanhava o esforço da visão imaginando que ainda estaria desfocada, mas tornou a repetir tudo o que dizia anteriormente depois que ele questionou o que havia acontecido. Dizia novamente, palavra por palavra, mas a calma estava longe de fazer parte do relato. Ele parecia lento para acordar, lento para tudo já que a sua pressa exigia reações mais rápidas de ambos. Pelo menos a reação que ela esperava, uma vez que não percebeu os olhares lançados aos seus seios e a resposta do corpo de Dolarhyde as suas vestes improvisadas. Calou-se para esperar um sobressalto dele ao confessar que matou um homem, mas ele confessou ter movido o cadáver para o galpão em meio a um despertar tranquilo demais para um problema daquela magnitude. O assistia bocejar com o ponto entre as sobrancelhas bem apertado. Aos poucos a parte inocente da infância se esvaía, junto a certeza de que Francis ainda era um bom menino. Era algo óbvio, mas que vinha na forma de um estalo que a assustava subitamente. Se ele realmente fosse a Fada do Dente já teria matado muitas pessoas, assim como matou sua família na noite passada. Levou a ponta dos dedos a lateral da testa antes de deixa-las invadir a raiz dos fios alaranjado em sinal de desespero. Conseguiria ela acordar assim e manter tamanha calma e racionalidade depois de ter matado alguém? Como ele conseguia? Não se via naquela situação, então deveria se entregar? Sentiu uma palpitação, deixou os braços caírem nas laterais do corpo, desanimada. Mas se assustou quando Francis saltou da cama vindo em sua direção para segurá-la pelos ombros. Ele penetrou seus olhos e provavelmente o que viria era receio e temor, mas que se abrandou quando ele lhe transmitiu confiança ao pedir para confiar nele. Por mais que não soubesse o que ele queria dizer com aquilo, balançou a cabeça concordando até receber o seu abraço. Mais uma vez a garota sentiu-se confortada e relaxava aos poucos. Deixava que o cheiro dele lhe inebriasse enquanto erguia as mãos para envolve-lo também, não com tanta força, mas o bastante para transmitir que gostava da consolação que ele lhe oferecia. Apertou um pouco mais e se aconchegou depois que ele concordou em saírem juntos e que poderiam naquele instante. –Certo.- Se prontificou, mas ainda não se desfazia do abraço. Percebeu que Francis também não. Antes que o constrangimento junto ao silêncio se tornassem incômodos Liesel tentava reaver a racionalidade. –E o que faremos com o homem morto? Devemos enterrá-lo? Se o descobrirem pode levar a nós?- Ergueu a cabeça para encará-lo e esperar uma resposta. –Seremos procurados. Eu e você... como criminosos.- Liesel já sabia que aquela era uma das condições de Dolarhyde e não se adaptava muito bem ao se incluir naquela situação. Soltou os braços que descansavam nas costas dele para se afastar, tentada a retomar a conversa que ele evitou naquele mesmo dia mais cedo. Agora ele já respondia perguntas que fazia, e sem querer retroceder o avanço podou sua vontade. –Não tenho o que levar daqui. Digo... a não ser as roupas que me trouxe. Obrigada por isso, Francis.- Mesmo com um pesar expressivo no rosto, Liesel dirigiu a ele um sorriso simpático e carinhoso como os que dirigia a ele na infância. Francis era sempre muito prestativo e até mesmo gentil, concordava com as ideias que sugeria e vez ou outra a surpreendia com agrados, como da vez trançou as palhas que encontrou nas plantações do quintal até formar um anel. Hoje percebia que era um perfeccionista, fazendo bem o que se dispunha a aprender. Ela gostou do presente e não disse que ainda o tinha, guardado em meio as suas demais joias. Provavelmente a lembrança e o comentário que guardou para si contribuíam para igualar o sorriso de gratidão aos que dirigia para ele na infância, mesmo com o rosto modificado pelo tempo. Pensar em quando eram crianças e se dar conta da passagem dos anos fizeram com que dessa vez o constrangimento não pudesse ser contido, já que o encarava naqueles modos. –Eu peguei o seu roupão. Me desculpe!- Sorriu sem graça enquanto voltava a mão para apertá-lo, dessa vez com um pouco mais de força ao retorce-lo pelo vexame. A peça que por um instante esteve presa pelo abraço de ambos agora voltava a cobrir o seu corpo, mas não deixava de expor suas curvas e indicar que estava nua debaixo dele. Assim, não quis fita-lo mais, desviou o olhar para baixo, depois para os lados onde encontrou a toalha que usava antes de perdê-la na cama. –Vou devolver.- Ergueu sutilmente a toalha para mostrar que tinha a intenção de já fazer o que dizia. Deu passos para sair do quarto, mas parou e deu meia volta para pedir sem conseguir encará-lo novamente. –Pode pegar as roupas pra mim? Eu não as encontrei.- Estava envergonhada mesmo que tentasse preservar uma relação saudável e pura, como se recordava deles quando crianças. Mas vez ou outra Liesel via Francis como um homem crescido e certamente não tão inocente mais. Ela também já não era. Sabia disso pelo modo como se atentava aos detalhes do corpo dele agora bem desenvolvido, por testemunhar ele se tocar para gozar, mesmo que interrompido por ela. Por mais que tentasse manter a genuinidade de suas origens e lutar contra detalhes que prejudicassem essa ideia, o próprio corpo dava sinais de que isso não era o bastante para evitar situações embaraçosas como a que se encontrava naquele instante. Essa constatação a remeteu ao sonho e sem controlar os pensamentos imaginou que os braços que a guiavam eram dele. O rubor tomou conta do rosto, junto ao ardor. –Vou esperar no banheiro.- Dessa vez ela agilizou mais os passos e seguiu com o que havia dito. Encostou a porta, e agora sozinha podia lidar com seu embaraço. De frente para o espelho, olhava seu rosto, os olhos exaltados e a pele que queimava. Ficaria presa as sensações de reviver o sonho em sua lembrança se não fosse a atenção voltada para os cabelos desalinhados depois de dormir com eles molhados. Mal acreditava que se apresentava daquele jeito, passou a procurar uma escova para ajeitá-los e enquanto não encontrava nada desembaraçava os fios com os dedos mesmo. Agora não se importava em fechar o roupão, mas o cheiro impregnado dele já provocava uma resistência em ter que abandoná-lo. Enquanto ajeitava os cabelos, olhando sua imagem no espelho, percebeu também através dele uma faca ensanguentada no chão do banheiro. Os lábios se entreabriram quando o maxilar caiu, estava assombrada. Aquela não era a faca que havia segurado, sequer a havia usado. Deduziu que pertencia a Dolarhyde e se aproximou dela para conferir. Liesel rodeava a faca, sem tocar. Não sabia de onde vinha o sangue, nem como aquele objeto fora parar ali. Mais uma vez quis questionar, sentia que não podia evitar. Mais uma vez se assustou e pulou quando ouviu o barulho na porta. A batida indicava que suas roupas haviam chegado, por isso ela se desfez do roupão e abriu uma pequena abertura na porta para conferir. Francis entregou-lhe as sacolas, ela lhe devolveu o roupão. –Obrigada!- Dessa vez, escondida atrás da porta até o nariz ele não poderia ver nada além dos seus olhos e cabelos que pendiam para baixo, nem mesmo o sorriso ou qualquer parte do corpo. –Licença?- Pediu rapidamente enquanto ele já se afastava e fechou a porta. Curiosa, tirou da sacola e olhou peça por peça que ele havia lhe trazido. Cuidadosamente olhava os detalhes, sorria examinando o que ele havia trazido. As cores sóbrias lhe traziam um conforto por saber que nada ficaria ruim com elas. Já era uma vantagem. Mas não pôde deixar de rir da fuga das demais cores com o vestido amarelo. Quis saber o que se passou na cabeça de um homem que seguiu um padrão de cores e de repente o quebrou com algo tão diferente. Mas não se incomodava, apenas se divertia. Colava as peças junto ao corpo, tentando ter uma ideia do tamanho. Não parecia ter errado muito embora tivesse a certeza de que não se encaixariam como uma luva. Liesel apresentava algumas desproporcionalidades no corpo que torcia para que não fosse um problema naquele instante. Muito esguia, os seios eram fartos para o abdômen e a cintura fina até chegar aos quadris que se alargavam.
Escolheu um vestido longo e marrom com detalhes e desenhos de linho por toda a sua extensão. Elástico na região dos seios, para que se ajustassem bem. Depois de definir bem a silhueta, ficava mais solto, com algumas tiras em renda conferindo delicadeza a peça rodada que se estendia na direção dos pés. Olhou-se no espelho, não estava ruim, afinal não se importava que o tamanho disfarçasse os quadris. Enamorou-se de outras peças, mas para aquele instante aquela iria servir muito bem. Escolheu o sapato escuro que mais combinava e o calçou depressa enquanto recolhia as demais roupas para volta-las para a sacola. Ajeitou os cabelos agora já escovados e escorridos, teve um cuidado maior com a franja antes de deixar o banheiro. Voltou para o quarto para conferir se Dolarhyde estaria lá. Não estava, mas encontrou algo que sua mente criminosa não demorou nem um pouco para assimilar e se conformar em pegar. Sem se importar de quem era, Liesel encontrou uma camisa jeans que he serviria depois de enrolar suas mangas cumpridas e a ajeitar por cima do vestido. Gostou por ajudar a disfarçar qualquer desajuste do vestido e por quebrar sua sobriedade. Também encontrou um cinto, que mesmo sendo masculino levou as suas sacolas para guardar. Poderia precisar mais tarde para os mesmos propósitos da camisa. Só então percorria novamente o corredor em direção a sala, se não tivesse se esquecido do pequeno detalhe ensanguentado no chão do banheiro. Resolveu pegá-lo, estava determinada a pelo menos deixar claro o que sabia que havia algo errado, mesmo que ele não lhe falasse. Ao chegar onde Dolarhyde estava, a ruiva estendeu a faca que segurava na ponta do indicador e do dedão para mostrar e devolver a ele. –E o filme... eu o escondi. Está dentro daquele armário.- Desviou o olhar na direção do que se referia, depois voltou a fita-lo com a esperança de que ele lhe esclarecesse alguma coisa.
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Mensagem por Francis Dolarhyde Qui 02 Fev 2017, 01:51



────⊰☫ The Great Red Dragon - Croatan National Forest, USA - Burton's Farm


Tendo acabado de despertar, Dolarhyde ainda estava bem lento, principalmente pelo cansaço que sentia acumulado da noite anterior, mas tentava reaver os sentidos, ainda abraçado com a ruiva, ainda se recusava a soltá-la, aconchegado com o corpo dela. Ouvia as várias perguntas e dessa vez respondeu, já um pouco mais racional, tentava acalmar a garota, mas sempre com poucas palavras. ──── O fogo do Dragão vai consumir tudo. ────   falava com total tranquilidade em seu tom de voz, não estava preocupado, o fogo era capaz de limpar aquela casa e tudo o que havia dentro dela, então não haveria razão para temer. Fechou o semblante apenas quando ela se referiu a ambos como criminosos, não havia nenhum criminoso ali...a transformação não era um crime, aquelas pessoas estavam renascidas, abandonando seus corpos mortais para alcançar a plenitude, se tornando algo muito melhor do que eram antes, ao mesmo tempo que a transformação deles também o ajudava a se transformar no Dragão, então os dois lados saíam ganhando. Um crime seria ter matado a funcionária do museu e ele não o fez, ou qualquer outro desconhecido, mas o que estava caído no galpão o atacou primeiro. Então não havia razão para envergonhar-se, pois o que fazia era algo grandioso demais, que as leis humanas não deveriam parar...pena que nenhum deles conseguia compreender a importância do que ele fazia. Dolarhyde viu em Liesel a esperança de poder finalmente compartilhar. Mas como explicar isso para Liesel? Como fazê-la entender? Até agora ela foi a pessoa que mais permaneceu a seu lado, apesar de tudo que já sabia sobre ele, então pelo menos acreditava poder ter a chance de mostrar a ela tudo isso, compartilhando sobre a criatura magnifica que ele estava para se tornar. Uma vez transformado, ambos não teriam mais nada a temer e ele finalmente poderia proteger aquela garota, que foi tudo o que lhe restou de companhia. Se ela compreendesse...talvez pudesse fazer parte disso...
Quando ela respondeu que não tinha o que levar dali, ele imaginou mesmo que talvez não tivesse nada, porém deixava livre para decidir se algo interessasse. Talvez não houvessem roupas, alguma coisa pra comer ou beber, algum utensílio, etc. Notou também o sorriso, que remetia a lembranças de seu passado, as poucas recordações doces que ele tinha. Sentia falta daquele sorriso, então involuntariamente até respirava mais fundo inflando o peito, orgulhoso por tê-la feito sorrir, como o fazia quando criança. Sempre tentava agradar a companheira, seja aceitando tudo que ela propunha para fazerem, seja com pequenos agrados, o pouco que conseguia fazer na época. Logo ela se desculpava por ter pego o roupão dele e ficava com um sorriso sem graça que o deixava em uma situação semelhante. Não entendia bem o motivo daquele ardor no rosto, mas parecia ser algo bom. Talvez não pra ela, que se afastava. Uma das mãos dele continuava erguida lateralmente ao corpo, próxima a ela, mas não a tocava e logo se abaixava também, para não constrange-la ainda mais. Engoliu seco tentando disfarçar o desejo crescente que pulsava dentro dele, como se o impulsionasse a toca-la de novo...precisava sentir....dessa vez acordado. Olhava o roupão que ela apertava com as mãos, correndo livre sobre a pele, sem a interrupção de nada por baixo do tecido, ela estava completamente nua, porém apressada pra devolver e se vestir com as roupas que ele trouxe. A imaginação ia longe, imaginava o que aconteceria se puxasse aquele roupão explorasse cada curva daquele corpo com as mãos, os lábios...a língua...queria poder saborear o sabor de sua pele, uma pele viva, macia e quente... ──── Liesel... ────   disse baixinho, mas logo se desligou de seus devaneios, prontamente certificando que buscaria o que ela pediu. ──── Já volto... ────   era difícil demais ter que negar as próprias pulsões, não estava acostumado a isso, normalmente se masturbava com os vídeos das mulheres que transformava e se satisfazia tanto no ato em si, como depois, revivendo cada vez que assistia aqueles momentos. Claro que a realidade não se compara ao filme, é sempre muito mais prazerosa...mas já ajudava a conter aquele desejo interrompido naquela noite. Controlou-se ao máximo para não demonstrar sua frustração e se retirou para buscar as sacolas de roupas. Apressou os passos até o carro, retirou o lanche que certamente já estaria estragado e o jogou na lareira, subindo apenas com as sacolas de roupas, que não tardava em entregar à Liesel. Não disse uma palavra, apenas entregou e se retirou para adiantar os detalhes da partida. De fato não poderiam ficar muito tempo naquele lugar mais, então voltou até o quarto, pegou os poucos pertences que tinha, colocou na mochila mais leve e depois desceu até o galpão onde deixava o corpo, que já cheirava muito mal. Com o sangue retirado, acreditava que o corpo ficaria mais leve para ser carregado, mas mudou de ideia quando Liesel avisou que seria melhor saírem logo dali. Era bem mais rápido queimar toda e qualquer evidência. Então Dolarhyde pegou todo equipamento que queria levar consigo e carregou até o carro, deixava tudo na carroceria, desde armadilhas, até machados e ferramentas, todo equipamento de caça que encontrava, inclusive um binóculo, que poderia ser útil depois. Recolheu também a câmera e o projetor, os vídeos que gravou mais recentes e lembrou que ainda faltava um deles. Procurou no corpo do invasor, mas não o encontrou, não podia ter perdido aquela obra prima... Correu até a lareira pra ver se Liesel poderia tê-lo jogado lá por se tratar de sua família e se não encontrando nenhum resquício, decide esperar, deixando todo o resto pronto para saírem. Tudo o que conseguia colocava dentro de uma mochila de escalada, só o que não tinha jeito mesmo, deixava avulso, como a caixa de ferramentas e as armadilhas e correntes.
Pegou frutas e bebidas, que deixava no banco do passageiro, mais próxima ao alcance de ambos, algumas peles, para cobrir a ruiva se ela sentisse frio no caminho e depois de carregar o carro, caminhou até o galpão de volta e pegou um galão de gasolina, molhando todo o corpo do invasor e parte das paredes do galpão. Em seguida voltava para dentro da casa, onde deixava o galão, pegava uma caixa de fósforos e riscava um palito, jogando sobre o rastro de gasolina. Não demorou para o galpão ser todo tomado, permaneceu ali por alguns segundos, observando as chamas e só então voltou pra dentro e fechou a porta. Pegou uma tinta, a que tinha disponível no galpão e foi até o carro, para adulterar a placa. Não continuariam muito mais tempo com o veículo, mas pelo menos não seriam identificados tão facilmente caso passassem por alguma barreira policial, algoque ele torcia pra não acontecer. Depois de modificar as placas dianteira e traseira, jogou o líquido inflamável por todas as laterais da casa, mas não perto da fogueira que ainda queimava, nem ateava fogo, apenas se sentava no sofá com o que restava do galão ao lado da perna.
Levantou o olhar somente quando ouvia os passos de Liesel e notou o quanto ela estava linda naquela roupa. Ficava bem melhor nela do que imaginou. Não sabia escolher essas coisas, mas se alegrava ao ver que serviu. Quando ela entregou a faca, ele estendeu a mão, segurou a faca e a arremessou em direção à fogueira. Uma evidência a menos de que estiveram ali. Estranhou aquele olhar, era como se o acusasse de algo...franziu o cenho, confuso e um pouco nervoso por não entender de fato a que ela se referia. Ele apenas deixou a faca cair no banheiro, tinha usado ela para se defender, não havia razão para aquela reprovação. Caminhou silencioso em direção ao armário que ela indicava e pegava o rolo de filme que falta, pegava a jaqueta de couro apoiada em cima de uma cadeira, vestiu e guardou o filme no bolso. Em seguida se aproximou dela, ainda com certa desconfiança no olhar. O cheiro da fumaça podia ser sentido, embora abafado pela porta de madeira pesada do galpão e da saída dos fundos.

──── Ele invadiu a casa e me atacou. ────   disse com segurança na voz, tentando esconder a desconfiança por não entender o motivo daquele olhar que tanto o incomodou. Sequer se passava por sua cabeça o sentimento de culpa da ruiva que antes pensava ter matado o sujeito e o impacto que isso teria agora que ela sabia que não o tinha assassinado. De assassina, ela estava de volta à posição de refém e no máximo cúmplice. Dolarhyde se aproximou mantendo a seriedade no olhar e puxou a garota para si, voltando a se sentar no sofá, de frente pra ela, que mantinha de pé, entre os joelhos dele. ──── Eu quero ver de novo...antes de ir... ────   Acreditava que a garota saberia do que estava fazendo, referindo-se ao mesmo que fizeram atrás do galinheiro quando crianças, queria antes de mais nada matar aquela curiosidade. Queria ver como era...se estava diferente... Raramente propunha alguma coisa, principalmente na infância, mas isso  não deixava escapar, já era uma curiosidade que o consumia desde o reencontro. Não sabia quanto tempo ainda passariam na estrada, então sequer se importava com o cheiro da fumaça, queria sanar a curiosidade. Ela ainda não invadia o ambiente, mas não tinha como não sentir o cheiro das chamas. Era o fogo do Dragão, que consumia aquele homem que não merecia ser transformado, ele seria apenas consumido por sua fúria, mas não renascido. As mãos seguravam a garota pela cintura, mas logo a destra desceu até os tornozelos, nos limites do vestido e segurou o tecido, subindo-o lentamente até a coxa. Mantinha o olhar fixo ao dela, esperando uma resposta, não avançaria até perceber que podia prosseguir, mas resistiria, caso ela não permitisse. Estranhamente não via malícia alguma no que perguntava, era como se não reconhecesse o significado disso no contexto atual, nas idades que se encontram. A libido não foi bem trabalhada na infância, menos ainda na adolescência, então muita coisa ainda era desconhecida por Dolarhyde, que continuava a acreditar que mesmo após tantos anos, não haveria problema em ver de novo, como quando eram crianças. Até percebia as reações do próprio corpo à uma simples possibilidade de rendição, parecia até mesmo esquecer a reprovação anterior, mas sentia a ereção e já não pensava em mais nada, queria apenas satisfazer sua luxúria. Não sentia estar fazendo nada de errado, então não esperava por uma resposta negativa.

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Mensagem por The Lizard Qui 02 Fev 2017, 01:54

Liesel esperava alguma explicação de Francis, tinha esperanças de um diálogo para esclarecê-la. Tentara a partir da curiosidade inicial referente ao tempo que passaram distante um do outro, queria saber sobre ele como o reencontro de velhos conhecidos. Sem sucesso, avançava para os acontecimentos da noite passada onde assassinato e sequestro faziam parte do desenrolar da noite, uma faca em seu pescoço e o instante em que deveria ter partido. Ele não o fez, estava grata, porém isso a instigava. Também o flagrara em situações no mínimo inadequadas em sua presença, como o estímulo próprio durante imagens violentas ou a aproximação e contato com o seu corpo enquanto dormiam... Haviam coisas demais para serem esclarecidas, no entanto, quando ele não evitava responder as que tentava também não lhe pareciam fazer sentido. Se não julgasse conhece-lo, imaginaria que ele poderia sofrer distúrbio, talvez sob estresse ou trauma. Citações envolvendo um dragão poderiam corroborar sua ideia, embora soubesse que havia algo mais. Lembrava-se claramente da tatuagem, algo permanente que tinha algum significado. O entregara uma faca ensanguentada de volta, revelara onde guardou o segredo que poderia incriminá-lo, e ele lhe retribuía um olhar confuso. Estaria disposta a perguntar clara e diretamente outra vez se não fosse o cheiro da fumaça invadindo suas narinas. Fungou duas vezes para ter certeza, olhou na direção da cozinha imaginando que ele pudesse estar cozinhando algo. Sem encontrar nada, logo passou a olhar de um lado para o outro, procurando a fonte, mas Francis poupara o seu trabalho ao atirar a faca na direção de uma fogueira. –Ohh meu Deus! A casa está pegando fogo!- Exaltada, a garota se aproximou de uma das janelas com visão boa o bastante para conferir as grandes labaredas que consumiam o galpão. O ritmo do fogo era intenso o bastante para saber que logo iria se alastrar e alcança-los, além de chamar a atenção de mais alguém. –Francis, precisamos sair daqui!- Virou-se para ele que agora vestia a jaqueta e guardava o filme consigo. –Vamos depressa!- Se ele não viesse em sua direção, ela mesma o buscaria para puxá-lo para fora, pelas mãos. Agora executava somente a segunda parte do plano. Levou uma das mãos macias para tocar a dele, o que contrastava com a brutalidade com que o puxava. Estava determinada a sair da casa naquele mesmo instante a ponto de não perceber a desconfiança ou considerar uma justificativa para isso no olhar do homem que lhe falava algo estranho. A parte do homem invadir a casa conferia, mas o atacar? Foi a vez de Liesel ficar imóvel e retribuir o olhar tão confusa quanto ele fazia. –Atacou você? O que quer dizer? Quebrei um prato na cabeça dele, tinha sangue e ele caiu mor...- Não conseguiu terminar a sentença afirmando que o homem estava “morto”. A sua ficha caiu antes disso, não o havia matado como imaginara. –Eu não o matei?- Por mais que quisesse afirmar, queria uma certeza. Sendo assim, qual teria sido o destino do homem? Liesel olhou para o lado, mas não conseguiu avistar mais a faca ensanguentada. Olhou para o galpão em chamas e lembrou-se das palavras que Dolarhyde proferiu quando acordou desnorteado, disse que o havia colocado lá. Então o queimara... provavelmente morto. A ruiva levou as mãos claras juntas para cobrir a boca, quase que como um gesto de oração e espanto ao mesmo tempo. Estava aliviada de não ter sido ela a matar o bêbado insano, mas assustada por independente disso ele ter levado o mesmo fim. Talvez pior. Voltou os olhos verdes para Francis e o examinava tentando entender o que se passava com ele. Aos poucos entendia sua expressão desconfiada e o nervosismo. Ele fora atacado pelo homem que deve ter recobrado a consciência. Por mais que as desejasse intensamente, Liesel achou melhor dispensar explicações naquele instante. A presença do fogo que se aproximava a incomodava muito mais do que as dúvidas. Ainda assim, imaginar o susto que Dolarhyde tomou com o estranho fez Liesel se compadecer, portanto quis transmitir algo estável e caloroso ao entrelaçar os seus dedos nos do homem que agora a fitava com seriedade. Ao mesmo tempo voltava a puxá-lo, dessa vez com mais calma, querendo o conduzir até a porta para irem embora de vez e deixarem tudo aquilo para trás. Porém o homem alto diante dela parecia ter uma ideia contrária, a puxou para si e a levou para o sofá. Seria demais pensar que a prendia entre seus joelhos? A ruiva entreabriu os lábios, destinada a perguntar o que fazia. E mais uma vez ele se antecipou pedindo para ver de novo. Manteve os lábios entreabertos, agora olhava para baixo, tentando decifrar qualquer coisa que lhe explicasse o que ele queria. Dessa vez, ao contrário de quando mais jovens ela não conseguiu deduzir uma repetição da cena do galinheiro. Nem poderia, o contexto era bem diferente, estavam em uma casa que iria se incendiar dentre vários motivos que não a levariam a compreendê-lo dessa vez. Os olhos permaneciam firme enquanto sua expressão era de dúvida e a cabeça balançava sutil e negativamente. Não para negar, mas para demonstrar que não percebia o que Francis queria. Isso até perceber as mãos que soltavam a cintura e seguiam para o tornozelo, antes de subir pela pele e alcançar as coxas. De lábios entreabertos o maxilar caiu, estava estupefata. –O que está fazendo?- Logo levou a mão para perto da região íntima, na frente mais especificamente e apertava o tecido do vestido como se pudesse protegê-la. Ela o questionara, mas sua ação indicava que agora ela entendia perfeitamente o que ele queria, mas não compreendia o motivo ou o que levava a pedir aquilo naquele instante tão inadequado. A mão de Liesel pressionando o vestido na frente da parte íntima dava a impressão de que iria guarda-la, mas não podia evitar a mão que tocava sua coxa, provocava sua pele e causava reações de dentro para fora. Isso a levou a constatar o que já sabia, mas se recusava a admitir... Francis incitava seus desejos. Sem saber se ele sentia o mesmo ou se ainda estava preso a um episódio marcante da infância, a ruiva considerava apenas as reações do seu corpo, a pele que se eriçava ou a queimação que se tornava mais atrativa e forte do que o fogo literal e propriamente dito. Sua respiração agora era intensa, os seios eram elevados por isso. Na tentativa de contornar aquela situação, os remeteu de volta a velha infância para desvendar o que tudo aquilo significava. –Mostre as suas partes primeiro, como da outra vez. Você mostrou, eu mostrei.- Disse tão mandona e sugestiva quanto da primeira vez. Suspeitava que ele fosse acatar o que pedia e então poderia saber o que ele desejava com um pedido inusitado numa hora inconveniente. Assim também poderia se posicionar de acordo com o contexto. Ela soltou a mão do tecido, liberou o vestido e retirou a proteção simbólica para demonstrar boa vontade se ele também o fizesse. –Não aqui. Da outra vez nos pegaram no canto entre a sebe e o galinheiro. Me leve para onde ninguém nos veja.- Mais uma vez apelava para a lembrança, tinha esperanças que ele também mergulhasse nelas para evitar um constrangimento maior, além é claro de saírem da zona de perigo de um incêndio iminente. Porém a ruiva não considerou a mudança do corpo de ambos, os anos de experiência que adquiriram, ignorou até mesmo detalhes fundamentais, como o desejo que poderia crescer e até mesmo a ausência das suas grosseiras roupas íntimas, bem como qualquer outra.
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Mensagem por Francis Dolarhyde Qui 02 Fev 2017, 01:57



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Desde criança, Dolarhyde acostumou a falar muito pouco, devido à sua dificuldade com a fala. Mesmo depois da cirurgia corretiva aos 17 anos, ele já não tinha esse costume e nada contribuiu para que o desenvolvesse. No exército aprendeu disciplina e desenvolveu-se fisicamente, viu a oportunidade de se tornar forte, mudando completamente a imagem de criança pequena e fraca que ainda marcava sua mente. O pouco estímulo, até mesmo quando esteve com a avó em casa, fez com que a fala não tivesse muita importância pra ele. Mesmo depois, em seu trabalho na Gateway, onde passou muitos anos, conversava pouco com os outros funcionários, restringia-se ao necessário, apesar de sempre treinar para uma pronúncia mais correta o possível, não acreditava que alguém fosse querer realmente ouvi-lo. Por isso nem mesmo Liesel conseguia dele respostas mais satisfatórias. Regredindo à infância, onde sua fala era ainda mais limitada, as dificuldades pareciam bloquear ainda mais sua capacidade de verbalizar o pensamento. Ele sempre se questionava: será que ela está pronta pra ouvir? Será que ela quer ouvir? Tinha receio de falar o que não deveria e a ruiva desaparecer novamente. Talvez com o tempo ela conseguisse romper algumas de suas travas comunicativas, mas ainda haviam dúvidas... Dolarhyde se sentia à vontade para falar com Hannibal, considerando-o um semelhante, alguém capaz de compreendê-lo e fora traído por ele. Ainda não tinha plena convicção de que poderia compartilhar tudo com a ruiva, não ainda. Notou a insatisfação dela com a resposta, mas quando moveu os lábios para falar, ela se assustou com o cheiro da fumaça e começou a se desesperar e o puxava pela mão. Mas ele não se movia e quando ela também ficou paralisada, confusa com a nova informação, ele confirmou. ──── Você não o matou. ────   ele tentava manter o tom de voz inalterado, não queria deixá-la ainda mais assustada, mas parecia ter sido em vão. Boquiaberta ela levou as mãos aos lábios, deixando-o sem entender tamanha surpresa, porém imaginava o motivo da confusão, afinal Liesel pensava que tinha assassinado o homem, talvez fosse um alívio saber que na verdade ele fora morto por Dolarhyde, mas isso não parecia reconfortá-la. Permaneceu calado, esperando que ela superasse o choque daquela notícia. As reações não pareciam estimular em nada sua fala, já que cada palavra era seguida de um olhar de reprovação ou medo. Talvez fosse mesmo melhor continuar calado. Pelo menos sobre assuntos que ela ainda não estivesse preparada para encarar. De súbito a feição da ruiva mudava e Francis sentiu um toque mais gentil em sua mão, com os dedos entrelaçados ao dela, o que encorajou seu pedido inusitado.
Aquele homem não tinha a menor experiência com a sexualidade, o pouco que sabia fora muito mal explorado e desenvolvido, portanto seu conhecimento era mínimo ao ponto de gerar aquela curiosidade infantil de conferir se estava diferente do que era antes. Os corpos de ambos sofrera grandes mudanças, então por que não ali embaixo? Nele as mudanças eram evidentes, então talvez nela também pudesse encontrar essas diferenças. Dessa vez duelavam de um lado o menino inocente, movido apenas pela curiosidade e do outro o homem que já conhecia a atração física, o sexo e o prazer, buscando satisfazer-se sem se preocupar com a situação em que se encontravam. À princípio a garota não parecia ter entendido, mas depois, tendo o tecido da saia levantada sinalizando a que se referia, sentiu a resistência da mão sobre a saia, evitando que subisse mais. Continuava atento a cada reação, inclusive a intensidade aumentada da respiração e o rubor da face normalmente tão pálida. Queria ver...sentir e aguardava ansioso para isso, quando recebeu a ordem de mostrar primeiro. Submisso, como antes, soltou logo o vestido dela e já foi desafivelando o cinto e abrindo o botão da calça, ansioso pela recompensa. Notando que ela soltava o tecido da saia, Francis ficou cheio de expectativas. Seus olhos brilhavam com a mesma intensidade de todas aquelas vezes em que Liesel chegava na casa da avó para brincar com ele...e a mesma curiosidade de quando inclinou o corpo para ver melhor o que ela tinha ali embaixo, que era tão diferente dele. Mas ela pedia para ser em outro lugar e ele se perguntava "que outro lugar"? Ali tinham luminosidade suficiente, espaço e até algum tempo...minavam centenas de pensamentos, completamente inconsequentes sem pensar no risco que assumia ficando por ali mais tempo. No mínimo o fogo atrairia uma atenção indesejada, mas o desejo ainda era mais intenso e sobrepujava sua razão. ──── Shhh...ninguém vai ver aqui. ────   sussurrava pra ela na intenção de tranquilizá-la, como se fossem duas crianças prestes a fazer alguma coisa errada escondidos. Ergueu um pouco a pelve para conseguir a baixar a calça e a cueca, se sentando de novo em seguida, revelando o que as mudanças do tempo fizeram com seus órgãos sexuais. Estavam bem diferentes, mais desenvolvidos e maiores...além disso o falo pulsava aumentando ainda mais de tamanho, com a excitação que aquela experiência provocava. Sem pensar duas vezes, ele disse. ──── Minha vez! ────   e levou as mãos à saia de Liesel de novo, ansioso demais, mal dava tempo pra ela olhar, parecia de fato uma criança descobrindo algo novo, inocente...se não fosse pela ereção incontrolada. Dessa vez levantou a saia da ruiva com pressa e segurou o tecido pro alto olhando atento à forma. Aproximava o rosto, dessa vez podia sentir o cheiro de tão perto que se encontrava com o nariz quase encostando. Soltou o tecido, sem se importar que lhe caísse sobre a cabeça, queria as mãos livres. Uma pressionava a coxa, enquanto o joelho se posicionava entre as pernas dela para proporcionar uma melhor abertura pra ele ver e tocar. Encostava o rosto na virilha, aconchegando-se naquela proximidade, sentindo o calor e a maciez de sua pele, enquanto as pontas dos dedos tocavam a região entre os lábios inferiores, sentindo a pele mais interna, que era mais quente e mais úmida. Queria ir além...não tinha uma oportunidade como aquela em uma mulher viva, precisava ver como era, sentir, avançando um pouco mais com os dedos, sentia as pontas mais úmidas, sentia o cheiro daquele fluido e sentia um forte desejo de sentir seu gosto. Passou a ponta da língua pelo menos caminho outrora percorrido pelos dedos, explorando cada mudança de textura da pele...encontrava até uma elevação, que lhe despertava a curiosidade, fazendo com que se prendesse por mais tempo ali explorando com a língua, contornando, passando por cima, queria entender o que era aquilo. A mão que prendia a coxa, exercia uma maior pressão sobre ela, enquanto a curiosidade cedia espaço para a excitação.
Com Reba não teve a oportunidade de ver como era...estava afobado demais e partiu logo para a penetração, mas Liesel, mais uma vez provava que era digna de sua confiança, pois ainda era a mesma garota que conheceu anos atrás. Apesar de diferentes contextos, ela ainda se comportava como tal e nisso conquistava a confiança de Francis. Com ela, apresentava um comportamento muito mais infantil, regredindo ao que era quando criança, então entrava em conflito com a própria virilidade, os próprios instintos, que cada vez mais o impulsionavam. Ele não sabia que aquilo era tão bom...será que antes também tinha esse sabor? Essa umidade? A ponta da língua passava sobre a entradinha, contornava a região e só depois entrava, o mais fundo que conseguia, o que pela posição não era muito, por mais que afastasse a perna puxando pela coxa esquerda. Nunca tinha pensado que seria tão bom poder sentir as várias transições táteis com a língua, que chegava a ser infinitas vezes mais legal do que com os dedos. Tudo naquele campo parecia novidade pra ele, apesar da idade avançada, então respirava profundamente, inebriando os sentidos com aquele aroma tão exótico e extremamente atrativo...mal sabendo dos efeitos que sua manipulação curiosa do local pudessem provocar.

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Mensagem por The Lizard Qui 02 Fev 2017, 01:58

Liesel podia identificar facilmente o brilho dos olhos de Francis, era o mesmo de quando criavam uma brincadeira nova, de quando simplesmente encontravam empolgações oriundas da companhia um do outro, ou de quando apresentou uma diferença significativa do seu corpo para ele. Dessa vez o percebia um pouco mais intenso, talvez por conhecimentos e estímulos que adquiriam ao longo do tempo. Francis continuava um bom garoto, mas ela percebeu que o bom senso de um homem esperto também se fazia presente tanto quanto a ansiedade quando negou que saíssem dali. Ainda assim, o efeito da astucia da sua fala como se a conduzisse para algo que os adultos não poderiam saber era válido para a ruiva, que olhou de um lado para o outro com certo pesar no olhar, querendo evitar as testemunhas que ela mesma inventara para persuadi-lo. Quando voltou o olhar para frente, já assistia Francis erguer a pelve para baixar suas vestes, nem um pouco preocupado como ela estava, também despido de pudores. Era uma boa hora para refletir o quão insano ele era se os seus olhos não se fixassem no que ele revelava. A respiração da ruiva se tornou mais intensa e mais curta, tivera a ideia de remetê-lo a infância com aquela sugestão para que se livrassem de um constrangimento, no entanto, ela se tornava vítima do próprio embaraço que criara. As reações do seu corpo foram instantâneas quando prendeu os olhos nos órgãos dele bem desenvolvidos, não mais do que a mente que logo tratava de trilhar o caminho de um desejo e excitação intenso. Vê-lo crescer e se enrijecer a levava a antecipar qualquer coisa que pudesse vir depois disso, tudo que satisfizesse a vontade que seu corpo clamava. Não conseguia desviar os olhos, se entregava ao falo, bem como o corpo bem desenvolvido que o completava enquanto a boca salivava, sentia picas no rosto e a ardência da própria intimidade. Paralisada ou incapaz de tomar qualquer atitude alternativa para desviar sua pulsão, permitiu que Francis erguesse a saia do vestido ao anunciar sua vez e se aproximasse. A respiração quente sentida perto da intimidade indicava uma distância menos do que deveria e a submetia a querer que diminuísse quando deveria afastá-lo. Até que o homem mergulhou de vez dentro de suas vestes ao soltar o tecido e agora tocava-lhe as coxas provocando o arrepio da sua pele. Liesel não dava um passo para frente ou para trás, sentia o joelho de Francis manter a abertura de suas pernas enquanto o rosto agora lhe tocava a virilha. O olhar estava fixo em uma direção, mas não via nada de fato, apenas estava atenta as sensações provocadas em seu corpo quando os dedos dele invadiram sua abertura. Logo ergueu uma das mãos, a levou até um dos seus seios fartos para pressionar e amenizar o bico que se enrijecia devido a excitação. Desviou os olhos para baixo e percebeu no outro livre que era em vão, o bico já estava bem marcado no elástico do vestido e já podia ver toda a região do colo dos seios eriçada, espalhando a mesma reação para os braços e para o resto do corpo. Sem conseguir pensar se Dolarhyde tinha alguma ideia do que fazia a ela, tentava travar uma batalha entre o bom senso que a mandaria parar e o corpo que pedia por mais. Sentia-se traída pela sua anatomia que já apresentava indícios de calor e umidade, e que logo ele descobriria ao avançar com os dedos um pouco mais. Já podia sentir as pontas dele espalharem o fluido que logo escorreria para fora dela, os lábios abertos agora por pura excitação denunciavam o som da sua respiração profunda. Mas quando ele passou a usar a língua, a mesma excitação tomou conta do rosto por inteiro que agora se retraía numa expressão de puro tesão, do mesmo jeito que o formato da boca se alterou para soltar um –Ohh!- carregado de luxúria. Retraiu o corpo automaticamente quando ele tocou o clitóris com a ponta da língua, sentiu as pernas bambas e enfraquecidas, uma artimanha que ele parecia conhecer bem a julgar o modo como o contornava e explorava. Naquelas condições, sequer suspeitaria as experiências limitadas ou diferenciadas de Francis, também ignorava qualquer resquício de inocência que tentava preservar até então. A língua em sua entrada antes de penetrá-la em conjunto com a mão em sua coxa a entorpecia, ela agora já massageava o próprio seio que antes segurava apenas para esconder evidências da sua excitação. Já era tarde demais para isso, sentia o calor e a umidade da língua dele transmitir as mesmas sensações para cada região que a tocava. A mão livre agora prendia o tecido do vestido na lateral da perna, o retorcia com força devido a excitação antes de levar os dedos até a cabeça dele para tocá-lo. Aos poucos queria senti-lo mais e mais. Deixava os dedos acariciarem os fios de cabelo curto, oscilando entre o carinho e a agressividade de acordo com os movimentos da língua dele. Se com aquele gesto não fosse o suficiente para que ele compreendesse o que fazia a ela, o fato de Liesel erguer uma das pernas para aumentar a abertura poderia ser um bom indício para que ele continuasse. Com um dos joelhos agora flexionados, apoiava o pé no assento do sofá, na lateral dele enquanto umedecia os próprios lábios, cheia de vontade de senti-lo dentro dela. Agora as duas mãos eram levadas até a cabeça, uma continuava a brincar e atrapalhar os fios do cabelo enquanto a outra acariciava sutilmente a nuca até sentir o arrepio dele na ponta dos seus dedos. Deixou que ele explorasse o que quisesse da sua intimidade enquanto os dedos tocavam a orelha com a mesma delicadeza, até descer para o pescoço e passar as unhas devagar, antes de parar com a palma das mãos abaixo do maxilar dele, afastar a cabeça de onde estava e obriga-lo a encarar o seu rosto. Queria que ele visse como a deixara, a sua expressão de total prazer e desejo, não precisaria dizer nada para que ele entendesse o que sentia. Assim, permaneceu calada enquanto invadia os olhos dele e flexionava o joelho um pouco mais para apoiar a outra perna que também se dobrava antes de subir e finalmente se sentar no colo dele. Depois de se ajeitar, soltou a cabeça dele para retorcer e subir a saia do vestido, expondo as suas coxas alvas e principalmente, aproximar a sua entrada do falo dele. Passou a roçar a entrada já molhada nele enquanto retirava a blusa jeans antes por cima do vestido e assim descobrir também os ombros e revelar o volume dos seios. Sem desviar os olhos dele, Liesel agora ardia em desejo, queimava muito mais do que o fogo a ponto de esquecê-lo e querer desenvolver sua excitação. Fazia o máximo possível para que suas coxas se aproximassem da cintura dele, encurtando a proximidade entre o membro dele e ela. Não satisfeita em retirar a blusa, desceu também uma das alças do vestido e livrou um dos seios deixando o livre para que ele o tocasse. Pegou uma das mãos dele e a encaixou por cima do bico rosado e entumecido, o guiando para pressionar, mas não acharia ruim se ele quisesse o abocanhar. Certamente ele não saberia disso uma vez que num impulso feroz, ela levou seus lábios de encontro aos dele e os colou. Imediatamente sentiu a cicatriz dele em contado com a pele delicada do seu lábio superior e isso lhe provocou uma onda de excitação incontida. Assim, levou a língua para tocá-la antes de invadir a boca dele de vez e beijá-lo enquanto já sentia a cabeça do pau em contato com o clitóris, louca para que a penetrasse. Esquecera-se da outra alça do vestido já que agora tentava abrir e violar a jaqueta de Francis. Tentava tocar novamente a nuca e o pescoço dele, a fim de sentir novamente o arrepio da pele dele em seus dedos, mas o impulso os conduziu até o falo que passou a masturbar e estimular. Cessou o beijo para encará-lo, novamente sem dizer nada, mas esperando que ele compreendesse o que queria e o que naturalmente devia ser feito.
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Mensagem por Francis Dolarhyde Qui 02 Fev 2017, 01:59



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Apesar de sua idade, Dolarhyde não tinha a menor experiência, a própria Liesel certamente deveria ter muito mais experiência que ele mesmo, mas ele sequer pensava nessa possibilidade. E com os olhares dela de um lado para o outro, conferindo se realmente não haveria mais ninguém fazia até com que o lábio dele se arqueasse em um sorriso, dessa vez mais mais atrevido, o mesmo que denunciava a cumplicidade das duas crianças quando aprontavam alguma juntos. Sabiam o quanto era errado, Bailey ficou brava com eles, a vó também...mas ali ninguém mais iria ver, naquela casa afastada, estavam completamente sozinhos. Homens mortos não contam histórias, então aquele segredo pertencia somente a eles.  Francis fantasiava que ambos estavam descobrindo a sexualidade juntos, aquela que foram impedidos de desenvolver na infância, naquela época que Liesel sumiu. Parecia tirar naquele momento o atraso de tudo que deveria ter descoberto com ela. Fazia exatamente como ela mandava, mostrando o dele primeiro, pra depois ter sua vez de ver, como quando eram crianças. A empolgação era tanta que ele nem percebeu o olhar dela sobre o falo teso, pois aquela imagem pra ele era muito normal, então achava que haveria nada de interessante naquilo. Ela sim tinha algo legal pra mostrar, diferente...a vontade de poder ver sem ninguém por perto pra atrapalhar falava mais alto que qualquer risco que corriam com o atraso daquela experiência, enquanto as chamas consumiam o galpão.
Tudo que parecia novidade aguçava ainda mais sua curiosidade e a excitação da descoberta guiavam cada movimento instintivo do corpo dele, mantendo a abertura entre as pernas pra poder ver melhor, sentir, tocar...a cada avanço que não era impedido pela ruivinha, ele explorava sua intimidade, ainda alheio às sensações que provocava nela. Notava apenas a respiração aguda dela, talvez estivesse nervosa, com vergonha e por isso retraía um pouco o corpo, mas enquanto não o impedisse, ele continuava, conhecendo cada ponto de sua anatomia que era bem diferente nas mulheres mortas...aquela lubrificação deliciosa tornava ainda prazerosa a brincadeira com a língua. Estava fascinado pelo que descobria, ouviu um gemido baixo, percebendo que talvez aquele estímulo fosse bom também pra ela. Levantou o olhar tentando vê-la, mas a saia ainda lhe cobria a cabeça, então ele não conseguia ver a expressão em seu rosto, nem mesmo o movimento das mãos sobre o próprio seio. Percebeu o quanto Liesel também estava excitada quando ela ergueu a saia, liberando o rosto dele e levava a mão em seus cabelos, o que provocava um arrepio...ele intensificava os movimentos com a língua, ao sentir que o toque era mais forte nesses momentos. Aos poucos norteava a carícia dentro do que acreditava estar mais agradável e assim que ela erguia a perna apoiando-a sobre o sofá, abrindo caminho pra ele ir mais fundo, Francis não perdia tempo. Invadia com a língua, agora com maior intensidade, estudando cada reação do corpo de Liesel à medida que avançava. Até mesmo a presença dos pelos pubianos ausentes na infância era extremamente excitante... ele passava os lábios sobre eles, sentia a diferença do toque ao roçar a cicatriz, mas gostava da sensação, movendo os lábios sobre eles beijando a região antes de voltar a buscar aquela elevação que adorava explorar...tinha uma textura diferente e provocava reações em Liesel que ele não esperava, mas pareciam ser de intenso prazer. Adorava o modo como seus dedos tocavam a orelha e as unhas desciam pelo pescoço, provocando outro arrepio...a seguir a mão segurava o maxilar, impedindo-o de continuar. Estranhou, pensando que ela poderia não estar gostando e levantou o olhar confuso.
Aquele olhar...livrava o garoto e toda e qualquer dúvida...ela estava tão envolvida quanto ele e logo apoiava também a outra perna na lateral de seu corpo e se sentava, deixando expostas as coxas. Sentia a cabeça roçar a entrada molhada e levantava o olhar louco de desejo de continuar, queria entrar... Observou a retirada da blusa jeans dela e de uma das alças revelando o volume do seio, que logo prendia o olhar de Francis. Ele não conseguia esconder o fascínio que sentia a cada revelação. Apesar de manter o silêncio, ela ainda continuava a comandá-lo e ele conseguia compreender a ordem, que como sempre seguia sem pestanejar. Envolveu o seio com a destra, massageando-o para sentir sua textura...tocava com o indicador o mamilo róseo, contornando-o com a ponta do dedo. Não aguentava apenas olhar, precisava aproximar os lábios, mas o fazia com cautela e foi logo surpreendido mais uma vez com o impulso dela ao beijá-lo antes que pudesse abocanhar ao seio. À princípio veio o susto e o impulso de recuar, mas seu corpo já não obedecia mais os seus comandos e apesar da insegurança com a cicatriz, envolvia os lábios dela em um beijo intenso, enquanto o corpo já queimava com o prazer de sentir o pau tocando aquele pedacinho dela que ele acabara de descobrir. Fechava os olhos com o estímulo e sentindo as mãos de Liesel em sua jaqueta, ajudava a se livrar dela, jogando-a no sofá e levando as mãos agora à cintura, pressionava a pele, por baixo do vestido e depois descia até a bunda, que apertava com vontade, puxando para finalmente conseguir entrar.
No momento que sentiu as paredes internas ainda resistentes à entrada, mordeu-lhe o lábio inferior, louco de tesão. Não sabia o que era ter uma relação tão intensa e tentava ir o mais fundo que podia, coordenando os movimentos do quadril dela com as duas mãos. Raramente era ele quem conduzia alguma coisa, mas naquele momento sequer raciocinava, guiando a cavalgada e movendo a pelve para entrar mais e mais fundo. A respiração pesada ecoava pelo ambiente silencioso e apesar disso, o ouvido treinado podia ouvir o coração dela. Era bem mais gostoso poder ouvir o coração bater e o movimento dos lábios e da língua naquele enlace voluptuoso tornavam a experiência ainda melhor. Era tudo inédito...tão diferente do que estava acostumado, era impossível comparar. Nem mesmo Reba provocava uma sensação tão intensa como aquela. Abria olhos por um momento precisava ver Liesel e as expressões de seu rosto, que também a diferenciavam de tudo que ele conhecia. Havia prazer em sua feição, desejo em seu olhar...ela estava viva e o desejava como nenhuma antes dela. O calor aumentava, mas ainda nem era pela proximidade do fogo, que começava a sair do galpão e tomar a varanda, era o prazer que destruía toda sua sanidade. Apesar de inexperiente, ele sabia bem o que o corpo tanto desejava e não hesitava em explorar as possibilidades, aprendendo junto com a ruiva, que o conduzia naquela descoberta incrível.

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Mensagem por The Lizard Qui 02 Fev 2017, 02:01

O fogo queimava e crescia enquanto o vento o soprava do lado de fora da casa. Logo o que sobrava do galpão em chamas iria ao chão, assim como todo o resto não tão distante que também não iria demorar a ser consumido pelas chamas. No entanto elas não pareciam arder ou importar mais do que o desejo de Liesel que se entregava para Francis. O seu rosto sempre tão suave agora expressava a libido que lhe ditava as ações, assim como as mãos de dele em seu seio ou a cabeça do pau a roçar em seu clitóris. Enquanto o beijava, podia sentir perfeitamente a marca da boca, a elevação e a fissão da pele da cicatriz provocada pela má formação de nascença. Ela não se importava, até gostava uma vez que passar a língua em seu lábio para senti-la a lembrava de quem era o parceiro para quem se entregava. Tinha um apreço enorme pelo amigo de infância, mas gostava de desvendar o homem que ele se tornara através de seus instintos. Deixava que ele sentisse a resposta do seu mamilo ao dedo dele quando o seio se enrijecia enquanto ela empurrava para trás a jaqueta pesada de couro, ansiosa por descobrir o que mais havia mudado. Mais uma vez impulsionou a cintura para frente e o toque da cabeça entre os pequenos lábios dava a certeza de que ele não a decepcionara até então. E depois de livrá-lo da jaqueta, passava a mão pelos braços, subia pelos ombros e gostava de sentir o quão firme e desenvolvida era a sua musculatura na palma das suas mãos. Não satisfeita, repuxava o tecido da camisa na região do ombro, a fim de também retirá-la, mas ele apertou a sua bunda, e finalmente a penetrou. De olhos fechados, Liesel diminuiu o toque com os lábios e o enlaço das línguas para soltar um gemido manhoso e expressivo. Francis agora mordia o seu lábio inferior, mas ela estava centrada demais na anatomia que invadia a buceta molhada e passava a espalhar todo fluído excitado que ela produzia. Assim, não movia os lábios, deixava que ele o prendesse quando no máximo voltava a gemer baixinho quando movimentava a cintura para senti-lo cada vez, e mais fundo. Fundo por conta dele, que agora movia a pelve para continuar a penetrá-la em conjunto com as mãos que auxiliavam seus movimentos de vai e vem. Parecia ser a primeira vez que Dolarhyde tomava a frente e ditava qualquer coisa na relação de ambos, e ela não via problema algum nisso, desde que ele continuasse proporcionando a ela aquele imenso prazer. Anos haviam se passado desde que ela viu o pênis dele ainda na infância, mas nunca o havia associado a tal ato. Não imaginava que aquele órgão teria se desenvolvido tanto, atingisse aquele tamanho e nunca cogitara que senti-lo dentro dela despertaria as sensações que sentia. As pernas formigavam, quase enfraquecidas, no entanto serviam de base a apoio para continuar uma cavalgada lenta a princípio, mas que aos poucos ela intensificava para continuar a sentir a cabeça apertada entre sua musculatura interna. O arrepio da pele que se iniciava nas coxas irradiava por todo o corpo, até os fios da nuca antes dos longos fios de cabelo longos e sedosos que também dançavam no ritmo dela. Era a respiração forte dele que ela podia ouvir melhor que a sua que a fazia querer se aproximar ainda mais para ouvir de perto, no pé da orelha, ao mesmo tempo em que queria ver na sua feição se estava tão excitado quanto ela. Assim, precisou cessar o beijo para testemunhar a segunda opção. Parou o movimento dos lábios, afastou um pouco o rosto ao inclinar o corpo para trás para então poder vê-lo. E quando o fez sentiu uma estocada certeira, o que a fez gemer mais alto e que o som se propagasse por todo o recinto. Liesel percebeu que com o corpo projetado para trás, o mastro passava em uma região específica dentro dela, o que a estimulava de dentro para forma de uma maneira única. Assim, levou as duas mãos para trás, para apoiá-las nos joelhos de Francis, deixando seus seios em evidência enquanto ela o encarava com desejo no olhar. Um sorriso culpado e delicioso se formou nos seus lábios corados. Em todos os seus relacionamentos, mesmo durante o casamento de anos não costumava demonstrar o que para ela era tamanha libertinagem, imprópria para mulheres da criação que recebera. No entanto, A soma de todas as circunstâncias e principalmente o fato de ser Dolarhyde com quem compartilhava aquela experiência inusitada a livrava de um sentimento de culpa por proceder de uma forma ruim, teoricamente. Ela estava gostando. Deixava os olhos verdes fixos nos dele enquanto arqueava uma das sobrancelhas e mordia o lábio inferior, tomada de tesão. Mas logo foi obrigada a abrir os lábios para voltar a gemer em bom tom, toda vez que sentia a pressão do mastro duro roçar a parede interna onde do lado de fora, localizava-se o clitóris. –Ahhh...! Ahh...! Ah...!- Sentia um pouco de dor pela fricção, mas nada que encobrisse o seu prazer, estampado em seu rosto pelos lábios abertos, o ponto entre as as sobrancelhas apertado e a cor que ela adquiria à medida que o sangue corria mais depressa. A ruiva já ofegava e até mesmo os sons que ela mesma emitia pareciam ser um catalisador para sua libido. Percebia Francis olhado os seus seios, sem imaginar que era o som das batidas do seu coração que lhe chamavam a atenção. Desviava a atenção dos olhos dele para ambos, querendo conduzir também o olhar dele, insinuando claramente que podia fazer o que bem quisesse com eles enquanto as curvas bem torneadas do corpo se moviam para baixo e para cima. Pela posição e o modo como ele a estocava, bem como a excitação que crescia exponencialmente, a ruiva imaginava que se continuasse daquele jeito não demoraria a chegar ao ápice. Teve preocupações para dar início aquele envolvimento, mas agora não queria parar, muito menos encurtá-lo. Assim, impulsionou o corpo de volta para frente, aproximando o seu rosto de Francis enquanto os seios fartos agora roçavam pelo peitoral desenvolvido dele. Curiosa ao desfrutar de uma sensação inédita, queria saber o que ele pensava de tudo aquilo. A garota pegou as mãos dele, apoiou uma delas em sua cintura e a conduziu para um aperto forte, para depois conduzi-la para a sua coxa arrepiada por baixo do vestido e guia-la em direção a sua bunda. Logo cessou a cavalgada para mudar o ritmo e o movimento, passou a rebolar, fechou os olhos por um instante na primeira vez que sentiu a musculatura interna envolver todo o pau dele com a circulação. Já a outra, ela levava para o clitóris e sem interromper o ato, deixava que um dos dedos dele passeassem pela região para também se molhar antes de trazê-lo para perto da sua boca. Ela ainda o fitava quando ousou dizer. –Gosto que tenha me deixado assim.- Ao envolver o dedo dele molhado pelo próprio fluído, devagar e deliciosamente, Liesel esperava que ele entendesse a que se referia. Ela e excitara, a molhara como nenhum outro com tamanha facilidade. Depois soltou as mãos dele, o deixou livre para fazer tocar o que quisesse enquanto ela levou as duas mãos para tocar o pescoço e o maxilar ao mesmo tempo, segurando o rosto dele enquanto o olhava, carinhosamente. Por mais libertina que tentasse ser, não perdia traços da sua delicadeza e agora o acariciava por isso. –Diga-me o que tenho que fazer para te excitar como você me excita.- Os olhos fixos permaneceram atentos quando ela apertou a musculatura interna e comprimiu o pau dele para ver o que ele achava daquilo. A garota que costumava ditar as brincadeiras como sempre agora abria espaço para ele se pronunciar e dizer como queria brincar. –Quero que sinta o que eu estou sentindo.- Continuava os movimentos circulares com a cintura, vez ou outra alternando a compressão, diminuindo e aumentando o ritmo, esperando que a alternância acentuasse a excitação dele. Desviou o rosto para a lateral do dele, encostava a pele na dele para que Dolarhyde pudesse sentir o quanto ela queimava. –Vamos, me diga o que preciso fazer para que sinta o que eu sinto. Você sabe, não sabe?- Sussurrava ao pé do ouvido, então beijou o lóbulo da orelha enquanto o abraçava e subia uma das mãos para arranhar de leve a nuca e o pescoço.
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Mensagem por Francis Dolarhyde Qui 02 Fev 2017, 02:03



────⊰☫ The Great Red Dragon - Croatan National Forest, USA - Burton's Farm

O manto negro da noite era consumido pelas labaredas, envolvendo em seu abraço quente as evidências daquele novo assassinato. O som da madeira devorada pelo inferno emitia rugidos mortificantes e a brisa fervorosa alimentava o fogo, que em verdade não queimavam apenas o balcão, mas também a sanidade de Francis Dolarhyde, que minguava cada vez mais, em esquize com a realidade. Não teriam muito tempo e dessa vez não apenas pelo risco de serem vistos, mas principalmente pelo risco que corriam de serem queimados. Mas era impossível parar. Aquele desejo precisava ser satisfeito e nos lábios dela, ele percebia que essa urgência era compartilhada. Lembrar-se da cicatriz sempre o constrangia e sentir a língua de Liesel tocá-la interrompia seus movimentos temporariamente, como se ele travasse naquele instante. Francis abria os olhos e ao contrário do que esperava encontrar, viu naquele rosto perfeito expressões de prazer e entrega, que intensificavam o desejo findando aqueles segundos de confusão. Seu fluido molhava a glande, que estimulava o clitóris e escorria pelo pau, deixando claro que ela também o desejava. Liesel se livrou de sua jaqueta e da camisa, deixando o tronco exposto a ela, onde suas cicatrizes mais recentes ainda traziam certa sensibilidade. O pescoço ainda estava marcado pela mordida feroz de Hannibal, que quase rompeu sua jugular, na lateral ainda estava a marca das facadas e no abdômen aquele corte amplo e mal costurado era a mais visível e extensa de suas cicatrizes, uma marca carregada de ódio, medo e superação. Lembranças da noite em que teria morrido se ainda fosse um humano comum. Mas não... ele não era mais humano... introjetando o dragão ao devorá-lo, ele se tornou muito mais. Sua transformação estava completa com ele e o dragão se transformando numa mesma criatura. Dolarhyde agora sentia-se muito maior que os limites de seu próprio corpo e sua sobrevivência era prova disso, então daquelas cicatrizes ele não se envergonhava. Elas evidenciavam seu poder. Exatamente o oposto de sua deformidade na face, que mesmo com a cirurgia corretiva, ainda o incomodava.
Era estranho pensar que alguém poderia aceitar sua imagem, afinal nem ele mesmo a aceitava... ninguém aceitava... mas Liesel... ela foi a única que mesmo assim aceitava brincar com ele e isso não parecia ter mudado em nada, mesmo com o tempo que ficaram sem se ver. Ela ainda era sua amiga de infância. Francis pressionou com mais força o seio, conforme ela se movimentava, a outra mão acompanhava sua cintura enquanto seus olhos incrédulos se prendiam em seu rosto mais uma vez. Como uma mulher perfeita como aquela poderia se entregar a suas carícias daquela forma? Ele observava atento seus olhos fechados e os lábios se afastando dos dele para um gemido manhoso e expressivo, enquanto sua musculatura interna apertava o membro que ele impulsionava contra ela para ir mais fundo. Ele mesmo respirava mais forte, pela primeira vez tomando a iniciativa na brincadeira... uma que os adultos sempre reprovaram. As mãos deslizavam contornando a cintura, acompanhando o ritmo de Liesel e assim como quando brincavam na infância, ele também se entregava completamente a ela, permitindo-se envolver muito mais do que seria capaz de imaginar naquela cavalgada lenta e nas sensações que ela provocava. Desde a primeira vez que a viu, já ficou curioso para tocá-la, mas fora repreendido e agora nada mais o impedia. Podia sentir a pele dela se arrepiar e aquilo também o excitava, sentir seu corpo o excitava e ver o modo como se movimentava o enlouquecia... Quando Liesel projetou o corpo para trás, sentiu a glande passar por uma superfície diferente, não era lisa como o restante e isso o fazia delirar soltando um gemido abafado pela dificuldade natural na fala e conforme o ritmo aumentava, olhava para os seios, que acompanhavam esse movimento de um ângulo maravilhoso, permitindo que também notasse o sorriso dela... um sorriso de culpa e atrevimento pelo que aprontavam longe dos adultos.
Ela estava viva e as batidas de seu coração eram prova disso... elas ecoavam mescladas ao som dos gemidos e da penetração, mas logo Liesel puxou seu olhar de volta para a face corada e aproximou o corpo, pressionando os seios contra seu peito e conduzindo suas mãos para um aperto mais forte na cintura, em seguida direcionando uma para a coxa, que ele percorria apertando, deliciando-se com a textura macia de sua pele e por fim deixava-a na bunda, que ele também apertava e estimulava, explorando curioso cada parte de sua anatomia. A outra era conduzida ao clitóris, que ele não hesitava em explorar, com uma curiosidade até infantil... inocente. Logo ela cessou a cavalgada e começou a rebolar, um movimento que o massageava de tal forma que ele mesmo fechava os olhos, inclinando a cabeça para trás, apertando a bunda dela enquanto acompanhava esse movimento circular e brincava com o clitóris, contornando-o, pressionando-o, roçando os dedos sobre ele, provocando diferentes estímulos, enquanto tentava conhecer melhor o corpo de Liesel. Abriu os olhos quando ouviu sua voz e olhou para os próprios dedos molhados, que ela mostrava. Parecia ter gostado de ficar molhada daquele jeito e ele também tinha adorado sentí-la assim, então disse sem pensar.
──── Também gosto... ────   com as mãos livres de novo, a mão que estava molhada, ele deslizou sobre sua coxa, também umedecendo sua porção interna e a outra subiu até o rosto, acariciando-o durante aquela pausa. Ouviu seu pedido para que lhe contasse o que mais poderia excitá-lo, mas permaneceu calado, afinal não sabia dizer. Ficou pensativo por um instante, mas logo foi surpreendido pela compressão repentina de sua musculatura interna, o que provocou um arrepio sem igual, fazendo-o pulsar dentro dela e travar todo o corpo. ──── Isso... ────   murmurou em um gemido abafado ──── Faz isso... ────   pediu quase sem conseguir pronunciar as palavras, prendendo toda sua atenção aos estímulos que sentia. Ela continuava com os movimentos circulares e alternava a compressão e o ritmo fazendo-o inclinar a cabeça para trás de novo, contraindo toda a musculatura prendendo as duas mãos em suas coxas dessa vez, para não correr o risco de machucá-la. ──── Ahhh... Liesel... ────   suspirava ouvindo suas palavras, mal acreditando que ela ainda teria dúvidas se ele estaria sentindo o mesmo que ela. ──── Mas eu sinto... ahhh... o mesmo... ────   tentava responder, mas sequer sabia como expressar o que sentia em palavras. Acreditava que sentia o mesmo que ela, mas nem isso poderia ter certeza ou descrever. Sua pouca instrução não o permitiu formar um vocabulário muito vasto que pudesse expressar aquela sensação... só sabia que era algo muito forte. Dessa vez, aquela menina ruiva que sempre ditava as brincadeiras o questionava sobre o que ele queria, mas talvez por ter sido sempre tão submisso, o "pequeno Dolarhyde" não sabia o que dizer. Apenas sentia o arrepio de sua voz no ouvido, o beijo no lóbulo da orelha, o abraço gostoso e o toque das mãos que levemente arranhavam a nuca e o pescoço.
──── Você é fraco e ignorante demais! Eu vou devorá-la... ────   a voz do dragão ecoava como se todas as paredes rugissem, então ele abriu os olhos e só então percebeu o odor forte da fumaça, que aos poucos invadia a casa simples de madeira. Mais uma vez era repreendido, mas pelo dragão. ──── O fogo... ────   disse baixinho, afinal preferia continuar o que estavam fazendo entrando em um conflito dentro de sua psicose, sem saber se ouvia o dragão e parava ou se continuava... queria continuar... mas não queria deixar que o dragão a devorasse. Seu corpo desejava mais do que tudo continuar... não demoraria muito mais para gozar, chegou a pressionar o corpo dela mais uma vez, movendo a pelve para penetrar mais fundo e ouviu mais uma vez. ──── PEQUENO! FRACO! COVARDE! IMUNDO! RETARDADO! ────   a voz do dragão ecoava ainda mais alto, porém aquele não era mais o pequeno Dolarhyde. Subitamente ele afastou Liesel, saindo de dentro dela e se levantou, mas seguiu para trás dela e a empurrou contra o sofá. Assumia o controle, direcionando seu corpo para que apoiasse os joelhos no sofá e o corpo no encosto para que deixasse a bunda empinada pra ele. Aproximou o corpo novamente deslizando a cabeça pela entradinha molhada e inclinou-se sobre ela envolvendo-a com uma das mãos pela cintura enquanto a outra deslizava sobre as costas até subir pela nuca e prender os cabelos, firmando sua cabeça para que olhasse para frente e contemplasse o fogo do dragão que já estava bem próximo da residência. ──── O poder do dragão... ────   murmurou perto do ouvido e em uma estocada profunda invadiu aquela buceta apertada e voltou o olhar para as chamas orgulhoso, mostrando para o dragão que não tinha mais medo dele. Afinal foi ele quem o devorou, tornando-se mais poderoso. Continuou ouvindo as ofensas do dragão, mas seu olhar estava fixo nas chamas que ele produzia, aumentando o calor de seu próprio corpo que era consumido pelo tesão. Pela primeira vez sentia ter o controle de tudo em suas mãos... da amiga de infância, do dragão, da vida e da morte...
Sem nenhum tipo de resalva mais, fodia aquela mulher com tamanha intensidade que era como se o próprio dragão passasse a fluir pelo seu corpo, fundindo-se a ele, talvez satisfeito pela evolução que Dolarhyde apresentava em seu comportamento, demonstrando não ser mais aquele menino pequeno e fraco. Agora era grande, forte e detinha o poder do dragão... poder esse, que naquele momento investia sobre o corpo de Liesel satisfazendo seu próprio prazer, sem se importar com o risco que o fogo representava, assim como a fumaça que invadia o local.

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Mensagem por The Lizard Qui 02 Fev 2017, 02:04

Tomada pela excitação, a ruiva o havia questionado o que poderia fazer para que proporcionasse a ele o mesmo que ela sentia. Ela mesma se perguntava se seria possível ele ficar com as pernas dormentes como as dela estavam e ainda assim, sustentar o corpo que insistia no rebolado, encaixada no pau dele. Ela se perguntava se o corpo dele queimava como o dela e ao mesmo tempo se arrepiava como se fosse o frio a causar os pelos eriçados. Mas não era a perca da temperatura corporal, era apenas tesão que causava o arrepio por todo o seu corpo e deixava os seios enrijecidos em contato com o peitoral dele tão firme. À medida que o ritmo dos seus movimentos aumentavam também aceleravam as batidas do coração, em conformidade com a adrenalina do ato e o prazer. Sentia as mãos fortes dele pressionando as coxas, a bunda e imaginava o quão vermelha a sua pele alva estaria naquele instante. A mulher mordeu o lábio e nem isso foi capaz de impedir um sorriso libidinoso que escapou pelo canto deles. Se parasse pra pensar, certamente saberia que agia como uma mulher promíscua, mas a única coisa que lhe tomava a mente e o corpo era o quão bom era sentir o pau dele roçando dentro dele e o corpo dele que envolvia o seu de forma tão única. O fato dele estimular o seu clitóris, desencadeava outro arrepio, acentuava seus movimentos da cintura e o abraço que o envolvia. Se não parecesse surreal, o corpo parecia propício a tremores. Mas isso seria possível? Nunca havia acontecido, no entanto ela não sabia explicar o controle que lhe escapava e os movimentos involuntários da musculatura ditados pelo movimento do dedo em seu clitóris proporcionando um prazer imensurável. Foi quando percebeu que Francis parecia aproveitar daqueles estímulos tanto quanto ela. Ele fechou os olhos, inclinou a cabeça para trás, apertou a sua bunda e pressionou o seu clitóris. Como tudo o que ele fazia nela poderia refletir nele? Se tivesse que arriscar uma resposta seria o modo como o pau dele pulsava dentro dela. Então o ouviu dizer que gostava do que ela fazia com ele e sorriu, satisfeita. A carícia dele em seu rosto não provocou o rubor do seu rosto que já estava corado pelo ato sexual, mas foi responsável pelo olhar encabulado por sentir um carinho em meio ao instinto carnal. Apesar de ter mudado tanto, o velho Francis parecia o mesmo em alguns aspectos, como o cuidado que tinha com ela. Liesel gostava de reconhece-lo tanto quando a mão úmida na parte interna da sua coxa. Logo que o comprimiu dentro dela percebeu também como ele pulsava e o gemido dele aprovando o ato. E assim que ele inclinou a cabeça para trás novamente, ela percebeu uma cicatriz no pescoço dele. Diferente do lábio cicatrizado, essa era nova e diferente. Não tinha ideia de como ele havia conseguido algo como aquilo, mas naquele instante estava disposta a ignorar seus questionamentos. A ruiva diminuiu o ritmo do rebolado, o parou na verdade apenas para poder sentir o pau pulsando forte à medida que ela o comprimia com a musculatura interna. Mas não conseguia ficar parada por muito tempo uma vez que ele mesmo incentivava o rebolado e voltava a contornar o pau dele com o movimento da cintura, acentuando o prazer toda vez que uma mudança brusca do movimento para o fim dele o causasse. Ela se calou, o silêncio se instalou com a ausência dos seus gemidos se não fosse o som das labaredas estalando forte. Queria ouvir a voz dele, as palavras saindo com dificuldade e saber quem dizia o que ela queria ouvir. Era Francis pronunciando o seu nome, dizendo estar tão excitado quanto ela. Ela beijava o lóbulo da orelha dele, descia os lábios macios pelo pescoço e maxilar. Continuava a comprimi-lo e toda vez que pensava no prazer dele o seu próprio crescia a ponto de, mais uma vez, tomar-lhe o juízo. Liesel mordiscou a pele do pescoço dele, o comprimiu mais uma vez, forte para sentir o pau pulsar mais uma vez. E dessa também não pode conter suas unhas impetuosas lhe arranhando os ombros e a musculatura desenvolvida. Cada vez mais agia como não deveria, despertava uma devassidão que nunca lhe pertencera. Logo voltou a projetar a cintura para frente e para trás, sentindo quase a base do pau dele no molhado de sua entrada e a cabeça do pau lhe acertando o fundo do útero com estocadas curtas, o que a fez voltar a gemer baixinho próximo ao ouvido dele. Estava completamente entregue ao corpo dele e queria que ele soubesse que ela também estava. Tanto que sequer prestava atenção no fogo que se desenvolvia e considerava o calor propício do ato e da excitação.



Ele disse alguma coisa que ela não entendeu bem. Não era uma surpresa, sabia como agir. Usou do bom senso e deduziu que ele falou algo sobre o fogo, mas apertou-lhe o corpo antes de penetrá-la fundo e arrancar-lhe mais um gemido. Fogo... seria no sentido figurado ou...? De fato havia fogo. E quando ela suspirou profundamente sentiu o cheiro da fumaça, o que a fez abrir os olhos e se afastar do ouvido e do pescoço dele. Quando deu por si, viu as labaredas altas que já haviam tomado praticamente toda a varanda pela janela. –Francis!- O chamou de modo ofegante para despertá-lo de qualquer transe que ela também compartilhava e trazê-lo a uma realidade perigosa para ambos. Por sorte ele percebeu, a avisou e afastou o seu corpo. Aquilo era loucura! Não dizia nada, mas agora com o coito interrompido percebia a insanidade do que faziam. Logo subiu uma alça do vestido para começar a arrumá-lo, faltaria a outra já que a barra desceu automaticamente. –Precisamos sair...- Antes de terminar sua sentença sentiu o corpo de Francis se chocar contra suas costas, a empurrando contra o sofá. –O que está fazendo?- Ainda estava ofegante demais, afoita demais para perceber que tamanha ferocidade por parte dele estava voltada para o ato, não para a fuga. Ele a colocou de joelhos no sofá e projetou a sua bunda para trás. Precisou que ela olhasse para trás para ver o corpo dele desnudo e o modo como se movimentava, a conduzia para a continuidade. –Francis!- Ela cobrou sua consciência. –Agora não! Não está vendo?- Já sentia a cabeça do pau dele escorregar pelo molhado de sua entrada e o corpo inclinado por ele, fazendo o tronco se apoiar no encosto do sofá e favorecendo uma posição adequada para a penetração. Mas por mais que o corpo de ambos clamassem por isso, era o calor vivo do fogo tão intensamente alaranjado quanto seus cabelos que ardia em seu rosto e agora ela sabia que não era nada figurado. Ela já via as sombras tortuosas causadas pelas chamas nas paredes da sala, bem como as sentia se mover pelo seu rosto. E quando Francis firmou sua cintura e a imobilizou pelos cabelos ela soube que não era o rosto imóvel que as acentuava, e sim o fogo que chegava mais perto. Ele a fazia olhar o fogo e se referia ao dragão. Seria inadequado ou imaturo demais considerar um fetiche da parte dele? Não obteve uma resposta nítida uma vez que ele a invadiu novamente, com força o bastante para fazê-la gritar. Dessa vez não gemeu, não controlou os instintos. Um grito de dor e prazer ecoou pela sala, embora um pouco ofuscado pelo estalar das chamas e o choque dos corpos. Mais uma vez ele a fodia e mais uma vez ela tinha dificuldades para controla-lo. E sentia até uma certa culpa por não saber se sentia falta do garotinho submisso que sempre a obedecia, uma vez que o homem sedento a contrariava e lhe conferia um prazer que ela gostava.

O vestido permanecia desarrumado já que novamente a barra estava na cintura e revelava as nádegas brancas com marcas avermelhadas feitas pelas mãos dele. Pela posição, também o ânus que se contraía refletindo na movimentação de todo o períneo que pressionava o pau dele dentro da buceta quente, inchada e molhada. A cintura e o quadril iam para trás e para frente, provocando o choque contra a pelve dele que também se movimentava e ela também o assistia pela sombra os imitando na parede. Liesel sequer conseguia desviar os olhos, assistir a silhueta de ambos e como ele a fodia a faziam se molhar ainda mais. E era delicioso poder sentir na buceta e no arrepiar do seu corpo como o pau dele a enlouquecia e a fazia gemer sem pudor. Um dos seios fora preso e coberto no elástico do vestido quando ela arrumou a alça do lado respectivo. Mas o outro ainda balançava em conformidade da ferocidade do ato, por mais duro de tesão que estivesse. Sentia a pele do rosto arder, até mesmo a transpiração começar a molhar todo o corpo devido as suas ações e o calor das chamas. Mas era o murmuro dele próximos aos seus ouvidos que fazia a sensação de tremor voltar a tona junto ao roçar do pau dele em seu fluído molhado. –Nós vamos queimar!- Dessa vez estava disposta a contraria-lo, mas a voz trêmula confirmou e anunciou o corpo que de fato começou a tremer de tesão. Tentava olhar para trás e só o que via era a virilidade dos movimentos de Francis, um relance dos ombros vermelhos que arranhara instantes antes. Desejou ter marcado um pouco mais enquanto travava os dentes. –Por favor, pare!- Por mais que o pedisse para parar, ela mesma era incapaz de cessar o vai e vem uma vez que os tremores e o desejo do corpo insistiam que algo muito maior e mais gostoso estava para vir. o fogo se aproximava, a fumaça já a incomodava e só o que sentia era o formigar das pernas, o descontrole da própria buceta que teimava em engolir aquele pau sem ressalvas. Ela tombava o corpo para frente, às vezes para o lado tentando se livrar das mãos que pareciam segurar a sua cintura e os cabelos com mais força devido a sua tentativa de escapatória. E quanto mais ela se movia, mais melodiosamente ela gemia. Chegou ao ponto de a própria voz acentuar sua libido uma vez que ela transmitia toda a sua excitação e dor. E tudo que a rodeava tornou-se um estímulo, a fazendo se esquecer do perigo e se entregando mais uma vez a sensação que o amigo de infância lhe proporcionava. –Ahhh!- Expressou-se com tesão. –Vai! Ahh vai!- Os olhos agora estavam fechados e o tremor vinha acompanhado de espasmos quando o movimento que fazia evidenciava o próprio clitóris. Mordeu o lábio inferior, as mãos apoiadas no sofá já o pressionavam com força quando o orgasmo tomou conta do corpo de Liesel. A garota se contorceu completamente sem saber se o fazia pelo prazer, por não querer que acabasse ou desejar sair dali. Gozou de um modo estranho para ela, podia jurar que seu gozo fora expelido com pressão devido a presença do pau dele, mas sentia ambos quente e ainda mais molhados entre as pernas. Francis proporcionara a ela o ápice do prazer, um ato sexual com um desfecho que nunca tivera e que havia gostado. E atendeu a sua vontade de olhar para ele que continuava a penetrá-la intensamente percebendo que estava tão envolvido quanto ela e que provavelmente ele também não demoraria a gozar. Embora tivesse acabado de gozar, Liesel ainda podia sentir que as estocadas dele ainda a estimulavam. Era clara a contração da sua musculatura interna, típica do pós gozo e o que a surpreendia era a sua vontade que não parecia cessar. Assim, o olhar se fixava no vai e vem dele e com um sorriso libidinoso resolveu estimular o que nomeou como fetiche. –Levanta-te como um monstruoso Dragão Vermelho. Temido, pois é poderoso! Violento e dono da sua própria existência. Fode com ferocidade bestial a forma pura vestida de sol que anseia te sentir dentro dela.
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Mensagem por Francis Dolarhyde Qui 02 Fev 2017, 02:05



────⊰☫ The Great Red Dragon - Croatan National Forest, USA - Burton's Farm

Liesel tinha um corpo exuberante, se já a achava bonita antes, agora então... ficava abismado observando as transformações sofridas por seu corpo, que assim como o dele estava muito melhor. Ele não poderia estar mais satisfeito, então gentilmente tocou o rosto de Liesel como se duvidasse que ela fosse real. Precisava sentir a textura de sua pele, seu calor, observar seu rubor e as expressões de prazer que contrastavam com uma inocência trigueira. Eram duas crianças más, sabendo do castigo que os aguardaria se fossem flagrados ali, no entanto não se importavam e continuavam fazendo aquilo que os adultos reprovavam. Podia até ser sujo e feio o que ele tinha entre as pernas, como a avó falava, mas nada era capaz de elevá-lo de uma forma tão sublime como isso que ela sempre ameaçava cortar. Um prazer carregado de poder capaz de transformar o "pequeno diabrete" em um homem de verdade, o homem que posteriormente se transformou em dragão. Aquele que detinha o controle sobre seus próprios desejos e ações, que encontraram nos braços de Liesel, aconchego, carinho e reciprocidade. Ao sentir a mordiscada no pescoço, sentiu um calor descer pela coluna e mais uma vez o membro robusto pulsou dentro dela e de novo ao sentir as unhas percorrerem suas costas e os ombros. Ele movia a pelve para manter o ritmo das estocadas, deliciando-se com os movimentos de seu quadril, até entrar em conflito com o dragão novamente. Um conflito que teve uma reviravolta arrebatadora, quando finalmente Francis conseguiu sentir de fato que tinha absorvido todo o poder do dragão. Enquanto explorava o corpo de Liesel, como um estudante dedicado, Francis era cuidadoso. Temia ferir a única amiga que tinha e fazê-la desaparecer de novo. Porém, o dragão ainda ameaça destruí-la, então ele precisou lutar para proteger a única pessoa que ainda lhe restava. A única que ainda brincava com ele, então lutou contra o dragão e dessa vez fortalecido pela companhia da amiga de infância e pela introjeção do dragão, deixou claro quem foi devorado e isso modificou completamente sua personalidade, levando-o a assumir uma postura muito mais ativa.
Pela primeira vez, seu rugido entrou em uníssono com a voz de Francis, ecoando pela sala e contrapondo-se ao ruído das chamas que consumiam a madeira. Triunfante, seus lábios se moveram formando um sorriso deveras assustador pela expressão em sua face. Os olhos bem abertos continuavam a encarar as chamas, como se as desafiassem, afinal agora era ele quem as controlava, pois sua transformação estava completa. Cada carícia da ruiva, o deixava extasiado, mas não se comparava com o modo como seu corpo inteiro queimava ao se fundir com o dragão. Cada músculo parecia suplementado pelo poder do dragão, então seus movimentos passaram a apresentar também a ferocidade do dragão, que naquele momento empurrava a ruiva de costas para ele contra o sofá e ignorando todos os seus apelos e tentativas de repreendê-lo. Ninguém mais podia fazer isso. Não mais. Penetrou com violência a íntima molhada, atingindo a entrada do útero que açoitava com seu prazer. Um prazer agora doentio e destruidor, que imobilizava a garota que tentou se desvenciliar dele, impedindo que ela tivesse de escapar das estocadas, que agora eram mais vorazes e dolorosas para a menina ruiva. Aquele grito de dor que ecoava na sala, unia-se ao rugido do dragão em uma sintonia perfeita, que ele fazia questão de continuar conduzindo até o fim. Mal se importou com o fato dela ter tentado reajustar o vestido, escondendo o corpo, afinal o pouco que via naquele momento era mais que o suficiente para sua plena satisfação.

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──── Minha... Liesel é minha! ────   disse em um tom de voz alto e confiante, mostrando ao dragão que estava no controle e que ele nunca mais tiraria nada dele ──── Eu sou o Grande Dragão Vermelho! ────   exclamou em seguida com sua transformação finalmente concluída, percebendo o próprio corpo coberto de escamas, sentindo a cauda crescer e chocar-se contra o chão com equivalente violência às penetrações. A pele de suas costas rasgou-se permitindo a saída das asas, que abriam-se imponentes. Seus chifres emergiam provocando uma dor que não era capaz de derrotar seu prazer, assim como os dentes que cresciam afilados. As garras pressionavam o corpo de Liesel na cintura que ele prendia e a cauda passou a envolver a coxa direita da ruiva, prendendo seu corpo ao dele.
Só então, finalmente, Liesel parecia compreender o que ele havia se tornado. Suas alucinações provocaram uma transformação total de sua aparência, que era encarada como real, afinal ele podia sentir cada escama emergindo de sua pele humana formar aquela couraça indestrutível e Francis agora tinha certeza que Liesel era capaz de admirar sua transformação... e mais do que isso, de compartilhar com ele aquele prazer. Extasiado, percebeu que ela atingia o nível máximo de seu prazer, fato este que ele atribuiu à visão de sua majestosa presença e corroborado com as palavras que vieram a seguir, demonstrando veneração. Ela compreendia aquilo que ninguém mais fora capaz e com isso, Francis sentiu uma ejeção de sensações irradiar de seu corpo e explodir para fora de seu membro com tanta intensidade que todos os seus músculos contraíram ao mesmo tempo e assim permanecendo por mais algum tempo, forçando o órgão para dentro e para fora mais algumas vezes, até finalmente parar ainda dentro dela, com a respiração ofegante e soltar-lhe os cabelos, deslizando as duas mãos pelas costas até voltarem à cintura, que ainda prendia para permencer atrelado a ela mais um pouco.
Agora não tinha mais Rainha-Mãe Bailey para dedurá-los, nem a vovó... nem a vovó para repreendê-los ou ameaçá-los. Ela não estava mais ali para se decepcionar por Francis estar se comportando mal com Liesel, então ele não se apressava para sair dali, mesmo com o cheiro da fumaça se tornando mais forte a cada instante e as labaredas que tomavam as paredes começarem a invadir a sala, consumindo os móveis mais próximos. Uma sensação intensa de paz dominava seu corpo e sua transformação se desfazia e o homem estava de volta com todas as suas vulnerabilidades.
──── Quer que eu corte isso fora?! ────   a voz da avó ecoou tão alto que todos os outros sons do ambiente desapareceram subitamente e as paredes começaram a tremer, distorcendo tudo à sua volta. Os olhos de Francis arregalados sequer tinham coragem de olhar para trás ──── O que faz aí parecendo um porco atrelado a uma cadela?! ────   Não era possível... Por um instante ele perdeu as forças, paralisado. Engoliu seco, fora flagrado fazendo algo errado, de novo... era um mau menino e seria devolvido para o orfanato... o orfanato... Chegou a ver o reflexo da avó atrás dele com a tesoura na mão e então pareceu pequeno e frágil de novo, fechando as mãos com a musculatura dos braços tensionados, como fazia quando criança. Aqueles mesmos braços que outrora finos e desajeitados, passaram a ser revestidos por músculos bem desenvolvidos, apresentando uma força física que desaparecera naquele momento. A tesoura... seu maior medo na infância, podia até mesmo ouvir seu ruído, mas logo a proximidade das chamas provocou um incômodo insuportável nas narinas, que em função da complicada rinoplastia à qual fora submetido na infância, eram desprotegidas e muito sensíveis, sendo constantemente acometidas por doenças respiratórias. Elas ardiam com a fumaça que começava a ganhar espaço no aposento, relembrando-o que ele não era mais o pequeno Francis. Era o Grande Dragão Vermelho, e aquele era seu próprio fogo, seu próprio poder, consumindo tudo em sua volta. Voltou-se para Liesel, se lembrando da amiga de infância. Precisava tirá-la dali, ou ela também seria consumida pelo aquele abraço destruidor do fogo.
Com isso, ele retirou o membro de dentro dela percebendo o fio de sêmen que ainda o ligava à Liesel se romper e se afastou. Buscou reposicionar as vestes, colocando-as com demasiada pressa e consequente descuido, mal fechando o cinto. A jaqueta, ele erguia sobre a cabeça e envolvia a menina ruiva para acolhê-la, protegendo-a das chamas como se a colocasse por baixo de suas asas, afinal sabia que o couro não queimava. Rapidamente saíram dali, em direção ao carro estacionado na porta. Ele já estava carregado, contendo frutas e bebidas, que Francis deixava no banco do passageiro, mais próxima ao alcance de ambos, algumas peles, para o frio e a mochila de escalada e uma mochila mais simples, contendo os poucos pertences que ainda restavam após ele mesmo incendiar sua antiga casa para encobrir seus rastros. O carro era um Jeep Cherokee - 1975 4x4 um carro antigo, porém muito apropriado para áreas rurais como aquelas, podendo atravessar até mesmo terrenos alagados, se necessário. Perfeita para a fuga, pois com a leve alteração que ele fez na placa com tinta, despistariam a polícia e o FBI, enquanto o fogo consumiria os vestígios da presença de ambos.

Francis Dolarhyde
Francis Dolarhyde
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