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Mensagem por Geralt Gwynbleidd Qui 15 Nov 2018, 00:52

Ꮤiedźmin Geralt
【Gwynbleidd】

LILAC AND GOOSEBERRIES
ALCUNHAS:
➳ White Wolf
➳ Gwynbleidd
➳ White One
➳ King-Slayer
➳ Butcher of Blaviken
➳ Ravix of Fourhorn
➳ Geralt Roger Eric du Haute-Bellegarde
➳ Sir Geralt of Rivia (nomeado cavaleiro por Meve após a Batalha da Ponte de Yaruga)
Tópico reservado para postagens do jogo com a personagem:
YENNEFER OF VENGERBERG
Turno ambientado no cenário de The Witcher 3, após a conclusão de todas as DLCs, no entanto com algumas várias adaptações que eu e a Yen combinamos modificando coisas que não gostamos na sequência de jogos, como as mortes de alguns NPCs importantes e alguns vínculos afetivos. O final da saga fica com um tom melancólico demais quando na verdade existiriam alternativas melhores que não foram apresentadas em jogo. Logo, essa trama se passa após a conclusão de Blood and Wine e as modificações serão apresentadas ao longo da narrativa. A quem se incomodar, apenas lamento, pois nossa liberdade criativa reina nesse espaço onde podemos dar continuidade a essa Saga sem deixar morrer a franquia ou ter que se restringir ao conteúdo já existente nos jogos e livros. Os fatos mais importantes que modificamos foram: a morte de Vesemir e o fim da Escola do Lobo com cada um seguindo para o seu lado, o relacionamento de Geralt com a Duquesa Anna Henrietta, a morte de Dettlaff (sim, havia uma saída bem óbvia que ignoraram no jogo) e por fim aquela Moira que foge e Geralt e Ciri simplesmente se esquecem dela. Eu e a Ciri até chegamos a combinar um jogo pra caçar a última Moira porque no jogo o Geralt só vai atrás se a Ciri morre.
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Mensagem por Yennefer of Vengerberg Qui 15 Nov 2018, 11:26

"How ravishing she is, he thought. Everything about her is ravishing. And menacing. Those colours of hers; that contrast of black and white. Beauty and menace. Her raven-black, natural curls. Her cheekbones, pronounced, emphasising a wrinkle, which her smile – if she deigned to smile – created beside her mouth, wonderfully narrow and pale beneath her lipstick. Her eyebrows, wonderfully irregular, when she washed off the kohl that outlined them during the day. Her nose, exquisitely too long. Her delicate hands, wonderfully nervous, restless and adroit. Her waist, willowy and slender, emphasised by an excessively tightened belt. Slim legs, setting in motion the flowing shapes of her black skirt. Ravishing"







O inverno havia chegado e trazia consigo aquela típica brisa enregelante, característica da estação. Não fosse pela magia emanada constantemente de suas duas mãos, a feiticeira Yennefer de Vengerberg provavelmente estaria tremendo de frio, tanto quanto as crianças que vira correndo há alguns minutos atrás. Com olhos arregalados e bocas abertas, as expressões de surpresa dos dois jovens intrigaram a feiticeira, que não teve tempo de dizer uma sequer palavra antes dos dois saírem correndo pela direção contrária. Yennefer observou os dois correrem em silêncio, abafando um riso quando a criança mais gorducha tropeçou num montante de neve e caiu de cara no chão. Época estranha do ano para se treinar crianças bruxas, ela pensou.
Seu cavalo negro trotava com um pouco mais de dificuldade a medida que se aproximavam das ruínas de Kaer Morhen, agora completamente cobertas de neve. A paisagem fornecia o perfeito contraste para o alazão de Yennefer, assim como seus cabelos e seu vestido completamente negro, escondido sob uma capa igualmente negra.
O cavalo subia o caminho com um pouco de dificuldade, o que só podia indicar que estavam chegando a entrada da fortaleza. A feiticeira podia ouvir vozes distantes, embora não conseguisse distingui-las. Após alguns minutos chegou a entrada do local, que estava exatamente igual ao que lembrava, exceto talvez por mais algumas ruínas, frutos da última guerra travada ali. A medida que se aproximava, pôde enxergar a silhueta de dois homens que aproximavam com cautela, rodeados de duas silhuetas menores, o que só pôde supor serem as duas crianças que havia visto mais cedo.
"Fofoqueiros." A feiticeira pensou, antes de descer cuidadosamente de seu cavalo, acariciando o rosto do animal em agradecimento. Ao aproximarem-se o suficiente distinguiu os rostos de Eskel e Lambert, ambos cobertos por grossos agasalhos de inverno, braços cruzados e queixos que tremiam ligeiramente.
── Yennefer. ── Eskel aproximou-se, tomando a mão da feiticeira nas suas e fazendo um leve aceno com a cabeça, em cumprimento. Yennefer retribuiu o cumprimento, ao mesmo tempo em que ouviu Lambert dirigir-se às duas crianças:
── Voltem a treinar. VOLTEM A TREINAR, eu disse. Antes que a feiticeira aqui os transforme em sapo, aí não poderei fazer nada. ── Um sorriso maldoso tomou os lábios do Bruxo ao observar as duas crianças correrem em pânico, seguindo o mesmo caminho pelo qual Yennefer havia vindo.
── Mais fácil eu transformar você, embora viver como um sapo lhe seja um castigo muito pequeno. ── O sorriso sumiu e o rosto de Lambert contorceu-se numa tentativa de esconder seus verdadeiros sentimentos. Embora já a conhecesse há muito tempo, ainda sentia-se intimidado com a presença da feiticeira.
── Yennefer. ── O bruxo disse amargamente, cruzando os braços em frente ao corpo.
A mulher fez sinal para entrarem na fortaleza, e ignorando o segundo bruxo, dirigiu-se ao primeiro:
── Como ele está? ── perguntou, liderando os dois para o portão principal de Kaer Morhen.
── Melhorando, eu acho. ── Eskel completou.
── Não sabia que estavam treinando novos Bruxos. Não sabia que ainda faziam isso. Quem foi a última criança que pegaram? Ciri?
── Ideia ele. ── Lambert resmungou. ── Já estou velho demais para treinar esses fedelhos, mas o que vamos fazer, o velho parece estar delirando...
── Não diga isso. ── Yennefer retrucou, virando e encarando Lambert com seus olhos violeta. O bruxo porém, não se intimidou.
── É verdade. Não sei o que você pode fazer, Merigold já esteve aqui. ── Lambert deu de ombros, sendo observado por Eskel, que concordou com a cabeça.
── Que bom então que não sou Triss Merigold. ── Yennefer virou-se e abriu a grande porta que os levava para o salão principal de Kaer Morhen. O grande aposento estava vazio, porém uma longa mesa fora posta no meio do cômodo, em frente à lareira. Os bruxos suspiraram em alívio e começaram a se despir de seus grandes casacos de pele.
── Ficará para o jantar, Yennefer? ── Eskel perguntou, indicando com a cabeça a longa mesa de carvalho.
── Talvez. Falarei com ele primeiro. ── O bruxo consentiu com a cabeça e Yennefer seguiu em direção as escadas, subindo os degraus com agilidade e indo em direção ao quarto principal da fortaleza. Andar por aqueles corredores a enchiam de lembranças, amargas lembranças de outra vida, onde um dia fora feliz vivendo com um certo bruxo. Tentou tirar aqueles pensamentos da cabeça ao bater com uma mão firme na grande porta, atrás da qual uma voz baixinha sussurrou: "Entre."
Vesemir estava deitado no meio de uma grande cama de casal, sob o peso de vários cobertores das mais diversas cores. O espaço livre da sua cama, assim como sua mesa de cabeceira, estavam cobertos de livros pesados, pergaminhos antigos e penas de escrever. O fogo crepitava alegremente em uma lareira próxima. O bruxo sorriu ao olhar para a visitante.
── Yennefer. Que adorável surpresa.
A feiticeira aproximou-se, sentando numa cadeira livre ao lado da cama. Tomou as mãos do bruxo entre as suas, e pela primeira vez em semanas, sorriu.
── Boa tarde, Vesemir. Como está?
── Bem, querida, bem. ── O bruxo contorceu seu rosto de dor ao tentar ajeitar-se na cama, o que fez a feiticeira acreditar que ele não estava sendo 100% sincero.
── Nenhuma melhora?
── Ah sim, melhora, sim. Estou melhorando. Sei que eles não acreditam, mas me sinto mais forte. Vê? ── O bruxo apontou para os livros em sua cama. ── Há algumas semanas nem conseguia ler. E agora estou aqui, trabalhando. ── O homem sorriu com certo esforço. Yennefer consentiu com a cabeça, fechando os olhos por um breve instante para concentrar-se num feitiço, o que fez um calor emanar de todo o seu corpo para suas mãos, e então, para as mãos e corpo do bruxo. O homem também fechou os olhos, suspirando.
── Não sei se posso ajudar muito. A magia da Wild Hunt... foi forte demais...
── Tenho certeza que ajudará. ── Vesemir disse, numa voz suave.
── Não sou especialista em feitiços de cura. Triss...
── Triss Merigold já esteve aqui e já pedi dela tudo o que poderia ter pedido. Agora é esperar. ── Ele abriu os olhos e encarou Yennefer, sorrindo para tranquilizá-la.
── Se serve como consolo, eu realmente acho que você está melhor. ── A feiticeira retribuiu o sorriso. ── Pelo menos fisicamente, já a mente... treinar novas crianças? Que ideia foi essa?
O homem suspirou fundo, dando-lhe um olhar triste dessa vez.
── Yennefer. Estamos quase extintos... eu por pouco não saí da batalha com vida. Aliás, não tenho certeza que realmente sairei com vida. ── O bruxo fez um sinal para a mulher não a interromper, pois Yennefer fez menção de falar. ── Não, escute... se eu morrer hoje, amanhã ou daqui a 10 anos, por mim tudo bem. Já estou nessa terra há alguns séculos, estou pronto para deixá-la. Mas não estou pronto para deixar a raça dos Bruxos morrer. Não quando há tantos precisando de nós... para quem vou deixar tudo isso? ── O homem fez um gesto com as mãos, indicando o quarto. ── Eskel? Lambert? Geralt? Lambert se meterá pelo mundo com aquela feiticeira e esquecerá de nós... ele já não tem mais paciência para ensinar. Ciri está muito ocupada sendo imperatriz de Nilfgaard. Eskel é fiel, porém não pode fazer isso sozinho. E Geralt... ── o bruxo fez uma pausa, um pouco arrependido de ter mencionado o seu nome. ── Você sabe.
── Ele não veio visitar? ── A feiticeira perguntou. Vesemir balançou a cabeça negativamente.
── Nenhuma vez? ── Yennefer completou, com uma voz mais fria do que de costume.
── Tenho certeza que ele tem seus motivos. Ciri, a guerra... contratos...
── Contratos? Você está machucado e ele está preocupado com CONTRATOS? ── Yennefer bufou, ao mesmo tempo que Vesemir segurava firmemente sua mão.
── Sei como você se sente em relação a ele... mas não o tome como uma pessoa ruim. Afinal, como poderia? Creio que você seja a única que conhece verdadeiramente o coração dele...
── Não sei se o conheço tão bem assim. ── Yennefer admitiu, pela primeira vez baixando a guarda. ── Achei que conhecia. Mas Geralt fez coisas imperdoáveis...
── Horríveis, sim, imperdoáveis? Se fossem imperdoáveis você certamente teria o esquecido. Nunca foi muito difícil para você esquecer homens.
A feiticeira nem ao menos tentou se defender do argumento, apenas consentiu com a cabeça. Um gosto amargo veio-lhe à boca.
── Mesmo assim, ele está errado. Eu o trarei aqui.
── Adoraria ver Geralt novamente. Faça isso, sim?
A mulher consentiu com a cabeça, apertando as mãos de Vesemir com firmeza. Saiu do cômodo às pressas, descendo os degraus da escada e parando bem em frente à longa mesa de carvalho, onde Eskel e Lambert, acompanhados das duas crianças, estavam prestes a começar sua refeição.
── Ah, Yennefer, bem a tempo...
── Onde está Geralt? ── A feiticeira interrompeu, fazendo Lambert engasgar-se um pouco com o vinho. Os dois bruxos se entreolharam, fato que não passou despercebido pela feiticeira.
── Onde ele está? ── Ela repetiu, seus olhos violeta estreitando-se mais e mais a cada segundo.
── Da última vez que ouvimos falar dele ── disse Lambert, pegando um pão de seu prato e partindo-o no meio ── estava em Toussaint, metendo-se com Anna Henrietta. Não que eu esteja o julgando, adoraria fazer aquela duquesa me chamar de Majestade... ──  um sorriso maldoso passou pelos seus lábios.
── Lambert. ── Eskel o censurou, lançando um olhar para as crianças ── como ele disse, Yennefer, acreditamos que Geralt está em Toussaint. Não ouvimos falar dele há alguns meses.
── Yennefer respirou fundo, controlando a raiva que começara a ferver dentro de si a partir do momento em que ouviu Lambert dizer as palavras "Anna Henrietta". Sem mais uma palavra, deu meia volta e saiu pela porta principal do cômodo, deixando Eskel e as duas crianças de boca aberta.
── E é por isso, fedelhos, que os digo. Lição número um: nunca se meta com uma feiticeira, nunca. ── Lambert completou, engolindo a metade do pão que havia partido.


──────────────────────────────────────────────────


Não fora muito difícil encontrar informações a respeito dele. Tudo o que precisou foi abrir um portal para a cidade, encontrar um dos muitos soldados da guarda da duquesa e perguntar se eles já haviam ouvido falar de um tal bruxo chamado Geralt de Rívia. O soldado em questão consentiu com a cabeça, sorrindo. Geralt de Rívia, o bruxo de cabelos brancos, o famoso Geralt! Que homem eficiente ele era, ajudando a duquesa com seus problemas, ganhou até um pedaço de terra na mais cobiçada área da cidade, ele ouviu dizer. Tudo aquilo não soava real. Não soava nada como Geralt, aceitar uma casa como parte de um pagamento, viver como um ser humano normal, acomodar-se. Yennefer lembrou amargamente da única vez em que tentou fazer Geralt acomodar-se, achando que o amor dos dois bastaria, que seria suficiente para mudar a natureza do bruxo. E o que ela recebeu em troca? Acordou numa cama vazia com um buquê de flores ao lado, sem nem ao menos ter merecido uma despedida digna. A parte da despedida ela não poderia culpá-lo, no entanto. Yennefer sabia que se Geralt tivesse a dito pessoalmente que iria embora, ela seria capaz de quebrá-lo ao meio.
Tudo aquilo havia acontecido há anos, há décadas, mas parecia arder como brasa quente à medida que a feiticeira andava pela grama meticulosamente cortada da região onde supostamente Geralt estaria morando. A mais nobre da cidade, ela ouvira dizer. O que Geralt teria feito para merecer tamanha gratidão da duquesa?
Os olhos violetas semicerrados procuravam em vão algum sinal ou resquício do bruxo, enquanto andava no meio das várias casinhas igualmente arrumadas e elegantes da região. A neve e a escuridão não a ajudavam em sua busca; a feiticeira havia sentido tanta raiva que até esquecera do seu feitiço para se aquecer, e o frio estava finalmente a castigando, fazendo seus lábios avermelhados tremerem. A mulher se aproximou de um homem bêbado, aparentemente membro da nobreza local, tentar abrir em vão a porta principal da casa.
── Estou procurando pelo bruxo Geralt de Rívia. ── Yennefer disse, mentalizando um feitiço e fazendo a porta do homem abrir sozinha. Ele apontou um dedo trêmulo para a última casa da rua, onde ela pôde ver um par de botas de couro, totalmente desgastadas, em frente aos degraus principais da casa.  Suspirando fundo e tentando esconder suas emoções, a feiticeira andou lentamente até o local, suas botas deixando marcas de pegadas na neve densa.




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Mensagem por Geralt Gwynbleidd Seg 19 Nov 2018, 13:10

── The Witcher ──
❝Only death can finish the fight,
everything else only interrupts the fighting.❞
No auge do inverno daquele ano, coroada de névoas, surgia a aurora. Com esforço o sol invadia o espaço todo branco iluminando o horizonte de belas montanhas. O vento estava frio, mas brando, agitando as folhas das árvores e o solo ermo de flores do palácio, onde mais um dia começava anunciado pela orquestra dos pássaros. Enquanto isso, também despertavam os corpos despidos sob macios lençois de seda e nobres peles.

Os olhos de íris fendida aos poucos se abriam e o witcher atordoado começava a se movimentar, sentindo os longos cabelos dourados sobre seu peito. O aroma floral adocicado daqueles cabelos só poderiam ser de uma pessoa... Ele arregalou os olhos ao perceber que o sol já invadia o aposento da duquesa.Há tempos não dormia tão pesado e logo naquela noite. Anarietta também abria os olhos e assustada voltou-se para ele e exclamou:
──── Geralt! Mas o que está fazendo aqui uma hora dessa?!
O bruxo então não se conteve e riu da expressão no rosto da duquesa.
──── Me perdoe, Excelência... Mas não tive permissão de me retirar ontem, lembra-se?
──── Ah, claro... foste amarrado em meus aposentos... ──── argumentou a duquesa com desdém, mas logo voltando ao semblante de pânico ──── Sério, Geralt! Não podem te ver aqui!
──── Ahah... desculpe, vou tentar sair sem perceberem então.
Quando ele se levantou, beijou-lhe os lábios em uma breve despedida e se afastou para reaver seus pertences. Passos já podiam ser ouvidos pelos corredores, certamente das camareiras, sempre muito pontuais devido à rigidez da duquesa.
──── Vamos, Geralt! Sem demora! Já sei! O terraço! Fique lá até que eu me retire com elas!
──── O que? Mas isso deve levar horas!
Em um ato de desespero para esconder o amante, Anna Henrietta se levantou e o empurrou para o terraço, fechando a porta logo atrás dele e simultaneamente a porta do quarto foi aberta pelas camareiras que carregavam consigo as roupas e joias que ela usaria naquele dia.

Sem alternativa, Geralt terminou se vestir ali mesmo, mas percebeu que a duquesa havia se esquecido que seus pertences estavam espalhados por todo o quarto, então não seria difícil perceberem que ele havia passado a noite ali. No entanto essa ideia ainda parecia mais confortável do que serem encontrados como estavam na cama. Vendo apenas os objetos, o amante da duquesa permaneceria incógnito.

Infelizmente o aposento ficava em uma das mais altas torres do castelo, então pular não era uma opção. Assim, percebeu que perderia as próximas horas preso ali, então escorou-se na parede e ficou observando a paisagem. Recordava-se de Kaer Morhen, de onde não tivera mais notícias desde a última carta que recebeu de Ciri. Há muito tempo desejava voltar e ver como os outros estavam se virando, preocupado principalmente com Vesemir, que foi brutalmente ferido naquela batalha contra a Caçada Selvagem. Mas assim que se despediu de Ciri em Vizima para retornar para casa, fora convocado pela duquesa, sem opção de recusar o contrato para eliminar a Besta de Beauclair.

Meses se passaram e ele continou na capital Beauclair, servindo à duquesa, com quem acabou também se envolvendo. Embora tenha lutado ao máximo contra o fulgor daquela arrebatadora luxúria que o consumia, o tempo e o convívio logo os fizeram sucumbir. Mantendo os encontros em sigilo para evitar que especulações difamatórias obscureçam a ordem do Ducado de Toussaint. Anna Henrietta tornara-se viúva muito cedo com a morte prematura do Duque Raumund, então alianças matrimoniais ainda podem ser firmadas. Alianças estas, que jamais seriam possíveis com um mero witcher, por mais que ele já tenha conquistado a maior honra de Toussaint como Cavaleiro da Ordem de Vitis Ninifera e Grande Campeão da Arena de Beauclair, pois não era um nobre como os demais pretendentes.

Perdido em seus pensamentos, quase não percebeu a aproximação de corvo, se não fosse esta uma figura bem destoante do cenário branqueado pela neve. Estranhou a presença do animal, que se aproximou e pousou sobre o terraço, transformando-se em ninguém mais ninguém menos que Emiel Regis Rohellec Terzieff-Godefroy, um grande amigo que o witcher já não via há muito tempo. Surpreso, Geralt exclamou:
──── Regis! Meu grande amigo, há quanto tempo!
Poupava-o de perguntas trivias de como ele o encontrou, afinal seu amigo era um vampiro superior, então não havia dificuldade para que ele descobrisse seu paradeiro. Um enorme sorriso se formou e ambos se abraçaram, como nos velhos tempos.
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──── Geralt, Geralt... que bom revê-lo! O procurei por toda Beauclair e estava aqui no palácio?
──── Errr... é uma longa história... ──── disse coçando a cabeça e desviando o olhar, já mudando de assunto ────  Pude sentir o cheiro de sangue em suas roupas, está tudo bem?
──── Bem... o sangue não é meu. Mas há algo importante que preciso falar-lhe, porém não acredito que seja seguro falarmos sobre isso aqui.
Ao perceber que o semblante de seu velho amigo se tornava mais sério e enigmático, Geralt soube que era importante:
──── Certo, pra onde prefere ir?
──── Me encontre em Corvo Bianco. Resolva suas questões no palácio com tranquilidade que eu o aguardarei.
──── Chegarei o mais rápido que puder. ──── respondeu acenando com a cabeça enquanto seu velho amigo logo assumia novamente a forma de um corvo e voava em direção ao vinhedo.

Ao contrário do que imaginou, a duquesa não demorou tanto assim para se retirar do aposento com suas camareiras, certamente tentando despistá-las conduzindo-as para outro ambiente. Com isso, o caminho ficou livre para que o witcher saísse recolhendo o que ainda restava de seus pertences e se retirasse furtivamente pelos corredores do palácio até a saída. No caminho, obviamente acabou encontrando alguns membros da realeza e serviçais, mas agia como se estivesse procurando pela duquesa e se retirava, sendo informado que ela ainda não havia iniciado suas atividades rotineiras e conduzido para fora pelos guardas. Estes ainda pareciam se incomodar o fato da duquesa confiar tanto naquele forasteiro, que para muitos havia se tornado um herói após eliminar a Fera de Beauclair.

Missão que ele cumpriu com êxito, mas com grande sacrifício, pois a Fera de Beauclair era Dettlaff van der Eretein, o melhor amigo de Regis. Um vampiro superior só pode ser morto por outro, então ele precisou da ajuda de Regis para finalizar e isso rendeu ao velho amigo uma Caçada de Sangue, pois ele passou a ser visto como um traidor por sua raça. Regis precisou sair de Toussaint e desde então nunca mais haviam se encontrado, então o fato dele estar de volta e com um olhar tão atormentado, deixava Geralt receoso.

Então, assim que se reencontraram, dessa vez em um ambiente mais seguro, ambos saíram para cavalgar afastando-se de qualquer olhar curioso. Nem precisaram ir muito longe para encontrar uma clareira com duas pedras de boa altura para se sentarem.

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──── Geralt... há algo que preciso lhe  dizer. ──── disse o vampiro com angústia e pesar em sua voz, enquanto o witcher apenas o encarava ainda mais preocupado ──── Dettlaff... ──── apenas a menção daquele nome deixou Geralt ainda mais inquieto ──── ... não está morto como eu fiz todos acreditarem. Ainda em Tesham Mutna, naquele momento em que me deixou finalizar Dettlaff, eu realmento suguei a vitae dele, mas não o suficiente para matá-lo, apenas para deixá-lo em um profundo estado de torpor. Sem sangue, podemos ficar nesse estado, praticamente mortos, desaparecendo até mesmo para nossos semelhantes. Arranquei-lhe a cabeça, para que não houvesse qualquer dúvida sobre seu sucesso nessa caçada, mas o que poucos sabem é que nós podemos nos regenerar completamente, enquanto o coração ainda estiver intacto. Demora... muito... mas podemos regenerar o corpo todo a partir dele, foi por isso que eu estava morto, fiquei tantos anos desaparecido. ──── se fosse qualquer outra pessoa contando essa história, o witcher jamais acreditaria, mas era o Regis, um dos poucos vampiros superiores existentes nesse mundo, detentor de um conhecimento muito mais profundo de sua própria natureza do que qualquer outro, então ele permanecia calado, atento a cada palavra ──── Seu corpo está escondido no Mandragora, sob os cuidados de sua proprietária, a aristrocrata Orianna, que também é uma vampira superior. Como ninguém mais pode saber que Dettlaff não está realmente morto, continuo sendo caçado por todos os de minha raça, pois o Vampiro Ancião, o mais antigo vampiro superior que ficou preso nesse mundo com a Conjunção das Esferas ordenou a Caçada de Sangue contra mim.  ──── Geralt estava pálido, bem mais que o habitual, mas tentava acompanhar o racionício de Regis ──── Este ancião vive recluso em uma caverna, guardando o portal que nos trouxe para esse mundo. Até onde eu sei, ele não tem desejo maior que o de retornar para casa, então pensei que talvez pudéssemos encontrar uma forma de reativar o antigo portal e mandá-lo pra lá, com a condição de que ele retire a Caçada de Sangue. Mas para isso, precisarei da sua ajuda.
Da mesma forma que Regis já o auxiliou em diversas ocasiões sem hesitar, Garalt o fez, abrindo mão mais uma vez de retornar para Kaer Morhen. E assim passaram o restante da estação, buscando informações e lutando contra os vampiros e seus semelhantes que encontravam pelo caminho.

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Por fim, o manto branco que encobria as colinas começou a se desfazer, bem como o as chances de uma conversa promissora com o Ancião, o que levou o witcher a propor que Regis pensasse em outra alternativa para ganharem tempo em um local onde estaria em segurança: Kaer Morhen. Mas para isso, antes de mais nada, acreditava que precisaria pelo menos reportar à duquesa que se ausentaria, não como um subordinado, mas pelo tempo que passaram juntos durante todo o inverno.

Evidentemente estava dividido entre seus afazeres pelo ducado, pela duquesa, o vinhedo e seu caminho como witcher. Já estava há muito tempo ao lado de Anarietta, recebendo contratos e investigando com Regis, tempo este que ficou sem qualquer notícia de seu antigo lar.

Nesse período, sua admiração pela mulher aumentou exponencialmente, bem como seu cuidado e apreço por ela, então nada mais justo do que informar sua ausência. Até porque, ela mesma já estava ciente que esse dia chegaria. Era um witcher, não ficaria tanto tempo em um mesmo lugar. Pretendia voltar para a fortaleza e visitar aqueles que ainda lhe restam de sua família. Preocupava-se com a saúde de Vesemir e acreditava que um vampiro superior como Regis, poderia oferecer um surporte necessário para que a fortaleza se reerguesse.

A cada noite a despedida se tornava mais árdua, dada a proximidade que ambos, que tornava os encontros secretos ainda mais excitantes. A cada beijo, parte de seu coração desejava em abrir mão de seu destino, mas parte ainda se sentia acorrentado a ele, que sempre se mostrou implacável quando se tratava de encontrar uma forma para redirecioná-lo para o caminho da espada.

Naquela noite, quando a duquesa chegou ao vinhedo para encontrá-lo, Geralt finalmente avisou que se tratava de uma despedida. Que ele precisava ir para Kaer Morhen, no entanto, omitiu o envolvimento de Regis em sua decisão, evitando qualquer indício de que o vampiro estivesse em Toussaint novamente. Como já era de se esperar, Anna Henrietta não pareceu ter gostado da notícia, mas orgulhosa ela evitava demonstrar qualquer sentimento de frustração ou mágoa.
──── Como saberei se retornarás, Geralt? ──── questionou, mantendo o semblante sério, apesar de parecer um pouco abatida.
──── Só há um jeito de descobrir... ──── ele respondeu se aproximando e puxando-a contra o corpo para beijar-lhe os lábios doces e emudecer a voz antes que sua relutância o impedisse de fazê-lo.

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Aquela chama sutil que percorria suas veias, incendiava os corpos que se entregavam uma última vez à febril luxúria de seus corações. Nem os deuses pareciam capazes de impedir a entrega da carne e o doce sorriso que embalava mais uma noite de prazer, cuja musicaidade dos suspiros alcançava os ceús. Por fim, exaustos, ambos caíram num langor supremo e passaram o restante da noite sob as estrelas.

A aurora mais uma vez anunciava o fim do encontro e ambos seguiram para dentro da casa, simples porém confortável, onde finalizaram o que restava da garrafa de Sangreal da noite anterior. Dessa vez com um ar melancólico de despedida. Anna Henrietta arrumava os longos cachos dourados com a ajuda de uma das serviçais de Geralt, vestindo-se com graça e majestade, como sempre.

Poucas palavras foram trocadas, não havia o que dizer. Um witcher nunca morre em sua cama, seu lugar era na estrada e a duquesa estava ciente disso, tentando não demonstrar qualquer remorso ou preocupação. Aproveitavam o tempo restante para se despedir, sem saber se um dia seus caminhos se encontrariam de novo.

Assim que deixaram a residência, Geralt a acompanhou até o estábulo, onde o cavalo dela e seus mais leais cavaleiros a aguardavam. Suspeitas já se espalhavam das noites que passavam juntos, mas ninguém ousava questionar uma mulher como aquela. Anna Henrietta era temida, respeitada e acima de tudo, amada por toda Toussaint, então a lealdade de seus homens era inquestionável até mesmo quando se tratava de seus breves passeios longe do castelo com o forasteiro.

Geralt se aproximou, tocando a mão da duquesa e inclinando o corpo para uma reverência, dizia apenas com o olhar que retornaria e esperava que ela compreendesse, mas nesse momento, Anna Henrietta viu a feiticeira se aproximando da propriedade e puxou a mão de volta, surpreendendo o witcher, que logo direcionou o olhar para a mesma direção que ela encarava, incrédulo do que via.
──── Annarietta... não é nada disso...
──── Eu não estou pensando nada, witcher. ──── ela interrompeu com uma frieza no olhar que há muito tempo ele não testemunhava ──── Todos sabem que um estalar de dedos é suficiente para que obedeça a feiticeira como um cão. Faça uma boa viagem, Geralt.

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E assim ela se retirou, caminhando até seus cavaleiros, que a auxiliaram a montar em seu cavalo e a escoltaram de volta para o palácio. Havia fúria em seu olhar, mas acima disso, havia também tristeza e decepção. Não houve tempo para explicar que Yennefer não tivera participação alguma em sua decisão, ele sequer tinha notícias dela desde que fora dispensado por ela e Triss. Mas de que adiantaria argumentar com a duquesa naquela situação? Não poderia expor o que aconteceu entre ambos daquela forma, então optou pelo silêncio e pela esperança de um dia conseguir esclarecer isso.
──── Yennefer... ──── murmurou ao se aproximar da feiticeira, avistando no final da estrada, a duquesa e seus cavaleiros se distanciarem ──── Por essa eu não esperava. A que devo a honra?

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Mensagem por Yennefer of Vengerberg Seg 26 Nov 2018, 22:21

"How ravishing she is, he thought. Everything about her is ravishing. And menacing. Those colours of hers; that contrast of black and white. Beauty and menace. Her raven-black, natural curls. Her cheekbones, pronounced, emphasising a wrinkle, which her smile – if she deigned to smile – created beside her mouth, wonderfully narrow and pale beneath her lipstick. Her eyebrows, wonderfully irregular, when she washed off the kohl that outlined them during the day. Her nose, exquisitely too long. Her delicate hands, wonderfully nervous, restless and adroit. Her waist, willowy and slender, emphasised by an excessively tightened belt. Slim legs, setting in motion the flowing shapes of her black skirt. Ravishing"








Yennefer aproximou-se do pequeno chalé que suspeitava pertencer a Geralt, subindo nos degraus de madeira cobertos de neve, onde podia ver um par de botas desgastadas, que foram colocadas cuidadosamente contra a pequena cerca que rodeava a varanda da casa. Reconheceria aquelas botas em qualquer lugar.
Bateu na porta de madeira com os nós de seus dedos e ficou atenta para qualquer indício de que Geralt estaria ali; esperava ouvir alguma movimentação, talvez uma luz sendo acesa, ou talvez o barulho de seus passos arrastados até a porta, indagando-se quem estaria o visitando nessa hora tão tardia. Bateu uma, duas, três vezes. Uma ruga de expressão formou-se na testa da feiticeira; ela levou uma de suas mãos até a maçaneta de cobre, girando-a para a direita. Trancada. Nada que um feitiço não resolva, pensou.
A situação não era o que a mulher estava esperando. Encontrar a casa havia sido relativamente fácil, mais fácil do que prevera, no entanto, uma vez achada a casa ela realmente pensou que veria o bruxo outra vez. Começou a se perguntar se realmente haveria valido a pena ter feito aquela viagem, se não havia sido mais uma das vezes em que seu impulso falou mais alto.
Yennefer não era o tipo de mulher de se entregar a impulsos, a sentimentos, emoções. Todos que já haviam tido a oportunidade de conhecê-la sabiam o quanto a mulher poderia ser fria e bem centrada, na maior parte do tempo. No entanto, aquelas emoções pareciam dominá-la em alguns momentos específicos, especialmente quando o assunto era Geralt de Rívia, ou sua filha adotiva Cirilla. Aquilo a incomodava pesadamente, e uma onda de ódio pareceu consumir a mulher por alguns segundos; ódio de si mesma, ódio por ter se deixado ser carregada mais uma vez a tão longe e por emoções tão pífias.
Percebeu que ainda segurava com firmeza a maçaneta de bronze enquanto processava tudo aquilo. A feiticeira concentrou-se num feitiço simples que fez a porta abrir-se lentamente: a luz do luar pôde penetrar o cômodo por um momento, revelando o que parecia ser uma sala de estar pequena. Parcialmente na escuridão, ela não distinguir direito os móveis, especialmente quando fechou a porta atrás de si. Yennefer carregava uma expressão desconfiada ao adentrar o local; retirou o seu par de luvas negras e as jogou em cima do que julgava ser uma mesa de centro, e então conjurou uma pequena chama em sua mão esquerda, iluminando o local. Estava parada no meio de uma sala de estar repleta de móveis um tanto quanto luxuosos, luxuosos demais, ela pensou. Será que estava mesmo na casa de Geralt? Não havia invadido a casa errada?
──── Geralt. ──── A feiticeira chamou, numa voz alta. Não conseguiu ouvir resposta e já estava se perguntando se deveria adentrar a casa mais um pouco, quando o barulho de cascos e relinchos por perto a fez sobressaltar-se. Não seria muito bom para sua reputação ser encontrada invadindo a casa de um desconhecido no meio da noite. A feiticeira saiu da casa rapidamente, fechando a porta atrás de si, parando novamente na pequena varanda. Então aquilo tinha sido uma perda de tempo.... seria uma pena ter que dar aquela notícia à Vesemir. Um sentimento triste a tomou por alguns segundos; a feiticeira tentou mastigar aquela informação, afinal, não era sempre que deixava ser tomada por emoções, embora esse ato tivesse se tornado mais frequente nos últimos tempos.
Uma memória invadiu sua mente repentinamente e sem permissão:
Lembrou-se de alguns dias ensolarados que passou em Kaer Morhen na companhia do bruxo e de Ciri, quando a guerra finalmente:acabara. Lembrava-se de sorrir muito naquela época. Lembrou das noites que passou ao lado do bruxo, dividindo a mesma cama de casal que outrora a feiticeira havia a arremessado janela afora. Como riram daquele episódio depois.
O rosto de Geralt veio em sua memória, tão nítido quanto o dia;  a feiticeira finalmente percebeu que sua tristeza não tinha como causa a suposta reação de Vesemir, e sim, a crença de que não poderia ver o bruxo novamente.
──── Yennefer... ──── A mulher foi interrompida de seus pensamentos por aquela voz grave e conhecida, que a chamava. Por um momento achou que estivesse imaginando, até levantar sua cabeça e olhar em direção a estrada a qual havia tomado em direção ao chalé. Conseguiu distinguir a sombra do bruxo, que aproximava-se dela entrando em foco; o homem carregava uma expressão de surpresa. Ela provavelmente possuía a mesma expressão em seu rosto, pois certamente não esperava mais encontrá-lo desde que pisou naquela sala de estar.
──── Geralt... você está aqui... ──── Yennefer aproximou-se do homem com um sorriso nos lábios; esquecera brevemente o motivo a qual havia a levado ali. Deu alguns passos e desceu os degraus de madeira, voltando para a estrada e parando a alguns centímetros do homem, que ainda parecia incrédulo ao vê-la.
──── Sei que não esperava minha companhia... mas eu... ──── sua fala foi interrompida, pois os olhos cor de violeta que antes analisavam o rosto incrédulo do bruxo foram atraídos para algo um pouco abaixo. Ela aproximou-se do homem, levando uma de suas mãos ao gibão que o bruxo usava, puxando um dos vários fios de cabelo dourados que estavam presos àquela peça de roupa. Ela segurou o fio entre seu polegar e indicador, analisando a cor do mesmo, então a ficha caiu, ao mesmo tempo que uma imagem de Anna Henrietta projetava-se na sua mente.
──── Então foi assim que você conseguiu essa casa... esses móveis... Lambert estava certo... ──── A feiticeira riu amargamente, esmagando o fio de cabelo dourado entre seus dedos e jogando-o fora. ──── O que eu poderia esperar de Geralt de Rívia? ──── Uma cólera pareceu brotar abruptamente de dentro da feiticeira, que encarava o bruxo agora com puro ódio em seu rosto pálido, os olhos semicerrados, todo o resquício de seu sorriso havia sumido.
──── De qualquer modo, não foi por isso que vim. Não estou interessada em sua vida sexual, especialmente se resolveu usá-la como moeda de troca. ──── As palavras de Yennefer saíram frias como a neve que os rodeava, e ela virou-se em direção ao chalé de Geralt com passos firmes e a respiração descompassada, fazendo um gesto com a mão para que ele a seguisse.
──── Para dentro, preciso discutir algo com você. ──── Esperou que o bruxo fosse primeiro e então o seguiu para dentro do chalé; Geralt acendeu um candelabro que encontrava-se em cima de um armário de carvalho, virando para encarar a feiticeira, seu olhar sendo distraído brevemente para o par de luvas negras, esquecidas em cima da mesa de centro. A feiticeira acompanhou o seu olhar, notando que esquecera as luvas quando invadiu a casa.
──── Eu vim sobre Kaer Morhen. ──── Ela começou, aproximando-se da mesa de centro e recuperando suas luvas. ──── Mais especificamente, sobre Vesemir. ───Ela continuou falando com uma voz firme, não dando chance para que o bruxo reclamasse sobre sua pequena invasão ao chalé.
──── Ele precisa de você, Geralt. Ele está machucado, nem eu nem Triss conseguimos reverter o feitiço, ele diz que está melhorando mas não sei se ele um dia irá se recuperar. Ele voltou a treinar crianças, CRIANÇAS, você pode acreditar nisso?! ──── A mulher dizia, enquanto andava em círculos pela sala de estar, torcendo o par de luvas em suas mãos. ────  Ele precisa de você, ele esteve todos esses meses doente e você nem ao menos foi visitá-lo! ──── A mulher parecia furiosa novamente, aproximava-se agora do bruxo enquanto apontava um dedo ameaçador ao mesmo, seu rosto em fúria, a voz alterada e agressiva.  ──── Todos esses meses você ficou aqui, escondido dentro de uma casa luxuosa com o rabo entre as pernas, fodendo uma duquesa? Foi pra isso que abandonou seu mestre e seus amigos?! Foi por isso... ──── A voz de Yennefer desceu alguns tons e uma expressão melancólica perpassou seu rosto por algumas frações de segundo: um resquício de seus verdadeiros sentimentos, mascarados pela raiva. ──── Foi por isso que você deixou a mim? Deixou Ciri? Não foi você que me disse que a vida normal te entediava? Foi o que me disse em Vengerberg, uma noite antes de me abandonar e deixar nada além de um buquê para trás. E agora você está aqui... ──── Ela riu amargamente, olhando em volta, analisando o cômodo que estavam. Seus olhos cor de violeta fitaram o bruxo novamente numa expressão de fúria.
──── Você não vai fazer isso com Vesemir, com uma das únicas pessoas que já se importou com você na vida. Você pode me decepcionar do jeito que quiser, Geralt, mas não fará isso com ele, não quando ele está à beira da morte... e muito menos irá fazer isso com a minha filha. Com a NOSSA filha. ──── A mulher fez questão de frisar aquela palavra, enquanto aproximava-se do homem novamente, em passos ameaçadores. ────  Eu vou levar você de volta para Kaer Morhen... ──── O único som que podia ser ouvido naquele momento era a respiração descompassada da mulher, e seu par de saltos altos que ecoavam sobre o chão de madeira. Yennefer possuía uma expressão doentia em seu rosto, quase assassina. Seus olhos estavam semicerrados novamente, porém eles já não possuíam o habitual tom de violeta. As chamas das velas no candelabro mexiam-se ligeiramente, como se uma corrente de ar houvesse passado ali repentinamente. Luzes e sombras dançavam aos olhos dos dois, enquanto Yen aproximava-se em passos lentos do bruxo. ──── E o farei nem que eu tenha que lhe despachar EM PEDAÇOS!! ──── A mulher gritou as últimas palavras, encarando o rosto do homem a apenas centímetros de distância.


Yennefer of Vengerberg
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