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Mensagem por Vincent Gallagher Seg 06 Fev 2017, 04:15

† Hallowed Be Thy Name †



❝When you know that your time is close at hand
Maybe then you'll begin to understand
Life down here is just a strange illusion❞
「Hallowed Be Thy Name - Iron Maiden」


ㅤㅤㅤㅤㅤUm som ensurdecedor ecoava pelas paredes do Convento de Santa Marta na Vila de Yatton, Inglaterra. Eram os gritos de Rosemary Bolton, filha de um fazendeiro devoto chamado Jofrey Bolton. Dias atrás a jovem de apenas 12 anos fora levada ao convento, após difamar o pai recusando o casamento previamente combinado por ele perante a família do pretendente. Ela não apenas recusou firmar aquela aliança divina, como também acusou o pai de trair sua falecida mãe levando-a a cometer o pecado do suicídio. A partir dali, Rosemary ficou histérica, violenta e começou a infligir danos físicos em seu próprio corpo com as unhas e dentes, gritar em hebraico, sumério e latin, línguas as quais nunca tivera um contato anterior, caracterizando assim mais um caso clássico de possessão. O Padre e Exorcista Vincent Gallagher era acompanhado por um Padre Auxiliar, uma Freira e o pai da garota, que permanecia amarrada em sua cama no dormitório das noviças. O ritual seguiu como planejado e aquela ferrenha batalha contra o Mal estava prestes a findar o sofrimento de sua pobre alma. Revestido com a armadura de bênçãos e armado com a Cruz do Senhor, Vincent prosseguia com o ritual. Seu corpo já demonstrava sinais de exaustão após longas sete horas seguidas de exorcismo e sete dias de tentativas falhas até enfraquecer aquele demônio, mas ele permanecia em combate pelo Poder da Fé.
──── Prædicta omnia, quatenus opus sit, repeti possunt, donec obsessus sit omnino liberatus. Juvabi praeterea plurimum super obsessum sæpe repetere Pater noster, Ave Maria et Credo, atque hæc, quæ infra notantur, devote dicere. Canticum Magníficat, ut supra; in fine Glória Patri. EXORCIZO te, immundíssime spíritus, omnis incúrsio adversárii, omne phantasma, omnis légio, in nómine Dómini nostri Jesu Christi eradicáre, et effugáre ab hoc plásmate Dei. Amen. ──── Finalizou com mais um sinal da cruz, caindo de joelhos sobre o assoalho de pedra do convento, entregando-se ao peso da exaustão, com o olhar fixo aos olhos da menina, que chorava assustada, finalmente retomando o controle sobre o próprio corpo. O desfecho fora como esperado para um exorcismo realizado por um membro honorário da Ordem dos Paladinos da Sagrada Cruz, conhecida popularmente como uma elite de caçadores de demônios e exorcistas. Todos eram cavaleiros, antes de se ordenar padre e poucos são aceitos para a Ordem, que possuía até então apenas 12 membros honorários e 25 recrutas em treinamento, que atuam como auxiliares após concluir uma árdua jornada de estudos bíblicos.
ㅤㅤㅤㅤㅤVincent era um lorde e cavaleiro quando perdeu a esposa e os três filhos em um ataque saxão à vila onde residia, enquanto estava em guerra, servindo ao Rei Richard. Após perder a família, as terras e os recursos que outrora dispunha, decidiu dedicar-se ao maior de todos os Reis, o único capaz de conceder ao enfermos a ascensão aos Céus. Bem instruído e letrado, aprendeu desde muito cedo os ensinamentos divinos e carrega no coração os mesmos valores ensinados no Livro Sagrado, sendo assim não teve dificuldade ao ingressar ao serviço cristão. No Monastério de Santo James em Aslackby, Lincolnshire foi ordenado padre e dali seguiu para alistar-se à Ordem, onde foi aceito e se tornou Paladino da Justiça, título este conquistado a custo de longos anos de servidão.
ㅤㅤㅤㅤㅤDepois daquela exaustiva missão, o Paladino Alexander Andersen, líder da Ordem, informou que ele deveria repousar e partir ao amanhecer para o Vilarejo de Alethorpe, em Norfolk para substituir o Padre Jeremy Davies, que com o avançar da idade, encontrava-se doente e precisava ser substituído. Até que outro padre fosse transferido para o Monastério e a Igreja de São Lázaro, Vincent deveria conduzir as atividades locais, descansando para posteriormente voltar a servir a Ordem. Vincent sequer questionou, reuniu seus pertences e seguiu viagem ao vilarejo. Dessa vez sozinho, após enviar seu auxiliar para a base da Ordem, no intuito de reportar o exorcismo realizado e seus resultados.

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ㅤㅤㅤㅤㅤA viagem levou cerca de 2 dias à cavalo em marcha mediana, evitando o cansaço exacerbado da monaria. Chegou às primeiras fazendas do vilarejo com os primeiros raios de sol devorando a escuridão da noite. Vincent fez o sinal da cruz e seguiu até o monastério, deixando para conhecer os fiéis depois, no momento da próxima missa. Ouviu o badalar dos sinos enquanto apeava do cavalo, deixando-o com um padre bem mais jovem que o recebia logo na entrada do Monastério e indicava o caminho que ele deveria seguir para encontrar o Padre Jeremy Davies, que já estava quase cego e muito fraco, mas o recebeu com um forte abraço.
──── Fazei justiça ao fraco e ao órfão, procedei retamente para com o aflito e o desamparado. Que Deus o abençoe, Padre Vincent. Bem aventurada é esta Casa de Deus que o acolhe agora com honra e dedicação e anseia por seus serviços. ────   Disse abrindo um largo sorriso com o abraço apertado, recebendo aquele que o substituiria em seus afazeres agora que estava impossibilitado de manter a atividade plena na região. ──── Você é justamente aquilo que mais precisamos. Um homem jovem, bem afeiçoado e já conhecido por seus feitos em toda a Inglaterra, para inspirar os demais a seguir o Caminho de Deus com afinco. ────   Deu três tapinhas nas costas do mais novo e se afastou voltando a se deitar em seu leito, pois o esforço já era muito para um homem de sua avançada idade.
──── Amen! Agradeço a recepção, Padre Jeremy Davies. Fui abençoado com essa viagem para Alethorpe e me sinto honrado por poder atender aos propósitos divinos, melhor ainda se puder inspirar outros jovens a seguir o Caminho de Deus e incentivar aqueles que o escolheram a permanecer nele. ──── Disse retribuindo o forte abraço e em seguida acompanhando com o olhar os passos do mais velho, que após décadas de servidão, finalmente pôde se afastar de suas atividades e descansar.
──── Em outro momento eu o receberia com mais vigor, Padre...mas falta-me força física para prosseguir com o protocolo. O jovem Adolf o conduzirá até seu aposento, talvez devesse se acomodar primeiro, em seguida ordenarei que alguém o chame para o desjejum.  
──── Não é necessário, Padre. Descanse. Com licença. ──── Foi breve e logo seguiu o rapaz pelos corredores até chegar ao próprio aposento. Estava cansado demais com a viagem e precisaria mesmo de um tempo sozinho para pelo menos trocar as vestes imundas.
──── Senhor, um banho quente fora preparado para descansar melhor o corpo.  ──── Disse o rapaz assim que entraram conduzindo-o até uma banheira, onde outro rapaz terminava de jogar a água previamente aquecida em caldeirões. Um verdadeiro luxo, que pouquíssimos homens tinham acesso, impressionando o exorcista, acostumado a um tratamento muito menos cortês. Ficou sem palavras com a surpresa, apenas agradecendo a forma diferenciada como fora tratado.
ㅤㅤㅤㅤㅤDiferente da maioria, Vincent gostava muito de água e fazia questão de banhar-se com frequência, pois no vilarejo onde nasceu havia um rio bem próximo à casa e aquele foi o local de suas melhores recordações, inclusive foi onde conheceu a falecida esposa. A imagem de seu sorriso com a água jogada no rosto ainda permanecia vívida em sua memória, para ele, aquela era uma forma de se encontrar com sua amada Gwyneveth de novo. Após despir-se, entrou na banheira e imergiu em suas próprias lembranças, só assim encontrando a paz que precisava para recuperar suas forças e seguir com a agenda do monastério que agora assumia a liderança.
ㅤㅤㅤㅤㅤQuando terminou a água já estava esfriando. Sequer viu o tempo passar, mas já precisava se preparar, ou se atrasaria para o desjejum. Revigorado, enxugou o corpo e se virou para pegar a camisa, entre os pertences sobre a cama, mas ao direcionar o olhar para a portar distraidamente, notou que alguém o aguardava. Imaginou se tratar de outro padre que viera chamá-lo para o desjejum e adiantou-se pedindo perdão pela demora com o banho e olhando de novo, assustou-se ao notar que era uma mulher quem o aguardava e arregalou os olhos recuando alguns passos para trás e colocando a camisa na frente das partes íntimas, envergonhado com a situação.

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──── Errr...uma irmã? E-eu...eu não esperava...errr...aguardaria lá fora, por favor? ──── Evitou ao máximo qualquer contato visual com a noviça, surpreso por não ter imaginado que aquele era um monastério misto. A maioria separava os homens e as mulheres, evitando assim qualquer tipo de tentação. Engoliu seco vestindo-se às pressas. Seu traje era diferenciado, próprio para as longas viagens que enfrentava, mais resistente e quase todo preto. Apenas a camisa era branca e calçavam botas de cavalaria invés das típicas sandálias em tiras de couro e sempre andavam armados com uma espada, a cruz no peito e água benta presa ao lado direito do corpo e oravam antes de iniciar qualquer tipo de atividade. Após colocar a capa com capuz iniciou a oração, fechando os olhos, tentando apagar de sua mente o que tinha acabado de acontecer. ──── Pater Noster quio est in ceali, santificetur nomen tuum. Adveniat regnun tuum. Fiat volunctas tua sicut in celo e in terra. Pane nostrae quotidianum danobis hodie e dimite debita nostrae sicut noi debitamus pecatoribus nostrae e ne nos inducas in tentazionen Sed liberta nos a malo. Amem.
ㅤㅤㅤㅤㅤSó então direcionou o olhar para a noviça novamente, agindo como se nada tivesse acontecido, tentando se livrar da vergonha que passara logo em seu primeiro dia de atividade. Inclinou o rosto em reverência e respeito à jovem irmã e se apresentou. ──── Sou o Padre Vincent Gallagher e estarei à disposição do Monastério de São Lázaro substituindo o Padre Jeremy em suas atividades de rotina. É uma honra conhecê-la, irmã.



Última edição por Vincent Gallagher em Sáb 02 Dez 2017, 07:25, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Theresa Gael Dom 05 Mar 2017, 21:07

-Theresa...- disse-lhe a voz do ser iluminado que aparecia à sua frente. O primo Peter sempre a convidava a se juntar a ele quando ao acordar com pesadelos começava a perambular pelo castelo. Com o passar do tempo, os passos que antes vagavam a procura de iluminação da luz tremulante das velas até o quarto de seus pais ou de suas irmãs eram direcionados ao quarto do primo, seu irmão mais velho e protetor, que a acolhia para contar-lhe uma história e dispersar os horrores da noite escura e dos sonhos sombrios.
-Chegou a minha hora, irmão?- Ela questionava curiosa, com um meio sorriso entusiasmado e curioso pela continuidade da história que ele lhe contava toda noite.
-Ainda não. Mas Deus sabe das suas aflições e do que atrapalha o seu sono. Ele me deu uma lança que afastará os monstros que te assustam!- O jovem de 15 anos de idade proferia aquelas palavras com excitação, com um tom de voz desafiador, mesmo que com o volume baixo para não acordar mais ninguém, formava uma expressão brava ao erguer o punho fechado sobre o ombro, simulando segurar a lança que protegeria a prima dos monstros que a faziam ficar só em seus sonhos.
Ansiosa pela sua vez de ela mesma usar a lança e duelar bravamente a seu favor, a garotinha abaixou os ombros um pouco decepcionada, mas o sorriso de gratidão pela bondade do primo continuava em seu rosto enquanto o fitava.
-Venha aqui!- Ele a chamou e ela sabia do que se tratava. Assim subiu na cama dele e deitou-se no lado de sua preferência, deixando que o primo lhe abraçasse a protegesse somente com os braços enquanto ela fechava os olhos, pronta para pegar no sono novamente. –Não tenha medo, eu estou com você.



Depois disso os olhos de Theresa se abriram para dissipar a imagem da garotinha de cinco anos abraçada ao seu irmão e a sua lembrança em forma de sonho. Ela respirou profundamente antes de se dar conta de que havia sonhado novamente. Pelo visto os sonhos eram algo recorrentes para a garota, vinham todas as vezes que ela fechava os olhos. Mantê-los abertos a salvaria da dispersão de sua mente e seria mais fácil cumprir os deveres do coração. Naquela manhã parecia que os deveres começariam mais cedo.

A jovem religiosa apoiou-se em um dos braços para se sentar em sua cama. Ainda estava escuro e por isso precisou estender a sua mão para afastar as cortinas do seu pequeno quarto. Assim que o fez não obteve o resultado desejado. O céu ainda estava escuro, já sem nenhuma estrela, mas a vermelhidão escarlate indicava que o sol ainda demoraria um pouco para nascer. Por isso foi necessário acender uma vela para preparar o seu corpo. Depois de toda a higiene pessoal necessária, já estava pronta para se despir da vaidade e no lugar dela usar o seu primeiro instrumento de evangelização e amor fraterno. -Da, Domine, virtutem manibus meis ad abstergendam omnem maculam; ut sine pollutione mentis et corporis valeam tibi servire.- Ao lavar as mãos recitava a oração especial para iniciar a passagem do profano ao sagrado. Depois disso, passou a vestir cada peça do hábito acompanhada da sua curta oração associadas às suas respectivas peças. - Impone, Domine, capiti meo galeam salutis, ad expugnandos diabolicos incursus.- Depois de emoldurar o rosto com uma touca rígida, vestiu também um véu branco que estendia sua cobertura até logo abaixo do queixo e sobre o peito e um longo véu preto anexado ao topo da touca drapejado nas costas. - Dealba me, Domine, et munda cor meum; ut, in sanguine Agni dealbatus, gaudiis perfruar sempiternis.- Um longo vestido preto, meias e sapatos e um cinto de tecido segurando o rosário completava sua vestimenta. Depois de pronta, fez a sua oração final e o sinal da cruz. O céu ainda não havia clareado o bastante.



Ainda sem poder exercer as tarefas diárias sem a presença das outras irmãs, a noviça Theresa saiu do seu quarto e pôs-se a caminhar devagar e silenciosa entre os corredores de pedra gélidos e escuros para a pequena capela daquele convento que acolheria bem os seus propósitos. Enquanto deslizava os pés em rumo ao local de oração, ela se perguntava o motivo de estar sonhando tanto com o seu irmão nos últimos dias. Talvez estivesse com saudades da família dentro do que lhe era permitido. A carta de sua irmã relatando o batizado do quarto filho de seu primo e irmão, além do noivado dela própria a remetiam aos seus familiares nostalgicamente e também à vida que nunca teve. Desde cedo fora induzida à vida religiosa e sem conhecer qualquer outra alternativa acolheu bem o seu destino. Não o questionava ou não pensava em ter tido algo diferente do pouco que conquistara dentro das convenções sociais, mas se sentia recompensada com a oportunidade de crescer espiritualmente e se aproximar do Deus Pai Todo Poderoso a cada instante da sua vida simples. Sabia muito bem que um dia já fora prometida a um lord com quem se casaria para honrar as alianças de seu pai. Mas com a graça dos Céus sua sina fora cumprida ao ser encaminhada para a promessa como uma noiva do mestre Jesus, como um cuidado especial de sua mãe. Por mais que fosse dolorido o fato de deixar suas amadas irmãs e o primo com quem passara a primeira infância se consolava nas outras irmãs com quem se juntou e às tarefas de caridade e ajuda ao próximo que a mostravam que todos eram filhos de um mesmo Pai. Isso era o que lhe dava forças para assumir o seu papel e de certo modo era o que lhe trazia o conforto para um mal estar que a acompanhava desde que se lembrava da sua existência, um confronto interno de sempre se sentir sozinha. Sabia que não estava e que Deus, assim como seus anjos da guarda, eram com ela, onde quer que andava, mesmo que seus passos não a levasse para muito longe daquele monastério, no mais longe para sua própria casa para passar o dia em datas especiais, no máximo três vezes por ano. E também não era a verdade absoluta naquele instante, já que depois de tantas voltas e sem ver nenhuma alma acordada chegou ao seu destino.

Fez o sinal da cruz ao entrar na capela e pôs-se de joelhos para começar suas orações pessoais, mesmo depois das Matinas, a primeira missa do dia à meia-noite, e antes dos cinquenta salmos da cerimônia da manhã. Nas suas, agradecia o dom da vida, pedia por todos pecadores que precisavam do amor e da misericórdia divina, inclusive ela mesma, que pedia perdão obstinadamente pelos seus sonhos e pensamentos individuais que poderiam tortuá-la do caminho, ainda que ficassem no campo da imaginação. Ali,de joelhos, olhos fechados com as mãos cruzadas com o rosário entre elas, a irmã Theresa permaneceu horas a fio até finalmente ser interrompida pela irmã Anna que a apressava para seus compromissos.

-Theresa! Theresa! Você se esqueceu? O padre Vincent Gallagher já chegou, cansado da viagem e precisa dos devidos cuidados. A irmã Valerie já preparou o banho dele. Era sua função, mas não a encontramos em lugar nenhum. Venha depressa! –


De fato cada uma das freiras tinham uma ocupação a zelar. E de fato esteve em falta com a sua ao perder a noção do tempo em meio as suas orações. Normalmente era responsável por cuidar dos registros literários e manter a ordem da biblioteca, mas naqueles dias incomuns em que o padre Jeremy Davies, o responsável por liderar as atividades religiosas daquele lugarejo, se encontrava enfermo, as irmãs dividiram as tarefas entre os cuidados para com ele, as responsabilidades dele e a preparação para chegada de um substituto, ainda que provisório. Por ser o membro mais novo daquela ordem e por estar a tanto tempo inserida naquele contexto, Theresa ficara responsável pela arrumação bruta e física para a recepção do novo padre com o auxílio dos demais empregados. Não havia pecado até então, mas agora estava atrasada para suas tarefas. Por isso levantou-se correndo, chegando a erguer a barra da túnica para apressar os passos, mas não antes de flexionar os joelhos e fazer o sinal da cruz uma última vez, impossibilitada de se ajoelhar de novo para finalizar a oração. Corria pelos corredores, agora um pouco mais movimentado ouvindo as indicações da irmã Anna que dizia algo sobre suas vestes, o desjejum e qualquer outra coisa sobre a cerimônia de boas vindas mais tarde. Ela respondia a tudo com um –Sim...! Sim...! É claro!- para concordar, mas sem de fato se atentar ao que já sabia. Para as próximas tarefas seria necessário ofertar os cuidados iniciais para o novo padre que já deveria estar para finalizar o banho em breve.

Pressionada pelo tempo e um pouco afobada por natureza, a noviça Theresa invadiu o aposento do substituto. Automaticamente ela já conferia com os olhos castanhos e apressados os lençóis limpos da cama, toalhas que seriam necessárias, velas e lamparinas para iluminação além de qualquer outro detalhe que ele pudesse precisar. Tudo no lugar! Exceto por ela, ou o homem que se erguera nu da banheira diante dos seus olhos.

-JESUS CRISTO!- Ela sussurrou levando as mãos para tampar a boca que se abriu em formato de um “O”, embora parecesse melhor tapar os próprios olhos que queriam saltar da órbita. Depois disso fechou ambos, preferindo se cegar ao deixá-los fazê-la cair. Também levou uma das mãos para frente do seu corpo num gesto para afastar a imagem que agora parecia fixa em sua frente. Já ouvia as desculpas do homem e o pedido para que esperasse lá fora, mas estava em guerra com si mesma, aterrorizada pelo que vira. Num primeiro momento apenas virou de costas e mantinha os olhos fechados pensando em tamanha lástima. –Perdão! Perdão!- A voz ecoava pelo quarto, mas não sabia se fazia o pedido ao padre ou ao verdadeiro Pai pelo acontecido. Depois disso deu um passo adiante e mais dois para trás, onde encostou as costas, aliviada por finalmente saber que a parede a separava daquele acidente. Então logo pôs-se a orar até que conseguisse se acalmar para retomar ao que viera fazer. Tentava não se atentar ao som dele se vestindo dentro do quarto ainda com a porta aberta, mas percebeu que era impossível e usou isso a seu favor, assim poderia saber quando deveria se comunicar para sair dali. –Padre...!- Antes que pudesse falar algo mais ele se adiantou e se apresentou. Theresa retirou uma das mãos da boca para levá-la ao rosário e apertá-lo firmemente entre os dedos. Mas sentia o calor queimando o seu rosto e sabia que ainda estava corada como se ainda o pressionasse. A outra mão transpirava encostada na parede, então a desviou para o tecido do vestido para secá-la. –Seja bem vindo, Padre Vincent Gallagher. O Monastério de São Lázaro o acolhe com gratidão e as bênçãos de Deus.- Dizia automaticamente, sem pensar muito no que representavam aquelas palavras. –É uma honra conhecê-lo também.- Dessa vez as palavras saíram trêmulas e incertas, demonstrando que ainda estava abalada com o choque. –Vim para saber se precisa de mais alguma coisa.- Respirou fundo e agora olhava para cima, como se os céus fossem refrescá-la da queimação intensa. –E para levá-lo ao desjejum.- Quando finalmente percebeu que ele já tinha finalizado e agora a encarava a noviça permaneceu séria e decidiu agir como ele, como se nada tivesse acontecido, embora o rubor do seu rosto e a tensão em seu corpo condenassem que aquilo a havia impressionado profundamente. –E para informá-lo que haverá uma cerimônia na missa das 11:00 para lhe dar as boas vindas.- Dizia forçando um sorriso que insistia em sair sem graça, mas ainda assim ela já caminhava e mostrava através de um gesto com a mão o caminho que ele deveria seguir.
Theresa Gael
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Mensagem por Vincent Gallagher Ter 07 Mar 2017, 14:35

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ㅤㅤㅤㅤㅤO Padre Vincent Gallagher, nunca tinha passado por uma situação tão embaraçosa como aquela e rezava para que a irmã esquecesse aquela cena, assim como ele se esforçaria para esquecer. Tinha uma imagem a zelar que agora já estava manchada por um descuido dele mesmo, que sequer se preocupou em fechar a porta, imaginando se tratar de um monastério masculino, como a maioria. Porém, como nos vilarejos próximos a quantidade de devotos era pequena demais, os poucos que decidem ingressar no celibato passam a morar em um misto. Segundo o próprio Padre Jeremy Davies, expostos ao pecado da carne a todo instante a luta daqueles jovens fiéis é sempre mais árdua e assim mortificação da carne mais intensa, gerando um resultado mais satisfatório quando ordenados padres e freiras, pois sua fé se prova todos os dias. Uma ideia interessante, que Vincent nunca tinha parado para pensar, embora discordasse por preferir permanecer bem longe de qualquer pecado, era aquela a teoria aplicada naquele local, que ele não se atentou a conhecer antes, mas que ouvia enquanto ecoava pelos corredores a voz de um padre que explicava a origem daquele monastério a um grupo de 5 alunos.
ㅤㅤㅤㅤㅤNotando o aparente desconforto da noviça, Vincent parecia vestir uma máscara, ocultando por completo qualquer tipo de constrangimento anteriormente vivenciado e torcia para que o grupo que passava na frente do quarto não percebesse nenhum tipo de inquietação, permaneceu em silêncio, ouvindo com atenção as palavras da moça, respondendo apenas com um aceno positivo com a cabeça. Assim que saiu acompanhando os passos da jovem, direcionou o olhar ao rosto dela, notando o rubor das maçãs do rosto de traços tão delicados quanto os de sua falecida esposa quando a conheceu. O canto do lábio arqueou-se formando um sorriso sutil involuntariamente com a boa lembrança e ele voltou o olhar para frente, atento ao caminho para se acostumar a ele, afinal não sabia por quanto tempo permaneceria exercendo as atividades do local. Pensando nisso, decidiu tentar quebrar qualquer possibilidade de gerar um clima ruim entre ele e a noviça, então optou por tentar iniciar um diálogo novamente de forma natural e um tom de voz amistoso.
──── As manhãs aqui me parecem bem agitadas. É bom ver tantos jovens interessados no conhecimento das Escrituras Sagradas. ──── Comentou evitando olhar diretamente para a jovem, prendia a visão nos jovens que os cumprimentavam pelos corredores, tanto meninos, quanto meninas, atentos às palavras da Madre que os guiava. ──── A missão de vocês é mais importante do que a de qualquer Paladino. Vocês vivem a verdadeira batalha da evangelização todos os dias em pequenos atos como estes, irradiando de luz o coração desses jovens, protegendo-os contra as forças do mal que nós Paladinos apenas expulsamos. ──── Dessa vez, o Paladino direcionava o olhar admirado para a noviça, com a intenção de motivar ainda mais a realização de seu trabalho e estabelecer um vínculo que pudesse quebrar o clima de tensão outrora estabelecido.
ㅤㅤㅤㅤㅤNão demorou muito até que chegassem ao refeitório, onde realizariam o desjejum. Todos que já estavam devidamente acomodados se levantaram e cumprimentaram os dois. O próprio Jeremy era o único que permanecia sentado e anunciava as boas novas, avisando que o Padre Vincent o substituiria em suas atividades rotineiras a partir dali e então, ele assumiu as orações da manhã e o agradecimento pela refeição que alimentaria seus corpos.
──── In nomine Jesu somne genuflectatur coelestium, terrestrium ET infernorum. Et omnis língua confiteatur quis Dominus noster Jesus Christus in gloria est Dei Patris. Intéllige clamórem meum: inténde voci oratiónis mea, Rex meus et Dei mei quóniam ad te orábio, Dómine. Sub tuum praesídium confúgimus, Sancta Dei Génetrix.Nostras deprecatiónes ne despícias in necessitátibus, sed a perículis cunctis libera nos semper, Virgo gloriósa et benedícta. Amen.
ㅤㅤㅤㅤㅤFinalizou com um Pater Noster e uma Ave Maria. Só então o desjejum foi iniciado, com todos os presentes se sentando em seus devidos lugares. Vincent sentou-se com o Padre Jeremy e a Madre Superiora Isabella com os quais conversava sobre suas obrigações naquele território até então desconhecido pelo paladino. Porém o desjejum foi interrompido pela entrada de uma donzela que passava pelos guardiões da entrada do mosteiro gritando pedindo ajuda, aos prantos. Os olhos eram azuis como o céu de verão, os cabelos vermelhos formavam ondas que adornavam o rosto angelical, cuja pele era tal candura e pureza que despertava a compaixão do Paladino. Trajada em um vestido branco bem simples, ela corria com os pés descalços sujos de sangue e as pernas arranhadas, assim como os braços nus e parte das vestes rasgadas. Aparentava ser uma camponesa e já estar fugindo de algo há bastante tempo, parecia exausta e fora alcançada pelos guardas rapidamente. Antes que a retirassem do salão, Vincent se levantou e caminhou em direção a ela, ordenando com a autoridade que lhe fora determinada pela Ordem dos Paladinos da Sagrada Cruz.
──── Deixem que ela fale! Devemos acolher todos os Filhos de Deus, inclusive as ovelhas perdidas! ──── Dito isso, estendeu a mão para que a garota conseguisse se recompor, ajudando-a a se levantar. Esperava que ela se sentisse melhor acolhida assim e aguardava sua fala, porém a garota soltou a mão do padre ao se levantar, fixou os profundos azuis nos castanhos dele e nada disse. Levou as duas mãos às próprias vestes e despiu o corpo.

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ㅤㅤㅤㅤㅤO que à priori causou estranheza e poderia geral uma má interpretação, revelou a pele alva manchada pelo sangue. A pele estava cortada e em vários pontos formando palavras, que sob um olhar mais atento formavam nomes. Vincent contou um total de 13 nomes, que estavam posicionados entre os seios, sobre os dois seios, dois nas costelas, dois no abdômen, nas duas curvas da cintura, sobre o umbigo, pelve e nas porções internas das coxas. Ele tocou um dos nomes na lateral da cintura, percebendo que as feridas eram recentes, certamente daquela mesma noite.
──── Limpem as chagas do corpo dessa filha de Deus e providenciem roupas e um quarto. Ela permanecerá aqui! Até que possamos entender o que está acontecendo, ela deverá permanecer em segurança aqui no mosteiro. ──── Vincent tocou o rosto da jovem que também estava ferido. Ela parecia muito fraca e ainda assustada, então ele tentava tranquilizá-la, mas buscava informações úteis. ──── Você está segura aqui. Vamos te proteger. Agora preciso que me conte tudo o que sabe sobre o que te aconteceu.
──── Ninguém pode me proteger, padre! Não contra isso! Pelo que eu entendi esses treze nomes representam os sacrifícios pra algum tipo de ritual macabro que querem fazer comigo! Disseram que fui escolhida, mas eu não entendi pra quê! Eu vi quando destroçaram minha mãe e minhas duas irmãs! Estamos todos condenados, padre! ──── Respondeu a jovem relembrando os fatos com aflição em seu olhar e o pesar da perda de entes tão próximos. Em se tratando de algum ritual já iniciado, não podiam perder tempo. Elevou a mão, pedindo que as freiras que a retirariam dali cumprindo sua própria ordem aguardassem e começou a ler os nomes cravados na pele da jovem ruiva.
──── Suponho que o nome próximo ao coração representava sua mãe, Dorothy Bradley e os dois nos seios, suas irmãs Florence e Margareth. ──── Olhou para a garota, que apenas acenou com a cabeça confirmando as vítimas e prosseguiu. ──── As três foram vitimadas no momento de sua captura, provavelmente na mesma ordem, então seguiremos a sequência estrutural do seu corpo, que pode ser uma pista descobrir que tipo de ritual e criatura pode estar envolvida nele. Os próximos nomes são Matthew Arnold e Diana Cooper, que são os nomes nas costelas. Clara Gael e Joana Gael são os nomes que estão no abdômen. Francis Brontë e Emily Brontë nas laterais da cintura. Charles Colton está escrito acima do umbigo. Peter Frampton na pelve e por fim Alfred Tennyson e Anthony Tennyson nas pernas. ──── Disse pausadamente e em alto e bom som para que todos ali presentes ouvissem cada nome na sequência proposta. Ainda durante a fala, notou que alguns dos nomes pronunciados, provocavam reações de desespero por parte de algumas pessoas ali presentes, sejam servos ou membros do clero, o que já era esperado por se tratar de um vilarejo, onde a maioria das pessoas tinha alguma ligação. Notou a equivalência de alguns nomes, que indicavam a proximidade de parentesco, oferecendo assim mais uma informação útil para o caçador experiente. Vincent então se aproxima da jovem ruiva e toca-lhe o ombro prometendo. ──── Você permanecerá segura e bem acolhida aqui no monastério. Peço que não saia em hipótese alguma. Se o fizer, garanto que o martírio de sua carne não será vão. Encontraremos os responsáveis e eles receberão a punição que merecem. Agora vá descansar. ──── Dispensou a garota e as freiras que seguiriam com ela para cuidar das feridas, esquecendo-se de perguntar seu nome e já se virando para se dirigir ao Padre Jeremy e a Madre Superiora. Porém sentiu o braço ser puxado e se virou, avistando novamente a garota ferida.
──── Meu nome é Evelyn Gaskell. Obrigada, Padre Vincent. Que o Poder de Deus guie sua espada para a Glória de Seu nome sobre nossos inimigos.  ──── Disse segurando o braço do padre, para só depois soltá-lo e seguir seu caminho com as freiras. Vincent apenas acenou com a cabeça e manteve os passos firmes acelerados na direção que tentava seguir antes de ser interrompido. Seu semblante deixava claro que não se tratava de mais algum caso de possessão demoníaca, um ritual daquele porte sinalizava uma manobra muito grande e arriscada das forças das trevas. Não poderiam perder tempo ou as próximas pessoas daquela lista seriam sacrificadas. A caçada precisava começar e dessa vez, o paladino sequer tinha tempo para avisar a Ordem, pedindo a um escrivão que encaminhasse um aviso relatando o ocorrido ao Paladino Alexander Andersen e pedindo reforços em função de uma ameaça de nível 5. Um grande ritual seria realizado naquela cidade e era seu dever como Paladino da Justiça restabelecer a paz naquele vilarejo.
ㅤㅤㅤㅤㅤPor fim, o que era para ser local de repouso para a Paladino se tornou cenário de mais uma missão, dessa vez muito maior que aquilo que ele estava acostumado a lidar rotineiramente. Precisaria de reforços e até obter os mesmos, precisava garantir pelo menos a segurança das próximas vítimas do sacrifício e para isso, seu próximo passo seria encontrar cada uma dessas pessoas e trazê-las para o Monastério, onde precisaria encontrar um local seguro para abrigá-las sem comprometer a segurança de seus irmãos e irmãs de liturgia.
──── Meus irmãos e irmãs! Estamos diante de uma grande ameaça que pode ter consequências severas para a Guerra Sagrada, caso as Trevas vençam essa batalha. Para impedir que isso aconteça eu preciso de cada um de vocês, munidos com a sua fé inabalável para livrar essa terra que vos abriga de todo o Mal que veio fazer morada em seus corações. Não temos tempo algum a perder, então suspendo agora minhas atividades como Padre responsável pela liturgia e retomo minha função como Paladino da Justiça, para garantir que esse Mal não consiga se instalar entre nós. Preciso que todas as pessoas que constam na lista divulgada se apresentem a mim o mais rápido o possível, então peço que os conhecidos me informem sobre o paradeiro de cada uma delas, que eu seguirei em uma busca por todas elas. Me encontrem na torre norte do mosteiro, dentro da sala mais alta. Rápido, meus irmãos! Cada segundo é precioso para aqueles que precisam de nós. Per signum crucis, de inimicis nostris libera-nos Deus noster. In nonime Patris X et Fílii X et Spitiui Sancto X.Amen ──── Finalizou fazendo o sinal da cruz e recebendo aqueles que dele se aproximavam com informações sobre os nomes na lista. Vincent seguiu até uma mesa, onde apoiou um mapa de todos os vilarejos próximos, para traçar uma rota estratégica de busca.



Última edição por Vincent Gallagher em Sáb 02 Dez 2017, 07:27, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Theresa Gael Ter 22 Ago 2017, 13:45


Enquanto conduzia o Padre Gallagher até o refeitório, a noviça tentava vencer o desconforto do constrangimento. Testemunhar um homem nu já era vergonhoso o bastante, sendo ainda um padre recém chegado ao convento imaginava que aquela não era a melhor forma de abordá-lo. Ela se sentia culpada por ser tão afoita às vezes e se esquecer de formalidades essenciais como bater na porta antes de entrar em um recinto. Bem, a porta do aposento dele não estava fechada, mas deveria pelo menos ter anunciado sua chegada. Fazia as correções mentais necessárias enquanto aos poucos ela reencontrava as palavras que procurava para estabelecer um diálogo amistoso com o padre. Enquanto não as encontrava ele mesmo deu início ao processo, então ela respondeu, ainda que com a voz tímida e em baixo tom. –Não costumavam ser assim, sempre tão agitadas. São as mudanças dos últimos tempos.  Esse monastério agora é responsável por guardar os tesouros do rei. Reforços também vieram para ajudar o Padre Davies já que ele não se encontra no melhor estado da sua saúde. Até mesmo a sua chegada causou uma grande movimentação dos fiéis. Todos estávamos ansiosos pela sua vinda. Esse lugar precisa de uma liderança forte.- Uma das mãos segurava sutilmente a barra da longa túnica preta e a erguia apenas o suficiente para facilitar a caminhada enquanto a outra ainda estava com o rosário preso fortemente entre os dedos. Tão forte quanto a liderança que julgava precisarem, quanto o novo padre parecia ser... decidiu que uma oração mental também poderia lhe ajudar. Oscilava o olhar entre o chão e vez ou outra levava o canto dos olhos para fitar o padre que caminhava ao seu lado. Não parecia haver desconforto nenhum para ele e isso ela admirava. Logo passou a admirar também que ele parecia muito jovem para ser um padre. Mesmo sabendo que uma vida de devoção devesse começar o mais cedo possível era de se admirar que um homem naquela idade já conquistasse aquele título de Paladino, como ele mesmo disse.. E daquelas feições... eram feições atrativas... –Qualquer missão em nome e nos propósitos do Santo Deus é importante, padre. Tanto as nossas quanto a de um Paladino. Sei que você também trará muita luz para o coração de todos nós. Espero que possamos lhe dar total condição para isso, que tenhamos o que o senhor precisar e que sua estadia seja atrativas... digo... satisfatórias. Satisfatória.- Quando menos esperava caía na armadilha do próprio pensamento a conduzindo para a cena vivenciada há poucos minutos atrás, detalhes bem peculiares dela. Aproveitou-se da passagem de um grupo de estudo religioso conduzido por um irmão e ao invés de fazer o aceno devido, fe o sinal da santíssima trindade para se redimir do pecado que insistia em vagar pela sua mente. Esperava que o padre Gallagher não percebesse, olhou para ele mais uma vez para ter a certeza de que continuava a olhar para baixo. “Bendito seja o fruto!” Ele olhava para ela e sorria. Sutilmente, mas sorria. Por um acaso ele testemunhou e viu sua vergonha? Tentava ser complacente ou poderia ser algum tipo de deboche? Fora tão incorreta que até mesmo um padre tripudiaria? Pensar em tudo isso fez aumentar o ardor do seu rosto, bem como a vermelhidão das maçãs do rosto. Quando achava que não podia ser pior conseguiu tropeçar no próprio pé e deu um solavanco para frente. Pela primeira vez a sorte parecia lhe sorrir naquele dia, não fora tão brusco e não caiu. Sorte não. Deus voltara a guiar seus passos até finalmente chegarem ao refeitório.



Theresa sorriu e fez os devidos cumprimentos para retribuir as boas vindas de todos. Ela também o fez ao novo padre antes de tomar o seu lugar. Chegou até o lugar reservado a ela, mas permaneceu de pé para escutar as saudações e orientações  do Padre Davies ao padre Gallagher. E também para acompanhar a oração que esse último realizava. Depois do processo sagrado, ela se sentou para dar início ao seu desjejum. Correu os pelas irmãs que a olhavam com estranhamento. Se pudessem ler suas mentes Theresa sabia que elas perguntavam o que havia ocorrido. Para evitar responder as perguntas que nem foram feitas ela abaixou a cabeça e levou um pedaço de pão até a boca. Usaria a hora da refeição e o silêncio digno dela a seu favor, com todos apenas as vozes de longe do diálogo dos superiores. Antes mesmo de terminar a mastigação do primeiro pedaço a noviça engoliu seco presenciando uma cena curiosa e preocupante. Uma donzela que não fazia parte daquele corpo religioso interrompia as atividades pedindo por socorro. Imediatamente franziu o ponto entre as sobrancelhas se compadecendo da pobre moça, mas os lábios estavam entreabertos espantada pela cena. Podia ver direito? Ela estava ferida? Certamente não estava bem agasalhada devido aos trapos que trajava. Obviamente precisava de cuidados e para sua surpresa o novo padre concordava com isso ao se levantar e agir em sua defesa. Passaria mais tempo pensando e apreciando a atitude dele se não fosse sua preocupação com aquela garota. Mais ainda quando ela se despiu. Murmúrios ao fundo cresciam gradativamente pela cena grotesca e Theresa estava estupefata. Pior do que um dia que parecia propício para a nudez eram os cortes do corpo da pobre filha de Deus que evidentemente sofrera mal tratos. Fechou os olhos antes de poder ver o que significavam aqueles cortes, juntou as palmas das mãos na frente do rosto e flexionou um pouco a cabeça para frente para pedir por aquela alma já que o corpo padecia. -Sancta María, Mater Dei, ora pro nobis peccatóribus, nunc et in hora mortis nostrae.  Amen.- Teve tempo de terminar sua oração antes de receber as ordens do novo padre para que limpassem, vestissem e acomodassem aquela coitada. Então a noviça correu em disparada para pegar as vestes que dispunham para ela. As irmãs se espelhavam e corriam para os cuidados. Algumas foram pegar os preparativos para tratar seus ferimentos, outras para higienizá-la. Theresa correu até um dos quartos para pegar um cobertor para aquecê-la, bem como somente uma das túnicas para vesti-la. Voltou a tempo de ouvir algo sobre nomes e sacrifícios. Um arrepio gélido percorreu sua espinha só de ouvir palavras como “rituais”, “destroçar” e “condenados”. Numa tentativa de amparar aquela vítima, a noviça ergueu o cobertor que iria cobrir o seu corpo, mas o padre a impediu. Logo em seguida testemunhou o macabro ato de ele literalmente ler no corpo dela os nomes de outras prováveis. O que não esperava era que entre os nomes proferidos estivessem alguns de seus familiares. Suas irmãs, seu primo. Theresa sentiu o peito comprimido,crescente como o alvoroço que aquela lista de nomes causava. Muitos conhecidos, amigos e entes queridos. Era o bastante! A noviça assustada finalmente cobriu o corpo nu e ferido da linda garota ruiva com o cobertor enquanto o padre a reconfortava com as indicações para que permanecesse ali. A acompanharia até um dos quartos para os demais cuidados se não fossem meia dúzia de outras freiras mais experientes e por isso mais indicadas aos trabalhos necessários o fazendo. E também se não fosse a curiosidade do que vinha a seguir. Ouviu a garota pronunciar seu nome enquanto entregava a outra encarregada as vestes que havia separado para ela. Concordou com o que ela disse pronunciando “Amen” para ela própria.



Depois disso, antes mesmo que o padre Vincent se virasse para tratar do assunto que era para os superiores, Theresa impressionada questionou. –E agora, padre? O que vamos fazer?- Aquele assunto não lhe dizia respeito, pelo menos não diretamente, e ainda assim se intrometia. Era apenas uma noviça, uma garota nova que ainda tinha muito a aprender, que precisava conter a ordem e manter a fé em momentos como aquele. Por sorte, o discurso do novo padre a livrara de algo muito pior do que apenas um olhar hostil da madre superiora para repreender seu erro. Ainda que se sentisse envergonhada Theresa optou por ignorar aquela repreensão num primeiro instante e se atentou as palavras que guiariam os corações a ações de muitos aflitos, como ela. Os dedos finos e delicados foram levados até a boca para conter um choque ao ouvir sobre a Guerra Sagrada. Sentiu vontade de levar o polegar para entre os lábios e roer um pouquinho que fosse a sua unha, um velho hábito que demonstrava sua preocupação e ansiedade e que a madre superiora garantiria liquidar. De fato conseguira, já que mesmo em um momento de tanta aflição ela se lembrou dos castigos da madre e evitou a automutilação. Depois disso fechou os olhos e assentiu com a cabeça, abrindo o coração e disponibilizando toda a fé que o padre pedia. Quando ele pediu que os conhecidos das pessoas com o nome marcado o informassem sobre seus paradeiros logo uma fila se formou ao lado dele. Já Theresa sentiu vontade de ela mesma ir em busca de seus familiares, mesmo sabendo perfeitamente que não tinha permissão para sair das estruturas do monastério. A fila já crescia, ela seria uma das últimas a dar suas informações para o Paladino pela aglomeração que se formava ao redor dele já sentado em uma mesa com um mapa disponível. Clara, Joana e Peter... não havia tempo para esperar. Angustiada, a garota lançou o seu corpo no meio da aglomeração tentando passar a frente. O fez com tamanha força e empenho que alcançou a beirada oposta da que o padre se sentava antes do tempo imaginado, chegando a inclinar o corpo para frente e quase caindo sobre o mapa. Não perdeu tempo pedindo desculpas pela educação que lhe faltava mais uma vez, estava apreensiva demais para se lembrar de tais detalhes. –Aqui! Joana Gael está aqui!- E apontou um lugar bem específico no mapa. –Clara Gael também estaria, mas está noiva de Joel Haeckl e passa mais tempo onde será a sua nova casa, a alguns quilômetros da capela no antigo cemitério, bem aqui.- Mudou o dedo de lugar, apontando outro lugar no mapa bem distante do primeiro e demonstrando sabedoria e habilidade o bastante para lidar com ele, bem como facilidade de leitura de escrituras e conhecimento da região através delas. –Peter Frampton reside próximo a área em que os mercadores fazem suas trocas. Desse lado.- Deslizou o dedo uma terceira vez formando um triângulo tendo como pontas as diferentes localidades que apontara no mapa. Por fim ergueu o olhar apreensivo buscado os olhos de Vincent. –Vê? Estão muito longe! Assim como Charles Colton e os Tennyson, aqui e aqui...- mais uma vez apontou no mapa localidades distantes, quase irradiando de um ponto central, bem onde estava localizado a imponente catedral com o monastério bem ao seu lado. -Se você for traçar uma rota para você mesmo ir buscá-los demorará muito tempo e como o senhor mesmo disse cada segundo é precioso. Não seria melhor que grupos de busca fossem designados para cada localidade?- Os devaneios e atrevimentos estratégicos de Theresa foram interrompidos por um grito nervoso da madre superiora. -BASTA!- Ela parecia nervosa e impressionada o bastante com tamanha audácia de uma noviça querendo interferir e opinar nos planos do novo líder religioso. –Queira desculpar, padre Vincent. A noviça Theresa é uma jovem afoita e tagarela. Às vezes tem dificuldades para se lembrar das suas lições, dos seus modos, bem como o seu lugar.- A última palavra saía entre os dentes para demonstrar imediatamente o lugar para onde a noviça deveria se reduzir. A jovem no entanto estava surpresa, um pouco decepcionada consigo mesma por saber que a superiora estava certa e também por não darem atenção ao que ela falava e que poderia ser importante. Recolheu as duas mãos as entrelaçando na frente do corpo, na região do ventre, abaixou o olhar e a cabeça demonstrando humildade para pedir o perdão e já triste por saber que seria castigada pelos modos e pela teimosia com as palavras que seguiriam. –Perdão madre! Perdão padre... e peço também aos demais irmãos aqui presentes.Só quis ressaltar que se o Paladino for fazer a busca sozinho de todas essas pessoas espalhadas pela região extensa ele gastará o tempo que não tem disponível. Por isso seria melhor que vários grupos trouxessem essas pessoas para cá o mais rápido possível, pelo menos para garantir sua segurança aqui na moradia do Senhor Pai.- A voz quase não saía, de tão baixa e doce, mas carregada de arrependimento e temor. Bem ao contrário a voz da madre que agora parecia ainda mais irritadiça. –E nós já entendemos! Ouvimos demais o que não deveríamos. Você é uma noviça, sequer tem permissão para pisar fora do perímetro desse monastério. O que sabe sobre a geografia dessa região? Você não cabe nessa discussão e suas palavras não são mais necessárias. Volte para os registros da biblioteca, que é o seu lugar. Mais tarde cuidarei de você.- Ainda com os olhos baixo Theresa aos poucos sentiam que eles iriam se inundar. Tentou não demonstrar isso em sua voz, dessa vez mais curta e sucinta. –Certo madre. Desculpe e com licença.- Flexionou levemente os joelhos antes do sinal da santíssima trindade para deixar o recinto e de fato já voltava para a biblioteca com pensamentos contraditórios entre sua estupidez e o castigo digno dela que receberia, bem como a preocupação com seus familiares que aumentara agora que havia atrasado a missão com suas colocações e a situação que criara.
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Mensagem por Vincent Gallagher Ter 26 Set 2017, 14:31

† Hallowed Be Thy Name †



❝When you know that your time is close at hand
Maybe then you'll begin to understand
Life down here is just a strange illusion❞
「Hallowed Be Thy Name - Iron Maiden」


ㅤㅤㅤㅤㅤEra impossível deixar de notar o quão embaraçada aquela jovem freira se encontrava. Não poderia culpá-la, afinal certamente ela nunca teria visto algo assim antes, então cabia a ele, que já era um homem mais experiente e manter o foco no que realmente interessava e evitar constrangimentos que poderiam criar uma atmosfera de trabalho ruim. Sendo assim, encarava os fatos friamente, reprimindo os próprios sentimentos de vergonha, a fim de manter a formalidade em seu tom de voz. Ouvia as palavras dela com atenção, estranhava o fato dos tesouros do rei serem transportados para um monastério. Recordava-se da instituição do catolicismo como religião oficial em todo o território do reino recentemente unificado, mas isso não justificava a transformação de um lugar sagrado como aquele em "cofre real", portanto reprovava a ideia e lançava um olhar intrigado para a jovem, interessado em saber mais sobre essa mudança tão incomum na rotina do local.
────Eu não sabia que o Tesouro Real fora transportado para o Monastério. Acredito que isso seja mesmo responsável por toda essa movimentação. Porém o que me preocupa mesmo é o risco que pode acompanhar essa riqueza, afinal quando isso chegar ao conhecimento popular, tentativas de saques poderão começar a ocorrer, então a guarda deverá ser reforçada. Faço questão de garantir que isso aconteça.  ──── finalizou tentando passar alguma sensação de segurança para a jovem, já que assumiria a liderança do monastério na ausência do Padre Davies e precisava que os fiéis depositassem nele sua fé, para que essa liderança seja legítima. Conhecendo bem os horrores da guerra de seu período como cavaleiro e sabia influência que fazia a ausência de um bom líder no resultado de uma batalha. Assumindo esse novo cargo, Vincent precisaria parar por um tempo para se informar sobre tudo que tem acontecido na rotina daquele lugar.
ㅤㅤㅤㅤㅤEmbora ainda jovem, vivenciou experiências que lhe conferiram o preparo psicológico necessário para situações como as que rotineiramente enfrentava no exercício de sua fé. Era o mais jovem entre todos os Paladinos da Ordem e não permitiria ter a própria imagem por um incidente como o daquela manhã, portanto afastava dos pensamentos qualquer lembrança, focando um objetivo maior. Atento a cada palavra, ia agradecer pelo comentário sobre a importância de sua missão, mas não conseguiu conter um riso sutil ao notar que a jovem engasgava com as palavras, quebrando o clima sério da conversa, sem nem mesmo perceber.
──── Ahah! Tenho certeza que serão, Irmã...? ────O momento de descontração foi quebrado quando tentou se referir a ela e se lembrou que a jovem freira ainda não tinha se apresentado. Então questionou. ──── Posso saber seu nome? ──── Porém, no momento em que perguntou viu a freira tropeçar e dar um solavanco para frente. Com os reflexos rápidos pelo treinamento de cavaleiro, Vincent impulsivamente posicionou-se à frente dela segurando-lhe os ombros para que ela reviesse o equilíbrio. Notou as maçãs do rosto coradas e então com um sorriso gentil, acolhia a noviça com preocupação em seu olhar. ──── Você está bem? ──── Muitas possibilidades se passavam pela cabeça do padre, que chegava até a imaginar a indisposição de alguma doença que pudesse tê-la feito enfraquecer. Porém, avistou o olhar da Madre Superiora para a menina por cima do ombro dela e a soltou. Estranhava aquele olhar, que ela parecia nem perceber que ele a notou, seguindo em direção ao refeitório sem cumprimentar ninguém. Dessa vez ele mesmo ficava um pouco constrangido e olhou mais uma vez para o rosto da noviça, tocando a lateral de seu rosto. ──── Talvez apenas precise se alimentar, vamos... ──── disse então voltando o olhar para o refeitório e seguindo seu caminho, esperando que a freira o acompanhasse.

────⊰☫ Hallowed Be Thy Name H8wIXRJ

ㅤㅤㅤㅤㅤApós finalmente dispensar a jovem ruiva que precisava de cuidados, Vincent começou a pensar sobre todas as possibilidades que tinha conhecimento e distraído em seus próprios pensamentos, após dar a ordem, dirigiu-se à mesa para traçar a as rotas que deveria seguir para encontrar todas as pessoas escolhidas como sacrifício para aquele ritual. As pessoas se amontoavam em volta da mesa para falar tudo o que sabiam e que talvez pudesse ajudar, alvoroçadas em função do desespero, mal esperavam umas as outras, tomando toda a atenção do padre para cada informação relevante.
──── Florence, Margareth e Evelyn viviam nas montanhas, porque Evelyn foi acusada de bruxaria e expulsa da cidade, a mãe e as outras filhas acompanharam, Padre Vincent! ──── Disse uma freira um pouco mais velha que ele, que certamente conheceria mais histórias sobre a região.
──── Tivemos bons motivos para expulsá-las, Padre. Falarei dos detalhes em privado. ──── A Madre Superiora entrou no meio da conversa antes que a outra continuasse a falar sobre o que sabia. Vincent apenas concordou com a cabeça, já voltando o olhar para um jovem padre de aparentes 16 anos, que falava.
──── Diana é minha irmã! Ela vive aqui, padre! E está noiva de Lorde Matthew, que mora aqui. Ele é um grande dono de terras e minha família é de comerciantes e...
──── Os irmãos Tennyson são caçadores, vivem na Floresta Sombria próxima às montanhas, por favor, salve meus filhos, senhor! Depois da morte de meu marido, entreguei minha vida à Deus, mas compreenda um coração aflito de mãe, senhor! Salve os meus meninos! ──── A senhora Tennyson aos prantos cortava o rapaz e logo era cortada por outra pessoa nem lhe dando tempo para responder a senhora, marcando no mapa todas as localizações.
──── Charles Colton é meu pai, Padre! Ele está em casa, não é muito longe, por favor! Traga-o em segurança! ──── Uma garota de apenas 10 anos pulava próxima a ele para ser vista ao lado da mesa e conseguir apontar com o dedo o local de moradia de seu pai, que ainda era dentro da cidade, sendo assim bem próxima do monastério. Aquela pequena certamente ainda não fora ordenada freira e trazia à tona lembranças de sua própria filha, que tinha apenas 10 anos quando foi assassinada. Por um instante viu a imagem dos últimos momentos de sua filha em seus braços coberta de sangue e fechou os olhos, tentando afastar a lembrança, lutando para retomar o foco, pegando apenas uma parte da fala de um padre, que pelo menos era o que realmente interessava.
──── ...Emily vive aqui, Paladino Gallagher. Filha única de um casal de pescadores, são bons fiéis, frequentam todas as missas e mesmo com dificuldades contribuem com a caridade em nome... ──── O padre também foi interrompido, dessa vez por outro mais jovem, que parecia afoito, muito preocupado com o ente querido que fora anunciado.
──── Francis Brontë é cavaleiro, senhor. Ele é meu irmão! Não deixe que o machuquem! Ele está no Acampamento Militar de Cairngorm, próximo à cordilheira de mesmo nome! ──── Todos em volta da mesa se acotovelavam tentando falar sobre qualquer informação que pudessem ter e ele ignorava boa parte, absorvendo apenas o que parecia realmente relevante para aquela missão. Por fim, foi surpreendido pela presença da jovem Theresa Gael, que quase caía sobre a mesa, muito preocupada, logo informando o motivo de tamanho pesar. Era parente de duas das moças indicadas, Joana e Clara e ainda conhecia Peter, que era seu primo.

────⊰☫ Hallowed Be Thy Name Mapa
ㅤㅤㅤㅤㅤEla parecia conhecer bem o mapa que ele segurava, apontando com precisão cada região, enquanto alguns não pareciam muito certos do ponto exato da localização, apresentando apenas uma ideia básica de onde poderia se encontrar com base no Monastério que Vincent circulava sendo o ponto em que se encontravam naquele momento e marcava com um "X" as possíveis localizações dos demais. Conforme anotava e memorizava as informações, a ouvia opinar sobre o que acreditava ser uma ideia melhor para ganhar tempo nessa empreitada, porém permaneceu em silêncio, ouvindo com atenção e antes mesmo que se pronunciasse, fora cortado pela Madre Superior e assim voltou a atenção ao mapa novamente. Marcou o ponto de origem dos assassinatos parou por um instante, ignorando toda a conversa que ocorria ao redor, observando a posição de cada ponto, vendo se formar justamente a imagem de um pentagrama. Arregalou os olhos e concluiu se tratar de um ritual de invocação demoníaca, onde o portal seria o centro do mesmo, então precisava descobrir o que havia naquela região também. Ouviu o pedido de perdão da noviça, mas sequer atentou-se às palavras, preocupava-se com o que ela disse sobre o tempo, afinal ela estava certa. Rapidamente tentava elaborar uma estratégia pra recrutar aquelas pessoas o mais rápido o possível, pensando logo nas tarefas que dividiria e nos grupos que formaria com os fiéis ali presentes, levando em consideração a ordem que os ataques provavelmente aconteceriam e não seguiria a ordem das marcas no corpo da jovem Evelyn, afinal havia uma ordem certa para desenhar um pentagrama, uma ordem para invocar e outra para expulsar. Conhecia bem os rituais de proteção tal qual conhecia os de invocações e afins, por experiência, ou informações durante seu treinamento como Paladino. Por fim, ouviu as palavras agressivas da Madre e a repreendeu com um tom de voz autoritário, exercendo a influência que lhe fora conferida pelo Padre Davies que assistia tudo de longe, enfraquecido pela doença:
──── Isso foi desnecessário, Madre! Irmã Theresa está certa! Perderei tempo demais para percorrer um território tão vasto! Preciso de voluntários para me ajudar nas buscas. ──── Em seguida direcionou o olhar para a noviça que já se retirava para voltar a suas outras obrigações e disse. ──── Irmã Theresa! Você fica! Me parece conhecer bem cada ponto do mapa! Precisarei da sua ajuda.
──── Mas... com todo respeito, Padre Vincent! Ela não conhece esse lugar como finge conhecer, é ilusão da cabeça de uma tola sonhadora que sequer esteve em todos esses lugares, melhor deixá-la na biblioteca, onde é seu lugar. Posso indicar alguém mais capaz para essa tarefa. ──── Interferia a Madre, que não parecia nem um pouco inclinada a aceitar a retirada de Theresa do monastério.  O que causava ainda mais estranheza de sua parte sobre os motivos que poderiam haver por trás daquela insistência.
──── O conhecimento dessa Serva de Deus pode ser ainda mais útil com sua perspicácia e inteligência. Não preciso apenas do conhecimento, mas dessas qualidades  que só percebi nela até então! Partiremos agora mesmo! ──── A Madre Superior estava pasma com a decisão de Vincent e se calava, buscando com os olhos o apoio de Jeremy, que se retirava com a fraqueza de sua saúde para seus aposentos. Enquanto ele observava novamente o mapa e os voluntários que se aproximavam para as buscas. ──── Pois bem, rituais de invocação normalmente seguem esse sentido... ──── mostrava com os dedos o caminho que os traços deveriam seguir para atingir o objetivo do mesmo e anunciava a nova ordem. ──── Vamos priorizar as pessoas que se encontram nessa sequencia. Sendo assim, o próximo alvo é Clara Gael, então seguiremos primeiro até lá. É possível que já estejam se dirigindo pra lá, então devemos nos apressar! Logo após seguremos até as terras de Lorde Mathew, mas enquanto buscamos os dois preciso que uma equipe de busca siga direto para a Floresta Sombria para buscar os irmãos Tennyson, uma para encontrar Diana Cooper, Peter Frampton, o cavaleiro Francis que estão em pontos mais distantes. Peguem os cavalos mais rápidos e formem equipes de pelo menos 3 integrantes cada uma, sendo pelo menos um soldado, para proteger os demais. Uma equipe deve ir direto para onde se encontra Joana, na volta já pegando Emily e Charles, que estão no caminho que podem usar de volta, resgatando um maior número de pessoas. E...para finalizar, gostaria de uma equipe para me companhar nas montanhas quando eu voltar. Pretendo investigar a casa dessa família que foi expulsa em busca de mais pistas sobre o ritual e os envolvidos nele.  ──── Por fim olhou para Theresa e perguntou. ──── Alguma sugestão? ──── Decidiu questionar para a única pessoa ali com quem já tinha alguma proximidade mínima que fosse. Sabia o quanto seria arriscado levá-la, mas em se tratando se sua própria irmã, não achava justa privá-la do que poderia ser sua última chance de reencontrá-la em vida, afinal como próximo alvo, ela já poderia até mesmo ter sido capturada ou assassinada até conseguirem chegar. Infelizmente ainda tinha informações limitadas demais para conseguir determinar do que realmente se tratava, se guiava pela própria experiência e a intuição, mas ainda não podia ter certeza de nada, mas assumia os riscos, correndo contra o tempo para uma decisão que em outras situações seria tomada com maior cautela e avaliação.

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Última edição por Vincent Gallagher em Sáb 02 Dez 2017, 07:33, editado 3 vez(es)
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Mensagem por Theresa Gael Sáb 02 Dez 2017, 02:08


Ainda de cabeça baixa e repensando seus atos, Theresa pôde ouvir o que não esperava. Mesmo que estivesse muito preocupada com sua família e quisesse ajudar de algum modo ela violou as boas condutas e as leis que pregavam o respeito aos seus superiores. Agora, além das preocupações anteriores também deveria pensar nos seus modos inadequados que a levariam a acompanhar o caso a distância, talvez apenas por boatos e sussurros das outras irmãs. Isso até ouvir o que nunca cogitava que alguém ousasse fazer. Ouviu o padre Gallagher discordar da madre superiora. Imediatamente cessou os passos, abriu bem os olhos impressionada com o que ouvia. Voltou-se devagar para que os olhos também pudessem testemunhar o que tinha dificuldades de assimilar e deparou-se não só com todos da sala estupefatos, assim como ela e realmente percebeu que o novo padre repreendia a madre superiora. Ele repreendia a madre superiora... aquilo era difícil de acreditar. Nem mesmo o padre Davies ousava ir contra uma decisão da madre quando ela estava contrariada com alguma situação. Não era de se espantar que mesmo doente ele não tomou partido, aquilo não acabaria bem. Padre Gallagher repreendeu a madre superiora dizendo ser desnecessário o modo como ela se dirigiu a uma noviça. Mais ainda, concordou com uma garota e se desfez da ordem da madre ao pedir que ela voltasse pedindo por ajuda. Ela permaneceu parada onde estava, assim como todos que oscilavam o olhar entre o padre, a madre e ela mesma. Tinha medo de que se voltasse a madre novamente a censurasse, mesmo com uma ordem de um superior seu. Bem, era o que ela parecia fazer ao fuzilá-la com os olhos e tentar convencer o padre Vincent de que ela não conhecia o lugar, acusá-la de ser uma fingida e até mesmo chamá-la de tola sonhadora. A princípio Theresa fechou os punhos, contrariada ao ouvir tudo aquilo que a madre dizia sobre ela. Mas depois pensou melhore abaixou a cabeça, envergonhada.  A quem ela queria enganar? De fato ela se adentrava naquela biblioteca e só parecia conhecer o mundo fora do monastério através dos livros. Sabia que do sul ao oeste, baseado naqueles mapas, uma cadeia de montanhas se erguia, mas sequer havia visto a cor delas ou até que ponto dos céus elas alcançavam. Também sabia que ao noroeste do corpo daquele monastério encontrava-se a concentração populacional mais densa daquele povoado, com nomes conhecidos dos senhores e dos homens que os serviam, mas não poderia associar nenhum deles às suas fisionomias nas missas e cerimônias já que não conhecia nenhum deles pessoalmente. Pensar em tudo isso a fez pensar que embora sua intenção fosse realmente boa, não poderia ajudar em muita coisa como gostaria. E de boas intenções o inferno estava cheio. Ela fechou os olhos e fez uma oração silenciosa ao constatar isso. Então ficaria quieta. Enquanto ela se perdia em seus devaneios e dúvidas o padre continuava a defendê-la das palavras duras da Madre Isabella. Ele foi gentil ao se preocupar com ela naquele mesmo dia mais cedo quando ela tropeçou desastrada no corredor. Sorriu de modo doce enquanto ela falava e mesmo sem saber o motivo que o levara a fazer isso, sabia que era um sorriso simpático o bastante para não constrangê-la por nada que tivesse feito. Ainda mal chegara e já tomava para si a responsabilidade da segurança local ao lhe garantir que faria o possível para que nada de mal acontecesse enquanto guardassem o tesouro real. Tantos atributos arrancaram um sorriso incontido e sereno dos seus lábios tão bem desenhados. Theresa mal podia se lembrar do incidente desconfortável que desencadeou um momento constrangedor entre ela e o novo padre que agora tinha a sua admiração por enfrentar até mesmo a madre superiora com o propósito maior para o bem. Tudo isso havia sido ocultado pela mente que tinha facilidade de vagar ao que lhe parecia mais favorável para o bem comum. O dela, inclusive. Mal podia ouvir as qualidades que ele direcionava a ela ao elogiar sua perspicácia e inteligência, muito menos ouviu que ela também precisaria sair do monastério. A noviça só voltou a si e acompanhar não só o raciocínio do padre, como também todo o drama vivido por todos naquela sala e além quando ouviu o nome de sua irmã, Clara Gael, como o próximo alvo. –O que? Clara?- Sussurrou em um tom audível somente para ela. Então tomou coragem e voltou a se aproximar do mapa, acompanhando também as deduções e os planos do Padre Gallagher. Mesmo que sua testa estivesse expressão sua apreensão, assim como o ponto junto entre as sobrancelhas, um sorriso complacente e o balançar de sua cabeça sinalizava o quão feliz ela estava por ele concordar com sua sugestão e dividir o grupo de buscas para trazerem as vítimas e protegê-las. Surpreendida mais uma vez pelo questionamento do padre ao perguntá-la se tinha sugestões, Theresa correu os olhos para um lado e para o outro procurando no semblante impressionado de cada um qualquer coisa que indicassem qual seria a sua punição por isso depois que tudo aquilo acabasse. Achou o sinal muito bem claro no rosto da madre, por isso apenas balançou a cabeça negativa e humildemente. –Não senhor!-


Logo o grupo de dispersava. Depois das recomendações e detalhes que ajudariam os designados em suas devidas missões, todos saíam em busca do que fosse necessário para seguir com o plano e com a viagem. Depois de passar pela biblioteca e pegar um livro de registros, a noviça foi ao encontro do padre e o encontrou por um dos corredores antes mesmo de chegarem a porta da saída. -Padre Gallagher!- Ela o chamou enquanto os dedos de ambas as mãos estavam entrelaçados uns nos outros na frente do corpo, ansiosa e encabulada. –A Irmã Isabella pode ter razão. Eu nunca saio do monastério. Às vezes visito somente a casa em que eu morava antes de vir pra cá, aos sete anos de idade. O que sei é só o que leio nos livros. Não sei se poderei ajudá-lo como o senhor acha que posso.- Claramente a garota estava insegura e preocupada com o que pudesse acontecer se ela saísse. Muito mais de ser uma decepção para o novo padre. Então se lembrou do que viera trazer para ele. Pegou o livro que veio coberto por um manto para escondê-lo e o mostrou antes de entregá-lo. Em meio a sussurros explicou para ele do que se tratava. –Esse é o livro de registros dos tributos dos moradores da região. Os serviçais do rei o trazem em pessoa. E somente a madre tem acesso a ele. Eu não deveria nem saber onde ele estava escondido, o encontrei por um acaso em um fundo falso de uma gaveta na biblioteca durante a arrumação.- Percebeu que já enrolava demais e sua explicação estava ficando evasiva. Olhou para um lado e para o outro antes de continuar para ter a certeza de que ninguém testemunharia aquilo. –Enfim... acho que ele vai poder lhe ser útil. Nem todos concordam com a nova religião ou acreditam na salvação do Santíssimo Senhor. Que Deus os perdoe! Mas eles acreditam nas espadas que são brandidas em nome do rei.- A garota removeu a manta com cuidado e o abriu em uma página aleatória para mostrar alguns detalhes a ele. –Vê? Aqui há o nome, família com todos os graus de parentescos, bens e riquezas além de localização exata de moradia com referências. Assim ficará mais fácil encontrar qualquer um que o senhor procure. E também diz sobre os impostos. O senhor pode usá-los para persuadir os que não quiserem vir com o senhor.- Recolheu os dedos que utilizava para demonstrar cada coisa que falava na escrita do livro que ela parecia entender bem. Em seguida desviou o olhar dele e voltou a olhar para cima, para o padre diante dela para finalmente chegar ao ponto onde queria chegar. -Desde que Evelyn e sua família foram expulsas da cidade acusadas de bruxaria os membros dessa igreja nem sempre são visto com bons olhos por todos. Houve boatos de que tudo não passava de uma conspiração por não pagarem os impostos, já que não tinham condições. E por isso não poderiam ser acusadas publicamente. Como alguém que não tem condições poderia pagar o que se pedia? A ida delas para fora da cidade foi uma afronta às leis do reino e da santíssima igreja, logo uma acusação de bruxaria poderia justificar tal ato. Mas não posso confirmar nada para o senhor.- As mãos de Theresa transpiravam ao contar detalhes que não deveriam sair da boca de ninguém, muito menos de uma irmã religiosa. Sentia que traía sua ordem, mas o fazia para um bem maior. Às vezes ela sentia que muitas coisas que aconteciam dentro da própria ordem não poderiam ser bem vistas aos olhos do Pai. -Sendo o senhor um forasteiro pode precisar de algo mais... convincente para atrair as vítimas até aqui. Pode usar o livro de tributos para se referir a esclarecimentos e a acertos de contas. Nem todos podem acatar um aviso de um servo de Deus, mas ninguém irá contra a espada do Rei. Deveria instruir os demais a fazerem isso também. E o senhor poderá ficar com o livro até isso tudo acabar.- Por fim chegaram ao lado de fora e já estavam próximo ao estábulo, onde o grupo de buscas faziam os preparativos finais junto aos animais. Depois de tamanho desabafo e o coração apertado por saber que ia contra as regras dos superiores, os olhos castanhos ardiam de preocupação e angústia, mas ela os direcionava contra o sol os fazendo brilhar e usando a desculpa de que a luminosidade causava aquela reação. Assim, ergueu uma das mãos sobre a testa franzida para se proteger enquanto mantinha o olhar direcionado ao homem diante dela. –Por favor, padre. Ajude essas pessoas. Ajude os meus familiares. Vá depressa buscar Clara, minha irmã, e a traga para nós.- Suplicava com fervor quando sentia uma imensa vontade de ela mesma acompanhar o padre naquela busca. Mas desde o incidente no refeitório a madre superiora a havia condenado, não só com olhares e palavras naquele instante, mas também já a havia abordado aconselhando- a a não seguir com Vincent. –A irmã Isabella me disse para não ir. Disse que fora do monastério não é lugar para mim. Não sei o por quê. Mas acho que devo ficar.- Antes de prolongar aquele assunto, um dos padres mais novos já chegava trazendo tanto o cavalo de Vincent como um para Theresa e os demais membros da comitiva já os aguardava. Estava cada vez mais difícil para a noviça abrir mão do que lhe parecia certo e o que desejava, então buscava forças nas orações internas enquanto segurava o rosário entre os dedos fortemente. Com a mão livre, pegou um pequeno pingente de um cordão que ela era proibida de usar, mas guardava consigo por ser uma lembrança de suas irmãs que também tinham um igual. Olhou a pequena pedra rosácea antes de entregá-la ao padre. –Se entregar isso a Clara ela saberá que eu a estou chamando. Virá de bom grado.- Afastava o aperto em seu peito ao aproximar a mão do cavalo forte e de pelagem escura que seria designado a ela para acariciá-lo enquanto todos já estavam prontos para partir, esperando apenas a ordem do Padre Vincent Gallagher. A irmã recuou para dar espaço para a montaria. –Que Deus acompanhe todos vocês. Estarei rezando pela alma de todos que partem nessa empreitada. Ele não irá desampara-los.-



Depois de se despedir devidamente, os membros daquela ordem que sobraram voltavam para dentro do monastério, uns para se recolher em orações, outros para cuidarem da garota que chegou em condições lastimáveis, um outro grupo ficaria responsável para preparar a chegada de outras vítimas. A madre superiora entrou depressa e Theresa sabia que ela não cumpriria nenhuma dessas tarefas. Sabia também perfeitamente que a aguardava para dar-lhe a lição que ela precisasse. Se a Irmã Isabella tinha pressa para entrar, Theresa por sua vez não tinha nenhuma. Permaneceu ali olhando a fumaça da poeira se dissipar enquanto os já se distanciavam a galopes apressados. Pela pressa, logo atravessariam a ponte queimada para entrar no vale das sombras e caso quisessem cortar caminho chegariam a floresta das heras, logo ao norte sul do vale... a floresta das heras! Theresa teve um estalo. Se bem se lembrava padre Vincent seguiu sozinho para buscar sua irmã, já que ela deveria acompanhá-lo e não foi. A floresta das heras não constava nos mapas que estavam com o padre, e sim nos mais recentes que ainda continham respostas a serem averiguadas, e seria um ótimo atalho para encurtar o caminho. Além do mais, se não seguisse por ela encontraria um caminho pedregoso, ruim até mesmo para os cavalos mais bem preparados correrem. Depois de se lembrar disso, a noviça não pensou duas vezes em montar no cavalo que permaneceu a seu lado e que ela deveria colocar de volta em sua baia. Mas ao invés disso seguiu correndo o mais depressa que podia para alcançar o padre Vincent e sequer se lembrou de que o mal que a esperava dentro do monastério podia tomar proporções maiores.
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Mensagem por Vincent Gallagher Sáb 02 Dez 2017, 07:34

† Hallowed Be Thy Name †



❝When you know that your time is close at hand
Maybe then you'll begin to understand
Life down here is just a strange illusion❞
「Hallowed Be Thy Name - Iron Maiden」


ㅤㅤㅤㅤㅤNo momento em que o Padre Vincent se pronunciou afrontando a Madre Superiora Isabella, um silêncio mórbido instaurou-se em todo o ambiente, ao ponto dele poder até mesmo ouvir a respiração afoita de alguns outros fiéis próximos a ele. Estranhava aquele silêncio e os olhos arregalados que o encaravam como se ele estivesse acabo de desafiar o próprio Demônio. Franziu o cenho em uma expressão confusa, sem entender o que acontecia naquele ambiente, até repousar os olhos na expressão da Madre, percebendo que a expressão inicial de surpresa, dava lugar à ira, que embora esforçar-se para não demonstrar, por dentro parecia arder. A respiração estava forte, as narinas bem abertas, os lábios apertados, como se ela se contesse para não dizer nada e as sobrancelhas para baixo, juntas, conferindo a ela um olhar assustador. O momento em que questionou se Theresa teria alguma opinião sobre o assunto, notou que o medo assumia o controle de suas reações e ela apenas disse que não. O paladino não conseguia compreender o motivo de todo aquele medo por parte dos fiéis, afinal a imagem de uma madre deveria estar associada a respeito, não ao medo, passar segurança e não representar um risco, refletia ele ainda em silêncio. O modo como Theresa e a madre se encaravam, desenvolvia suspeitas no pensamento do padre, que se preocupava com o que poderia significar aquela perseguição exacerbada. Com o intuito de tranquilizar a noviça, ele colocou a mão sobre seu ombro e disse.
──── Não tenha medo. Não deixarei que nada de mal aconteça com você. ──── Dito isso, o padre se afastou da noviça para se ocupar com os preparativos da viagem, que deveriam seguir o mais rápido possível.
ㅤㅤㅤㅤㅤSeguiu até o próprio aposento às pressas, desembainhou a espada e apoiou a ponta sobre o chão de pedra apoiando-se sobre um dos joelhos e mantendo o outro flexionado, encostou a testa na empunhadura da espada realizando suas preces.
──── "Anima Christi, sanctífica me. Corpus Christi, salva me. Sanguis Christi, inebria me. Aqua láteris Christi, lava me. Pássio Christi, confórta me. O boné Iesu, exáudi me. Intra tua vulnera abscónde me. Ne permíttas me separári a te. Ab hoste maligno defende me. In hora mortis meae voca me. Et iube me veníre ad te, ut cum Sanctis tuis laudem te in saécula saeculórum. Amen." ──── Só então se levantava, realizava o sinal da cruz com a mão que empunhava a espada, apoiando-a paralela ao corpo, com a ponta para baixo. Em seguida, voltava a espada para a bainha e a retirava da cintura, elevando-a aos Céus. ──── "Sancte Michael Archangele, defende nos in prælio; contra nequitiam et insidias diaboli esto præsidium.Imperet illi Deus, supplices deprecamur: tuque, Princeps militiæ cælestis, Satanam aliosque spiritus malignos, qui ad perditionem animarum pervagantur in mundo, divina virtute in infernum detrude. Amen." ──── Dessa forma, sentia o corpo ungido com a proteção do arcanjo, que guiava as armas de cada paladino no combate às influências demoníacas. Só então prendeu a espada novamente à cintura, conferiu o restante de seu armamento e equipamento, imaginando que certamente precisaria do máximo de recursos possíveis para interromper aqueles sacrifícios e não permitir que uma serva de Deus se tornasse mais uma vítima dos Servos de Lúcifer.
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ㅤㅤㅤㅤㅤAssim que terminou de preparar tudo que precisava levar, dentro de uma bolsa de cavalaria (daquelas que ficam atreladas à sela, com uma parte de um lado do dorso e outra do outro lado) feita em couro da mesma cor da sela e da vestimenta do paladino, ele seguiu direto ao estábulo, onde todos os voluntários de busca aguardavam as ordens para sair. Vincent atrelou o equipamento à sela e ouviu a voz de Theresa chamando-o e com isso lhe direcionou o olhar. Ouvindo as palavras dela apoiou o antebraço à sela do cavalo, apoiando o corpo escorado ao animal, imaginando a origem de toda aquela insegurança. Manteve um olhar gentil e antes mesmo que comentasse, ela mostrou um livro que acreditava que poderia ajudar em sua busca. A garota mais uma vez estava certa. A fé cristã ainda não era tão bem aceita e difundida em todo o território, dada a recente adesão da coroa ao cristianismo como religião oficial. Atento a cada palavra, Vincent inclinava o corpo observando mais de perto os detalhes que a noviça apontava. Ele mesmo não fazia ideia que ela detinha tamanho conhecimento sem nunca mais ter pisado fora do monastério, desde a infância. Diferente dele que já viajou por quase todo o território inglês, ela detinha um conhecimento mais teórico, porém muito mais aprofundado de todo o sistema social local, o que poderia ser muito útil durante o tempo em que ele precisasse permanecer naquele vilarejo. Porém, a falta de conhecimento prático da geografia local, poderia ser um obstáculo e expor a garota aos riscos sem necessidade seria um erro, então passava a concordar que seria mesmo melhor que ela permanecesse no monastério em segurança, para eventuais consultas quando necessário.
ㅤㅤㅤㅤㅤTheresa aos poucos revelava saber muito mais do que deveria ao se referir ao exílio de Evelyn e sua família sob uma possível falsa acusação de bruxaria, o que ia contra as leis do Vaticano e caberia a ele como Paladino da Justiça investigar o caso. Era evidente o nervosismo da noviça com o tremor de suas mãos, certamente a Madre já suspeitaria que todo esse conhecimento chegasse aos ouvidos de qualquer um que pudesse denunciá-la e por isso mantém um olhar tão assíduo em cima da garota, vigiando cada um de seus passos. Mais uma vez a garota se mostrava eficaz apresentando uma nova ideia, que certamente o ajudaria nessa missão, afinal ela tinha toda a razão.
──── Obrigado, irmã Theresa. Mas cuidado com essas informações...você sabe demais...não posso perder você, todo o seu conhecimento é muito importante. ──── Vincent buscava os olhos da garota procurando passar alguma segurança de que iria protegê-la a todo custo, mas logo desviava o olhar para uma das saídas do monastério e via a Madre, bem perto da porta, espiando tudo o que ela fazia. Então, ciente do perigo que a noviça poderia enfrentar em sua ausência, levou a mão à bolsa de sela, retirando de lá um saquinho de couro pequeno e deixando o livro lá dentro, voltava a olhar para a garota e dessa vez levava as duas mãos juntas às dela, colocando na palma da dela esse saquinho. ──── Vamos, não temos mais tempo a perder. Temos que nos apressar. ──── o paladino sequer cogitou a hipótese de partirem em busca do animal perdido, levava a mão esquerda às rédeas, que apoiava no cepilho, apoiava o pé no estribo e a destra sobre a patilha (ou encosto da sela), impulsionando o corpo com a perna direita e se acomodava mais uma vez no dorso do animal, logo acomodando as rédeas sobre a cernelha dele e estendendo a destra para Theresa, apoiava o cotovelo sobre o cepilho. ──── Esses são Brincos de Griffin, preciso que você use. Ele produz um som de pássaro audível somente para quem o utilize sempre que qualquer criatura maculada pelas trevas se encontra a 3 metros a sua volta. Se acha que deve mesmo ficar, quero garantir que esteja em segurança. ──── Além do efeito informado, Vincent tinha acrescentado uma pedra correspondente à que ele possuía em um dos anéis que ele utilizava. Cada objeto possuía uma simbologia e um poder diferenciado, eram todos amuletos criados pelos maiores caçadores de demônios da história da Ordem. Com isso,  paladino saberia exatamente como Theresa estaria pelas mudanças de cores da mesma pedra que ele tem no anel, de acordo com a aura dela. Em caso de morte a mesma se quebraria rompendo o vínculo espiritual firmado com aquela relíquia especial.
ㅤㅤㅤㅤㅤEm seguida recebia um pingente de um cordão que a própria Theresa costumava usar e prendeu o mesmo junto ao próprio crucifixo para não correr o risco de perdê-lo. Então sorriu e em agradecimento apenas inclinou a cabeça e se voltou para a montaria, na qual se apressava em subir para seguir como plano. Deu a ordem de partida a todos os voluntários e só então ordenou o cavalo, que fincou os cascos no solo, iniciando a corrida acelerada. Pouco antes de sair pelo portão do monastério, olhou para trás e viu a jovem Evelyn observando sua partida da janela de seu aposento. Voltou-se para frente de novo e beijou o crucifixo, pedindo a proteção divina para a conclusão daquela missão. Apenas mais um grupo seguiria a mesma direção do padre, porém mais além da casa de Clara, em direção à Floresta Sombria, onde encontrariam os irmãos Tennyson, então Vincent iniciava a viagem com eles, mas seus caminhos se separavam quando ele interrompeu a própria cavalgada ao avistar um lobo já em uma área de terreno bem mais acidentado. Acenou aos companheiros de jornada para que prosseguissem enquanto parou o cavalo com o olhar fixo ao lobo que parecia observá-lo com o mesmo interesse. Sem pensar duas vezes, o paladino se aproximou do animal, para verificar se haveria alguma mácula demoníaca nele, mas o mesmo se afastou correndo em direção à um terreno ainda mais acidento. Vincent o seguiu, afinal como bem sabia, muitos animais eram utilizados pelas bruxas mais poderosas e até vampiros como espiões, porém o cavalo mal conseguia acompanhar o lobo e com a dificuldade do terreno, o paladino o perdeu de vista.
ㅤㅤㅤㅤㅤAinda assim, Vincent prosseguiu, percorrendo a mesma direção que o lobo parecia tomar, onde o terreno era bem inclinado e mais elevado até ser surpreendido com o lobo saltando diante do cavalo em uma tentativa de morder seu pescoço. Com o susto, o cavalo ergueu o dorso e os membros dianteiros agitados, relinchando alto enquanto tentava atingir o lobo. Os cascos traseiros porém, apoiados sobre os pedregulhos, escorregaram levando o animal ao chão com a lateral de seu corpo, junto com seu cavaleiro, que ficou com a perna presa sob o peso do cavalo, até que este se levantasse assustado e tomasse alguma distância mais segura. Assim, o paladino empunhou a espada e correu em direção ao lobo, que enfurecido rosnava e flexionava as patas buscando a melhor posição para saltar e acertar o adversário. Em várias investidas, o animal conseguia esquivar-se dos golpes com uma velocidade considerável. Era evidente que não se tratava de um animal comum, talvez fosse algum carniçal ou cão demoníaco para ser dotado de tamanha agilidade e precisão de movimentos. Vincent realizava mais algumas tentativas frustradas de acertar o animal, até finalmente atingir a face, que sangrava sem que o animal apresentasse qualquer interesse em fugir. Os olhos vermelhos brilhavam intensos e ele se tornava ainda mais agressivo, investindo contra o padre, que movia-se o mais rápido que podia para desviar de cada um dos ataques.
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──── Ora, Intrépido! Não estou te reconhecido, meu destemido companheiro de caça! Essa não é a primeira vez que é atacado. Vamos, respire fundo, ainda temos muito trabalho a fazer.  ──── De fato não era a primeira vez que o animal era atacado, mas queda parecia ter dado algum impacto nas disposição do mesmo para concluir a tarefa. Ainda assim, permitiu ser montado e seguiu com o paladino, que só então passou a observar com mais atenção cavalo e cavaleiro e percebeu se tratar de uma mulher, mais especificamente Theresa e intrigado, apressou os passos do corcel ao encontro da noviça. ──── Irmã Theresa? O que faz aqui?


Última edição por Vincent Gallagher em Seg 04 Dez 2017, 18:21, editado 2 vez(es)
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Mensagem por Theresa Gael Sáb 02 Dez 2017, 12:47

Assim que ouviu as palavras do paladino a agradecê-la e pedir cuidado da parte dela ela abaixou sua cabeça humildemente. Aliviada por ele ter sido gentil ao agradecer mesmo depois de confidenciar o que parecia ser uma coisa errada que ela fazia. Imaginou que o pedido de cuidado soaria mais como um alerta de repreensão pelas suas atitudes, mas mais uma vez o padre despertava sua admiração ao dizer que ela poderia ser útil para ajudá-lo. Mesmo de cabeça baixa era possível ver um sorriso de gratidão surgir em seus lábios. Então ergueu o olhar doce e brilhante que recebia toda a segurança que o padre queria passar a ela. Não era a primeira vez que ele agia como um líder e protetor. Desde que chegara assumira a responsabilidade de cuidar da segurança do monastério, pediu que não tivesse medo ainda no refeitório depois de contradizer ordens da madre superiora e agora o seu olhar parecia reafirmar tudo isso. De algum modo ela se sentia mesmo encorajada pela coragem dele e confiava em quem mal acabara de conhecer. Era um homem bom, um homem de Deus. Como se não bastasse, ele tocou as suas mãos e ela pôde sentir que ele também a entregava algo, um pequeno saquinho e  ouvia com atenção a explicação do que havia dentro. A garota chegou a entreabrir os lábios quando o ouviu dizer que eram brincos. Provavelmente ele saberia que irmãs religiosas não poderiam desfrutar do luxo de jóias e deveriam se apegar a simplicidade. Mas ele tinha uma explicação para isso e ela concordou com a cabeça antes de fechar a mão com o saquinho dentro. –Certo, Padre Gallagher. Eu agradeço a preocupação. Nada de mal vai nos acontecer.- Então sorriu tentando passar a ele a mesma serenidade que ele passava para ela enquanto se despediam.

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Minutos depois, assim que montou no cavalo que estava destinado a ela mesma, Theresa saiu em disparada atrás do grupo que partira poucos minutos antes. Não era difícil seguir os vestígios da poeira em suspensão que demorava um pouco para se assentar, nem mesmo olhar para baixo e enxergar os rastros dos cascos dos animais que levavam o grupo e formavam uma trilha bem clara na direção certa que deveria seguir. Atordoada pela preocupação e suas próprias ideias, demorou um pouco para se dar conta de que cavalgava depressa demais em cima de um animal. Havia anos que não o fazia, pelo menos não tão rápido. Quando ainda nova tinha suas lições de montaria com seu pai, costumava passar as manhãs inteiras encaixada nos dorsos desses animais e aconchegada no peito do pai que guiava o animal até conseguir tamanho e idade de os fazer por conta própria. Depois que fora para o monastério essas atividades foram ficando cada vez mais escassas, mas ao que parecia não havia perdido o jeito por completo. A altura em que estava do chão parecia menor do que quando era pequena, inversamente proporcional a uma preocupação com a queda. Ainda assim não teria medo, não deixaria o animal sentir uma provável aflição que corria o risco de crescer, e que cortou ao mover os pés nas laterais e apressá-lo enquanto batia a rédea mais depressa. Tentava afastar também a inquietude da sua família abusando da sua fé e de orações mentais. Pedia ao Todo Poderoso que os protegesse, que os livrassem do mal, assim como qualquer outro filho de Deus que necessitasse da sua misericórdia. Isso disputava lugar em seu pensamento com a atenção em seguir corretamente a trilha quando essa se dividiu em direções diferentes. A noviça diminuiu a velocidade para olhar para o chão, apenas para ter a certeza de que um grupo grande seguiu em frente enquanto outro cavaleiro solitário desviou para a esquerda, indo em direção a morada de Clara, sua irmã. Seguindo o plano, não teve dúvidas de que se tratava do Padre Gallagher, então voltou a apressar a montaria seguindo a mesma direção. Ainda que soubesse também que a trilha deixada pelo animal dele estivesse fresca, as pegadas se enfraqueciam e pareciam mais difíceis de ler à medida que o terreno ficava mais pedregoso. Então ela diminuía também a velocidade para não perdê-las. Pedregoso e agro eram as descrições da literatura para aquela área que antecedia a floresta sombria.  Para ela que parecia ver aquilo como uma primeira vez era muito mais complexo do que isso. Sabia que as descrições detalhadas da área não atenderiam os propósitos informativos e sintético dos registros geográficos, mas ela gostava muito mais do que os seus olhos viam e da descrição que ela fazia para nunca mais se esquecer do que seus olhos viam. O dia amanheceu bonito e colorido, mas aos poucos um véu cinza parecia cobrir os céus e tudo naquela região passou a ser cinzento para combinar com ele: a água do rio que deixara para trás ao passar pela ponte queimada, os galhos das árvores, e até mesmo tinha a impressão de que ela também se encaixava perfeitamente na paisagem com suas vestes neutras, a túnica preta e o manto branco a lhe cobrir a parte superior. O típico traje de uma noviça de sua ordem, mas que naquele instante não condiziam com suas ações e modos. Ao sair depressa Theresa não se importou nem um pouco de montar em seu cavalo com uma perna de cada lado do animal, deixando seu hábito desarrumado e as pernas expostas enquanto o tecido ondulava com a movimentação e o vento. Ela havia prendido um pedaço dele debaixo do seu corpo para evitar que ele tudo fosse de vez pelos ares, o bastante para deixar somente a região das coxas à mostra. À mostra não sabia exatamente para quem, já que seguiu todo aquele trajeto solitária, sem nenhuma alma viva para testemunhas seu descuido. Mas ela sabia que os olhos de Deus a fitavam a todo momento, e sua pressa junto a desobediência e exibição entraria para a liste extensa de regras que ela quebrava a todo instante, era o que parecia naqueles últimos tempos. Sabia que não devia tentar se justificar, mas se prendia aos seus propósitos maiores de ajudar ao próximo para vencer o incômodo que aquilo poderia lhe causar. Não poderia correr como corria se montasse e cavalgasse de lado, como deveria. Também não teve tempo de vestir os trajes certos para aquela atividade, visto que saiu correndo e quase foragida para ajudar o Padre Gallagher a cortar caminho e salvar sem mais delongas a sua irmã, outros membros de sua família e outros filhos de Deus. Foi se apegando a esse propósito maior que Theresa entrou no vale sombrio e acidentado procurando vestígios do novo padre.

Não demorou muito a ouvir um barulho incomum além dos cascos do animal que montava. Mesmo sem saber do que se tratava ela seguiu as pistas sonoras a fim de encontrar quem procurava. Sequer cogitou a ideia de que pudesse ser outra pessoa ou qualquer outra coisa que lhe apresentasse perigo. Mas Deus era com ela e teve a certeza disso ao ver crescer no seu campo de visão à medida que se aproximava o padre Vincent com as cores da vestimenta típica. Sabia que era ele, mas não conseguia enxergar o que ele fazia. Precisou se aproximar um pouco mais para ver, cada vez menos preocupada por saber que ela o havia encontrado e ele estava ali. O que se mostrou um equívoco ao chegar ao ponto certo e perceber que o cavalo do padre estava agitado e parecia haver um animal extinto no chão. E principalmente que o padre havia sido encoberto por ele. Ao parar o seu cavalo não teve dúvidas de que havia sofrido um ataque do animal, mas felizmente o padre já estava de pé e conversava com seu animal para acalmá-lo. O seu também parecia precisar dos mesmos cuidados. Havia dado o comando para que o animal parasse, e no entanto suas patas estavam inquietas indicando que ali ele não queria ficar. Ainda assim Theresa ignorou a vontade do animal ao descer de sua montaria. Agora sim, parecia uma boa hora de pedir perdão pelo pecado já que alguém a testemunhava descer a barra da túnica e ajeitar o hábito que vestia. O padre certamente vira suas pernas descobertas, mas ela estava preocupada. –Padre Gallagher! O senhor está bem?- Depois de passar as mãos e alisar suas vestes até deixá-las impecáveis novamente ela passou a puxar as rédeas do seu cavalo para se aproximar e ver o que havia acontecido. Correu os olhos pelo homem que parecia inteiro, mas o animal morto chamava muito mais a sua atenção. –O que aconteceu? Pobre criatura!- A irmã fez o sinal da cruz e uma oração breve. –Que Deus o acolha.- Apesar de tudo ela estava assustada sem nem mesmo ter assistido de perto a cena que antecedera sua chegada. Os olhos não se desviavam e demonstravam certa melancolia que foi interrompida com a pergunta do padre, que era o que realmente importava. Assim fechou os olhos e balançou a cabeça brevemente  para dissipar pensamentos que a distraíam do seu propósito. –Me perdoe, Padre! Eu vim lhe direcionar. Deveria ter dito antes, mas não me lembrei.- Theresa tentava se aproximar do padre em cima do cavalo dele, erguia o olhar para fitá-lo, mas o seu animal permanecia inquieto e dividia sua atenção. –O mapa que o senhor olhou para se guiar... há um novo mostrando um atalho se for pela Floresta das Heras, ao sul.- Agora seu animal apelava não só para os movimentos inseguros, como também para sons típicos com a boca e o focinho. Ela o segurava com firmeza e passava a mão nele, ainda assim não era o suficiente para dar atenção exclusiva ao bicho. –O caminho por aqui é acidentado e perigoso. A Floresta das Heras tem uma trilha difícil, pois é coberta pela vegetação que cresce cobrindo as grandes árvores e formando teias de cipós. Mas recentemente a trilha foi restaurada para uma travessia menos perigosa para os tesouros do rei e é possível passar por ela sem problemas maiores do que essa trilha dispõe. E sem companhia. A maioria das pessoas ainda não sabem que ela está em boas condições de uso.- Ela tentava amansar o animal que se mostrava cada vez mais agitado, fazendo-lhe o afago que ela sabia que ele gostava.-Se seguir pelo atalho poderá economizar o tempo de viagem, poderá vencê-la antes da noite chegar.- Mais uma vez o cavalo impaciente emitiu sons animalescos e assustados. Agora tentava erguer as patas dianteiras querendo bater em retirada. Mas Theresa ainda o segurava, agora com muito mais força precisando parar de acariciar o cavalo para segurar. –O que você tem? Pq está tão assustado?- Perguntava com tamanha preocupação como se o bicho realmente pudesse respondê-la. Mas não esperava uma resposta direta e virou o rosto procurando na direção que o animal olhava o motivo de tamanha aflição. Só então percebeu que o que o incomodava era o lobo que jazia a poucos metros dali. –O Mestre vai cuidar dele agora, não se preocupe...- antes mesmo de um discurso consolador para seu cavalo ele se movimentou uma última vez com tamanha força a ponto de escapar das mãos dela. Com isso, a noviça precisou soltar as rédeas que fizeram arder toda a palma das suas mãos delicadas a ponto de ficarem vermelhas. No mesmo instante o animal bateu em retirada e fugiu para antes dali antes mesmo que sua corrida para alcançá-lo atingisse alguns metros na direção dele. –Magnus, volte aqui!- Ela tentou chamá-lo, em vão. E seguida olhou para o padre, envergonhada e apreensiva. –Me desculpe, padre!- Quis pedir a ajuda dele para que recuperasse seu cavalo, mas a ajuda que veio oferecer parecia ir por água abaixo se tomasse o tempo dele com isso. Sem saber o que fazer ficou em silêncio por alguns instantes com visível pesar pelo que havia acontecido.
Theresa Gael
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Mensagem por Geralt Gwynbleidd Seg 04 Dez 2017, 18:08

† Hallowed Be Thy Name †



❝When you know that your time is close at hand
Maybe then you'll begin to understand
Life down here is just a strange illusion❞
「Hallowed Be Thy Name - Iron Maiden」


ㅤㅤㅤㅤㅤCavalo e cavaleiro outrora companheiros de guerra quando o animal ainda tinha 4 anos de idade, possuiam uma ligação de amizade que poucos conseguiam firmar com um animal. Com um número baixo de cavalos para repor os que eram perdidos em batalhas naquele período de intensas invasões saxãs, os animais passaram a ser domados muito novos, no intuito de atender à demanda. Ainda muito jovem o garanhão era conhecido por ser um cavalo selvagem demais, arisco e muito indisciplinado, por essa razão o cavaleiro novato foi designado para montá-lo, sendo derrubado inúmeras vezes. Ao contrário do que se imaginava, ele não desistiu do animal e decidiu que o transformaria em uma montaria fiel. Diversamente aos domadores convencionais, Vincent sempre preferiu uma relação de amizade do que uma de superioridade de cavaleiro sobre cavalo, tratando o animal como um semelhante. A maneira sui generis como o tratava despertava a curiosidade, a crítica e até o escárnio por parte dos demais cavaleiros. Entretanto sua técnica se provou eficaz no momento que alguns animais desertaram em meio às sangrentas batalhas travadas contra os selvagens saxões, enquanto Intrépido permanecia fiel a seu cavaleiro, tratando-o como um equivalente, protegendo e ajudando. Uma relação que Vincent percebeu ser mais comum em povos bárbaros do que nas autonomeadas nações civilizadas. Estudioso nato, o jovem cavaleiro observava muito o comportamento do inimigo e seus traços culturais, que aos poucos passava a apreciar, chegando ao ponto de se casar com uma saxã, que foi convertida dentro da religião cristã.
ㅤㅤㅤㅤㅤIntrépido era tudo que lhe restava de sua vida anterior ao celibato, o que estreitava ainda mais o laço de afeto com o animal, que já conhecia bem o suficiente para saber que seu comportamento divergia do habitual. Destemido e experiente, o animal raramente demonstrava medo como naquele instante, o que reforçava a suspeita de Vincent sobre a verdadeira natureza do animal que os atacou. É de sabedoria popular a crença de que os animais são mais sensitivos que os seres humanos com certas alterações de aura e equivalentes, então o paladino sempre prestava a devida atenção ao comportamento de diferentes espécies, mas teve o raciocínio interrompido com o som dos cascos de outro cavalo já mais próximos ao dele e percebendo se tratar da irmã Theresa, Vincent lhe direcionou o olhar e impulsivamente perguntou o que ela fazia naquele lugar. Seus olhos, direcionados ao dorso do cavalo, deveriam subir até encontrar os dela, como de costume, entretanto estes pousaram sobre as coxas expostas pela forma como se curvavam no dorso do animal, até que ela desceu o traje impróprio para cavalgadas, ocultando-as. Por um instante fora tomado pela pecaminosa luxúria, em um rápido devaneio das próprias mãos pressionando aquelas coxas, enquanto o próprio corpo ocupava o lugar do dorso do animal, deitado, assistindo os movimentos da cavalgada de baixo pra cima.
ㅤㅤㅤㅤㅤPrecisou balançar a cabeça em negação àquela quimera para reaver o controle da própria mente, que teimava em observar com desejo a jovem freira. Obviamente eram os poderes demoníacos da criatura que controlava o lobo que outrora o atacou, afinal já fazia tempo que sua libido estava sob total controle de sua fé.
──── Panem nostrum quotidianum da nobis hodie, et dimitte nobis debita nostra sicut et nos dimittimus debitoribus nostris. Et ne nos inducas in tentationem, sed libera nos a malo. Amen. ──── murmurou pressionando o cepilho (ou cabeça) da sela, junto às rédeas que mantinha presas à mesma mão, enquanto a noviça se explicava, inicialmente não se atentando a uma única palavra verbalizada por ela. ──── Floresta das Heras...hm...compreendo... ──── comentava após se atentar a essa informação e prestar mais atenção ao restante da retórica, mais uma vez com a atenção particionada, com parte no comportamento dos animais e parte nas palavras proferidas pela freira. Percebeu que a montaria de Theresa não estava acostumada com esse tipo de situação, então permaneceu atento ao animal, prevendo que a qualquer momento ele poderia bater em retirada.
ㅤㅤㅤㅤㅤAssim que noto o movimento mais brusco do animal para cima, saltou do próprio cavalo puxando a noviça para trás, envolta em seus braços, para evitar que ela fosse atingida pelos cascos do animal afoito caso ele realmente elevasse as patas na tentativa de fuga. Intrépido permanecia imóvel, embora seu olhar demonstrasse semelhante aflição, jamais abandonaria o cavaleiro. Ainda pressionando o corpo de Theresa, voltou o olhar para a direção onde havia deixado o lobo abatido e percebeu que ele não se encontrava mais lá. Arregalou os olhos e afastou o corpo, libertando a noviça e voltando a segurar as rédeas do próprio cavalo, enquanto a orientava.
──── Não há do que se desculpar, pelo contrário. Agradeço sua vinda até aqui para me ajudar. ──── Vincent presumia que aquela ajuda seria bem vinda dado o pouco tempo que dispunham para resgatar as possíveis vítimas do sacrifício, especialmente se ele estivesse ocupado com outras criaturas abissais como aquela que desapareceu de seu campo de visão, sem que ele sequer notasse sua retirada. ──── Vamos, não temos mais tempo a perder. Temos que nos apressar. ──── o paladino sequer cogitou a hipótese de partirem em busca do animal perdido, levava a mão esquerda às rédeas, que apoiava no cepilho, apoiava o pé no estribo e a destra sobre a patilha (ou encosto da sela), impulsionando o corpo com a perna direita e se acomodava mais uma vez no dorso do animal, logo acomodando as rédeas sobre a cernelha dele e estendendo a destra para Theresa, apoiava o cotovelo sobre o cepilho. ──── Segure a minha mão. Rápido. ──── Aguardava até que a noviça aceitasse a ajuda e sem delongas puxou com a direita a mão da freira, erguendo seu corpo, que era puxado pela esquerda, que a envolvia pela cintura, acomodando-a com a perna direita sobre o cepilho entreaberta e a esquerda sobre a dele, mantendo um espaço para que a esquerda dele se segurasse no cepilho arredondado evitando que a jovem escorregasse pela lateral do cavalo. Pressionou os estribos, conferindo a posição dos pés e bateu os calcanhares no abdômen abaulado do animal, sinalizando que era o momento de partirem. A destra apreendia as rédeas e direcionava o animal, rente às costas de Theresa, para evitar o risco de uma queda caso ela desequilibrasse o corpo para trás.
ㅤㅤㅤㅤㅤIntrépido fincava os cascos ao solo, guiado pelo cavaleiro, enquanto as narinas dilatavam potencializando sua respiração, avançando em disparada na direção que a noviça conhecia a fim de ganharem tempo para encontrar Clara. A feição do padre era de crescente preocupação e os olhos se prendiam à trilha tortuosa que percorriam, até chegarem à Floresta das Heras, que fazia jus ao seu nome, com uma grande variedade dessas Araliáceas, que se prendiam aos troncos de outras árvores maiores, formando teias em alguns locais. A velocidade da cavalgada era mantida e Vincent manteve a atenção presa à trilha, esquivando o rosto de um ou outro galho pelo caminho. Porém, os viajantes passaram por um que era mais denso e longo, então o paladino precisou inclinar o corpo sobre o de Theresa para protegê-la, recebendo o impacto do galho contra o ombro e ponta de outro se prendeu ao véu da noviça, puxando-a para trás, levando o padre a pressionar o corpo dela contra o dela, evitando uma possível queda e deixando para trás apenas o véu preso na galhada seca.
──── Você está bem?! ──── questionou apreensivo, pelo impacto que ela poderia ter sofrido na região do pescoço com o véu sendo puxado e pela primeira vez viu os cabelos da jovem libertos adornarem seu belo rosto assustado. Mais uma vez a imagem de Theresa trouxe antigas lembranças à tona. Lembranças da esposa assassinada. ──── Gwyneveth... ──── disse baixinho, movendo o corpo para frente, inclinado a encontrar aqueles lábios, sucumbindo àquela alucinação. Perdeu-se por um momento, mas voltou à lucidez com olhar voltando para a trilha, com um tropeço do cavalo, antes que os lábios se tocassem. Agora desperto, evitava fitar os olhos de Theresa, receoso de que ela tivesse percebido sua inclinação, deixaria para se desculpar se ela percebesse sua falha, afinal não tinha a menor ideia do tempo que durou aquele transe, se dando conta apenas quando já estava quase para beijá-la. Tentava afastar as imagens de sua falecida esposa da mente, pois aquelas lembranças despertavam desejos há cerca de 10 anos reprimidos. Reviver tudo aquilo com toda essa intensidade alimentava o pecado que pulsava em seu âmago.
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ㅤㅤㅤㅤㅤFelizmente a viagem não durou muito e logo a casa de Clara foi avistada. Aparentemente estava tudo bem. Intrépido reduziu a velocidade do trote e foi guiado pelo campo, em direção à casa, passando pelo moinho e o estábulo. Vincent estava atento a qualquer sinal de hostilidade na região, mas tudo ainda parecia tranquilo. Assim que chegaram na entrada da casa, foram recebidos por Clara, que abria um belo sorriso ao avistar a irmã mais nova. O padre desceu do cavalo e prontamente segurou a noviça pela cintura para ajudá-la a descer. Assim que os pés dela tocaram o chão, Vincent deu dois tapinhas no pescoço do animal, liberando-o para descanso, porém percebeu certa agitação do velho companheiro, cujos cascos inquietos pisoteavam a relva com apreensão, enquanto seus olhos fitavam o interior da casa. Mais uma vez, o padre sinalizou para o animal se retirar para descanso e só então caminhou até as duas jovens, se apresentando apenas como Padre Gallagher. Clara parecia realmente feliz por rever a irmã, recebendo-os com simpatia e generosidade.
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──── Padre Gallagher! Não se fala em outra coisa atualmente! Estavam todos ansiosos por sua chegada! A que devo a honra de tão ilustre visita? ──── perguntou, logo envolvendo a irmã em um abraço demorado ──── Ahhhh...Theresa! Que saudade! Vamos, entrem! Sintam-se em casa! ──── Vincent apenas inclinou a cabeça e esperou que ambas entrassem primeiro. Clara tomou a frente e foi logo servindo vinho em alguns cálices para os visitantes e para si mesma.
ㅤㅤㅤㅤㅤDesconfiado, Vincent esperou que ela bebesse o vinho primeiro, sutilmente elevando o mesmo, em uma breve prece e agradecimento pela viagem segura, ainda assim não escondia sua seriedade e preocupação com o assunto principal daquela visita. Estranhamente não sentia nenhuma presença maligna no local, mas algo o incomodava.
──── Infelizmente o que nos trás aqui não é uma visita casual. Precisamos que venha conosco para o monastério agora mesmo. ──── o paladino foi direto ao ponto, o que pegou a jovem de surpresa, afinal quem esperaria um chamado como esse? No entanto a situação era grave e não havia tempo a perder com explicações, então pretendia deixar para explicar tudo quando chegarem em segurança. Enquanto aguardava a reação de surpresa da jovem, ele voltou a degustar daquele vinho, desviando o foco de sua atenção, esperando que Theresa a convencesse de que precisavam mesmo partir do modo que lhe conviesse.
──── M-mas...p-padre? Eu não posso sair assim, meu noivo ainda não retornou e...e eu tenho outra visita. ㅤㅤㅤㅤㅤNo momento que Clara falou sobre ter outra visita e não poder se ausentar, Vincent levantou o olhar e naquele momento a imagem que se formou diante de seus olhos foi a da própria Gwyneveth, que saía da cozinha em direção à sala, retirando um capuz que encobria seu rosto.
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ㅤㅤㅤㅤㅤVincent ficou paralisado olhando para a mulher. Naquele momento não ouviu mais uma palavra sequer que pudesse ser proferida por qualquer outra pessoa, esquecendo-se completamente da presença de Clara e Theresa, mesmo quando a morena se apresentou para ambas. Sua mente conspirava para tomar como verdadeira aquela imagem, fortalecida pela saudade e pelo desejo de encontrar de novo a mulher que sempre amou. Boquiaberto com a surpresa, soltou o cálice de vinho e se levantou da cadeira, caminhando em direção à esposa, cujos lábios doces o chamavam: "Vince...", com o apelido que ele não ouvia há anos, ela o aprisionava em sua quimera. Nada mais parecia existir naquele momento, nada além daquela mulher.
──── Gwen...você está viva! Você...está viva! ──── faltavam palavras para descrever a felicidade que o dominava naquele momento. Sequer se preocupava em questionar como isso poderia ser possível, pois inconscientemente desejava apenas acreditar que aquilo era real. Durante 10 longos anos Vincent reprimiu toda e qualquer lembrança que pudesse levá-lo ao pecado, sabendo que sua amada morreu em seus braços, munido com o pouco que ainda lhe restava de fé, escolheu um caminho que o desligasse completamente de sua vida passada, mas naquele lugar, todas as lembranças pareciam vir à tona. Durante todo esse tempo, sua fé se mostrou inabalável, assim como sua força de vontade de ferro, nada parecia capaz de desviar o paladino de seu foco...nada, além da mulher que ele sempre amou. Assim, envolveu Gwen em seus braços e beijou seus lábios, sentindo mais uma vez seu sabor, como se voltasse a ser o mesmo cavaleiro de outrora, completamente apaixonado.
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ㅤㅤㅤㅤㅤPorém, o que parecia um sonho para Vincent era uma armadilha muito bem elaborada de uma Corruptora, um tipo de demônio amaldiçoado pelo desejo da corrupção, que se torna sua fonte de poder. A cada alma corrompida, maior o poder adquirido, e se tratando de um membro importante da Igreja, poderia até elevar a casta a que pertence esse demônio, que já era um inimigo antigo do padre. A partir do momento que a Corruptora descobriu o ponto fraco daquele homem de fé, aguardou ansiosamente para usá-lo e encontrou naquele grande ritual a oportunidade perfeita para isso. O paladino já era conhecido por seus feitos, que atrapalharam muitos planos abissais e diante da importância daquele ritual, sua presença era uma cruz que a Corruptora se encarregou de eliminar, deixando livre o caminho para seguirem com os planos de domínio daquela região, que além de um ponto de fé cristã, ainda escondia o Ouro do Rei, representando assim uma região muito visada como área de influência tanto mortal, como sobrenatural. Tudo seguia de acordo com o planejado, com o paladino aprisionado em sua quimera, um vento gélido invadiu o ambiente abrindo portas e janelas, agitando cortinas e derrubando objetos leves e trazendo consigo um cheiro nauseante de enxofre.
ㅤㅤㅤㅤㅤLogo o chão da casa começou a tremer e na lareira uma chama intensa se acendia e de dentro dela, começavam a surgir grotescos animais quadrúpedes, parecidos com cães, porém em proporções muito maiores que o habitual e com um cheiro pútrido muito forte, como se a própria morte cavalgasse em seu dorso. Cada animal que saía se movia com velocidade para uma das portas, no intuito de cercar as duas garotas, até um total de 5 criaturas se posicionarem de forma estratégica, emitindo sons de rosnados, preparados para realizar o terceiro sacrifício.

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Geralt Gwynbleidd
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Mensagem por Vincent Gallagher Seg 04 Dez 2017, 18:09

† Hallowed Be Thy Name †



❝When you know that your time is close at hand
Maybe then you'll begin to understand
Life down here is just a strange illusion❞
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ㅤㅤㅤㅤㅤCavalo e cavaleiro outrora companheiros de guerra quando o animal ainda tinha 4 anos de idade, possuiam uma ligação de amizade que poucos conseguiam firmar com um animal. Com um número baixo de cavalos para repor os que eram perdidos em batalhas naquele período de intensas invasões saxãs, os animais passaram a ser domados muito novos, no intuito de atender à demanda. Ainda muito jovem o garanhão era conhecido por ser um cavalo selvagem demais, arisco e muito indisciplinado, por essa razão o cavaleiro novato foi designado para montá-lo, sendo derrubado inúmeras vezes. Ao contrário do que se imaginava, ele não desistiu do animal e decidiu que o transformaria em uma montaria fiel. Diversamente aos domadores convencionais, Vincent sempre preferiu uma relação de amizade do que uma de superioridade de cavaleiro sobre cavalo, tratando o animal como um semelhante. A maneira sui generis como o tratava despertava a curiosidade, a crítica e até o escárnio por parte dos demais cavaleiros. Entretanto sua técnica se provou eficaz no momento que alguns animais desertaram em meio às sangrentas batalhas travadas contra os selvagens saxões, enquanto Intrépido permanecia fiel a seu cavaleiro, tratando-o como um equivalente, protegendo e ajudando. Uma relação que Vincent percebeu ser mais comum em povos bárbaros do que nas autonomeadas nações civilizadas. Estudioso nato, o jovem cavaleiro observava muito o comportamento do inimigo e seus traços culturais, que aos poucos passava a apreciar, chegando ao ponto de se casar com uma saxã, que foi convertida dentro da religião cristã.
ㅤㅤㅤㅤㅤIntrépido era tudo que lhe restava de sua vida anterior ao celibato, o que estreitava ainda mais o laço de afeto com o animal, que já conhecia bem o suficiente para saber que seu comportamento divergia do habitual. Destemido e experiente, o animal raramente demonstrava medo como naquele instante, o que reforçava a suspeita de Vincent sobre a verdadeira natureza do animal que os atacou. É de sabedoria popular a crença de que os animais são mais sensitivos que os seres humanos com certas alterações de aura e equivalentes, então o paladino sempre prestava a devida atenção ao comportamento de diferentes espécies, mas teve o raciocínio interrompido com o som dos cascos de outro cavalo já mais próximos ao dele e percebendo se tratar da irmã Theresa, Vincent lhe direcionou o olhar e impulsivamente perguntou o que ela fazia naquele lugar. Seus olhos, direcionados ao dorso do cavalo, deveriam subir até encontrar os dela, como de costume, entretanto estes pousaram sobre as coxas expostas pela forma como se curvavam no dorso do animal, até que ela desceu o traje impróprio para cavalgadas, ocultando-as. Por um instante fora tomado pela pecaminosa luxúria, em um rápido devaneio das próprias mãos pressionando aquelas coxas, enquanto o próprio corpo ocupava o lugar do dorso do animal, deitado, assistindo os movimentos da cavalgada de baixo pra cima.
ㅤㅤㅤㅤㅤPrecisou balançar a cabeça em negação àquela quimera para reaver o controle da própria mente, que teimava em observar com desejo a jovem freira. Obviamente eram os poderes demoníacos da criatura que controlava o lobo que outrora o atacou, afinal já fazia tempo que sua libido estava sob total controle de sua fé.
──── Panem nostrum quotidianum da nobis hodie, et dimitte nobis debita nostra sicut et nos dimittimus debitoribus nostris. Et ne nos inducas in tentationem, sed libera nos a malo. Amen. ──── murmurou pressionando o cepilho (ou cabeça) da sela, junto às rédeas que mantinha presas à mesma mão, enquanto a noviça se explicava, inicialmente não se atentando a uma única palavra verbalizada por ela. ──── Floresta das Heras...hm...compreendo... ──── comentava após se atentar a essa informação e prestar mais atenção ao restante da retórica, mais uma vez com a atenção particionada, com parte no comportamento dos animais e parte nas palavras proferidas pela freira. Percebeu que a montaria de Theresa não estava acostumada com esse tipo de situação, então permaneceu atento ao animal, prevendo que a qualquer momento ele poderia bater em retirada.
ㅤㅤㅤㅤㅤAssim que noto o movimento mais brusco do animal para cima, saltou do próprio cavalo puxando a noviça para trás, envolta em seus braços, para evitar que ela fosse atingida pelos cascos do animal afoito caso ele realmente elevasse as patas na tentativa de fuga. Intrépido permanecia imóvel, embora seu olhar demonstrasse semelhante aflição, jamais abandonaria o cavaleiro. Ainda pressionando o corpo de Theresa, voltou o olhar para a direção onde havia deixado o lobo abatido e percebeu que ele não se encontrava mais lá. Arregalou os olhos e afastou o corpo, libertando a noviça e voltando a segurar as rédeas do próprio cavalo, enquanto a orientava.
──── Não há do que se desculpar, pelo contrário. Agradeço sua vinda até aqui para me ajudar. ──── Vincent presumia que aquela ajuda seria bem vinda dado o pouco tempo que dispunham para resgatar as possíveis vítimas do sacrifício, especialmente se ele estivesse ocupado com outras criaturas abissais como aquela que desapareceu de seu campo de visão, sem que ele sequer notasse sua retirada. ──── Vamos, não temos mais tempo a perder. Temos que nos apressar. ──── o paladino sequer cogitou a hipótese de partirem em busca do animal perdido, levava a mão esquerda às rédeas, que apoiava no cepilho, apoiava o pé no estribo e a destra sobre a patilha (ou encosto da sela), impulsionando o corpo com a perna direita e se acomodava mais uma vez no dorso do animal, logo acomodando as rédeas sobre a cernelha dele e estendendo a destra para Theresa, apoiava o cotovelo sobre o cepilho. ──── Segure a minha mão. Rápido. ──── Aguardava até que a noviça aceitasse a ajuda e sem delongas puxou com a direita a mão da freira, erguendo seu corpo, que era puxado pela esquerda, que a envolvia pela cintura, acomodando-a com a perna direita sobre o cepilho entreaberta e a esquerda sobre a dele, mantendo um espaço para que a esquerda dele se segurasse no cepilho arredondado evitando que a jovem escorregasse pela lateral do cavalo. Pressionou os estribos, conferindo a posição dos pés e bateu os calcanhares no abdômen abaulado do animal, sinalizando que era o momento de partirem. A destra apreendia as rédeas e direcionava o animal, rente às costas de Theresa, para evitar o risco de uma queda caso ela desequilibrasse o corpo para trás.
ㅤㅤㅤㅤㅤIntrépido fincava os cascos ao solo, guiado pelo cavaleiro, enquanto as narinas dilatavam potencializando sua respiração, avançando em disparada na direção que a noviça conhecia a fim de ganharem tempo para encontrar Clara. A feição do padre era de crescente preocupação e os olhos se prendiam à trilha tortuosa que percorriam, até chegarem à Floresta das Heras, que fazia jus ao seu nome, com uma grande variedade dessas Araliáceas, que se prendiam aos troncos de outras árvores maiores, formando teias em alguns locais. A velocidade da cavalgada era mantida e Vincent manteve a atenção presa à trilha, esquivando o rosto de um ou outro galho pelo caminho. Porém, os viajantes passaram por um que era mais denso e longo, então o paladino precisou inclinar o corpo sobre o de Theresa para protegê-la, recebendo o impacto do galho contra o ombro e ponta de outro se prendeu ao véu da noviça, puxando-a para trás, levando o padre a pressionar o corpo dela contra o dela, evitando uma possível queda e deixando para trás apenas o véu preso na galhada seca.
──── Você está bem?! ──── questionou apreensivo, pelo impacto que ela poderia ter sofrido na região do pescoço com o véu sendo puxado e pela primeira vez viu os cabelos da jovem libertos adornarem seu belo rosto assustado. Mais uma vez a imagem de Theresa trouxe antigas lembranças à tona. Lembranças da esposa assassinada. ──── Gwyneveth... ──── disse baixinho, movendo o corpo para frente, inclinado a encontrar aqueles lábios, sucumbindo àquela alucinação. Perdeu-se por um momento, mas voltou à lucidez com olhar voltando para a trilha, com um tropeço do cavalo, antes que os lábios se tocassem. Agora desperto, evitava fitar os olhos de Theresa, receoso de que ela tivesse percebido sua inclinação, deixaria para se desculpar se ela percebesse sua falha, afinal não tinha a menor ideia do tempo que durou aquele transe, se dando conta apenas quando já estava quase para beijá-la. Tentava afastar as imagens de sua falecida esposa da mente, pois aquelas lembranças despertavam desejos há cerca de 10 anos reprimidos. Reviver tudo aquilo com toda essa intensidade alimentava o pecado que pulsava em seu âmago.
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ㅤㅤㅤㅤㅤFelizmente a viagem não durou muito e logo a casa de Clara foi avistada. Aparentemente estava tudo bem. Intrépido reduziu a velocidade do trote e foi guiado pelo campo, em direção à casa, passando pelo moinho e o estábulo. Vincent estava atento a qualquer sinal de hostilidade na região, mas tudo ainda parecia tranquilo. Assim que chegaram na entrada da casa, foram recebidos por Clara, que abria um belo sorriso ao avistar a irmã mais nova. O padre desceu do cavalo e prontamente segurou a noviça pela cintura para ajudá-la a descer. Assim que os pés dela tocaram o chão, Vincent deu dois tapinhas no pescoço do animal, liberando-o para descanso, porém percebeu certa agitação do velho companheiro, cujos cascos inquietos pisoteavam a relva com apreensão, enquanto seus olhos fitavam o interior da casa. Mais uma vez, o padre sinalizou para o animal se retirar para descanso e só então caminhou até as duas jovens, se apresentando apenas como Padre Gallagher. Clara parecia realmente feliz por rever a irmã, recebendo-os com simpatia e generosidade.
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──── Padre Gallagher! Não se fala em outra coisa atualmente! Estavam todos ansiosos por sua chegada! A que devo a honra de tão ilustre visita? ──── perguntou, logo envolvendo a irmã em um abraço demorado ──── Ahhhh...Theresa! Que saudade! Vamos, entrem! Sintam-se em casa! ──── Vincent apenas inclinou a cabeça e esperou que ambas entrassem primeiro. Clara tomou a frente e foi logo servindo vinho em alguns cálices para os visitantes e para si mesma.
ㅤㅤㅤㅤㅤDesconfiado, Vincent esperou que ela bebesse o vinho primeiro, sutilmente elevando o mesmo, em uma breve prece e agradecimento pela viagem segura, ainda assim não escondia sua seriedade e preocupação com o assunto principal daquela visita. Estranhamente não sentia nenhuma presença maligna no local, mas algo o incomodava.
──── Infelizmente o que nos trás aqui não é uma visita casual. Precisamos que venha conosco para o monastério agora mesmo. ──── o paladino foi direto ao ponto, o que pegou a jovem de surpresa, afinal quem esperaria um chamado como esse? No entanto a situação era grave e não havia tempo a perder com explicações, então pretendia deixar para explicar tudo quando chegarem em segurança. Enquanto aguardava a reação de surpresa da jovem, ele voltou a degustar daquele vinho, desviando o foco de sua atenção, esperando que Theresa a convencesse de que precisavam mesmo partir do modo que lhe conviesse.
──── M-mas...p-padre? Eu não posso sair assim, meu noivo ainda não retornou e...e eu tenho outra visita. ㅤㅤㅤㅤㅤNo momento que Clara falou sobre ter outra visita e não poder se ausentar, Vincent levantou o olhar e naquele momento a imagem que se formou diante de seus olhos foi a da própria Gwyneveth, que saía da cozinha em direção à sala, retirando um capuz que encobria seu rosto.
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ㅤㅤㅤㅤㅤVincent ficou paralisado olhando para a mulher. Naquele momento não ouviu mais uma palavra sequer que pudesse ser proferida por qualquer outra pessoa, esquecendo-se completamente da presença de Clara e Theresa, mesmo quando a morena se apresentou para ambas. Sua mente conspirava para tomar como verdadeira aquela imagem, fortalecida pela saudade e pelo desejo de encontrar de novo a mulher que sempre amou. Boquiaberto com a surpresa, soltou o cálice de vinho e se levantou da cadeira, caminhando em direção à esposa, cujos lábios doces o chamavam: "Vince...", com o apelido que ele não ouvia há anos, ela o aprisionava em sua quimera. Nada mais parecia existir naquele momento, nada além daquela mulher.
──── Gwen...você está viva! Você...está viva! ──── faltavam palavras para descrever a felicidade que o dominava naquele momento. Sequer se preocupava em questionar como isso poderia ser possível, pois inconscientemente desejava apenas acreditar que aquilo era real. Durante 10 longos anos Vincent reprimiu toda e qualquer lembrança que pudesse levá-lo ao pecado, sabendo que sua amada morreu em seus braços, munido com o pouco que ainda lhe restava de fé, escolheu um caminho que o desligasse completamente de sua vida passada, mas naquele lugar, todas as lembranças pareciam vir à tona. Durante todo esse tempo, sua fé se mostrou inabalável, assim como sua força de vontade de ferro, nada parecia capaz de desviar o paladino de seu foco...nada, além da mulher que ele sempre amou. Assim, envolveu Gwen em seus braços e beijou seus lábios, sentindo mais uma vez seu sabor, como se voltasse a ser o mesmo cavaleiro de outrora, completamente apaixonado.
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ㅤㅤㅤㅤㅤPorém, o que parecia um sonho para Vincent era uma armadilha muito bem elaborada de uma Corruptora, um tipo de demônio amaldiçoado pelo desejo da corrupção, que se torna sua fonte de poder. A cada alma corrompida, maior o poder adquirido, e se tratando de um membro importante da Igreja, poderia até elevar a casta a que pertence esse demônio, que já era um inimigo antigo do padre. A partir do momento que a Corruptora descobriu o ponto fraco daquele homem de fé, aguardou ansiosamente para usá-lo e encontrou naquele grande ritual a oportunidade perfeita para isso. O paladino já era conhecido por seus feitos, que atrapalharam muitos planos abissais e diante da importância daquele ritual, sua presença era uma cruz que a Corruptora se encarregou de eliminar, deixando livre o caminho para seguirem com os planos de domínio daquela região, que além de um ponto de fé cristã, ainda escondia o Ouro do Rei, representando assim uma região muito visada como área de influência tanto mortal, como sobrenatural. Tudo seguia de acordo com o planejado, com o paladino aprisionado em sua quimera, um vento gélido invadiu o ambiente abrindo portas e janelas, agitando cortinas e derrubando objetos leves e trazendo consigo um cheiro nauseante de enxofre.
ㅤㅤㅤㅤㅤLogo o chão da casa começou a tremer e na lareira uma chama intensa se acendia e de dentro dela, começavam a surgir grotescos animais quadrúpedes, parecidos com cães, porém em proporções muito maiores que o habitual e com um cheiro pútrido muito forte, como se a própria morte cavalgasse em seu dorso. Cada animal que saía se movia com velocidade para uma das portas, no intuito de cercar as duas garotas, até um total de 5 criaturas se posicionarem de forma estratégica, emitindo sons de rosnados, preparados para realizar o terceiro sacrifício.

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Vincent Gallagher
Vincent Gallagher

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